Como milhões de pessoas, por diversas vezes votei em Marta Suplicy.
Não me arrependo do meu voto. Votei numa petista, contra inimigos da classe trabalhadora.
Pelas mesmas razões pelas quais votei em Marta, considero que ela deveria -- com "audácia e transparência" -- pedir sua imediata desfiliação do Partido dos Trabalhadores.
Desfiliar-se seria um ato meramente formal, já que do ponto de vista político ela já saiu do PT.
Exemplo disto é seu artigo no jornal Folha de S. Paulo, intitulado A vaca vai pro brejo?
(O artigo de Marta pode ser lido no seguinte endereço: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/martasuplicy/2015/03/1598912-a-vaca-vai-pro-brejo.shtml)
Em seu artigo, Marta dedica-se a um esporte cada vez mais popular: desancar o governo Dilma e o PT.
Nisto, ela não se diferencia da maioria dos petistas, que também está insatisfeita com as ações recentes da nossa presidenta e com as (in)ações de setores de nosso partido.
O problema não está, portanto, no fato de Marta criticar o governo Dilma e o PT.
O problema está no ponto de vista a partir do qual ela critica.
Seu ponto de vista é tucano.
Segundo Marta, "em política existem duas coisas que levam a vaca para o atoleiro: a negação da realidade e trabalhar com a estratégia errada".
Talvez seja certo, salvo por um detalhe: o sujeito oculto.
Explico: do jeito "genérico" com que a frase está construída, ela vale para qualquer um.
Vale para Vargas e Carlos Lacerda, para Geisel e Ulysses, para Lula e FHC, para Dilma e Aécio, para o PT e para o PSDB, para a classe trabalhadora e para o grande capital.
Como o raciocínio vale para qualquer um, omite-se o conteúdo da política, o programa defendido, os objetivos pelos quais se luta.
E quem omite o conteúdo da luta, quem esquece quem somos e pelo que lutamos, pode não ter percebido, mas já entrou no pântano dos oportunistas.
Oportunistas não estão do lado certo. Estão do lado que está "dando certo".
Quando o lado certo não está dando certo, os oportunistas mudam de lado.
É importante dizer, contudo, que o fato de Marta agir como uma oportunista não significa necessariamente que todas suas críticas sejam improcedentes.
Portanto, vale a pena refletir sobre o que ela afirma no artigo A vaca vai pro brejo?
Segundo Marta, "bem antes da campanha eleitoral deslanchar" já "percebiam-se os desacertos da política econômica. Lula bradava por correções".
Certamente devido a problemas de espaço, Marta não pode explicar aqui o que ela detalhou em entrevista dada à Eliane Cantanhede, no dia 10 de janeiro de 2015.
Minha análise daquela entrevista está disponível no endereço http://www.valterpomar.blogspot.com.br/2015/01/marta-suplicy.html
Naquela entrevista, fica claro que Marta critica os "desacertos" assumindo como seu o ponto de vista do grande capital. Ou seja, o ponto de vista dos tucanos.
Da mesma forma, a crítica que a senadora faz contra a campanha presidencial de 2014 é tucana.
Palavras dela: "afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população".
Aécio Neves não diria diferente.
Assim como Serra não diria diferente sobre a Petrobrás.
Palavras de Marta: "os brasileiros passam a ter conhecimento dos desmandos na condução da Petrobras. O noticiário televisivo é seguido pelo povo como uma novela, sem ser possível a digestão de tanta roubalheira. Sistêmica! Por anos".
Mas atenção: é sistêmica, vem de anos, mas... é um erro culpar FHC!!!
Claro, aos petistas, nem mesmo a lei. Mas aos tucanos é garantido o benefício da dúvida.
Notem quanto a argumentação da senadora é habilidosa.
Marta não diz que o PT, Dilma e Lula são culpados. Mas ao falar "do tamanho do rombo atual" e de "roubalheira sistêmica", ao tempo que poupa FHC, Marta aponta o dedo indicador para onde?
Marta não é definitiva sobre a culpa de FHC. Mas faz questão de dizer que a "estratégia" de culpabilizar FHC "parece" diversionismo.
E mesmo quando fala de FHC, ela é de uma generosidade ímpar: diz não saber se a corrupção "começou no" governo dele. Claro: a corrupção começa com governos petistas e no governo de outros partidos...
Mas o pior ainda está por vir.
Marta conclui seu artigo dizendo o seguinte: "Recupera-se o discurso de que as elites se organizam propagando mentiras porque querem privatizar a Petrobras. Valha-me! O povo, e aí refiro-me a todas as classes sociais, está ficando muito irritado com o desrespeito à sua inteligência. Daqui a pouco o lamentável episódio ocorrido com Guido Mantega poderá se alastrar. Que triste".
A leitura deste parágrafo confirma que devemos deixar de lado todas as esperanças com quem entra no pântano do oportunismo.
Há uma campanha pela privatização da Petrobras. Isto não é um "discurso", não é uma invenção dos petistas.
Há uma campanha de mentiras contra o governo Dilma, contra o PT e contra a esquerda.
Assim como há uma irritação crescente em todas as classes sociais.
Mas quais são os motivos e as causas desta irritação?
Não terá algo que ver com o fato de que nosso governo foi eleito pela esquerda, mas não agrada a esquerda porque faz um ajuste de direita, mas tampouco agrada a direita porque foi eleito pela esquerda?
Por fim: o "lamentável episódio" ocorrido com Guido Mantega não foi obra de todas as classes sociais, não foi obra do povo em geral.
Foi obra dos mesmos setores que tantas vezes agrediram Marta Suplicy, por que a consideravam uma traidora de sua classe social de origem.
Que triste que Marta esqueça disto.
A vaca vai pro brejo?
É um privilégio neste momento crítico da política brasileira voltar a este espaço que ocupei em 2011 e 2012. Já colaborei na Folha, em cadernos e anos diversos, exercendo atividade diferente da que tenho hoje. Tenho consciência da importância que foi chegar a milhares de pessoas quebrando tabus, defendendo os direitos do povo, das mulheres e minorias, avançando em temas de difícil aceitação.
Senadora, e com uma visão muito crítica da situação política brasileira, sinto-me no dever de exercer neste espaço a audácia e transparência que caracterizaram minha vida.
Em política existem duas coisas que levam a vaca para o atoleiro: a negação da realidade e trabalhar com a estratégia errada.
O governo recém-empossado conseguiu unir as duas condições. A primeira, a negação das responsabilidades quando a realidade se evidencia. A segunda, consequência da mentira, desemboca na estratégia equivocada. Estas condições traduzem o que está acontecendo com o governo e o PT.
O começo foi bem antes da campanha eleitoral deslanchar. Percebiam-se os desacertos da política econômica. Lula bradava por correções. Do Palácio, ouvidos moucos. Era visto como um movimento de fortalecimento para a candidatura do ex-presidente já em 2014. E Lula se afasta. Ou é afastado. A história um dia explicará as razões. O ex-presidente só retorna quando a eleição passa a correr risco.
Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população.
Posse. Espera-se uma transparência que, enquanto constrangedora e vergonhosa, poderia pavimentar o caminho da necessária credibilidade.
Ao contrário, em vez de um discurso de autocrítica, a nação é brindada com mais um discurso de campanha. Parece brincadeira. Mas não é. E tem início a estratégia que corrobora a tese de que quando se pensa errado não importa o esforço, porque o resultado dá com os "burros n'água".
Os brasileiros passam a ter conhecimento dos desmandos na condução da Petrobras. O noticiário televisivo é seguido pelo povo como uma novela, sem ser possível a digestão de tanta roubalheira. Sistêmica! Por anos. A estratégia de culpar FHC (não tenho ideia se começou no seu governo) não faz sentido, pois o tamanho do rombo atual faz com que tudo pareça manobra diversionista. Recupera-se o discurso de que as elites se organizam propagando mentiras porque querem privatizar a Petrobras. Valha-me! O povo, e aí refiro-me a todas as classes sociais, está ficando muito irritado com o desrespeito à sua inteligência. Daqui a pouco o lamentável episódio ocorrido com Guido Mantega poderá se alastrar. Que triste
Senadora, e com uma visão muito crítica da situação política brasileira, sinto-me no dever de exercer neste espaço a audácia e transparência que caracterizaram minha vida.
Em política existem duas coisas que levam a vaca para o atoleiro: a negação da realidade e trabalhar com a estratégia errada.
O governo recém-empossado conseguiu unir as duas condições. A primeira, a negação das responsabilidades quando a realidade se evidencia. A segunda, consequência da mentira, desemboca na estratégia equivocada. Estas condições traduzem o que está acontecendo com o governo e o PT.
O começo foi bem antes da campanha eleitoral deslanchar. Percebiam-se os desacertos da política econômica. Lula bradava por correções. Do Palácio, ouvidos moucos. Era visto como um movimento de fortalecimento para a candidatura do ex-presidente já em 2014. E Lula se afasta. Ou é afastado. A história um dia explicará as razões. O ex-presidente só retorna quando a eleição passa a correr risco.
Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população.
Posse. Espera-se uma transparência que, enquanto constrangedora e vergonhosa, poderia pavimentar o caminho da necessária credibilidade.
Ao contrário, em vez de um discurso de autocrítica, a nação é brindada com mais um discurso de campanha. Parece brincadeira. Mas não é. E tem início a estratégia que corrobora a tese de que quando se pensa errado não importa o esforço, porque o resultado dá com os "burros n'água".
Os brasileiros passam a ter conhecimento dos desmandos na condução da Petrobras. O noticiário televisivo é seguido pelo povo como uma novela, sem ser possível a digestão de tanta roubalheira. Sistêmica! Por anos. A estratégia de culpar FHC (não tenho ideia se começou no seu governo) não faz sentido, pois o tamanho do rombo atual faz com que tudo pareça manobra diversionista. Recupera-se o discurso de que as elites se organizam propagando mentiras porque querem privatizar a Petrobras. Valha-me! O povo, e aí refiro-me a todas as classes sociais, está ficando muito irritado com o desrespeito à sua inteligência. Daqui a pouco o lamentável episódio ocorrido com Guido Mantega poderá se alastrar. Que triste
A VACA VAI PRO BREJO!!
ResponderExcluirEsse é o título que a Senadora Marta Súplicy usou em sua coluna na FSP, para atacar a presidente Dilma, o PT, negar os avanços da sociedade brasileira na esteira do nosso programa e defender escandalosamente FHC e seu partido!!!
Quanto ao presidente Lula a sua fala vai pro brejo. "A história um dia explicará as razões".
O seu discurso parece ter sido pautado pelo programa do PSDB que foi ao ar ontem na TV aberta!!
A Senadora faz um discurso pueril, repetindo a cantilena dos cochinhas desse país e reproduz o ódio que as elites nutrem pelo PT e pela esquerda no Brasil!!
Marta Súplicy foi um arranjo do PT, (aliás nisso o PT é campeão, vive tirando coelho da cartola que depois vira lebre) a única lembrança que tenho dela em 1980 quando valorosos companheiros a duras penas fundavam o PT, e a da participação dela num programa da globo que levava o nome de TV Mulher!!
O finado Plínio de Arruda Sampaio chegou a classificar o Governo da Marta na prefeitura de São Paulo de "NEOLIBERAL", mas mesmo sabendo que Plínio tinha razão a defendemos!!
Marta deve mesmo sair do PT, aliás muitos deviam sair do PT, ela e os enrustidos, nuncam farão uma opção pela ruptura da ordem atual!!
Esse sim é o "brejo" (Terreno alagado de consistência amolecida) em que Marta se encontra, o brejo da não ruptura!!
"De consistência amolecida", e de uma vaidade "GALÁTICA", Marta sataniza o PT por ter sido preterida em favor de Padilha na disputa em São Paulo!!
Essa é a verdade dos fatos, além é claro do esforço que deve ser para ela trair sua classe de origem!
Foi assim com Soninha!!
Marta sim abusa do diversionismo para justificar sua saída e seu desprezo repentino pelo PT!!
Não obstante, convenientemente, ganha do Frias um espaço na FSP e vira uma "COLABORADORA"!!
Marta tem razão em um aspecto do seu artigo, ela deu início a uma estratégia que corrobora a tese de que quando se pensa errado não importa o esforço, porque o resultado será ver Marta dar com os burros n'àgua e de quebra ficar atolada no seu próprio brejo!!!
CHAIM