quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Eloi Pietá e o eleitoralismo

O assunto “desfiliação de Elói  Pietá” segue rendendo. Até porque, como não podia deixar de ser,  a grande mídia está aproveitando para tirar várias “casquinhas” do Partido.

Da minha parte, sigo compreendendo a atitude do Elói, mas discordando profunda e absolutamente da atitude adotada por ele.

Depois de ler minha crítica, algumas pessoas me escreveram, entre elas Eloi, neste caso para dizer, entre outras coisas, que sua  “atitude não é eleitoreira”. 

Para Elói, seria “a continuidade de uma luta a que me dedico há 63 anos quando participei de barricadas em frente ao palácio do governo do Rio Grande do Sul contra o golpe que impedia a posse do Jango. E depois à resistência contra a ditadura. E depois no movimento popular e sindical. E depois na construção do PT e de 26 anos em cargos para os quais o povo me elegeu. Como estou chegando aos 80 anos ainda com muita saúde, tomei a decisão para ser mais útil ao que sempre fiz desde os 17 anos de idade”.

De fato, Eloi tem uma linda história de luta. E segue merecedor de minha estima. Isto posto, meu argumento para chamar de eleitoreira a sua (dele) decisão é muito simples: uma candidatura a prefeito não justifica sair de um Partido (da mesma forma, aliás, que uma candidatura a vice não justifica entrar em um Partido, mas isso são outros quinhentos).

E o fato desta candidatura ter sido barrada por métodos antidemocráticos tampouco justifica sair do Partido. Ou esta foi a primeira vez que se adotam, em nosso partido. métodos antidemocráticos? Ou esta teria sido uma vez mais grave que todas as outras?

O fato de esta ter sido considerada, por Elói, uma situação limite revela, na minha opinião, que ele adotou um critério eleitoreiro para decidir acerca de ficar ou sair do Partido.

Eloi me encaminhou, também, uma mensagem que - palavras dele - ele ia colocar no grupo de zap do DN. A mensagem diz o seguinte:

“Em Guarulhos, petistas e simpatizantes do PT estarão juntos no segundo turno das eleições municipais. Desfiliei-me do PT, como única forma possível de liderar uma frente ampla na cidade que afaste do poder local o governo que se alinha com o bolsonarismo. 
Não mudei o que penso e o que sempre fui nos 43 anos de PT, que ajudei a construir na cidade e depois no país. Pretendo me filiar a um partido que apoia o governo Lula, e ganhar as eleições para, de uma forma mais eficiente, fazer o que diz a primeira frase do manifesto do PT: “intervir na vida social e política do país para transformá-la”.
Só inscrevi minha pré-candidatura para as prévias do PT em Guarulhos, porque liderava todas as pesquisas na cidade. Se estivesse em quarto ou quinto lugar, como o indicado Diretório Municipal, não teria me inscrito. 
Lamento que o Diretório Nacional tenha alterado o Estatuto abrindo brecha para manipulações de minúsculos colégios eleitorais, como aconteceu na minha cidade, onde de 35 membros do Diretório local decidiram por 25 mil filiados ou filiadas que tiveram cancelado seu direito de escolha.
Mas, não me desfiliei por protesto. No PT já fui maioria e soube ser minoria. Saí para melhor ajudar a acontecer o que sempre defendemos: uma sociedade igualitária e que respeite a natureza. Obrigado pela sua atenção. Abraço Elói”

O que Eloi diz na mensagem acima, em resumo, é o seguinte: “não me desfiliei por protesto”, “desfiliei-me do PT como única forma de liderar uma frente ampla” e seguem-se nobres motivos e objetivos.

Isto, na minha opinião, é um critério eleitoreiro, por mais que venha acompanhada das mais nobres intenções.

Quanto ao novo partido de Eloi, o Solidariedade, prefiro não comentar.

2 comentários:

  1. Eloi tem toda razão. O PT de Guarulhos ou o PT estadual/nacional é que deveriam repensar logo essas atitudes anti democráticas e voltar atrás para conseguir refiliar esse companheiro exemplar. Ainda dá tempo!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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