TEXTO EM DEBATE * SEGUNDO CONGRESSO DA TENDÊNCIA PETISTA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA.
1.A evolução da conjuntura internacional e nacional, assim como os
dilemas do governo e do Partido confirmaram no essencial as opiniões políticas defendidas
pela Articulação de Esquerda acerca das grandes disputas estratégicas do atual
momento histórico, no âmbito internacional, no Brasil e no PT.
2.No mundo, prossegue a disputa entre dois blocos e duas vias de
desenvolvimento capitalistas, cabendo à esquerda petista contribuir para que o
socialismo volte a ser um dos pólos alternativos.
3.No continente americano, prossegue a disputa entre dois projetos
de integração regional, cabendo à esquerda petista contribuir na defesa e
implementação de uma integração latino-americana e caribenha, anti-imperialista
e que tenha como horizonte o socialismo.
4.No Brasil, prossegue a disputa entre as vias conservadora e democrática
de desenvolvimento capitalista, cabendo à esquerda petista defender uma via
alternativa, democrático-popular e socialista.
5.No governo, prossegue a disputa entre neoliberalismo,
social-liberalismo, nacional-desenvolvimentismo e social-desenvolvimentismo.
Cabe à esquerda petista lutar para que os neoliberais sejam
afastados do estratégico ministério da Fazenda; e para que o
conjunto do governo se oriente em favor das reformas estruturais.
6.No Partido dos Trabalhadores, instalou-se uma crise profunda,
resultado do esgotamento da “estratégia” que visava “melhorar a vida do povo
através de políticas públicas”, “acumular forças prioritariamente através da
via eleitoral” e “transferir para o governo o centro de decisões políticas”.
Cabe à esquerda petista convencer o conjunto do Partido da necessidade de mudar
de estratégia: fazer que o Partido volte a ser o centro de decisões políticas, acumular forças
combinando luta social/cultural/eleitoral, melhorar a vida do povo
através de reformas estruturais democrático-populares, articular nossa estratégia com a luta pelo socialismo.
7.Cada uma das grandes disputas estratégicas do atual momento histórico (no mundo, no continente, no Brasil, no
governo e no PT) obedece a um ritmo próprio. Mas está cada vez mais claro que os
tempos estão se sincronizando e se acelerando. A esquerda petista precisa se
preparar para diferentes cenários, dos quais decorrem estratégias também diferentes.
8.Neste sentido, reiteramos a importância de nossa militancia
ampliar seu conhecimento sobre o capitalismo do século XXI, sobre as
tentativas de construção do socialismo no século XX e sobre as estratégias de
luta pelo socialismo no Brasil e também na América Latina. Este esforço integra o objetivo de construir
uma escola de pensamento socialista no Brasil, entendendo por escola uma corrente
de pensamento baseada num forte movimento político-social, capaz de recolocar o socialismo como uma alternativa prática para a sociedade
brasileira.
9.Reiteramos, em especial, a necessidade de nossa militância conhecer
as classes e a luta de classes no Brasil, profundamente alterada desde o
período neoliberal; assim como precisamos conhecer melhor a situação da classe
trabalhadora, suas organizações e movimentos sociais, os partidos políticos e sua relação com a intelectualidade.
10.Reiteramos, especificamente, a importância de nossa militância
compreender em que medida as tendências internas do PT refletem as diferentes
frações de classe e as diferentes tendências políticas existentes na classe
trabalhadora. Assim como --para poder melhor combatê-los -- compreender em que medida setores da esquerda
brasileira e do próprio Partido estão convertendo-se em porta-vozes de setores e
interesses empresariais.
11.Reiteramos, finalmente, que a militância da Articulação de Esquerda deve estudar e
difundir as resoluções de nossos Congressos, Conferências e Seminários,
publicadas por exemplo nos livros Socialismo ou Barbárie, Novos rumos para o
governo Lula e Resoluções da Décima Conferência da Articulação de Esquerda.
12.Além de melhorar nossa compreensão acerca da situação mundial,
regional, brasileira, do governo e do Partido, precisamos saber transformar
inteligência em força. Pelos motivos explicados no texto "A trajetória da tendência petista Articulação de Esquerda" (http://valterpomar.blogspot.com.br/2015/02/a-trajetoria-da-tendencia-petista_27.html), a presença da esquerda petista na direção nacional do PT reduziu-se muito nos últimos anos. No caso específico da Articulação de Esquerda, nossa presença caiu desde um patamar inicial de 30% em 1993, para um
patamar de 10% em 2005 e de 5% em 2013.
13.O objetivo central de nosso plano de trabalho no período
2012-2014 foi deter a queda e voltar a crescer. Este continua sendo o objetivo
do plano de trabalho para o período 2015-2016.
14.Ressaltamos que trata-se de crescer com base em nossa política
e utilizando nossos métodos.
15.A dependência em relação a contribuições
externas, empresariais ou de aparatos políticos, gera mais cedo ou mais tarde
deformações programáticas e políticas que –como estamos vendo na história recente—
são capazes de converter setores da esquerda em agentes de lobby a serviço de
interesses pessoais, de grupo ou mesmo para-empresariais. Além de expor o conjunto do Partido a
acusações de “corrupção”, “fisiologismo” e “carreirismo”. Por estes motivos, é essencial, neste sentido, que a Articulação de Esquerda seja capaz de auto-financiar sua atividade política.
16.No período de 2015-2016, os militantes da Articulação de Esquerda devem trabalhar para alcançar os seguintes objetivos:
a)Manter uma campanha de filiações ao PT, trazendo para o Partido
nossa base social e eleitoral, dando a esta base mecanismos que permitam uma
atuação orgânica e politizada.
b)Incidir ativamente na vida partidária, organizando núcleos,
intervindo nas reuniões das direções em todos os níveis, contribuindo nas
secretarias e setoriais, disputando rumos na juventude partidária, participando
dos encontros, congressos e da eleição das direções partidárias.
d)Ampliar nossa bancada no Congresso da CUT em 2015 e, de maneira
geral, ampliando nossa presença na classe trabalhadora, especialmente junto a
juventude, mulheres e negros/as. Temos como meta ter núcleos de base nas principais categorias.
e)Organizar nossa presença nos movimentos populares, com destaque
para os movimentos de trabalhadores rurais e para os movimentos de moradia.
f)Crescer nossa incidência junto as organizações da juventude em
geral, com destaque para a UNE e para a Ubes.
g)Realizar, entre maio de 2015 e junho de 2016, conferências dos
diferentes setores em que a AE atua, tais como sindical, juventude, mulheres, educação,
saúde, moradia, agrária, combate ao racismo, LGBT, meio-ambiente, governos & parlamentos.
h)Participar dos processos eleitorais, buscando eleger maior
número de prefeitos e vereadores em 2016. E planejar desde já nossa participação nas eleições de 2018.
i)Ampliar a circulação do jornal Página 13, da revista Esquerda Petista,
das publicações da Editora P13, ampliar os acessos à www.pagina13.org.br e nossa presença nas redes sociais.
j)Consolidar e capilarizar nosso processo de formação politica,
avançando na construção da Escola de Quadros da AE. Realizar a XV jornada
nacional de formação em julho de 2015 e a XVI jornada nacional em janeiro de
2016.
k)Realizar a partir de maio de 2015 uma jornada da direção
nacional da AE nos 27 estados do país, realizando em cada capital pelo menos um
debate aberto a todo o Partido e pelo menos uma reunião com cada direção
estadual, para discutir a conjuntura e os desafios do PT. Temos como meta ter direções organizadas em todos os estados e nas 100 principais cidades do país.
Construção
da AE e construção do PT
17.Somos uma tendência petista, que tem
como principal objetivo interno tornar hegemônica no PT a estratégia
democrático-popular e socialista. O fortalecimento da AE supõe o fortalecimento do PT.
18.Nossa capacidade de atingir este objetivo depende de que
tenhamos mais força dentro do PT. E força significa, mais que tamanho numérico,
capacidade de incidência política.
19.Isso inclui, por um lado, fortalecer a Articulação de Esquerda, da forma e com a orientação política descrita neste Plano de Trabalho e nas resoluções do Segundo Congresso da AE. Inclui, por outro lado, um diálogo com diversos setores do Partido que mantém pontos
de contato com nossas opiniões programáticas, estratégicas, táticas e
organizativas.
20.Propomos a estes setores realizar em 2015 um encontro nacional do conjunto das forças sociais e políticas petistas comprometidas
com o projeto democrático-popular & socialista.
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