Texto divulgado provavelmente no dia 24 de agosto de 2005.
Deu na Folha de S. Paulo: "Foi após uma pergunta da platéia, feita por uma jovem de 17 anos, que Tarso afirmou: Neste momento, não saberia dar argumentos (para que um eleitor vote no PT)". Um colunista da mesma Folha classificou esta atitude de "franqueza corajosa e surpreendente". E concluiu: "É o definitivo atestado de óbito de um partido".
Supondo que Tarso tenha realmente dito isto, é o fim da picada: o presidente interino, candidato à presidência nacional, não sabe dar argumentos para alguém votar no PT.
Tarso poderia ter lembrado que alguns casos, por mais graves que sejam, não fazem do PT um partido corrupto. Que o PT reconhece seus erros, expulsa os culpados, corrige sua política e segue adiante.
Tarso poderia ter dito que a militância petista esteve e segue ao lado de todas as lutas por direitos sociais, democracia política, soberania nacional e socialismo. Que nossos 25 anos e 820 mil filiados não podem ser desqualificados pelas atitudes de um grupo, por mais importante que seja.
Tarso poderia ter dito que somos a expressão mais conhecida das forças democráticas e populares, em nosso país. E que os ataques da direita contra o PT objetivam, não corrigir os nossos erros, mas sim destruir a esquerda como alternativa programática, de governo e de poder para o Brasil.
Tarso poderia ter lembrado que, enquanto sofremos sinceramente com esta situação, os partidos de direita chafurdam em sua própria hipocrisia. E que aqueles, aliados a certos meios de comunicação, cobram do PT uma atitude que nunca tiveram e que seguem não tendo, haja vista a resistência a incluir o presidente do PSDB na lista dos que podem perder o mandato parlamentar.
Tarso poderia ter falado de tudo o que fizemos, em termos de políticas públicas, nas administrações municipais e estaduais que governamos. Bem como de nossa atitude nos parlamentos e nos movimentos sociais. Ou da atitude do governo federal frente a estes movimentos, em tudo diferente das tentativas de criminalização praticadas pelo governo FHC.
Tarso poderia ter citado o que estamos fazendo em diversas áreas do atual governo federal. Pois, apesar da política econômica e do conservadorismo na condução política, há áreas do governo onde a presença de petistas recuperou a noção de Estado e de políticas públicas.
Tarso poderia falar de nossa política externa, lembrando que a continuidade do PT no governo federal é importante para os povos latino-americanos e para todos aqueles que lutam contra o hegemonismo norte-americano. Que Fidel, Chavez e Tabaré têm todos os motivos para querer que o PT continue na presidência do país.
Tarso poderia ter dito que, em 2006, a escolha real será entre o PT e as forças da direita. E que entre um petista moderado, um tucano radical, um peemedebista fundamentalista e um pefelista high tech, mil vezes melhor o petista moderado.
Tarso poderia ter dito que, na atual quadra histórica, se há algum caminho para um Brasil melhor, este caminho passa pelo PT. Que, caso o PT e o governo Lula sejam derrotados, haverá um enorme retrocesso político, com o país voltando à época em que a esquerda era coadjuvante, cabendo o protagonismo aos partidos da burguesia.
Tarso poderia ter dito estas e outras coisas. Mas não disse.
A pergunta inevitável é: qual é o argumento para votar em Tarso presidente do PT, se ele não tem argumentos para alguém votar no PT?
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