Eric
Coimbra está fazendo uma tese de doutorado sobre a influência do pensamento de
Gramsci no PT e no Bloco de Esquerda (POR). Integra o Programa de Pós-Graduação
em Sociologia Política da UFSC, sob orientação do professor Raul Burgos. A
seguir suas perguntas e minhas respostas.
Roteiro de entrevistas
com as lideranças das tendências nacionais do Partido dos Trabalhadores
Sobre o PT
1)
No início dos
anos 1990 o PT era definido de modo praticamente incontestável como um partido
situado à esquerda do espectro político nacional. Atualmente, o PT é definido
por diferentes forças políticas, não somente como partido de esquerda, mas
também como partido de centro-esquerda, centro e até mesmo centro-direita. Como
você e sua tendência concebem esse posicionamento do PT em relação ao espectro
político-partidário nacional?
Definição cada um pode ter a sua,
por mais exótica que seja. Mas para que uma definição corresponda ao real, é
preciso ver como se comportam não dezenas de pessoas, mas sim dezenas de
milhões de pessoas. E não como elas se comportam num dia, mas durante muitos
anos. Deste ponto de vista, não temos dúvida acerca do PT: ele expressa
interesses de classe, econômicos, políticos e sociais, que convencionamos
denominar de “esquerda”. Agora, é evidente que o PT são muitos; que há setores
do PT que estão na direita da esquerda. Assim como é evidente que há setores de
esquerda que estão à esquerda do PT. Além disso, é evidente que nada é estático:
ao longo de 35 anos, o PT manteve-se como um partido de esquerda, mas caminhou
em direção ao centro. Não ao ponto de converter-se num partido de centro, nem
mesmo de centro-esquerda. A sanha da direita em favor de destruir o PT é prova
disto.
2)
André
Singer, em seu livro “Os Sentidos do Lulismo”, conclui que o PT apresenta dois “espíritos”
que permanecem vivos no partido, embora um queira suprimir o outro: 1) espírito
de Sion, isto é, o PT das origens, de caráter anticapitalista e socialista; 2)
espírito de Anhembi, cujo marco é a “Carta ao Povo Brasileiro”, publicada em
2002, que fundamenta a ação política do partido através de acordos com os
amplos setores da sociedade, incluindo o empresariado. Como você avalia a
existência e a relação entre estes dois “espíritos” no partido?
Eu acho o André Singer uma pessoa
séria, tanto do ponto de vista intelectual quanto do ponto de vista pessoal.
Entretanto, não tenho o mesmo apreço por esta trilha que ele ajudou a fortalecer,
de análise do “lulismo”. Quanto a existência de “dois PTs”, é algo similar a
existência de “dois PCs” –tema que foi abordado de diferentes maneiras e pontos
de vista por estudiosos do movimento comunista no Brasil. Com um agravante, que
eu desenvolvo na minha tese de doutorado (A metamorfose, USP, 2006): o PT levou
mais longe as contradições que já haviam marcado o velho Partido Comunista. E
levou mais longe porque foi mais longe, porque chegou ao governo, porque testou
a hipótese de que seria possível uma aliança estratégica entra a classe
trabalhadora e um setor do grande capital em favor de um desenvolvimento
capitalista que permitisse a ampliação da democracia, do bem-estar e da
soberania nacional. No caso do PCB, esta ilusão não permitiu ao partido
enfrentar o golpe militar de 64. No caso do PT, esta mesma ilusão está
contribuindo para o neogolpismo da direita. A grande questão é saber se o PT
vai repetir como farsa aquela tragédia ou se vai conseguir encontrar, como
dizia a música, no centro da própria engrenagem uma contramola.
3)
Alexandre
Conceição, da coordenação nacional do MST, em entrevista à Folha de São Paulo,
em 06/01/2013, considera uma vergonha o desempenho do governo Dilma em relação
à desapropriação de terras para a reforma agrária. Qual o balanço que você faz
sobre o processo de reforma agrária nos governos Lula e Dilma? Tendo em vista as
alianças do governo com o agronegócio e o ministério da agricultura,
representado por Kátia Abreu, como fazer avançar efetivamente a reforma
agrária?
Os governos Lula e o governo
Dilma não fizeram reforma agrária. Reforma agrária é desapropriação sem
indenização. O que houve aqui, tanto em nossos governos quanto em governos
anteriores, foi uma política de assentamento. E que nossos governos não tenham
conseguido fazer reforma agrária é o sinal mais claro de que este tipo de
“alianças democráticas” resultaram na prática em abrir mão de medidas
democrático-burguesas. Uma curiosidade a mais: durante muitos anos, os
ministros da Reforma Agrária que não houve foram de uma tendência petista chamada
Democracia Socialista, que em priscas eras foi trotskista. Para quem conhece a
história do movimento comunista, há uma ironia muito grande nisto. Por fim:
como fazer avançar efetivamente a reforma agrária? Aplicando uma diretriz do
programa aprovado pelo PT em 2001 e escrito pelo Celso Daniel, que falava
claramente em “ruptura”. Se o PT quiser fazer pelo menos uma mudança
democrático-burguesa no Brasil, tem que fazer uma ruptura com o capital
financeiro, com o agronegócio e com as transnacionais. Esta é uma das muitas
lições destes 13 anos de governo.
4)
São
evidentes os avanços sociais obtidos durante os governos Lula-Dilma, como a
redução da pobreza e da miséria. Por outro lado, nota-se uma crescente
acumulação de riquezas no setor dos agronegócios e no setor bancário. É
possível aprofundar as reformas sociais sem comprometer a riqueza acumulada? O
petróleo explorado no pré-sal poderia financiar os programas sociais sem comprometer
os interesses das grandes empresas e do setor financeiro?
A questão não é se os avanços são
evidentes. A questão é se estes avanços são resistentes. Lula 2 sobreviverá a
Dilma 2? Sobreviveria ao retorno dos tucanos?? Responder a estas questões
significa responder se fizemos políticas de governo ou políticas de Estado. Um
exemplo: as privatizações foram políticas de Estado, tanto é que sobreviveram
até hoje.
Respondendo a tua pergunta, é
impossível aprofundar as reformas sociais sem que o Estado tenha mais recursos,
é impossível o Estado ter mais recursos de maneira continuada (ou seja,
independente dos fluxos momentâneos causados pela conjuntura internacional) sem
ao mesmo tempo aumentar a produtividade do trabalho & aumentar a tributação
das riquezas. Se as classes dominantes estivessem dispostas (ou se sentissem
obrigadas a, como no pós segunda na guerra, na Europa) a ceder um pouco mais,
seria em tese possível aprofundar as reformas sem comprometer a maior parte da
riqueza acumulada. Porém, esta disposição não existe, o que torna politicamente
impossível melhorar de maneira consistente, sustentável e rápida a vida dos
setores populares, sem ao mesmo tempo “comprometer” a riqueza acumulada pelos
grandes capitalistas.
E, por fim, o pré-Sal só vai
virar ganho social se houver uma mudança estrutural. Senão, a riqueza oriunda
dele vai ser em grande medida absorvida pelos circuitos do capital.
5)
Os ajustes
fiscais e cortes orçamentários têm aumentado após a indicação de Joaquim Levy
para o Ministério da Fazenda. É possível “governar pra todos”, mesmo em período
de baixo crescimento econômico? Ou o governo terá que escolher entre governar
para a classe trabalhadora e atender os interesses dos bancos e grandes
empresas?
Não é possível governar para
todos nunca. É possível governar a todos, beneficiando desigualmente cada
parte. Hoje o governo está fazendo um ajuste fiscal recessivo que vitima a
classe trabalhadora.
6)
Fernando
Henrique Cardoso repetia que é dele o Projeto de Lei que prevê a tributação
sobre as grandes fortunas, que se encontra arquivado. O PT abandonou o projeto
de distribuição da riqueza acumulada por ceder à pressão das elites?
O Fernando Henrique é patético.
Isto posto, o PT adotou nos últimos anos uma linha segundo a qual é melhor um
péssimo acordo do que uma boa briga. E por conta disto, não construiu uma
política para lutar por reformas estruturais, nem tributária, nem política, nem
de comunicação. Enquanto esta linha não mudar, ficaremos nesta situação em que
não “abandonamos” nada, mas tampouco fazemos o necessário para viabilizar.
7)
A adoção de
uma política de coligações com partidos de centro-direita e alianças com
antigos adversários políticos, como Roseana Sarney, Collor e Maluf, pode
comprometer o objetivo fundamental do PT que consiste em representar e lutar
pelos os interesses da classe trabalhadora? Até que ponto é possível levar
adiante um projeto de transformação social sustentado por uma aliança com
grupos políticos considerados representantes das velhas classes dominantes?
Como sair dessa armadilha?
O problema não está em alianças
pontuais com este ou aquele setor. O problema está numa estratégia que abre mão
de determinados objetivos programáticos, numa estratégia que na melhor das
hipóteses se baseia na ilusão de que seria possível fazer sucessivos governos
progressistas até que eles se converteriam, por acumulação quantitativa, num
governo democrático-popular. O tema da aliança decorre disto e não o contrário.
Portanto, não é uma “armadilha” que nos impede de fazer o que queremos; pelo
contrário, é uma decorrência de uma política que abriu mão de fazer o que
precisamos fazer.
8)
A Carta de
Princípios de 1979 dizia que o PT era um partido sem patrões. Ao longo de sua
existência, o PT passou por muitas transformações. Atualmente, você considera o
PT um partido socialdemocrata, que não se opõe ao capitalismo, mas tenta
humanizá-lo, no sentido de ampliar a função social do Estado e os direitos
trabalhistas? Ou considera imprescindível que o partido mantenha uma proposta
socialista e anticapitalista?
São três questões diferentes.
Sobre a primeira: a maior parte
do PT é na prática social-democrata, mesmo que não admita isto (ou que não
saiba o que isto significa). Não social-democrata no sentido tucano da palavra,
pois o PSDB tem tanto de social-democrata quanto eu de liberal. Mas
social-democrata no sentido de defender a democracia e o bem-estar social das
maiorias.
Sobre a segunda: não existem as
condições para um partido social-democrata de verdade sobreviver no Brasil,
porque não existem as condições para um estado de bem-estar social no Brasil,
porque o Brasil não é uma nação imperialista, cuja burguesia pode compensar
explorando terceiros países os ganhos extras que concede aos seus
trabalhadores.
Sobre a terceira: portanto, é
imprescindível ao PT manter-se socialista & anticapitalista, sob pena de ou
desaparecer, ou ficar residual, ou converter-se noutra coisa que nem
social-democrata será.
9)
Nos
documentos oficiais, o PT rejeita tanto a socialdemocracia quanto o modelo
socialista do Leste Europeu. Como você definiria o socialismo petista e a
viabilidade para a sua implementação?
Como eu definiria não é
relevante. Mais relevante é como definiu o PT, no seu terceiro congresso, a
saber:
Os principais
traços do socialismo
A mais profunda
democratização. Isto significa democracia social; pluralidade ideológica,
cultural e religiosa; igualdade de gênero, igualdade racial, liberdade de
orientação sexual e identidade de gênero. A igualdade entre homens e mulheres,
o fim do racismo e a mais ampla liberdade de expressão sexual serão traços
distintivos e estruturantes da nova sociedade. O pluralismo e a
autoorganização, mais que permitidos, deverão ser incentivados em todos os
níveis da vida social. Devemos ampliar as liberdades democráticas duramente
conquistadas pelos trabalhadores na sociedade capitalista. Liberdade de
opinião, de manifestação, de organização civil e político-partidária e a
criação de novos mecanismos institucionais que combinem democracia
representativa e democracia direta. Instrumentos de democracia direta,
garantida a participação das massas nos vários níveis de direção do processo
político e da gestão econômica, deverão conjugar-se com os instrumentos da
democracia representativa e com mecanismos ágeis de consulta popular, libertos
da coação do Capital e dotados de verdadeira capacidade de expressão dos
interesses coletivos; Um compromisso internacionalista. Somos todos seres
humanos, habitantes de um mesmo planeta, casa comum a que temos direito e de
que todos devemos cuidar. O capitalismo é um modo de produção que atua em
escala internacional e, portanto, o socialismo deve também propor alternativas
mundiais de organização social. Apoiamos a autodeterminação dos povos e
valorizamos a ação internacionalista, no combate a todas as formas de
exploração e opressão. O internacionalismo democrá- tico e socialista é nossa
inspiração permanente. Os Estados nacionais deO socialismo petista 16 17 vem
ter sua soberania respeitada e devem cooperar para eliminar a desigualdade
econômica e social, bem como todos os motivos que levam à guerra e aos demais conflitos
políticos e sociais. Os organismos multilaterais criados após a Segunda Guerra
Mundial deverão ser reformados e/ou substituídos, capazes de servir como
superestrutura política de um mundo baseado na cooperação, na igualdade, no
desenvolvimento e na paz; O planejamento democrático e ambientalmente
orientado. Uma economia colocada a serviço, não da concentração de riquezas,
mas do atendimento às necessidades presentes e futuras do conjunto da
humanidade. Para o que será necessário retirar o planejamento econômico das
mãos de quem o faz hoje: da anarquia do mercado capitalista, bem como de uma
minoria de tecnocratas estatais e de grandes empresários, a serviço da
acumulação do capital e, por isso mesmo, dominados pelo imediatismo, pelo
consumismo e pelo sacrifício de nossos recursos sociais e naturais; d) a
propriedade pública dos grandes meios de produção. As riquezas da humanidade
são uma criação coletiva, histórica e social, de toda a humanidade. O
socialismo que almejamos, só existirá com efetiva democracia econômica. Deverá
organizar-se, portanto, a partir da propriedade social dos meios de produção.
Propriedade social que não deve ser confundida com propriedade estatal; e que
deve assumir as formas (individual, cooperativa, estatal etc.) que a própria
sociedade, democraticamente, decidir. Democracia econômica que supere tanto a
lógica do mercado capitalista, quanto o planejamento autocrático estatal
vigente em muitas economias ditas socialistas. Queremos prioridades e metas
produtivas que correspondam à vontade social, e não a supostos interesses
estratégicos de quem comanda o Estado. Queremos conjugar o incremento da
produtividade e a satisfação das necessidades materiais, com uma nova
organização do trabalho, capaz de superar a alienação característica do
capitalismo. Queremos uma democracia que vigore tanto para a gestão de cada
unidade produtiva, quanto para o sistema no conjunto, por meio de um
planejamento estratégico sob o controle social.
Qual a viabilidade disto?
Objetiva, total. Subjetiva? Depende antes de mais nada do PT mudar de
estratégia. Pois a atual apenas contribui para a direita regressar.
10)
Qual o
projeto de democracia proposto pelo PT e quais são as propostas políticas
apresentadas pelo partido que permitem ampliar a democracia, a participação
popular e o processo de disputa hegemônica na sociedade brasileira?
Novamente, isto está nas
resoluções do Partido.
11)
Passados 35
anos da fundação do PT, como você poderia diferenciar a militância “mais
antiga” da militância atual? O que mudou entre os antigos e os novos filiados
do Partido dos Trabalhadores? Qual a importância dos cursos de formação
política oferecidos pelo partido para os novos filiados, inclusive para os que
vieram de outros partidos?
A principal diferença está na
experiência coletiva que vivenciaram. A maior parte da atual militância petista
só conhece o “PT-governo federal”. Não viveu a fase de oposição ao
neoliberalismo, a luta contra a transição conservadora e contra a ditadura.
Esta é a diferença fundamental, que explica a maior parte das outras.
Quanto aos cursos de formação,
eles estão enquadrados neste ambiente. Ou seja, quando existem, não conseguem
compensar os efeitos do ambiente.
12)
Como você
avalia os governos Lula e Dilma? Em sua opinião, as reformas realizadas durante
estes governos representaram uma ruptura com o neoliberalismo? Em que sentido?
Como você poderia relacionar estes governos com a proposta de construção do
socialismo petista e com o projeto de reformismo revolucionário proposto por
Carlos Nelson Coutinho?
Ruptura com o neoliberalismo
implicaria em fazer com que o capital financeiro não fosse mais hegemônico. E
como todos podem perceber, o capital financeiro continua hegemônico. Logo,
ruptura não houve. O que houve, na melhor das hipóteses, foram algumas
inflexões nas políticas públicas, sem que isto afetasse a hegemonia neoliberal.
A direita do PT acha que estas inflexões foram uma ruptura e por isto não
consegue entender o que está acontecendo agora. E a esquerda anti-petista
minimiza as inflexões e por isto não consegue entender o ódio da direita.
A relação dos governos Lula e
Dilma com o projeto de socialismo petista é de distanciamento progressivo nos
governos Lula I e Dilma II e de aproximação muito distante nos governos Lula II
e Dilma I. Mas, falemos claro, o tema do socialismo saiu do horizonte de quem
estava comandando o governo. O que foi grave, pois a realidade exigia e segue
exigindo medidas anticapitalistas.
Quanto ao Carlos Nelson, bom,
grande figura, mas sua proposta é a quadratura do círculo. Não deu certo no
PCB, não deu certo no PT, não deu certo no PSOL...
13)
A forma de
organização do PT permite a existência de tendências internas, possibilitando
que seu projeto político esteja constantemente em construção, numa interminável
disputa hegemônica que se faz também e inicialmente dentro do partido, por suas
tendências e seus militantes. Como se caracteriza esta disputa hegemônica
interna, com as diferentes forças políticas que constituem o PT? Existe alguma
possibilidade real da esquerda do PT se tornar maioritária no partido?
Esta
disputa muda de forma a cada momento histórico. Sugiro que você leia este texto
http://valterpomar.blogspot.com.br/search?q=historia+PT e outros que estão neste blog.
14)
No
essencial, quais as principais mudanças teóricas e práticas ocorreram no PT ao
longo se sua existência? Como você avalia estas mudanças, tendo em vista que
várias delas resultaram em crises, rupturas e na formação de outros partidos,
como o PCO, o PSTU, e mais recentemente, o PSOL?
Te sugiro ler o que está aqui: http://valterpomar.blogspot.com.br/2013/04/entrevista-ao-ihu-online.html
Neste mesmo blog há vários textos
sobre o PSTU e sobre o PSOL.
15)
O Foro de
São Paulo tem tido importância no processo de unificação e cooperação de forças
políticas contra-hegemônicas no contexto latino-americano? O Foro de São Paulo
tem conseguido unificar as propostas que visam à autonomia dos povos
latino-americanos em relação às políticas impostas pelos países do centro? Qual
a importância estratégica de iniciativas e projetos de integração regional,
como a ALBA, a UNASUL, o Banco do Sul, o Gasoduto do Sul e a Telesur?
Sugiro que você leia
o primeiro e o último capítulo deste livro aqui:
http://www.pagina13.org.br/internacional/livro-retrata-historia-do-foro-de-sao-paulo/#.Vd4E2vlVhBc
Sobre a tendência
16)
Explique
como e porque foi fundada a tendência.
Está tudo aqui: http://www.pagina13.org.br/resolucoes-e-documentos-da-ae/editora-pagina-13-lanca-livro-de-resolucoes-do-2o-congresso-da-ae-um-partido-para-tempos-de-guerra/#.Vd4FWPlVhBd
17)
Quais os meios
de informação (jornais, revistas) da tendência?
Em âmbito nacional, o jornal
Página 13, a revista Esquerda Petista, uma página eletrônica.
18)
O
que a difere teoricamente e pragmaticamente das demais tendências internas do
PT?
Está tudo aqui: http://www.pagina13.org.br/resolucoes-e-documentos-da-ae/editora-pagina-13-lanca-livro-de-resolucoes-do-2o-congresso-da-ae-um-partido-para-tempos-de-guerra/#.Vd4FWPlVhBd
19)
Qual
a concepção teórica da tendência ou como ela se define ideologicamente? Ela é
filiada a alguma corrente ou associação internacional?
Veja no regimento interno da AE,
lá está dito. E não, não somos filiados a nenhuma corrente internacional.
20)
Quais
intelectuais (dentre os clássicos e os atuais) exerceram/exercem maior
influência na elaboração do programa teórico da tendência?
O Barão de Itararé
faz cada vez mais sucesso entre nós...
21)
A tendência
possui vínculo ou parceria com quais organizações da sociedade civil
(sindicatos, movimentos sociais, movimentos políticos, associações, etc.) e
como ocorre esta relação?
Nós somos uma tendência de um
partido. Portanto, a pergunta da forma como está formulada é estranha. Agora,
nossos militantes atuam principalmente na CUT e na UNE, bem como nas entidades
a elas vinculadas.
Sobre
a concepção teórica
22)
Qual
a influência do pensamento marxista e quais intérpretes de Marx são estudados
nas atividades e cursos de formação política oferecidos pelo PT e pela tendência?
A influência existe.
Mas, como é dito em nossas resoluções, não pertencemos a uma seita doutrinária
nem fazemos questão de afirmar nossa filiação a A ou B. Geralmente quem faz
isto, é pouco marxista...
Quanto aos cursos de
formação política oferecidos pelo PT, é melhor que você pergunte a quem está a
frente da formação do PT.
23)
Como
você avalia a influência teórica de Gramsci na tendência e no PT?
Nominalmente, é uma
influência relevante. Na vida real, não. A este respeito, sugiro que você leia
o texto a seguir: http://www.pagina13.org.br/pt/o-que-nao-fazer/#.Vd4G6flVhBc
24)
Tendo
em vista que conceito de hegemonia é muito utilizado nos documentos oficiais do
PT, qual é o seu entendimento a respeito deste conceito?
Hegemonia
é “convencimento” e “coerção”. A este respeito, por favor leia a resolução da
iv conferência nacional da Articulação de Esquerda, tem um item a respeito.
Vide em http://www.pagina13.org.br/documentos-e-resolucoes/
25)
Desde o 1º
Congresso, o PT define sua estratégia política fundamentada no conceito de
hegemonia. O fato de os governos Lula/Dilma não terem conquistado a maioria no
Congresso comprometeu a hegemonia?
As resoluções do PT falam em
disputar a hegemonia. Mas o que o PT entende por disputar hegemonia? Se você
for verificar isto, verá que há posições variadas, a depender do momento e de
quem dirige o Partido.
Quanto a conquista de maioria no
Congresso, claro que isto foi um problema. Mas não foi a causa, mas sim a
resultante de uma estratégia que de fato concentrou demasiadas energias na
frente institucional, desatendendo outras sem as quais a disputa de hegemonia
estaria prejudicada.
26)
De
que forma estão articulados os conceitos de reforma e revolução? São conceitos
antagônicos ou complementares? A tendência entende a revolução como processo
(forma processual de revolução) ou como ato pontual (a exemplo da revolução
russa, chinesa e cubana)? É
possível construir o socialismo pela ordem, pela via institucional, sem romper
com a ordem vigente? De que forma?
A opinião da tendência a respeito
está nas resoluções da tendência. Minha opinião é que enquanto processo social,
reforma e revolução são momentos distintos da evolução de uma sociedade. Mas
enquanto estratégia partidária, é preciso escolher: ou se tem uma estratégia
reformista, que abre mão da revolução; ou se tem uma estratégia revolucionária,
em que a luta por reformas é parte do processo.
Revolução portanto é processo e
momento, ao mesmo tempo. A revolução russa não foi um “ato pontual”. Nem a
chinesa, nem a cubana.
E o socialismo é igual ao
capitalismo: brotará da ordem anterior através de um processo combinado de
reformas e revoluções, mas só reformas não o farão brotar. De que forma? Isto
veremos.
27)
Como você
avalia a relação entre a sociedade civil (sindicatos, partidos, movimentos
sociais, ONGs, associações) e o Estado? De que forma
é possível conquistar a hegemonia de um grupo social? Como construir espaços de
poder na sociedade civil que possam assegurar essa hegemonia?
Depende do momento
histórico, depende de quem controla o Estado e de quem controla as entidades
citadas.
O termo sociedade
civil é usado de maneira muita vaga, pode querer dizer muitas coisas
diferentes.
Também não sei
direito o que é grupo social. Agora, se você está se referindo a classes ou
frações de classe, a conquista de hegemonia no sentido pleno da palavra implica
em controle do aparato de Estado. Sem controle do Estado, não há hegemonia
estável.
Por fim, espaços de poder na
sociedade civil não asseguram hegemonia, podem no máximo ser pontos de apoio
para lutar por hegemonia.
28)
Qual a
função dos intelectuais (enquanto grupo especializado) e da educação no processo
de disputa hegemônica? De que forma se estabelece a relação entre os
intelectuais e os que não exercem papel de intelectuais no partido e na
sociedade como um todo?
Depende. A intelectualidade
tradicional (entendendo por isto a que atua nas escolas públicas ou privadas,
nos aparatos de comunicação, no mundo da cultura) integra os mecanismos de
produção e reprodução da hegemonia.
A intelectualidade orgânica
vinculada a classe trabalhadora (mesmo que ganhe seu sustento como intelectuais
tradicionais) cumpre outro papel, de contrahegemonia.
Portanto, a “relação” depende de
saber de que tipo de intelectuais estamos falando, em qual contexto histórico
concreto.
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