A brutal desigualdade social,
a acentuada dependência externa e a limitada democracia política, traços característicos
do capitalismo brasileiro, agravaram-se durante os governos neoliberais de
Fernando Collor e Fernando Henrique.
No governo Lula e agora com Dilma,
estamos enfrentando, com maior ou menor êxito, a herança neoliberal. Os efeitos
benéficos disto para o povo brasileiro são conhecidos, nos três terrenos:
social, nacional e democrático.
Mas atenção: o desmonte do
neoliberalismo, ainda em curso e em muitos aspectos longe de concluir, está
revelando as fundações dos problemas que o Brasil exibia antes do período
neoliberal: um país rico, uma classe dominante conservadora e anti-democrática,
um povo tremendamente explorado.
A imagem fica clara se
pensarmos no neoliberalismo como o bode na sala. Tire o bode, e momentaneamente
a sala vai nos parecer melhor. Mas logo perceberemos se tratar da conhecida
sala apertada.
Para a oposição de direita (e
também para a oposição de esquerda), isto constitui matéria-prima para atacar o
PT. Como fez recentemente Aécio Neves, ao dizer cinicamente que, apesar de
eventuais acertos de nossos governos, o Brasil continua muito desigual.
Já para a esquerda que chegou
ao governo com Lula e Dilma, em especial para nós do Partido dos Trabalhadores,
trata-se de responder se os métodos que vem sendo utilizados para enfrentar a
herança neoliberal são (ou não) suficientes para superar a desigualdade social,
a dependência externa e a limitada democracia política que caracterizam o
capitalismo brasileiro.
Não se trata do debate sobre
concordar ou não com os métodos utilizados para enfrentar a herança neoliberal.
Tampouco se trata do balanço do que fizemos e seguimos fazendo, no plano da
ideologia, da política, da sociedade e da economia brasileiras. Estes debates
são relevantes, mas a discussão proposta é outra.
Trata-se de responder o
seguinte: a estratégia e o programa adotados até aqui, pelo PT, no
enfrentamento do neoliberalismo, são suficientes para a tarefa de enfrentar e
superar as características estruturais do capitalismo brasileiro?
Caso a resposta seja que sim,
que são suficientes, então podemos nos concentrar nos debates táticos, setoriais
e pragmáticos. Caso a resposta seja que não, que não são suficientes, então devemos
dar destaque, em nossa pauta, aos debates estratégicos, programáticos e
ideológicos.
Para responder aquela
pergunta, o primeiro a considerar é o acúmulo de forças, por parte da esquerda
em geral e do PT em particular, através de variáveis como a evoluçao da cultura
política do povo, o nível de associativismo e os resultados eleitorais. A
conclusão é que ainda estamos oscilando ao redor dos patamares alcançados na
onda vermelha de 2000-2002.
Patamares que nos permitiram
conquistar e manter a presidência da República, mas sem maioria congressual de
esquerda, pré-condição institucional para mudanças mais profundas no país.
Patamares altos, como nunca
antes na nossa história, mas ainda assim inferiores aos níveis de satisfação popular
com nosso governo e, de maneira geral, com a vida.
Há várias explicações para a
situação descrita, entre as quais:
1) a melhoria da vida do povo
não está sendo acompanhada da correspondente politização e organização deste
povo: a maioria dos beneficiários das políticas sociais considera que seu
progresso deve-se principalmente a seu esforço pessoal;
2) parcelas crescentes das
novas gerações nos enxergam apenas como gestores do presente, não como
superadores do passado e construtores do futuro: com isto, crescem as parcelas
da juventude que buscam candidaturas alternativas, à esquerda ou à direita;
3) os meios de comunicação e
o financiamento privado das campanhas reduzem nosso potencial eleitoral,
especialmente das candidaturas parlamentares. além de desgastar a esquerda,
estimulando ainda a degeneração ideológica e a desorganização popular;
4) parcela crescente do
petismo tem se convertido em força predominantemente eleitoral, que faz
política e busca o povo intensamente, apenas nos anos pares, o que pode ser
suficiente para ganhar eleições e administrar, mas não é suficiente para
governar transformando estruturalmente o Brasil.
Sem alterar estas e outras
variáveis, não teremos os meios necessários para fazer mudanças estruturais no
Brasil.
A estratégia e o programa
adotados até aqui, no enfrentamento do neoliberalismo, são suficientes para alterar
as variáveis citadas?
Um segundo ponto a considerar
é o comportamento do grande empresariado frente a nossos governos, não através
do que dizem, mas através do que fazem com aquilo que consideram mais
importante: seu Capital.
Já houve um tempo em que, nas
palavras de Lula, eles lucraram como nunca. Mas hoje, as taxas de investimento
privado indicam que o Capital não está satisfeito com a rentabilidade
resultante da combinação entre crise internacional, juros cadentes, baixas
taxas de desemprego e participação crescente do trabalho na renda nacional.
Baixas taxas de investimento
resultam em baixas taxas de crescimento. Que podem repercutir sobre o emprego,
sobre os salários, sobre a participação do trabalho na renda nacional, sobre os
recursos disponíveis para as politicas públicas e, por tabela, no estado de
ânimo da população em relação ao nosso governo.
Contornar esta situação exige
mais participação do Estado. Mas os meios disponíveis são limitados. Para
ampliá-los, será necessário submeter o setor financeiro privado e/ou ampliar a
tributação das camadas mais ricas da população.
Perguntamos: a estratégia e o
programa adotados até aqui, no enfrentamento do neoliberalismo, são suficientes
para alterar as variáveis citadas acima?
Um terceiro ponto a
considerar é o comportamento dos setores médios. Como é de sua natureza, estão
divididos. Parte deles constitui desde o início a tropa de choque do PSDB.
Outra parte incorporou-se desde sempre na construção do PT. Um terceiro setor
oscila entre os dois pólos da política brasileira desde 1994 –o que se
expressa, de maneira distorcida, na postura do PMDB e outros partidos frente
aos governos FHC, Lula e Dilma.
Pois bem: parcelas crescentes
dos setores médios, assim como parcela dos trabalhadores que progrediram
materialmente desde 2003, estão sendo empurrados para uma postura de rejeição
visceral ao petismo.
A fórmula para isto é
clássica: as acusações de corrupção, trombeteadas pelos meios de comunicação e
supostamente confirmadas pelos setores conservadores do Judiciário.
A rejeição ao petismo é a
cunha através da qual a oposição busca dividir a base de apoio do governo.
Novamente a pergunta: a
estratégia e o programa adotados até aqui, no enfrentamento do neoliberalismo,
são suficientes para disputar os corações e as mentes dos setores médios?
Os que consideram que a
resposta para esta e anteriores perguntas é não, têm pela frente o desafio de
retomar o fio vermelho das elaborações programáticas e estratégicas do PT, que
num passado não muito distante, antes da onda neoliberal, formulou uma
alternativa democrático-popular e socialista para os dilemas estruturais da
sociedade brasileira.
PÔ Valter! Quanto papo!... é inegável os avanços sociais c\o PT... mas o que mais parece é vocês fazerem TUDO (e mais um tanto)pra continuar no poder... e usando essa 'herança maldita' da economia dos 'neoliberais'... longe de mim gostar do PSDB... mas que saco!!! Só metem o pau neles, e ficam pondo esses 'cargos\cabides'... atrasando, corrupando, comprando (votos) e atravancando o 'pogressio'... Eu, Hein???... Mas, olha... todos podem (e devem!) ir no BerraVaca! (aí sim!... é unanimidade!!!)... E vamos Berrar para Yemanjá, Dia Dois de Fevereiro!...
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