SEM REVISÃO # sujeito a alterações
O Diretório Nacional do PT realizou no dia 16 de dezembro, sua última reunião do ano de 2021.
A reunião começou as
10h30 da manhã e encerrou as 19h34, com uma hora de interrupção para almoço.
Na votação mais
concorrida, estiveram presentes 87 dos creio 95 integrantes do Diretório.
A pauta da reunião
incluiu pelo menos os seguintes pontos:
1.conjuntura nacional
2.iniciativas contra
atos de violência praticados contra parlamentares petistas
3.balanço dos
encontros setoriais
4.aniversário do PT
5.filiações ao
Partido
6.comissão de ética
No debate sobre
conjuntura, falaram mais de 25 pessoas.
O critério para
definir os oradores foi indicação das chapas.
Explicando: o atual
Diretório foi eleito no congresso do PT realizado em 2019.
Oito chapas
participaram da eleição e receberam determinado número de votos, com base nos quais
elegeram determinado número de integrantes do DN.
A partir desta
proporção, solicitou-se às chapas que indicassem seus oradores.
Originalmente, a
proposta era fazer um debate sobre conjuntura em geral e depois outro debate sobre a proposta
de constituir uma federação com PSB e PCdoB.
Mas no início da
reunião, decidiu-se juntar os dois pontos em um só.
O resultado foi: não
se fez um debate sobre a conjuntura, mas sim sobre a federação.
Antes do debate
começar, abriu-se a palavra para dois convidados falarem: o jornalista Franklin
Martins e um assessor da bancada.
A fala de Franklin
foi sobre a conjuntura em geral.
A fala do assessor foi
sobre a federação.
Sem entrar no mérito
das falas, repetiu-se um método muito comum na atual gestão do Diretório: convidar
pessoas que não são do Diretório para falar, falar por um tempo longo, favorecendo
um determinado ponto de vista.
Isto ficou mais do que
evidente na fala do assessor da bancada, totalmente favorável à federação.
Franklin também defendeu a federação. Um ponto positivo da fala de Franklin foi a cautela,
bem diferente da postura adotada por ele em 2018, quando numa reunião disse “ter
certeza de uma coisa: Bolsonaro não seria eleito presidente”.
Outra curiosidade
sobre Franklin: ele não é petista e tem uma opinião muito crítica sobre os
partidos em geral. Mas isto é tema para uma reflexão de outro tipo, sobre a
relação oportunista e cômoda que um setor da esquerda mantém com os partidos.
Voltemos ao relato
da reunião.
Depois das exposições
iniciais, mais de 25 integrantes do Diretório Nacional falaram.
Como já foi dito, a
maioria das falas dedicou-se ao tema da federação. Com raras exceções, a
conjuntura não foi abordada pelos que falaram. Isto é muito grave, pois salvo
para quem acredita que a federação é o Santo Graal, é óbvio que deveríamos ter
abordado outros pontos.
Especificamente na
minha fala – que gravei e disponibilizei para o podcast – tratei do conjunto da
situação.
A seguir o roteiro de minha fala:
1.Lula lidera todas as pesxuisas.
2.Temos grandes chances de vencer.
3.Mas para isso é preciso combater as ilusões de quem acha que já vencemos as próximas eleições presidenciais
4.inclusive a ideia de xue provavelmente vamos vencer no primeiro turno.
5.Mesmo xuando estávamos no governo, a disputa foi para o segundo turno;
6.Resultado de pesquisa não ganha eleição.
7.E Faltam onze meses para as eleições presidenciais de 2022.
8.Bolsonaro não está derrotado e não deve ser subestimado.
9.Ademais, Bolsonaro não é a única alternativa à disposição da classe dominante, que no fundo deseja manter um bolsonarismo sem Bolsonaro.
-Hoje, um setor importante da classe dominante está alimentando a alternativa Moro (com apoio de setores das forças armadas, dos meios de comunicação e do governo dos EUA)
-e tampouco devemos subestimar o lavajatismo
10.O fato deles estarem com dificuldades, não torna a coisa mais fácil.
-devemos nos preparar para uma campanha eleitoral com muita violência e manipulação, onde podem ocorrer reviravoltas e surpresas de todo tipo.
11.Neste sentido, devemos:
-fortalecer as campanhas estaduais e proporcionais
-continuar apostando nas mobilizações da classe trabalhadora por seus direitos e reivindicações, contra Bolsonaro e suas políticas
-INICIAR JÁ a formação de comitês populares de base
-e fazer uma campanha pela esxuerda, não apenas contra o bolsonarismo, mas também contra o neoliberalismo.
14.Também por isso devemos recusar armadilhas como a do Alckmin na vice.
-depois de Temer, entregar a vice de Lula a um neoliberal golpista é sadomasoquismo
-xuero lembrar as palavras de Alkcmin:
- em dezembro de 2017: “depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, quer voltar à cena do crime.”
-em 2018: "O PT gastou R$ 1,4 bilhão para eleger Dilma. Maior parte era dinheiro da corrupção. A propina para a campanha de Dilma foi acertada por Lula em reunião. Um país feliz de novo, só se for para os corruptos. Se o PT voltar, a corrupção vai continuar."
15.Além de ser um erro estimular Alckmin ou outro golpista neoliberal para a vice, é óbvio não ser este o momento adexuado para deliberar sobre a vice, seja ele ou ela quem for.
16.Finalmente, o sucesso de nosso futuro governo exigirá uma visão crítica e autocrítica do que foi o período entre 2003 e 2016.
-Ninguém se iluda com xual sera a atitude delas contra nós, se ganharmos.
-VEJAM O XUE ESTÁ ACONTECENDO NOUTROS PAISES
17.Os próximos onze meses vão passar rápido. E a instabilidade política pode gerar reviravoltas de todo tipo.
18.Um último tema: a federação.
20.A fala do CRISTIAN me lembrou a fala do advogado numa reunião do Dn realizda, por coincidência, em 16/12/2017.
21. Certezas demais, tudo de bom, nenhum defeito, NENHUM PROBLEMA
-E SÓ A GENTE É ESPERTO, COMO SE A DIREITA NÃO FOSSE TAMBÉM FAZER FEDERAÇÕES
-E COMO SE NOSSOS POSSIVEIS SOCIOS NUMA FEDERAÇÃO FOSSEM ACEITAR PARTICIPAR EM CONDIÇÕES FAVORAVEIS AO PT.
-nem falo dos números, xue são baseados em pressupostos xue conduzem aos resultados desejados, bastando mudar os pressupostos para os números serem outros
-SEM FALAR DA SUBESTIMAÇÃO DA JUDICIALIZAÇÃO, OU SEJA, SERÁ O TSE XUE VAI JULGAR SE UMA FEDERAÇÃO É UMA FEDERÇAÃO OU NÃO É UMA FEDERÇAAO...
22.Do ponto de vista programático, do ponto de vista organizativo e do ponto de vista eleitoral, é um tema MUITO controverso
-do ponto de vista organizativo, em particular, vamos combinar, não é trivial
-só para dar dois exemplos
-candidaturas comuns em todo país
-e montar listas de candidaturas com menos vagas e com prazos mais curtos
23.além de controverso, os Prazos são muito curtos.
24.Tudo isto torna Impossível tomar decisões ouvindo a base, E COMO NÃO OUVIR AS BASES numa decisão xue vai afetaR todos os diretórios municipais do país durante 4 anos.
-xuero destacar isso: o impacto desta decisão é tão grave xue só um congresso partidário pode deliberar
25.e COMO GASTAR TEMPO NISSO, NUM MOMENTO EM XUE DEVIAMOS NOS CONCENTRAR EM INICIAR A CAMPANHA?
26.Sendo assim, não dá para engajar o PT nesta federação.
-não são detalhes como disse Fontana
-aliás, engraçado, o xue leva os outros partidos a nos buscarem NÃO é a unidade da esxuerda
-xuerem federação e só farão aliança se houver federação?
-Então o xue xuerem é uma coligação proporcional disfarçada
27.Podemos e devemos buscar a unidade popular.
28.Podemos e devemos fazer alianças mais amplas, no primeiro e no segundo turno.
29.Sou a favor EM TESE de uma federação.
30.Mas sou contra neste momento a amarrar o partido nesta federação.
31.Sei xue alguns falam da federação como se fosse UM LINDO UNICORNIO
-mas unicórnio não existe
-precisamos fortalecer o PT e neste momento esta proposta não fortalece o PT
-nem é necessária para vencer as eleições 2022
#
POR FIM, UM REGISTRO
HÁ 45 ANOS
NO DIA 16 DE DEZEMBRO DE 1976
A DITADURA FEZ UMA AÇÃO CONTRA UMA REUNIAO DO CC DO PCDOB
MORRERAM TRES
JOÃO BATISTA FRANCO DRUMMOND, 34 ANOS
ANGELO ARROYO, 48 ANOS
PEDRO POMAR, 63 ANOS
FORAM PRESOS E BARBARAMENTE TORTURADOS
MARIA TRINDADE
JOAXUIM CELSO DE LIMA
ELXA MONERAT
HAROLDO LIMA
ALDO ARANTES
WLADIMIR POMAR
ESCAPARAM
JOSÉ NOVAES, DA EXECUTIVA CUT
MANOEL JOVER TELLES, TRAIDOR
Falarei a seguir, citando de memória, sobre aspectos do que foi dito por vários dos e das pessoas participantes do debate:
A ordem a seguir não a ordem das falas, mas de minhas anotações, que obviamente correspondem a
minha interpretação e memória. Peço desculpas antecipada pelas imprecisões e
síntese (se for necessário, avisem-me para emendar e corrigir o anotado
abaixo).
Raul Pont fez uma
defesa da federação, na linha do que está em um artigo assinado por ele e
Miguel Rosseto.
Renato Simões reclamou
da falta de debate, da falta de reuniões do Diretório. Sua posição sobre a
federação não está clara.
Cícero Balestro lembrou
em que condições o PT apoiou e votou a favor da federação no Congresso Nacional,
desmontando a tese segundo a qual a federação era uma “janela histórica”
construída com o propósito de dar um salto de qualidade na organização da esquerda
brasileira.
Cida de Jesus apresentou
a posição do PT de MG, pedindo mais tempo para o debate.
Misiara de Oliveira
fez uma fala cujo sentido geral é crítico a proposta de federação.
Rui Falcão fez uma
fala cujo sentido geral é contrário à federação e pediu que o Diretório
explicitasse que não está em discussão, neste momento, a vice presidência da República.
Denunciou a pressão de fora para dentro em favor de Alckmin.
Vale dizer: foram raros os que se posicionaram sobre o tema da vice.
Eu fiz uma fala cujo roteiro reproduzi acima
A Natália Sena fez uma fala criticando detalhadamente a federação.
Paulo Teixeira
defendeu a federação, no contexto de um relato da visita feita por ele e outros
ao famoso Barroso. No relato ficou evidenciado que o tema segue sob análise do STF
(Gilmar Mendes pediu vistas), que o TSE se arvorará o direito de reconhecer ou não
as federações, que os prazos serão muito curtos (até abril para solicitar
registro de federação e também antecipação dos critérios segundo os quais as
federações vão compor suas listas de candidaturas).
Henrique Fontana fez
a defesa mais articulada e entusiasmada da federação. Sua opinião é tratar-se
de uma “janela histórica” e que a federação vai “depurar” os partidos (detalhe:
ele acha que a depuração significará a saída da direita do PSB. Desconsidera a hipótese da federação juntar os nossos piores defeitos com os defeitos dos outros...).
Monica Valente defendeu
a federação.
Washington Quaqua criticou
a federação. Falou que se o Lula pedir, se o Lula considerar necessário, se for
necessário para a vitória de Lula, ele aceita. Mas argumentou que a federação
não é necessária e, pelo contrário, pode atrapalhar a vitória de Lula, por estreitar
as possibilidades de aliança. Além disso, argumentou ser o PT – e não uma “federaçãozinha”
– a força capaz de sustentar pelos próximos 30 anos as transformações necessárias
ao Brasil.
Sonia Braga defendeu
a federação.
Jilmar Tatto fez uma
dura crítica à federação. Argumentou ser desnecessária e disse que o PT estaria
sendo ingênuo ao aceitar este debate, desta forma, neste momento.
Humberto Costa
defendeu a federação.
Vagner Freitas fez
uma fala em defesa da federação.
Alberto Cantalice
fez uma defesa da federação. Sua fala teve um detalhe curioso, que foi a defesa
do papel do STF e do TSE como instância de último recurso. Para explicar:
alguns oradores criticaram a judicialização da questão da federação: a lei é
muito genérica e o TSE e o STF acabam legislando a respeito. Cantalice acha esta
crítica fora de sentido. O curioso é que ele está certo e errado ao mesmo
tempo. Está certo no sentido de que a democracia burguesa é assim mesmo. Está
errado ao defender este jeito de ser.
Luis Dulci fez uma
fala muito interessante, demonstrando os problemas da federação. Concluiu
dizendo que podemos até ser obrigados a aceitar a federação, por imposição dos aliados,
mas sermos obrigados a aceitar não deve nos levar a apresentar a federação como
sendo algo que não é. Demonstrou, por exemplo, que a federação em discussão não
tem nada que ver com a Frente Ampla do Uruguai.
Anne Karolyne problematizou
o tema, lembrando por exemplo que uma federação pode afetar negativamente o
esforço que o PT tem feito no sentido de ampliar a representatividade e
diversidade de nossas bancadas. O problema é muito sério: uma federação de 3
partidos vai ter que apresentar uma lista de candidaturas cujo número será
igual ao número hoje apresentado por um único partido. Ou seja: menos candidaturas.
E como a federação elegerá pela ordem de votação, a tendência é dos partidos
fortalecerem poucos nomes, os mais conhecidos etc. Resultado: oligarquização.
Na mesma linha entendo
ser a posição da Janaina Oliveira.
Gleide Andrade fez
uma fala contida, mas a linha geral é crítica à federação.
Siba Machado fez uma
fala crítica à federação e disse para não nos iludirmos: o debate real com os que
desejam federar não passa pelo programa.
Sokol fez uma fala
crítica à federação, disse que esta proposta hipoteca o PT. Chamou a atenção
para o non sense da situação: o PT está num bom momento e exatamente neste bom momento,
existe gente defendendo hipotecar seu futuro.
Geraldo Magela criticou
a federação.
Girlene Ramos
criticou a federação.
Luís Henrique
criticou a federação.
Odair José fez criticou
a federação e foi dos mais explícitos a respeito do verdadeiro motivo pelo qual
somos procurados para federar pelo PSB, motivo que não tem nada que ver com o
programa.
José Guimarães foi o
último a falar, antes da Gleisi Hoffmann propor o encaminhamento. Fez uma
defesa apaixonada da federação.
Gleisi Hoffman falou
por último e fez uma fala contida em defesa da federação.
Gleisi, ao final de
sua fala, apresentou seguinte proposta de resolução:
O
Diretório Nacional do PT Resolve iniciar
conversações sobre Federação Partidária com PSB, PCdoB, PSOL e PV, cabendo à
Comissão Executiva Nacional do Partido conduzir este processo de diálogo para
posterior decisão do DN, sobre eventual participação, a partir de um debate
programático, esgotando o debate interno a partir da escuta as direções
estaduais, municipais, observando os prazos definidos pela Justiça Eleitoral.
Eu apresentei outra,
a seguir:
PROJETO
DE RESOLUÇÃO SOBRE FEDERAÇÕES
1.O
Diretório Nacional do PT debateu a proposta de montar uma federação partidária
com o PSB e com o PCdoB.
2.O
instituto da federação foi aprovada recentemente e ainda está sub judice do
STF. Há muitas dúvidas e incertezas a respeito.
3.A
regulamentação divulgada pelo TSE é muito genérica, ao mesmo tempo que
estabelece prazos muito curtos para o registro da federação.
4.A
lei estabelece que uma federação deve ser mantida por 4 anos, afeta as eleições
2022 e 2024, afeta todos os diretórios municipais e estaduais, estabelecendo
uma série de obrigações que precisam ser previamente definidas pelos partidos
integrantes.
5.Para
o PT, uma federação só faz sentido se houver não apenas unidade eleitoral, mas
principalmente unidade programática.
6.Devido
a natureza democrática do PT, uma decisão definitiva a respeito exige ampla
consulta às bases. Assim como exige continuarmos as conversas com diversas
forças políticas e sociais sobre as eleições 2022, sobre programa de governo,
sobre candidaturas a governo e ao senado, bem como sobre as propostas de
coligação e federação que nos foram apresentadas. Temas que precedem a
definição sobre a candidatura a vice-presidência, tema a ser enfrentado apenas
em 2022.
7.Por
todos estes motivos, o Diretório Nacional do PT não considera estarem maduras
as condições para uma decisão a respeito, convocando para fevereiro de 2022 uma
nova reunião do Diretório Nacional para prosseguir o debate.
E Misa Boito apresentou
uma terceira proposta, recusando a proposta de federação com o PSB, a seguir:
O
PT discutiu a proposta de Federação com o PSB. Independente da continuação de
convesas com os partidos em vista das eleições, o DN se posiciona contra
Federação com o PSB.
A proposta de Gleisi
foi defendida por Gleide Andrade – que como foi citado acima, é crítica da proposta
de federação.
O resultado foi: 72
votos a favor da proposta de Gleisi, 7 votos a favor da proposta apresentada
por mim e 3 votos a favor da proposta apresentada pela Misa.
O resultado pode
passar a impressão de que a maioria do DN é a favor de aceitar esta proposta da federação com o PSB.
Mas esta impressão, ao menos a preços de hoje, é
falsa.
Nos 77 estão:
-os amantes do Unicórnio e a turma do Santo Graal
-os que acham que a
federação ajudaria na vitória de Lula
-os que acham que a
federação ajudaria na governabilidade
-os que acham que o
PSB vai nos impor isto e então é melhor aceitar logo
-os que estão em
dúvida e preferem pensar melhor
-os que só vão tomar
posição a luz da proposta concreta de federação (por exemplo, quem e como
serão tomadas as decisões na federação?)
-os que são contra
mas não querem queimar pontes com os aliados
-etc.
Minha impressão é que
se votassemos ontem “federar ou não com o PSB”, esta posição perderia.
Aliás a Gleide Andrade
fez questão, ao defender a proposta vitoriosa, de enfatizar uma frase da
resolução: “eventual participação”.
Isto quer dizer que
podemos dormir tranquilos?
Não, pelo contrário.
Neste episódio da
federação, assim como no trato dado para a proposta bizarra de Alckmin na vice,
um pedaço grande da direção do PT está adotando um método que pode terminar em
desastre, mesmo contra a vontade expressa de muitas pessoas.
É o método do “deixa
a vida me levar”.
Por este método, o
Partido vai se metendo em camisas de sete varas, se colocando diante de fatos
consumados, entrando em becos sem saída.
Um exemplo didático
disto se deu na própria reunião, a saber: antes mesmo de votar a resolução,
solicitei que o DN soltasse uma nota sobre a situação política. Meu objetivo
era – falando francamente – disfarçar o constrangedor fato do DN ter se
concentrado em um único tema, deixando de lado todo o resto da conjuntura.
Pois bem: a tarefa
de redigir a nota ficou com um dirigente, que aparentemente passou a tarefa
para uma terceira pessoa. E horas depois, no apagar das luzes da reunião, lá
pelas 19h20, descobriu-se que a nota proposta e que estava para ser divulgada
havia suprimido as palavras “eventual participação”.
O texto da nota, ao
invés de copiar a resolução proposta pela Gleisi e aprovada pelo DN, dizia o
seguinte:
No
mesmo sentido, o Diretório Nacional delibera por iniciar conversações sobre
Federação Partidária com PSB, PCdoB, PSOL e PV, cabendo à Comissão Executiva
Nacional do Partido conduzir o processo de interlocução para posterior decisão,
observados os prazos definidos pela Justiça Eleitoral.
Ou seja: a nota política
que ia ser publicada distorcia explicitamente a posição aprovada pelo
Diretório.
Um escândalo que neste
caso foi evitado, pois a nota foi corrigida. Mas é óbvio que o fato revela um problema e não vai parar por
aí.
Sendo assim, é preciso
seguir debatendo e demonstrando que esta proposta de federação é muito negativa
para o PT. Se fosse uma federação com o PCdoB e com o PSOL, faria sentido
político, ainda que pudesse ser eleitoralmente prejudicial. Mas com o PSB é política
e eleitoralmente prejudicial.
Este ponto do eleitoralmente
prejudicial é polêmico. O já citado assessor da bancada apresentou números,
estado a estado, segundo os quais a federação elegeria mais parlamentares
federais do que os três partidos separadamente. Os defensores da federação se
agarram a estes números, esquecendo que é óbvio que os números seriam esses SE as
demais variáveis permanecerem constantes. Aliás, os números podem ser ainda maiores,
pois a tendência é que o resultado geral de 2022 seja melhor do que o resultado
de 2018 (base utilizada para os cálculos). Só que há dois problemas: 1/se os
partidos de direita também fizeram federação, as variáveis se alteram; 2/o
crescimento da federação não implica em crescimento proporcional para os partidos
federados. Ou seja: é bem possível que o PT perca, relativamente aos outros
partidos federados, do mesmo jeito que perdíamos nas coligações (contra as quais
lutamos).
Vale lembrar os
dados citados por Jilmar Tatto:
Bancada do PT na
Câmara federal:
2002: 91
2006: 83
2010: 88
2014: 69
2018: 56
2022: ??
Ironia: em 2018,
fomos mal e o PSB é em parte culpado disto (apoiou o golpe etc.). Em 2022
podemos ir melhor e o PSB – se houver federação - será beneficiado por isto.
E há outro detalhe:
a federação não é para 2022, é também para 2024. E nesse caso, os efeitos da
federação tendem a ser bem piores, como demonstra o estudo a seguir: https://www.pagina13.org.br/voce-troca-2-vereadores-do-pt-por-3-do-psb-em-campinas-nao/
A esse respeito, vale
citar uma reveladora afirmação feita pela presidenta Gleisi, segundo a qual a
legislação que regula as federações não é emenda constitucional, portanto pode
ser mais facilmente alterada no futuro etc. Tomo isto como uma confirmação de que
estamos entrando em fria e mesmo alguns que defendem a federação sabem disso.
#
Depois do debate
sobre conjuntura/federação, o DN interrompeu para o almoço. Na volta, solicitei
a inclusão do tema “voto do senador Rogério Carvalho a favor do orçamento
secreto”. Já havia feito isto no início da manhã e se havia solicitado debater
o tema no final da discussão sobre conjuntura.
Neste momento, o
secretário-geral do PT, companheiro Paulo Teixeira, da mesma tendência do
senador Rogério Carvalho, se opôs ao debate, argumentando (como já havia feito
pela manhã) não estar na pauta e argumentando ser necessária a presença do senador
Rogério. Houve um debate e decidiu-se voltar ao ponto mais adiante.
Aconteceu então a discussão sobre nossas iniciativas contra os atos de violência praticados contra parlamentares petistas. Em resumo: em todo o país, tem havido agressões contra parlamentares petistas, especialmente se tratando de mulheres, negros e negras. Trata-se, no dizer de uma companheira, de uma espécie de “treinamento” por parte da extrema direita.
Um dos casos mais recentes envolve a deputada Natália Bonavides, tema tratado na seguinte nota aprovada no diretório nacional:
https://pt.org.br/nota-de-solidariedade-a-deputada-federal-natalia-bonavides/
Depois foi feito um
balanço dos encontros setoriais. A Sorg divulgou dados e fez um balanço
globalmente positivo. Alguns integrantes do DN fizeram críticas, pontuais ou
globais. No nosso caso, deixamos claro que os números demonstram que houve “credenciamento
em massa” e que isso distorce a natureza militante dos setoriais. Um detalhe
importante: a Sorg disponibilizou os relatórios detalhados de votação, o que
permitirá confirmar ou não certas denúncias de fraude.
Depois tivemos uma
discussão sobre o aniversário do PT, em fevereiro de 2022.
Depois houve a discussão sobre duas filiações ao Partido: o senador Fabiano Contarato e o cidadão Luciano Cartaxo. Contarato foi aceito por unanimidade. No caso do Cartaxo, houve um debate. Nós falamos contra a volta de Cartaxo. Argumentamos tratar-se de alguém que saiu do PT, atacou o PT, nem ao menos tomou posição em favor de Haddad em 2018. Os motivos da volta dele – no momento em que o PT está “em alta” – são óbvios. O PT premiar este tipo de comportamento é um estímulo ao malfeito. E assim foi: 48 votaram a favor, 14 contra e 8 abstenções.
Depois tivemos o
debate sobre a comissão de ética na Paraíba. Foi apresentado o relatório da
comissão de ética. Houve um arremedo de debate sobre o mérito e sobre como
proceder. Ao final decidiu-se deixar o tema para a próxima reunião do
Diretório: 35 votaram nisso, 17 votaram por decidir agora e 3 se abstiveram.
Finalmente entrou em
debate o tema Rogério Carvalho. A tendência petista AE havia apresentado antes da reunião começar o
seguinte projeto de resolução:
Projeto
de resolução sobre o tema orçamento secreto
1.
Tendo em vista que o Partido dos Trabalhadores se posicionou contra o
“orçamento secreto”, instrumento usado pelo Centrão e pelo governo Bolsonaro
para comprar o apoio parlamentar e aprovar projetos que reduzem direitos e
ampliam a miséria e a fome;
2.
Tendo em vista que a Bancada do PT no Senado orientou voto contra o orçamento
secreto;
3.
Tendo em vista que o senador Rogério Carvalho (PT/SE) descumpriu a posição
partidária e a orientação da Bancada do PT no Senado, votando a favor do
orçamento secreto, que foi aprovado no Plenário do Senado por 34 votos a favor
e 32 votos contra, número que indica por si só a importância do voto individual
do senador;
4.
Tendo em vista que o art. 227 do Estatuto do PT caracteriza como infração ética
e disciplinar "o desrespeito à orientação política ou a qualquer
deliberação regularmente tomada pelas instâncias competentes do Partido,
inclusive pela Bancada a que pertencer o ocupante de cargo";
5.
Tendo em vista a justificativa pública dada posteriormente pelo Senador Rogério
Carvalho, justificativa absolutamente insustentável do ponto de vista político;
6.Tendo
em vista os prejuízos políticos causados ao PT;
7.Tendo
em vista tratar-se de questão de pleno conhecimento, envolvendo divergência
política e disciplinar e não fato de natureza ética sobre a qual caiba processo
nos termos previstos no estatuto partidário;
8.
O Diretório Nacional do PT aprova a seguinte resolução política: CENSURAR
PUBLICAMENTE O SENADOR ROGÉRIO CARVALHO POR SEU VOTO A FAVOR DO ORÇAMENTO
SECRETO.
Assinam
esta proposta
Jandyra
Uehara
Julio
Quadros
Natalia
Sena
Patrick
Araújo
Valter
Pomar
O senador Humberto Costa
defendeu fazer esta discussão no próximo DN; a maioria do DN (33) votou a favor
disso, contra 18 pessoas a favor de debater na reunião de 16 de dezembro. Houve
2 abstenções.
Ao defender adiar o
debate, Humberto usou argumentos que confirmam a gravidade do problema, entre
os quais: a existência do orçamento secreto tornará muito mais difícil a
relação entre o governo e o congresso, em caso de nossa vitória em 2022. E não
são apenas os parlamentares da direita os beneficiários deste tipo de procedimento.
A essa altura do
campeonato, a reunião estava nos estertores. Tivemos mais um informe, sobre a
campanha de solidariedade; e também sobre os ataques contra a governadora Fátima
e o governador Rui, por parte de uma CPI instalada na Assembleia Legislativa do
RN. Houve, também, um debate sobre a presidência do PT do Maranhão.
Em linhas gerais, este
é o informe sobre a reunião do DN. Certamente contém imprecisões, sem contar
não ter sido atentamente revisado. Mas dá para ter uma ideia do ocorrido. Agradeço
antecipadamente a quem me enviar críticas e sugestões de alteração.
Valter, qual o podcast que vc citou onde sua fala foi disponibilizada? Obrigado
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