O senhor Washington Quaquá publicou um artigo no jornal O Dia, onde faz um ataque contra as manifestações convocadas para o dia 29 de maio.
O texto está aqui: https://odia.ig.com.br/opiniao/2021/05/6153935-washington-quaqua-e-coerencia-que-se-chama.html
Quaquá é vice-presidente nacional do PT.
A respeito do mesmo assunto, existe uma nota assinada pela presidenta
nacional Gleisi Hoffman, por Vera Lucia Barbosa Secretária Nacional de
Movimentos Populares do PT, por Mariana Janeiro Secretária Nacional de
Mobilização do PT e por Camila Moreno Coordenadora Nacional da Campanha PT
Solidário.
A nota assinada por estas quatro companheiras, falando em nome da direção nacional do Partido dos Trabalhadores, afirma o seguinte: “O sábado, 29 de maio, será
um dia de mobilização por Fora Bolsonaro em todo o Brasil (...) Os estados
devem constituir operativos unificados com a Frente Fora Bolsonaro, a Frente
Brasil Popular e a Frente do Povo Sem Medo para a construção do dia de
mobilização, respeitando as orientações sanitárias de distanciamento social,
uso de máscara e álcool em gel e devem informar nacionalmente os detalhes
organizativos”.
A nota está aqui: https://www.pagina13.org.br/pt-convoca-sua-militancia-para-mobilizacao-dos-dias-26-e-29-de-maio/
Quaquá tem todo o direito de exprimir publicamente sua
divergência em relação a esta orientação.
Mas o texto de Quaquá não é apenas uma divergência legítima.
Contém também um insulto.
Comecemos pelas divergências.
Quaquá começa criticando a manifestação patrocinada por Bolsonaro no dia 23 de maio.
A crítica de Quaquá é correta, exceto por uma omissão.
Quaquá omite que as manifestações da extrema direita nunca tomam absolutamente nenhum cuidado sanitário.
Esta omissão de Quaquá é essencial para que ele tente estabelecer um
paralelo entre o que sempre faz Bolsonaro e o que fará a esquerda no dia 29 de maio.
Quaquá diz que se “espanta que os que criticaram o ato grotesco [de Bolsonaro] estejam organizando atos públicos e (pretensamente) de massas”.
Seria de fato espantoso se e apenas se os organizadores dos atos de 29 de maio não estivessem orientando os participantes a adotar todas as medidas sanitárias.
Mas a
orientação está sendo feita, inclusive por médicos e especialistas segundo os
quais - adotando os cuidados adequados - os riscos de contágio ao ar livre são muito
pequenos.
Aliás Quaquá sabe disto, como sabem os que acompanham suas postagens nas redes sociais.
Vale destacar: as manifestações de Bolsonaro são “grotescas” não
apenas pelo conteúdo político, mas também porque não adotam nenhum cuidado
sanitário.
Quaquá diz que os atos convocados para o dia 29 de maio são “pretensamente” de massas.
O que serão, a gente saberá no dia.
Pessoalmente, espero e acredito que muita gente participará dos atos.
Mas é óbvio que o número de participantes será menor do que se não houvesse pandemia.
O problema é que a
alternativa – não fazer nada – é pior, pois deixa as ruas serem ocupadas pelos verdadeiramente
grotescos.
Para nós isso é um imenso perigo, tanto do ponto de vista sanitário quanto do ponto de vista político.
Para Quaquá, entretanto, o problema seriam os atos convocados pela esquerda.
Quaquá diz o seguinte: “numa pandemia o resultado desta convocação é um desastre. Porque se der pouca gente tem péssimo efeito político. Se der muita gente, gerando aglomeração, será um desastre sanitário”.
Como se deduz, a lógica de Quaquá
conduz a - por enquanto - não fazer nada. Pois, segundo ele, se ficar o bicho come, se correr o bicho pega.
Mas outra lógica é possível: exatamente porque estamos numa pandemia, “pouca gente” não tem necessariamente um “péssimo efeito político”.
Aliás, já em 2020 e também este ano,
fizemos muitas manifestações de pequeno e médio porte e nenhuma teve “péssimo
efeito político”.
Até aqui veio a discussão política sobre as divergências entre Quaquá e a orientação divulgada pelo Partido.
A partir daqui começa o insulto.
Segundo Quaquá, “não pode ser a esquerda que vai dar de
braços a Bolsonaro, para sair as ruas pisoteando o túmulo de mais de 450 mil
mortos e abrindo covas para caber mais tantos outros”.
Eu leio e releio estas frases acima e não consigo parar de pensar do que mais será capaz um ser humano capaz de referir-se a seus companheiros e companheiras de maneira tão violenta.
Será que ele acha mesmo que algum de nós que
está convocando as manifestações do dia 29 é capaz de “pisotear o túmulo” e “abrir
covas”??
Será que ele não é capaz de perceber que o objetivo da manifestação é exatamente o oposto? Ou seja: salvar vidas, agora e no futuro!
Quaquá fala como como se não fizesse a menor diferença
política que Bolsonaro esteja fazendo manifestações de rua. E diz que devemos esperar até “outubro ou novembro”, quando – segundo ele – a vacinação terá avançado
o suficiente para garantir manifestações seguras.
Não sei se em outubro e novembro a situação será essa.
Mas tenho certeza que cada dia a mais de Bolsonaro custa milhares de mortos.
Até outubro ou novembro podem ter morrido mais centenas de milhares de pessoas.
Mais perigoso que o vírus, é Bolsonaro.
Tudo deve ser feito em favor de enfraquecer e abreviar seu mandato.
Que Quaquá não entenda isto, eu compreendo: ele era contra o PT adotar a palavra de ordem Fora Bolsonaro e no fundo segue com a mesma cabeça que antes.
Da mesma forma entendo os que não podem ou não querem ir às ruas.
Mas não entendo nem aceito que ninguém, especialmente um dirigente partidário, insulte quem deseja lutar.
Por respeito aos leitores, não vou dizer como se chama este tipo de atitude.
"Coerência" não é, com certeza.
ps. a imensa maioria do povo segue se expondo ao vírus todo santo dia. As pessoas podem ser exploradas e não podem lutar??
Quaqua, quem te viu quem te ver. Na UFF, era radical, sempre querendo greve, agora fica bancando o bonzinho, volta à origem.
ResponderExcluirDiscordo tá forma agressiva como Quaquá se dirigiu aos companheiros. Mas concordo plenamente com a defesa de não haver condições seguras para se fazer um ato de rua. A manifestação está em um dos seus piores momentos. O risco de uma terceira onda é enorme. Sei que a necessidade de exigirmos a saída do Genocida é indiscutível, mas esse não é o momento.
ResponderExcluirDiscordo da forma agressiva com a qual Quaquá se dirigiu aos companheiros. Mas concordo plenamente com a defesa de não haver condições seguras para se fazer um ato de rua. A manifestação está em um dos seus piores momentos. O risco de uma terceira onda é enorme. Sei que a necessidade de exigirmos a saída do Genocida é indiscutível, mas esse não é o momento.
ResponderExcluirNão querer organizar desde já os trabalhadores, para fazer exigências sócias legítimas, é querer empurrar todas as esperanças para as eleições de 2022! Isso sim é erro estratégico: a eleição de Lula, com esse arco de alianças que está sendo construído, não garante nada das revogações que precisamos! Fora Bolsonaro e toda política neoliberal!
ResponderExcluirE a história de sempre, ficar parado enquanto a direita avança. Temos que ir a luta e mostrarmos nas ruas, que queremos o Fora Bolsonaro, o quanto antes.
ResponderExcluirEra operário metalúrgico no Rio de Janeiro quando conheci o jovem e rebelde Quaquá. Operários sempre sabem das coisas, meus colegas de fábrica sempre acharam que ele estava falando um texto decorado. Ou seja, estava representando um papel.
ResponderExcluirMeu filho, hoje com 33 anos também o achava à época, um excelente ator. E eu achava que era coisa de criança.
Crianças e operários são sábios porque seguem seus instintos.
ResponderExcluirVejo essa aproximação como algo momentâneo que tem a finalidade de enfraquecer esse governo.Os projetos São diferentes e não tem como compor.
ResponderExcluirVejo essa aproximação como algo momentâneo que tem a finalidade de enfraquecer esse governo.Os projetos São diferentes e não tem como compor.
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