terça-feira, 7 de agosto de 2018

Sobre o capital financeiro no programa de governo 2019-2022


Na sexta-feira dia 3 de agosto aconteceu a reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.

O primeiro ponto da pauta foi o debate sobre programa que o Partido apresentará para disputar as eleições presidenciais de 2018. 

O texto foi apresentado pelos três coordenadores: Fernando Haddad, Renato Simões e Márcio Pochmann.

Mediações a parte, a maioria das emendas apresentadas foi incorporada.

A única emenda recusada foi a seguinte: De um lado, o aprofundamento da competição bancária deverá ser estimulada pelos bancos públicos e pela difusão de novas instituições de poupança e crédito. Para tanto, é fundamental tomar medidas no sentido de superar o controle do sistema financeiro por um oligopólio privado, a revitalização dos bancos públicos, especialmente BNDES, BB e CEF e dos mecanismos de financiamento ao desenvolvimento nacional, tanto para a retomada da bancarização e da disponibilização dos serviços bancários, quanto para a ampliação do crédito aos pequenos negócios e à população de baixa renda.

A diferença entre esta emenda e o texto do programa residia na seguinte frase: é fundamental tomar medidas no sentido de superar

A emenda foi defendida por Valter Pomar, que argumentou entre outras coisas que não conseguiríamos cumprir nosso programa sem enfrentar esta questão.

Márcio Pochmann defendeu recusar a emenda, argumentando entre outras coisas que sua inclusão implicaria em tocar "na propriedade privada".

O Diretório Nacional, por maioria de votos, recusou a emenda.

Simultâneo a este debate, a página oficial de Ciro Gomes divulgou um documento que afirma, em seu ponto 4, o seguinte: 5. Desfarei o cartel dos bancos que, nos últimos 15 anos, concentraram, em apenas 5 deles, 85% de todas as operações financeiras do País, impondo ao nosso povo e à nossa economia a maior taxa de juros do mundo!

O texto de Ciro Gomes está disponível aqui: https://www.portalcirogomes.com.br/noticias/muita-calma-nessa-hora

Talvez Ciro seja um perigosíssimo inimigo da propriedade privada...

... ou talvez o Diretório Nacional do PT não tirou as devidas consequências da afirmação feita, pelo mesmo Márcio Pochmann ao apresentar o programa, segunda a qual o Brasil e o mundo vive uma crise de dimensões só comparáveis a dos anos 1930, quando vários governos capitalistas adotaram reformas profundas no seu sistema bancário financeiro.

É triste, mas grande parte da esquerda, inclusive grande parte da intelectualidade de esquerda, continua mesmerizada pela hegemonia do capital financeiro.



Um comentário:

  1. Valter Pomar, tem um texto ou fala de sua autoria, que diz: O Brasil pede um partido mais à esquerda, mais ou menos isso, mas revela que diante de uma polarização pelas pontas da esquerda e da direita, seria um erro com consequências incalculáveis o PT abortar uma tendência ao centro. E não sei se a correlação de forças dentro do partido acabam aderindo a um discurso sempre conciliatório, talvez por um grupo de pessoas que insiste em acreditar nas instituições e não vê que está claro que a luta de classes é notória, ou uma ala do nosso querido partido aceitou o fim da história, e um discurso Bobbioano de fazer política. Diante de tantas contradições precisamos apostar na formação das bases, concentrar as forças mais à esquerda, e fazer pressão no partido para ver que o que está em jogo é a vida e vitalidade do partido, aumentar a militância. Mas de toda forma enxergo dois PT(s) um dentro daquilo que você explica em seu curso A Luta pelo socialismo, e outro que às vezes olho e não vejo diferença entre os (sociais democratas hodiernos) PSDB.

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