Projeto de resolução para debate
e deliberação no Segundo Congresso da tendência petista Articulação de Esquerda,
sobre o ponto 5 da pauta: “ eleição da nova
direção nacional da AE e da Comissão de ética nacional”.
Plano de Trabalho 2015-2016
1. A
evolução da conjuntura internacional e nacional, assim como os dilemas do
governo e do Partido confirmaram no essencial as opiniões políticas defendidas
pela Articulação de Esquerda acerca das grandes disputas estratégicas do atual
momento histórico, no âmbito internacional, no Brasil e no PT.
2. No
mundo, prossegue a disputa entre dois blocos e duas vias de desenvolvimento
capitalistas, cabendo à esquerda petista contribuir para que o socialismo volte
a ser um dos polos alternativos.
3. No
continente americano, prossegue a disputa entre dois projetos de integração
regional, cabendo à esquerda petista contribuir na defesa e implementação de
uma integração latino-americana e caribenha, anti-imperialista e que tenha como
horizonte o socialismo.
4. No
Brasil, prossegue a disputa entre as vias conservadora e democrática de
desenvolvimento capitalista, cabendo à esquerda petista defender uma via
alternativa, democrático-popular e socialista.
5. No
governo, prossegue a disputa entre neoliberalismo, social-liberalismo,
nacional-desenvolvimentismo e social-desenvolvimentismo. Cabe à esquerda
petista lutar para que os neoliberais sejam afastados do estratégico ministério
da Fazenda; e para que o conjunto do governo se oriente em favor das reformas
estruturais.
6. No Partido dos
Trabalhadores, instalou-se uma crise profunda, resultado do esgotamento da
“estratégia” que visava “melhorar a vida do povo através de políticas
públicas”, “acumular forças prioritariamente através da via eleitoral” e
“transferir para o governo o centro de decisões políticas”. Cabe à esquerda
petista convencer o conjunto do Partido da necessidade de mudar de
estratégia: fazer que o
Partido volte a ser o centro de decisões políticas, acumular forças combinando luta
social/cultural/eleitoral,melhorar
a vida do povo através de reformas estruturais democrático-populares, articular
nossa estratégia com a luta pelo socialismo.
7.
Cada uma das grandes disputas estratégicas do atual momento histórico (no
mundo, no continente, no Brasil, no governo e no PT) obedece a um ritmo
próprio. Mas está cada vez mais claro que os tempos estão se sincronizando e se
acelerando. A esquerda petista precisa se preparar para diferentes cenários,
dos quais decorrem estratégias também diferentes.
8. Neste sentido, reiteramos
a importância de nossa militancia ampliar seu conhecimento sobre o capitalismo do século XXI,
sobre as tentativas de
construção do socialismo no século XX e sobre as estratégias de luta pelo socialismo no
Brasil e também na América Latina. Este esforço integra o
objetivo de construir uma escola de pensamento socialista no Brasil, entendendo
por escola uma corrente de pensamento baseada num forte movimento
político-social, capaz de recolocar o socialismo como uma alternativa prática
para a sociedade brasileira.
9.
Reiteramos, em especial, a necessidade de nossa militância conhecer as classes
e a luta de classes no Brasil, profundamente alterada desde o período
neoliberal; assim como precisamos conhecer melhor a situação da classe
trabalhadora, suas organizações e movimentos sociais, os partidos políticos e
sua relação com a intelectualidade.
10.
Reiteramos, especificamente, a importância de nossa militância compreender em
que medida as tendências internas do PT refletem as diferentes frações de
classe e as diferentes tendências políticas existentes na classe trabalhadora.
Assim como –para poder melhor combatê-los — compreender em que medida setores
da esquerda brasileira e do próprio Partido estão convertendo-se em porta-vozes
de setores e interesses empresariais.
11. Reiteramos, finalmente,
que a militância da Articulação de Esquerda deve estudar e difundir as resoluções
de nossos Congressos, Conferências e Seminários, publicadas por exemplo nos
livros Socialismo ou
Barbárie, Novos
rumos para o governo Lula e Resoluções da Décima Conferência da Articulação de Esquerda.
12. Além de melhorar nossa
compreensão acerca da situação mundial, regional, brasileira, do governo e do
Partido, precisamos saber transformar inteligência em força. Pelos motivos
explicados no texto “A trajetória da tendência
petista Articulação de Esquerda“, a presença da esquerda
petista na direção nacional do PT reduziu-se muito nos últimos anos. No caso
específico da Articulação de Esquerda, nossa presença caiu desde um patamar inicial
de 30% em 1993, para um patamar de 10% em 2005 e de 5% em 2013.
13. O
objetivo central de nosso plano de trabalho no período 2012-2014 foi deter a
queda e voltar a crescer. Este continua sendo o objetivo do plano de trabalho
para o período 2015-2016.
14.
Ressaltamos que trata-se de crescer com base em nossa política e utilizando
nossos métodos.
15. A dependência em relação
a contribuições externas, empresariais ou de aparatos políticos, gera mais cedo
ou mais tarde deformações programáticas e políticas que –como estamos vendo na
história recente— são capazes de converter setores da esquerda em agentes
de lobby a
serviço de interesses pessoais, de grupo ou mesmo para-empresariais. Além de
expor o conjunto do Partido a acusações de “corrupção”, “fisiologismo” e
“carreirismo”. Por estes motivos, é essencial, neste sentido, que a
Articulação de Esquerda seja capaz de auto-financiar sua atividade política.
Metas para 2015-2016
16. No período de 2015-2016, os militantes da Articulação de Esquerda devem trabalhar para alcançar os seguintes objetivos:
16. No período de 2015-2016, os militantes da Articulação de Esquerda devem trabalhar para alcançar os seguintes objetivos:
a)
Manter uma campanha de filiações ao PT, trazendo para o Partido nossa base
social e eleitoral, dando a esta base mecanismos que permitam uma atuação
orgânica e politizada.
b)
Incidir ativamente na vida partidária, organizando núcleos, intervindo nas
reuniões das direções em todos os níveis, contribuindo nas secretarias e
setoriais, disputando rumos na juventude partidária, participando dos
encontros, congressos e da eleição das direções partidárias.
c)
Incidir na política de reflexão e de formação do PT, bem como no debate de
ideias junto à intelectualidade de esquerda, através da participação ativa na
Fundação Perseu Abramo e na Escola Nacional de Formação;
d)
Ampliar nossa bancada no Congresso da CUT em 2015 e, de maneira geral,
ampliando nossa presença na classe trabalhadora, especialmente junto a
juventude, mulheres e negros/as. Temos como meta ter núcleos de base nas
principais categorias.
e)
Organizar nossa presença nos movimentos populares, com destaque para os
movimentos de trabalhadores rurais e para os movimentos de moradia.
f)
Crescer nossa incidência junto as organizações da juventude em geral, com
destaque para a UNE e para a Ubes.
g)
Realizar, entre maio de 2015 e junho de 2016, conferências dos diferentes
setores em que a AE atua, tais como sindical, juventude, mulheres, educação,
saúde, moradia, agrária, combate ao racismo, LGBT, meio-ambiente, governos
& parlamentos.
h)
Participar dos processos eleitorais, buscando eleger maior número de prefeitos
e vereadores em 2016. E planejar desde já nossa participação nas eleições de
2018.
i) Ampliar a circulação do
jornal Página 13,
da revista Esquerda
Petista, das publicações da Editora P13, ampliar os acessos à
www.pagina13.org.br e nossa presença nas redes sociais.
j)
Consolidar e capilarizar nosso processo de formação politica, avançando na
construção da Escola de Quadros da AE. Realizar a XV jornada nacional de
formação em julho de 2015 e a XVI jornada nacional em janeiro de 2016.
k)
Realizar a partir de maio de 2015 uma jornada da direção nacional da AE nos 27
estados do país, realizando em cada capital pelo menos um debate aberto a todo
o Partido e pelo menos uma reunião com cada direção estadual, para discutir a
conjuntura e os desafios do PT. Temos como meta ter direções organizadas em
todos os estados e nas 100 principais cidades do país.
Construção da AE e construção
do PT
17.
Somos uma tendência petista, que tem como principal objetivo interno tornar
hegemônica no PT a estratégia democrático-popular e socialista. O
fortalecimento da AE supõe o fortalecimento do PT.
18.
Nossa capacidade de atingir este objetivo depende de que tenhamos mais força
dentro do PT. E força significa, mais que tamanho numérico, capacidade de
incidência política.
19.
Isso inclui, por um lado, fortalecer a Articulação de Esquerda, da forma e com
a orientação política descrita neste Plano de Trabalho e nas resoluções do
Segundo Congresso da AE. Inclui, por outro lado, um diálogo com diversos
setores do Partido que mantém pontos de contato com nossas opiniões
programáticas, estratégicas, táticas e organizativas.
20.
Propomos a estes setores realizar em 2015 um encontro nacional do conjunto das
forças sociais e políticas petistas comprometidas com o projeto
democrático-popular & socialista.
Para implementar este plano de trabalho, é eleita a direção
nacional, o secretariado e a comissão de ética a seguir: (...).
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