quinta-feira, 5 de março de 2015

Hora de parar. Hora de parar de recuar

Hoje, dia 5 de março, a imprensa está divulgando que o ex-presidente Lula não vai comparecer ao ato do dia 13 de março.

Nem sempre a imprensa fala a verdade.

Mas pelo menos hoje, dia 5 de março, parece que está falando a verdade.

"Ontem", digamos dia 4 de março, não seria verdade.

Mas "anteontem", digamos dia 3 de março, seria verdade.

Para quem perdeu o fio da meada: "anteontem", a linha defendida por Lula era (ou parecia ser) a de adiar o ato.

"Ontem", a linha defendida por Lula era (ou parecia ser) a de comparecer ao ato.

Hoje, a linha defendida por Lula é (ou parece ser) a de não comparecer ao ato.

E amanhã? 

E depois de amanhã?

Seja lá qual for, este zig-zag não ajuda nem um pouco. 

Mas qual o motivo do zig-zag?

Qual seria o motivo para a (suposta) ausência de Lula no ato do dia 13 de março?

Ao que parece, seriam as Medidas Provisórias.

Aquelas Medidas que na reunião do Diretório Nacional do PT, dia 6 de fevereiro, Lula teria criticado.

Aquelas Medidas que no ato de comemoração dos 35 anos do PT, também no dia 6 de fevereiro, Lula apoiou (envergonhadamente, é bom que se diga).

Aquelas mesmas Medidas que o Diretório Nacional do PT, em sua resolução de 6 de fevereiro, criticou.

Aquelas mesmíssimas Medidas que a Comissão Executiva Nacional do PT, em sua reunião de 26 de fevereiro, apoiou (também envergonhadamente, é bom que se diga).

Realmente, o ato do dia 13 de março é contra as Medidas Provisórias. Por isto, não é um ato "a favor" do governo.

Mas tampouco é um ato "contra" o governo. O ato do dia 13 de março é essencialmente um ato em defesa dos interesses da classe trabalhadora.

Dois dias depois, no dia 15 de março, haverá um ato contra o governo. E também contra os interesses da classe trabalhadora.

A existência do ato anti-popular no dia 15 de março é um motivo a mais para fortalecermos o ato do dia 13 de março.

Por isto, continua sendo importante a presença de Lula. Por isto, devemos insistir para que ele compareça.

Claro, alguém pode raciocinar assim: "preservemos Lula.  Se o ato do dia 13 de março for pequeno e o ato do dia 15 de março for maior, convocaremos novos atos. E Lula ajudará a mobilizar".

Pode ser. 

Mas dada a conjuntura, é mais prudente raciocinar assim: estamos num momento de imensa gravidade. Nossos inimigos estão atacando por todos os lados. Parte de nós e de nossos amigos está desanimada e desorientada. Afinal, ganhamos as eleições mas sob vários aspectos agimos como se tivéssemos perdidoNuma hora como essas, é preciso traçar uma linha no chão e dizer: acabou o recuo, é hora de parar. Parar de recuar, agrupar, resistir e contra-atacar.

Dia 13 de março converteu-se nisto: na hora de parar.

Hora de parar de recuar. 

(E, quem sabe, no final das contas a imprensa pode estar errada.)





2 comentários:

  1. muito bem, Valter, é isto aí. Contra-atacar, foi isto que aprendi durante meus 52 anos de luta indigena, uma causa que nos anos 60 e 70 todos consideravam uma "causa perdida". E hoje os índios estão aí cada vez mais firmes e fortes, demonstrando que o socialismo radical é possivel neste país.

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  2. muito bem, Valter, é isto aí. Contra-atacar, foi isto que aprendi durante meus 52 anos de luta indigena, uma causa que nos anos 60 e 70 todos consideravam uma "causa perdida". E hoje os índios estão aí cada vez mais firmes e fortes, demonstrando que o socialismo radical é possivel neste país.

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