segunda-feira, 15 de julho de 2013

Editorial do Página 13 de julho

Aproxima-se agosto

Adiamos a publicação do Página 13 de julho, para nele incluir a versão integral da tese, assim como a nominata da chapa “A esperança é vermelha”, que apoia a candidatura de Valter Pomar à presidência nacional do PT.

A tese da “Esperança Vermelha”, assim como os artigos de Rodrigo César e Shellen Galdino, analisam as jornadas de junho. Devido aos prazos de fechamento, deixamos para a edição de agosto uma análise da mobilização convocada por centrais sindicais e movimentos, ocorridas em todo o país no dia 11 de julho.

A reação pública da direção nacional do PT, da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula foram na mesma direção: enfatizar a coincidência entre os reclamos da rua e nossos objetivos estratégicos por mais bem-estar social e mais democracia política, considerar que a mobilização social é um ponto de apoio fundamental para acelerar as mudanças, propor a realização urgente de uma reforma política.

Já as forças de direita, em suas várias facetas, inclusive a que se abriga no governo federal e que controla o Congresso Nacional, não quer reforma política alguma. Sabem que uma reforma política democrática, que acabe com a influência do poder econômico nos processos eleitorais, é meio caminho andado para construir outra correlação de forças no Congresso Nacional e, através disto, para construir a maioria institucional necessária para as reformas estruturais no país.

Por isto sabotam a proposta da presidenta Dilma e isolam o PT, contando para isto com o apoio de alguns integrantes do próprio Partido, que são como transgênicos: filiados ao PT, mas com DNA peemedebista.

Se o Congresso nega as reformas, devemos mobilizar as ruas contra o Congresso, mesmo se o preço for a ruptura da aliança com o PMDB, ou pelo menos a guerra aberta contra os piores setores deste partido. Ruptura que também pode decorrer de algo aparentemente mais singelo: a decisão de manter a candidatura de Lindbergh Farias ao governo do Rio de Janeiro.

Certamente trata-se de uma batalha difícil e perigosa. Até porque vivemos uma “crise de direção”, no triplo sentido da palavra. A estratégia adotada desde 1995 esgotou-se. A direção do processo iniciado em 2003, não está conseguindo conduzi-lo adiante, a contento. E a classe trabalhadora não assumiu, ainda, o protagonismo indispensável para termos êxito (neste sentido, o dia 11 foi um passo).

É esta crise de direção que explica, ao menos em parte, a existência, nos “pactos” e nas ações do governo, de uma mistura quimicamente instável: propostas progressistas no âmbito da política, da saúde e da educação, misturados com referências conservadoras na política econômica. Cujos desdobramentos podem ser vistos, por exemplo, na desastrosa decisão do Copom, de aumentar em 0,5 pontos percentuais a taxa de juros.

Apesar disto, e apesar dos perigos, estamos bem melhor agora do que há alguns meses, quando éramos poucos os que falávamos sobre os sinais preocupantes que estavam se acumulando.

Aliás, imaginemos como estaríamos, caso esta crise não tivesse ocorrido agora e desta forma?

Talvez ocorresse mais tarde, sem que houvesse tempo de reagir, nas vésperas da eleição presidencial. Ou poderia ocorrer silenciosamente, nos derrubando sem que nos fosse possível perceber. Ou continuaríamos no governo, mas administrando uma coalizão cada vez mais conservadora, o que ajuda a acelerar o processo de descaracterização do Partido.

As jornadas de junho abriram uma janela. Esgota-se um período, os conflitos entram numa fase mais aguda.

Os acontecimentos confirmaram, ademais, que se o PT não mudar de estratégia, será atropelado. E se o PT for atropelado, a esquerda toda será atropelada. Nada garante que tenhamos sucesso e que o desfecho seja necessariamente positivo para nós. Mas, como dissemos antes, uma janela se abriu. Assim, vamos aproveitar, sabendo que junto com o ar fresco, sempre acabam entrando algumas moscas.

E sabendo, também, que as próximas semanas serão especialmente duras. Trata-se de definir como furar o bloqueio conservador no Congresso; manter a mobilização social organizada nas ruas; construir uma reforma ministerial; fazer uma inflexão na política econômica, começar o processo de eleição das novas direções partidárias; e acompanhar alguns eventos de forte importância, desde a jornada das juventudes até o julgamento de embargos e recursos pelo Supremo Tribunal Federal.

Numa frase: agosto começou cedo. E promete ser intenso. Não só aqui, como fora, como demonstra o ato de pirataria cometido por um grupo de republicas bananeiras européias, contra o presidente Evo Morales. Frente a truculência subalterna dos europeus e a espionagem em massa dos Estados Unidos, reafirmamos a sugestão: asilo coletivo para ex-agenda da CIA Snowden.

Os editores


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