Boa tarde companheiras, boa tarde companheiros.
Inicialmente
quero destacar:
1/ a
necessidade de convocar prontamente um DN com mais tempo, para deliberar;
2/ a necessidade
de convocar um encontro extraordinário para definir nossa linha para o período
2021-2022;
3/ a
importância de aprovarmos uma resolução reforçando a convocação do dia nacional
de luta no dia 24 de março, semana que vem.
Isto posto, eu
quero usar o restante da minha fala para resumir as ideias principais da contribuição
que Jandyra, Natalia, Patrick, Júlio e eu apresentamos para esta discussão.
Primeiro, é muito
importante que tenhamos recuperado nossos direitos políticos.
Pois é
preciso destacar isso: não foi Lula que recuperou seus direitos, foi a maioria
do povo que recuperou o direito de poder votar nele para presidente da
República.
Segundo,
esta decisão não resultou principalmente de nossas pressões e lutas, mas sim
decorreu principalmente dos conflitos entre as diferentes facções do golpismo.
Terceiro, esta
decisão veio com 5 anos de atraso.
Se a decisão
tivesse vindo em tempo hábil, muito provavelmente Lula teria sido candidato,
teria vencido as eleições de 2018 e teríamos conseguido fazer aqui o que conseguimos
fazer na Argentina e na Bolívia.
Portanto,
não podemos esquecer nem perdoar: Fachin e os demais são cúmplices de toda a desgraça
que se abateu sobre o país, inclusive os quase 300 mil mortos e os quase 40
milhões de desempregados.
Esta gente toda
terá que ser julgada e não me refiro a julgamento pela história.
Quarto, como
já foi dito aqui, esta decisão não é fato 100% consumado.
O impacto da
decisão, tanto no povo e na esquerda, quanto nas diferentes facções da direita,
foi muito grande.
Isto significa
que é líquido e certo que virá reação do lado de lá, ou melhor, virão
diferentes reações dos diferentes setores que compõem o lado de lá.
Que reações?
Sem que isso signifique hierarquia de probabilidades, vou listar algumas destas
possíveis reações vindas dos diferentes setores do lado de lá.
1º tentar
reverter a decisão no plenário do STF
2º atentar
contra a vida de Lula
3º restringir
brutalmente as liberdades
(não vamos
minimizar estas prisões e processos com base na LSN, atentados que começam a
ocorrer, a autorização judicial para comemorar o golpe militar de 1964, a disseminação
de armamento automático em mãos de gente rica, nem vamos desconhecer que alguns
destacamentos militares programaram operações de GLO nesta segunda quinzena de
março)
(aliás, no
limite não devemos nem mesmo desconsiderar uma operação do tipo “tirar o bode
da sala”, em que Mourão e outros setores das forças armadas entreguem o anel
para preservar os dedos)
4/tentar construir
uma candidatura de terceira via, capaz de ir ao segundo turno e vencer no
segundo turno, seja contra Bolsonaro, seja contra Lula
5/tentar
seduzir o PT para uma suposta “unidade nacional”, nos fazendo assumir
compromissos com a continuidade de aspectos do programa da “ponte para o futuro”.
E é preciso
diferenciar o apoio de arrependidos, não importa se honestamente arrependidos
ou não, da tentativa de nos comprometer com a preservação do que eles fizeram.
Neste sentido
foram muito importantes várias afirmações que Lula fez no discurso de 10 de
março. Por exemplo o que ele falou sobre a Petrobrás.
É preciso ficar
claro que queremos voltar para desmontar a “ponte para o futuro”.
6/e no
limite pode ocorrer de parte importante das elites apoiarem novamente o
genocida no segundo turno
Não devemos
subestimar nenhuma destas operações.
Nem devemos
subestimar o Bolsonaro, que segue demonstrando resiliência e capacidade de reação.
E que pode
se beneficiar do fato da eleição estar marcada para 2022, quando a tendência é
que a situação esteja melhor do que agora.
Esse é um
dos motivos pelos quais não devemos nem podemos cometer o erro de achar que a
disputa com Bolsonaro será resolvida em 2022, pela via eleitoral.
Pode ser que
venha a ser assim.
Mas o melhor
para nós é que a disputa com Bolsonaro seja resolvida agora, na disputa
política em torno da vacina, do auxílio, de medidas em favor do emprego e do
desenvolvimento.
As pessoas
estão sofrendo e morrendo aqui e agora.
E é preciso
politizar esta disputa, colocando como parte decisiva de nossa ação a luta pelo
Fora Bolsonaro, pelo impeachment, pela interdição imediata de Bolsonaro.
Até porque não
podemos dizer que o presidente é genocida e não tomar medidas à altura disto.
Aliás, esta
nossa reunião começou as 15h.
Duas horas e
30 minutos depois, morreram mais de 225 pessoas de Covid 19.
A cada dois
minutos, morrem 3 pessoas.
Também por
isso não basta FALAR de impeachment, é preciso mobilizar e articular
efetivamente no sentido de afastar AGORA este cidadão.
Não em 2022,
mas agora.
Neste sentido,
reitero a importância de fazer do dia 24 de março um momento de medir forças.
E de tomar outras
medidas nesse sentido.
E é preciso
achar maneiras e formas de mobilizar presencialmente.
Nos Estados
Unidos a mobilização “vidas negras importam” – mobilização que ocorreu no meio
da pandemia -- foi fundamental para derrotar Trump nas eleições, pois engajou
eleitoralmente setores que antes não estavam dispostos a isto.
No Paraguai,
neste momento, está em curso uma forte mobilização de rua contra um governo que
não está fazendo a coisa certa no combate à pandemia.
E no Brasil
é indispensável que recuperemos todos os espaços, inclusive as ruas. Não dá
para deixar as ruas com a direita, nem dá para nossa mobilização presencial
começar apenas depois da vacinação e da decorrente imunização.
É preciso
achar meios e formas, adequadas a cada situação concreta, para reforçar nossa
presença nas ruas.
Por fim,
quero reforçar muito o que o Humberto disse aqui: a instabilidade é um traço
dominante da conjuntura.
E é assim
por conta da crise, da profunda crise em que estamos metidos.
Uma crise desta
exige de nós, exige do PT e de toda a esquerda, mais capacidade política, mais
unidade de comando e mais capacidade de pronta resposta.
E temos que
reconhecer que estamos muito longe disto.
Eu quero
terminar registrando que hoje a Fundação, a Escola e a SNFP lançaram o ciclo de
13 jornadas de debate sobre o socialismo no século XXI.
Por sugestão
do Aloizio Mercadante, começamos neste dia 18 de março exatamente para homenagear
os 150 anos da Comuna de Paris.
E um dos ensinamentos
da Comuna e de todas as outras lutas que vieram antes e depois é que a classe
dominante é impiedosa, desalmada e brutal.
Até por
isso, precisamos manter nossa guarda bem alta, inclusive porque 31 de março e
Primeiro de abril estão logo ali.
Muito obrigado.
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