VERSÃO PRELIMINAR PARA
DEBATE NA DNAE
Projeto de resolução para
debate e deliberação no Segundo Congresso da tendência petista Articulação de
Esquerda
O segundo congresso
da tendência petista Articulação de Esquerda vai ser realizado no Instituto
Cajamar (SP), de 2 a 4 de abril de 2015. Simultaneamente, ocorrerá a
Conferência sindical da tendência.
A pauta do segundo
congresso da AE inclui os seguintes pontos: 1) balanço das eleições 2014; 2)
desafios e propostas para o segundo mandato Dilma Rousseff, para a luta social,
para a comunicação e cultura, para os governos/parlamentos estaduais e
municipais, para as eleições 2016 e 2018; 3) nossas propostas de reforma
programática, estratégica e organizativa do Partido dos Trabalhadores; 4)
atuação e organização da Articulação de Esquerda; 5) eleição da nova direção
nacional da Articulação de Esquerda e da Comissão de ética nacional.
A seguir apresentamos
projetos de resolução sobre o ponto 2 da pauta: “desafios e propostas para o
segundo mandato Dilma Rousseff, para a luta social, para a comunicação e
cultura, para os governos/parlamentos estaduais e municipais, para as eleições
2016 e 2018”.
Desafios e propostas
1. A vitória de Dilma Rousseff nas eleições
presidenciais de 2014 foi a vitória daqueles que defendem combinar
desenvolvimento com democracia, bem estar social, soberania nacional e
integração regional.
2. Contudo, a vitória de Dilma Rousseff foi
acompanhada pela eleição de um Congresso nacional mais conservador do que o das legislaturas anteriores, bem como da eleição de
governadores vinculados à oposição de direita em
estados importantes. Derrotamos o retrocesso, mas nem em 2006, nem em 2010 o
campo conservador esteve tão perto de recuperar a Presidência.
3. Tomado de conjunto, considerando em particular o
quadro econômico nacional e internacional, o cenário pós-eleitoral é bastante
difícil. A este quadro soma-se a chamada Operação Lava Jato, não apenas por
seus efeitos políticos e midiáticos, mas também por seu impacto sobre a
Petrobrás, sobre outras empresas e sobre o conjunto da economia.
4. Em síntese: nas eleições presidenciais de 2014,
impedimos o retrocesso que seria causado por uma vitória da oposição de
direita, mas não criamos as condições institucionais necessárias para fazer um
segundo mandato superior.
5. Os derrotados na eleição presidencial perceberam
isto desde o primeiro momento. Questionaram formalmente o resultado, inclusive
promovendo uma “recontagem” de votos. Estimularam e participaram de
manifestações nas quais setores de ultradireita pediram por uma ditadura
militar. Não escondem sua disposição de sabotar e até mesmo interromper o
mandato presidencial que ora se inicia. Mantém intensa pressão política e
midiática em favor da aplicação do programa derrotado nas urnas.
6. Frente a tudo isto, a presidenta Dilma Rousseff
tinha três opções fundamentais.
7. A primeira opção seria aplicar integral e imediatamente o
programa vitorioso no
segundo turno da campanha presidencial.
8. Esta hipótese, para ser exequível e exitosa,
dependeria do governo, do PT e de seus aliados na esquerda partidária e social
superarem também integral e imediatamente seus atuais déficits de organização,
mobilização e consciência. O que teria como pressuposto a adoção de outra
estratégia, não apenas por parte do Partido e aliados de esquerda, mas também
por parte da própria presidenta.
9. A segunda opção seria fazer mediações entre o programa vitorioso nas
eleições presidenciais, as debilidades do campo popular, o poderio demonstrado
pela oposição de direita, os níveis
de infidelidade na chamada base de governo e as circunstâncias difíceis deste
início de mandato.
10. Nesta hipótese, o governo iniciaria a aplicação
do programa vitorioso nas eleições, mas num ritmo que permitiria ao próprio
governo, ao PT e aos seus aliados na esquerda partidária e social superar seus
atuais déficits de organização, mobilização e consciência. Portanto, as mediações visariam ganhar tempo, tempo
necessário à criação das condições para transitar da atual estratégia (baseada
em melhorar a vida do povo
através de políticas públicas) para outra estratégia (baseada em melhorar a vida do povo através
da combinação entre políticas públicas e reformas estruturais).
11. A terceira opção seria fazer concessões programáticas aos que perderam a eleição.
12. Quando falamos de concessões
programáticas, não nos referimos principalmente à composição do
ministério. Afinal, dada a política de alianças e o resultado eleitoral, era
previsível que o ministério do segundo mandato Dilma incluiria personagens
incompatíveis com um programa democrático-popular, com reformas estruturais,
com transformações mais profundas, como aliás tem sido até aqui.
13. Quando falamos de concessões programáticas, tampouco nos
referimos a aspectos do programa. Pelos mesmos motivos
citados no ponto acima, é óbvio que no conjunto das ações do segundo mandato
Dilma haveria iniciativas do interesse de aliados de direita e de setores do
grande capital.
14. Quando nos referimos a concessões programáticas,
nos referimos a adoção de uma política
econômica de ajuste fiscal através de medidas recessivas. Falamos,
portanto, de um tipo de concessão que contamina todo o governo, todas as
políticas públicas, o conjunto da economia, da sociedade e da política
brasileira.
15. Embora em nenhum momento isto tenha sido dito
desta forma, os fatos nos indicam que a presidenta Dilma Rousseff escolheu esta
terceira opção.
16. O ajuste fiscal implementado pelos ministros
Joaquim Levy e Nelson Barbosa vai provocar recessão. A lógica de cortar “despesas”
trabalhistas (MPs 664 e 665) e aumentar juros beneficia o setor financeiro e
seus sócios, em detrimento do restante da sociedade.
17. Um país que crescia pouco ou não crescia,
necessitava de outro tipo de “ajuste fiscal”. O Brasil necessitava e segue
necessitando de um “ajuste fiscal” que transfira recursos da especulação para a
produção, da minoria rica para a maioria trabalhadora. Só desta forma será
possível combinar a recomposição da indústria – sem a qual não há crescimento
nem desenvolvimento – com a ampliação do bem estar social.
18. A opção pelo ajuste fiscal através de medidas
recessivas não é novidade no Brasil. Agora, como nos 1980 e 1990, seus
defensores argumentam que reduzindo os ganhos dos trabalhadores, espera-se que
os capitalistas se vejam estimulados a investir, com isso a economia volta a
crescer e no final "todos ganham", ainda que alguns ganhem mais do
que os outros.
19. Todos sabemos quais foram os efeitos deste
"modelo" nos anos 1980 e 1990, no Brasil. E todos estamos vendo sua
aplicação produzir um desastre político e social em parte da Europa.
20. Evidente que Nelson Barbosa e Joaquim Levy são
obrigados, ao implementar este "modelo", a levar em considerações
certos limites impostos pela presidenta, que assumiu compromissos públicos no
processo eleitoral, não apenas com seus eleitores, mas com a tão citada nação brasileira.
21. Entretanto, os seguidos aumentos da
taxa de juros; o veto ao reajuste da tabela do IR; as
alterações previstas nas MP 664 e 665; a decisão de não vetar o artigo 143 da
Medida Provisória 656/2014, que permite investimentos estrangeiros nos serviços
de saúde; e a proposta de abertura do capital da Caixa Econômica Federal
revelam que os limites impostos pela presidenta tendem a ser atropelados pela
lógica global das medidas.
22. A opção por uma política econômica de ajuste
fiscal através de medidas recessivas está tornando a situação mais perigosa do
que já era: a) uma conjuntura por si já extremamente complexa; b) os efeitos
das medidas recessivas citadas; c) uma oposição que continua belicosa,
estimulada por d) uma mídia que interpreta as medidas do governo como prova de
que tinham razão no debate eleitoral; e) demandas políticas e sociais
pendentes, especialmente de políticas urbanas e agrárias; f) importantes
movimentos sociais – com destaque para a CUT e outras centrais sindicais – convocando
mobilizações contra as medidas do governo; g) dúvidas, confusão e conflitos em
segmentos crescentes da base eleitoral, social e militante que elegeu a
presidenta Dilma.
23. Todos sabíamos que o segundo mandato Dilma
Rousseff seria um governo em disputa, como foram os dois mandatos de Lula e o
primeiro mandato de Dilma. Portanto, estava óbvio que seria necessária forte
mobilização, tanto para apoiar o governo contra a direita e o grande capital,
quanto para enfrentar determinadas políticas resultantes de um governo de
coalizão – o que nos
obrigaria a reforçar o PT e a construir uma frente orgânica com os aliados da
esquerda partidária e social, em defesa das reformas estruturais.
24. Mas a opção por uma política econômica de ajuste
fiscal através de medidas recessivas ameaça
mudar perigosamente os termos da equação. Pois uma coisa é mobilizar contra aspectos da política do governo, ao mesmo tempo
que se concorda com o fundamental; e outra coisa profundamente diferente é
mobilizar contra aspectos fundamentais da política do governo, contra
concessões programáticas centrais que o governo faz ao grande capital e à
direita.
25. Noutras palavras: a opção feita pela presidenta
Dilma Rousseff, a favor de uma política econômica de ajuste fiscal através de
medidas recessivas coloca o Partido dos Trabalhadores e o conjunto da esquerda
que nos ajudou a vencer as eleições de 2014 frente a uma encruzilhada extremamente perigosa e totalmente desnecessária.
26. As pesquisas de opinião pública divulgadas após
as eleições de outubro de 2014 não refletiam nada do que dissemos até agora.
Pelo contrário, os números indicavam um crescimento no apoio à presidenta e ao
governo. Contudo, a experiência de 2013 e 2014 nos ensinou a não confundir a
foto com o filme. E isto foi confirmado nas pesquisas de opinião divulgadas em
fevereiro de 2014, mostrando uma queda acentuada no apoio à presidenta, ao
governo e ao PT.
27. Certamente, há petistas que acreditam
sinceramente que o “ajuste” perseguido por Levy e Barbosa é necessário,
virtuoso e pode contribuir para avanços posteriores rumo à “revolução
democrática”. Assim como sempre há quem aplauda qualquer aliança e qualquer
ação do governo. Contudo, a justa reação da Central Única dos Trabalhadores
contra a abertura do capital da Caixa Econômica Federal e contra as MP 664 e
665 demonstra que na militância é crescente a preocupação com as opções feitas
pelo governo.
28. A preocupação é reforçada pela matemática da política.
Ocorre que não atuamos na correlação de forças de 2002, 2006 ou 2010. Estamos
nos marcos da correlação de forças de 2014, o que significa dizer que
relativamente pequenas defecções em nossa base podem nos levar a uma derrota
global.
29. Evidente que os atos iniciais de um governo não
obrigatoriamente determinam seu desfecho. Neste sentido, é bom lembrar que
tanto o primeiro governo Lula (2003-2006) quanto o primeiro governo Dilma
(2011-2014) começaram fazendo concessões similares à oposição de direita, ao
neoliberalismo.
30. Tanto em 2003 quanto em 2011, aquelas concessões
foram produto de uma opção estratégica feita pela maioria do PT, a saber, a de melhorar a vida do povo através
de políticas públicas.
31. Nos anos 1980 e em parte dos anos 1990, a opção
do PT era melhorar a vida
do povo através da combinação entre políticas públicas e transformações
estruturais. Esta
opção estratégica supunha travar grandes conflitos e realizar rupturas, em que só
teríamos êxito se soubéssemos combinar atuação partidária, grandes batalhas
culturais, luta social e ação institucional.
32. A partir de meados dos anos 1990, o PT
majoritariamente inclinou-se para outra estratégia, a de melhorar a vida do
povo através de políticas públicas. Acreditava-se que este caminho seria menos
conflituoso e dispensaria rupturas, pois afinal de contas não estaria em questão fazer transformações estruturais. Pelo mesmo motivo, ampliou-se
ao centro e à direita o nosso arco de alianças e a nossa ação coletiva foi concentrando-se nas instituições, deixando de lado
grande parte da antiga ênfase acerca do papel estratégico da vida partidária,
da luta social e da batalha cultural.
33. A história dos últimos 12 anos, entretanto,
revela que enquanto a esquerda moderava sua estratégia, os setores hegemônicos
da direita e do grande capital radicalizaram sua oposição. Para tais setores,
trata-se de impedir que o
povo melhore de vida por ação do Estado. E, por isso, quando nosso
governo introduz políticas públicas vigentes em países da Europa, aqueles
setores da direita e do grande capital reagem como se estivéssemos promovendo
uma revolução socialista.
34. Para os setores hegemônicos da direita e do
grande capital, pouco importa o que façamos, importa
quem somos, o que expressamos como projeto de sociedade. Por isto,
trabalham para destruir o PT e o conjunto da esquerda. Neste contexto, insistir
numa estratégia que a realidade vem superando, não é apenas um erro: é
um suicídio.
35. Implementar, mesmo que parcialmente, o programa dos
derrotados na eleição contribui para confundir, desorganizar e dispersar as
forças que venceram as eleições presidenciais de 2014, facilita as operações de sabotagem implementadas pela oposição de direita e
também por setores da base do governo, não ajuda a bloquear eventuais
tentativas de interromper nosso mandato, além de criar um ambiente favorável
aos que desejam nos derrotar nas eleições de 2016 e 2018.
36. Assim, a sobrevivência do PT como partido da
classe trabalhadora, a sobrevivência da esquerda brasileira como representante
do campo popular, exige fortalecer os setores
petistas que defendem a superação da atual estratégia e convencer
a maioria do Partido e o governo da necessidade de mudar de rumo.
De volta para
o futuro: rumo a um segundo mandato superior
37. Não se trata de atribuir ao governo estrito
senso a solução dos problemas estratégicos, como se estes fossem resolvidos
através de atos administrativos como a substituição de ministros, embora isto
também deva ser feito, especialmente nas áreas econômica, de cidades e
agricultura.
38. Entretanto, há problemas cuja solução depende no
fundamental de políticas de governo. Entre estas destacamos três: mudar a
política econômica, democratizar a comunicação e realizar a reforma política.
39. Uma das condições de êxito de nosso projeto é a
retomada do crescimento econômico, com ênfase no fortalecimento da capacidade
industrial do Brasil.
40. Trata-se de reverter
o quadro de desindustrialização e desnacionalização, construindo uma forte
cadeia de empresas estatais e públicas nos setores econômicos estratégicos,
para induzir o desenvolvimento a partir de uma perspectiva de desenvolvimento
democrático e popular. Em termos práticos, isso demanda: 1) redução nas taxas
de juros, para estimular investimentos produtivos; 2) taxas de câmbio
administradas, que elevem a competividade dos manufaturados brasileiros no
mercado internacional e não prejudiquem a importação de bens de capital para a
indústria; 3) reforma tributária que taxe fortemente o
capital entesourado e as heranças, estimule o capital produtivo e desonere os
rendimentos do trabalho; 4) aplicação firme das leis contra a formação de
cartéis, oligopólios e monopólios; 5) criação de empresas estatais que induzam
os setores privados, principalmente médios e pequenos, a produzir ciência,
tecnologia e inovação, adensar as cadeias produtivas nacionais e realizar um
crescimento ampliado da produção industrial e agrícola; 6) ampliar a produção
de alimentos, através de mudanças na política agrícola e na estrutura agrária;
7) melhorar as condições de vida da maior parte da
sociedade, especialmente fortalecendo econômica, política e culturalmente a
classe trabalhadora assalariada.
41. A história demonstra que, nos momentos de crise
como os que vivemos, é o Estado que deve tomar a iniciativa de comandar o
processo de manutenção e ampliação dos investimentos necessários. Motivo pelo
qual reafirmamos nossa defesa do caráter público da Caixa Econômica Federal e
nossa exigência por uma redução expressiva e imediata da taxa de juros.
42. Nos últimos anos, o governo
brasileiro esforçou-se para impedir que o impacto da crise internacional
atingisse os setores populares. Isto teve um alto custo fiscal, criando
dificuldades orçamentárias neste início do segundo mandato Dilma Rousseff.
Estas dificuldades fiscais devem ser enfrentadas, principalmente, através da redução da taxa de juros, do imposto sobre as
grandes fortunas, revisão de subsídios e isenções, progressividade no imposto
de renda e demais medidas tributárias que façam os ricos deste país pagarem a
conta necessária para superar a crise e retomar o crescimento.
43. Além disso, coerente com o compromisso firmado pela
presidenta Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral, de manutenção dos
direitos sociais e trabalhistas, o Governo deve
retirar as MPs 664 e 665.
44. A mudança na política econômica – seja
abandonando a lógica do ajuste fiscal recessivo, seja trilhando o caminho da
industrialização com soberania nacional e sustentabilidade ambiental – exigirá
uma imensa batalha política. Nossas chances maiores ou menores de êxito nesta
batalha dependem de alterações imediatas na política de comunicação.
45. Quando fala de Pátria Educadora – sem entrar no
mérito do nome utilizado ou das concepções pedagógicas envolvidas – a
presidenta Dilma de fato enfatiza a formação da mão de obra. Sem em nenhum momento reduzir a importância da elevação do nível
educacional técnico e profissional do conjunto da população brasileira, entendemos que é
necessário abordar de outra forma o problema.
46. Não haverá mudança social profunda no Brasil, se
isto não for acompanhado por uma mudança cultural na visão de mundo da
maioria da população brasileira. Necessitamos tornar hegemônicos os valores
democráticos, populares e socialistas. Mas o que temos assistido desde 2003 é
uma reação das ideias conservadoras em todos os terrenos. Isto se deve, em
parte, ao fato de que não houve nenhuma mudança estrutural no terreno da
cultura, da educação e da comunicação. Ao contrário: o grande capital e a
direita não apenas mantiveram como ampliaram sua ofensiva em cada um destes
terrenos.
47.Cabe ao governo alterar esta situação. No terreno
da Cultura, trata-se em primeiro lugar de superar o modelo baseado na Lei
Rouanet. No terreno da Educação, de combinar a ampliação de vagas com o
fortalecimento do setor público, a valorização do
profissional da educação e a mudança no projeto pedagógico. No terreno da
comunicação, trata de apoiar a aprovação da Lei da Mídia Democrática e implementar
as principais resoluções da Conferência Nacional de
Comunicação de 2009.
48. A presidenta Dilma Rousseff evoluiu da posição
conservadora de 2010, quando dizia que o único controle de mídia que aceitava
era o controle remoto. Hoje ela admite a necessidade de uma regulação
econômica, que se for aplicada com rigor produzirá a quebra do oligopólio.
49. Entretanto, é preciso ir além e rápido: mudar o
conjunto da política de publicidade; apoiar a mídia democrática; e adotar uma
postura ofensiva, da parte do governo, na comunicação com a sociedade. A
comunicação governamental não pode continuar sendo um assunto de agências
publicitárias. É impossível defender com êxito o governo, se o próprio governo
não se defende adequadamente.
50. O centro da questão está em entender que o
governo é uma instituição política, não apenas administrativa. Este é, aliás, o
único aspecto racional do ataque que a direita faz contra o chamado e mal
denominado bolivarianismo. Em outros governos progressistas e de esquerda
latino-americanos, compreende-se claramente que o papel do governo é não apenas
administrar, é também liderar politicamente. No Brasil, especialmente na gestão
Dilma Rousseff, tem prevalecido uma lógica administrativista
e tecnicista.
51. Talvez por isto, o compromisso
com a reforma política – assumido em junho de 2013, na campanha eleitoral e no
discurso de posse – vem sendo desidratado.
52. No discurso feito na
primeira reunião ministerial, a presidenta Dilma reafirmou que “colocaremos
como prioridade, já neste primeiro semestre, o debate deste tema com a
sociedade. Sabemos que esta é uma tarefa do Congresso Nacional, mas cabe a nós
impulsionar esta mudança, para instituir novas formas de financiamento das
campanhas eleitorais, definir novas regras para escolha dos representantes nas
casas legislativas, e aprimorar os mecanismos de interlocução com a sociedade e
os movimentos sociais, reforçando a legitimidade das ações tanto do Executivo
quando do Legislativo”.
52. Nada foi dito pela
presidenta acerca de temas como a Constituinte e o Plebiscito. Tampouco se fez
a defesa explícita do fim do financiamento empresarial, do voto em lista, do
fim das coligações proporcionais, da paridade de
gênero etc. Acontece que se o governo não impulsionar estas mudanças concretas,
prevalecerá o "protagonismo" do Congresso, com o risco de ser
aprovada uma contrarreforma conservadora, a exemplo do “distritão” do PMDB e da
proposta coordenada pelo trânsfuga Vaccarezza.
53. Atualmente, os principais
projetos ou campanhas que tratam da reforma política são os seguintes:
a) PDL 1508/2013 - projeto de
decreto legislativo apresentado pela campanha do Plebiscito da Constituinte e
subscrito por mais de um terço dos deputados na Câmara. Também foi protocolado
outro projeto com o mesmo teor no Senado Federal. Dispõe sobre a convocação de
um plebiscito oficial com a mesma pergunta do plebiscito popular de setembro de
2014: “Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana sobre o
sistema político?”
b) PEC 352/13 - proposta de emenda
constitucional elaborada pelo GT da Câmara dos Deputados, cujo relator foi o
ex-deputado Cândido Vaccarezza. Foi retomada por Eduardo Cunha nas últimas
semanas e constitucionaliza o financiamento empresarial da política, uma
modalidade de voto distrital, o voto facultativo, o fim da reeleição para
cargos no Executivo, a coincidência das eleições em todos os níveis, a criação
de cláusula de barreira, a unificação do prazo mínimo de filiação para a
elegibilidade em seis meses, entre outros retrocessos.
c) Formulário do abaixo-assinado do
projeto de iniciativa popular de reforma política do PT. Consta os quatro
principais pontos defendidos pelo partido: 1) financiamento público
exclusivo de campanhas políticas; 2) Voto em lista preordenada para
os parlamentos; 3) Aumento compulsório da participação feminina nas
candidaturas; 4) Convocação de Assembleia Constituinte exclusiva sobre Reforma
Política.
d) Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI 4650), de iniciativa da OAB, questiona o
financiamento de empresas aos partidos políticos e nas campanhas eleitorais. Já
reúne maioria de 6 votos a 1 a favor da proibição do financiamento empresarial,
mas desde abril de 2014 o ministro Gilmar Mendes pediu vistas da ação e não
devolve para terminar o julgamento.
e) Projeto de Lei da Coalização pela
reforma política democrática e eleições limpas (PL 6316/13). Impulsionada pela
OAB, CNBB e outros movimentos, tem como principais eixos: 1)
"financiamento democrático" de campanha (proibição da doação
empresarial e doação de pessoa física em até R$ 700); 2) Eleição proporcional
em dois turnos (1º no partido, depois no candidato); 3) Paridade de gênero na
lista pré-ordenada e 4) ampliação dos instrumentos de democracia direta.
54. Desde a
eleição do Eduardo Cunha, estamos sofrendo uma ofensiva da direita no debate da
reforma política. Na verdade, a direita mudou de tática sobre o tema. Se
antes atuava para impedir a aprovação dos projetos da esquerda no Congresso
Nacional, agora quer aprovar sua própria proposta de reforma política.
55. Como um de seus primeiros
atos, o novo presidente da Câmara submeteu e o
plenário da Câmara aprovou a admissibilidade da Proposta de Emenda
Constitucional 352/13, a PEC Vaccarezza/Henrique Alves, que estava até então na
Comissão da Constituição e Justiça.
56. Desde 2013, o PT e a sua
bancada têm posição contrária à PEC por considerá-la uma contrarreforma
política.
57. Para incidir nas próximas
eleições, a direita trabalha com a meta de aprovar a contrarreforma no
Congresso até o final de setembro e atua em jogo combinado com o ministro do
STF Gilmar Mendes, que segura há 11 meses uma Ação de Inconstitucionalidade
(ADI 4650) de iniciativa da OAB que propõe o fim do financiamento empresarial.
58. No STF, a ação já alcançou a
maioria de 6 a 1 favorável à proibição. No entanto, se a PEC da contrarreforma
for aprovada neste meio tempo, constitucionalizando o financiamento
empresarial, corremos o risco da ação ser prejudicada. Daí a importância
do movimento “Devolve, Gilmar”.
59. Por sua vez, cabe a presidenta Dilma reafirmar, como
presidenta, os compromissos feitos na campanha eleitoral com uma reforma
política democrática, especialmente com o fim do financiamento privado
empresarial, com a Constituinte e com o plebiscito.
Governos e
parlamentos: preparar as eleições 2016 e 2018
60. Como já dissemos, a vitória de Dilma Rousseff foi
acompanhada pela eleição de um Congresso nacional mais conservador do que o das
legislaturas anteriores, bem como da eleição de governadores vinculados à
oposição de direita em estados importantes.
61. A oposição de direita pretende aprofundar sua hegemonia
institucional, nas eleições municipais de 2016 e nas eleições gerais de 2018.
62. Frente a isto, o Partido deve abandonar o discurso de que “a
oposição não aceita que a eleição acabou” e adotar um discurso que explique ao
povo brasileiro o que está em jogo, a importância de se organizar nos
movimentos populares e instrumentos de luta dos trabalhadores e das
trabalhadoras e de apoiar os governos e parlamentares vinculados à esquerda, a
necessidade de pressionar os parlamentos e governos de direita e a
inevitabilidade de novos confrontos eleitorais em 2016 e 2018.
63. A atenção dedicada pelo PT aos rumos do governo Dilma
Rousseff não pode nos levar a deixar de lado o acompanhamento dos governos
estaduais e municipais, com destaque para aqueles encabeçados pela esquerda,
especialmente pelo PT.
64. Neste contexto, ressaltamos a importância do governo de
Minas Gerais no desmascaramento do modo tucano de governar.
65. Também neste contexto, manifestamos nosso repúdio à chacina
ocorrida recentemente em Salvador, Bahia, praticada por policiais militares,
frente a qual nosso governador adotou uma postura absolutamente tradicional,
que banaliza a guerra que está sendo praticada contra a juventude negra e pobre.
Para além do conteúdo, certas declarações feitas pelo
governador – comparando os PMs a jogadores de futebol – foram de uma
infelicidade atroz. Ao mesmo tempo que nos somamos aos que protestaram,
exigindo investigação e punição, reafirmamos nossa defesa da desmilitarização
das Polícias Militares. E cobramos um posicionamento do conjunto do PT e da
área de direitos humanos do governo federal.
66. Manifestamos, ainda, a necessidade de apoiar o governo
estadual do Maranhão, no desmonte da oligarquia Sarney.
67. Finalmente, ressaltamos a importância do êxito do governo
encabeçado por Fernando Haddad. Neste sentido, é preciso impedir que se repita
– agora e em 2016 – os erros táticos que nos levaram a uma derrota nas eleições
2014 em SP.
68. Embora a tática eleitoral em 2016 tenha aspectos locais,
cabe ao Partido definir os parâmetros nacionais do processo, em torno das
seguintes diretrizes: apoio ao governo Dilma, defesa de uma plataforma de
aprofundamento das mudanças e prioridade para os partidos de esquerda nas
alianças.
69. É necessário, também, o
acompanhamento dos governos municipais e estaduais vinculados à oposição.
70. Um exemplo da tática frente aos governos de direita é a
mobilização ocorrida no Paraná, contra as
políticas neoliberais de desmonte do Estado, de precarização dos serviços
públicos e de cortes nos direitos de servidores, promovidas pelo governador
tucano Beto Richa.
71. Um contraexemplo é a ausência do PT (até o momento em que
escrevemos este texto) em mobilizações frente ao descalabro hídrico causado
pelo governo tucano de Alckmin.
72. Para além dos governos, é preciso atenção para os
parlamentos, com destaque para o Congresso Nacional.
73. O resultado da eleição da presidência da Câmara dos
Deputados confirma a predominância do conservadorismo e do fisiologismo entre
os parlamentares eleitos em 2014.
74. A vantagem obtida por Eduardo Cunha, vitorioso no primeiro
turno com 267 dos 513 deputados, demonstra a necessidade de outro tipo de
governabilidade, que não se iluda com a chamada "base do governo".
75. Neste congresso conservador e sob a presidência de Eduardo
Cunha, temas como a reforma política, a lei da mídia democrática, a punição dos
crimes da ditadura militar, o combate à corrupção e mesmo a cassação do
deputado Jair Bolsonaro só terão chance de êxito se houver intensa pressão
social.
76. Neste contexto, setores do Partido defendiam uma composição
com a candidatura de Eduardo Cunha. E criticam a opção feita pela bancada, de
lançar a candidatura de Arlindo Chinaglia. Os defensores desta proposta seguem
não entendendo o quadro político brasileiro e a necessidade de mudar de tática
e de estratégia. Continuam acreditando que mais vale um péssimo acordo do que
uma boa briga.
77. A bancada do PT na Câmara dos Deputados agiu corretamente.
Poderíamos ter vencido, se a composição do ministério e a atitude do conjunto
do governo tivesse sido outra. Mas sabíamos, desde o princípio, que era grande
a chance de derrota. E ainda assim era fundamental ter candidatura. Em primeiro
lugar porque são nulas as chances de composição com o que Eduardo Cunha
representa, salvo ao preço da descaracterização mais abjeta do PT. Em segundo
lugar, por demonstrar quem efetivamente combate as práticas fisiológicas, corruptas e antipopulares. Em terceiro lugar, para
sinalizar aos setores democráticos da sociedade e do próprio Congresso Nacional
a necessidade de uma nova tática, seja para combater as tentativas de
retrocesso – com destaque para a contrarreforma política – que o novo
presidente da Câmara dos Deputados busca implementar, seja para lutar por nossa
plataforma democrática e popular.
78. Embora menos dramático, o quadro no Senado tampouco é
tranquilo. Sem mobilização social, a força da direita na institucionalidade não
apenas sufocará qualquer chance de aprofundar as mudanças no país, como
provocará retrocessos.
Luta social
79. O espaço de atuação do governo depende em grande medida da
mobilização política e social. Portanto, uma de nossas tarefas principais, em
2015 e adiante, será construir as condições políticas e sociais para um segundo
mandato superior. Tarefa na qual o PT, partidos, sindicatos e movimentos
sociais aliados, bem como a intelectualidade democrática, têm muito a dizer e
fazer.
80. É necessário criar uma articulação
permanente do conjunto das forças políticas, sociais e culturais que
construíram a nossa vitória no segundo turno das eleições de 2014. Partidos
e setores de partidos, movimentos sociais, trabalhadores da cultura e
intelectualidade democrática devem ser convidados a compor uma grande frente
onde possam debater e articular ações comuns, seja em defesa da democracia,
seja em defesa das reformas democrático-populares.
81. Nos marcos desta articulação, é necessário relançar a campanha pela reforma política e
pela mídia democrática, contribuindo para que o governo possa tomar medidas
avançadas nestas áreas e para sustentar a batalha que travaremos a respeito no
Congresso Nacional.
82. A eleição de Cunha para dirigir a
Câmara dos Deputados mais conservadora desde a redemocratização reforça a
centralidade da mobilização do campo
democrático-popular por um plebiscito oficial que convoque uma constituinte
exclusiva e soberana do sistema político, sem prejuízo de avançarmos em medidas
imediatas de uma reforma política popular, como a proibição do financiamento
empresarial e o financiamento público, o fim das coligações nas eleições
proporcionais, o voto em listas partidárias, a paridade de gênero, a
ampliação dos canais de participação popular, entre outros.
83. A militância do PT deve ser
convocada a participar ativamente da luta pela reforma política, apoiando as
iniciativas do movimento social e do partido, particularmente a mobilização da
campanha do Plebiscito da Constituinte e a coleta de assinaturas da campanha do
PT.
84. Entretanto, neste momento é
fundamental criarmos um centro de unidade em que as três principais
campanhas pela reforma política que têm presença do campo democrático-popular –
o Plebiscito Constituinte, a Coalizão e o projeto de iniciativa popular do PT –
marchem unificadas, preservando suas bandeiras próprias, mas contra o
retrocesso da PEC da contrarreforma e pelo "Devolve, Gilmar!".
85. A mobilização da sociedade será fundamental para impedir
mais um retrocesso no nosso sistema político. Ao mesmo tempo, é o momento
oportuno para a presidenta Dilma, os movimentos sociais e partidos de esquerda
resgatarem o programa vitorioso das urnas de uma reforma política democrática e
a convocação de um plebiscito oficial que dê voz ao povo nas mudanças do sistema
político.
86. No âmbito desta articulação permanente
do conjunto das forças que apoiaram no segundo turno a reeleição de Dilma,
devemos aprovar o engajamento coletivo nas mobilizações sociais, a exemplo da jornada
convocada pela CUT e centrais sindicais para fevereiro de 2015, a construção do
8 de março e do Primeiro de Maio.
87. Faz-se necessário, também, implementar uma política de comunicação do campo democrático e popular,
iniciando pela construção de um jornal diário de massas e de uma agência de notícias,
articulados a mídias digitais (inclusive rádio e TV web), com ação permanente
nas redes sociais, que sirvam de retaguarda e de instrumento do campo
democrático-popular na batalha de ideias. Integrar esta ação de comunicação
política com o amplo movimento cultural que está em curso neste país e que foi
tão importante no segundo turno. A política de comunicação que necessitamos se
integra à política de cultura e de educação, com o objetivo de criar uma
cultura de massas orientada por valores democrático-populares e socialistas,
combatendo a crescente ofensiva conservadora no terreno das ideias.
88. Finalmente, é preciso compreender que a defesa do governo também exige mobilização social. Um exemplo disto são as mobilizações em defesa da Petrobrás, do Pré-Sal, do modelo de partilha e da política de conteúdo nacional, contra os ataques da oposição de direita.
89. Na articulação permanente do conjunto das forças políticas,
sociais e culturais que construíram a nossa vitória
no segundo turno das eleições de 2014, o PT defenderá a seguinte plataforma
democrática e popular:
a)
Reforma política, através de
uma Constituinte exclusiva seguida de uma consulta oficial à população, para
que esta referende ou não as decisões da Constituinte. Destacamos a luta pelo
fim do financiamento empresarial, essencial para combater a corrupção na
sociedade, no Estado e nos partidos políticos;
b)
Democracia na comunicação, com
a Lei da Mídia Democrática e a implantação das principais resoluções da
Conferência Nacional de Comunicação de 2009;
c)
Democracia representativa,
democracia direta e democracia participativa, para que a mobilização e luta
social influencie a ação dos governos, das bancadas e dos partidos políticos. O
governo precisa dar continuidade à participação social na definição e
acompanhamento das políticas públicas e tomar as medidas para reverter a
derrubada da Política Nacional de Participação Social, objeto de decreto
presidencial cancelado pela maioria conservadora da Câmara dos Deputados no dia
28/10/ 2014;
d)
Pauta da classe trabalhadora, onde
se destacam o fim do fator previdenciário e a implantação da jornada de 40
horas sem redução de salários, assim como as medidas indicadas por seis
centrais sindicais em nota divulgada dia 13/1/2015;
e)
As reformas estruturais, com
destaque para a Lei da Mídia Democrática, a reforma política, as reformas
agrária e urbana, a universalização das políticas de saúde e educação, a defesa
dos direitos humanos e a desmilitarização das Polícias Militares;
f)
Salto na oferta e na qualidade
dos serviços públicos oferecidos ao povo brasileiro, em especial na educação
pública, com reformas pedagógicas e curriculares no ensino básico, médio e
universitário; no transporte público; na segurança pública e no SUS, sobre o
qual reafirmamos nosso compromisso com a universalização do atendimento e o
repasse efetivo e integral de 10% das receitas correntes brutas da União para a
saúde pública;
g)
Ampliação da importância e dos
recursos destinados às áreas da comunicação, da educação, da cultura e do
esporte, pois as grandes mudanças políticas, econômicas e sociais precisam
criar raízes no tecido mais profundo da sociedade brasileira;
h)
Proteção dos direitos humanos,
defender os direitos e a vida das mulheres, criminalizar a homofobia, enfrentar
o racismo e os que buscam criminalizar os movimentos sociais. Afirmamos o
compromisso com a revisão da Lei da Anistia de 1979 e com a punição dos
torturadores. Assim como com a reforma das polícias e a urgente
desmilitarização das PMs, cuja ineficiência no combate ao crime só é superada
pela violência genocida contra a juventude negra e pobre das periferias e
favelas;
i)
Total soberania sobre as
riquezas nacionais, entre as quais o Pré-Sal, e controle democrático sobre as
instituições que administram a economia brasileira, entre as quais o Banco
Central, a quem compete entre outras missões combater a especulação financeira
que está por detrás das candidaturas da oposição de direita.
j)
Política de desenvolvimento de
novo tipo, ambientalmente orientada, articulada com as reformas estruturais
(com destaque para as reformas urbana, agrária e
tributária) democráticas e populares e com nossa luta
pelo socialismo.
90. É a luta por medidas políticas e
diretrizes programáticas desta natureza, amplas, envolventes, de natureza mais
social que institucional, que farão a diferença nos próximos quatro anos. E que
ajudará a construir as condições para nossa vitória em 2016 e 2018.
Texto em debate na direção nacional da tendência
petista Articulação de Esquerda. Sujeito a alterações.
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