quinta-feira, 18 de março de 2021

Abertura das 13 jornadas de debates sobre o socialismo no século 21

 

Bom dia a todas.

Bom dia a todos.

Cumprimento a quem nos assiste através das redes sociais associadas a Fundação Perseu Abramo.

E cumprimento aos que estão conosco nesta sala zoom.

Estamos reunidos aqui para dar início às 13 jornadas de debates sobre o Socialismo no Século 21.

Cabe lembrar que há 20 anos, a Fundação Perseu Abramo e a Secretaria Nacional de Formação Política do PT organizaram outro ciclo de debates, então intitulado “A luta pelo socialismo no século XXI”, sob a coordenação do professor Antônio Candido.

E antes disso, em 1987, o Instituto Cajamar realizou o Seminário Internacional 70 anos de experiências de construção do socialismo.

Estas e outras iniciativas decorrem de um compromisso firmado no dia 10 de fevereiro de 1980, quando o Partido dos Trabalhadores nasceu defendendo “a construção de uma sociedade que responda aos interesses dos trabalhadores e dos demais setores explorados pelo capitalismo”, “um sistema econômico e político que só existe para beneficiar uma minoria de privilegiados”, no lugar do qual “o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores”. 

Desde então, muitas mudanças ocorreram no mundo, no Brasil e no próprio PT, entre as quais destacamos o ciclo de governos de esquerda e progressistas na América Latina, a exemplo dos governos Lula e Dilma.

O segundo governo Dilma foi interrompido por uma ofensiva golpista que, em nome de afastar  o PT e retomar o neoliberalismo, abriu as portas para tudo o que mais reacionário existe na sociedade brasileira: a submissão aos interesses imperialistas, a repressão às liberdades democráticas, o culto à desigualdade social, o estímulo à violência e a todas as formas de opressão, discriminação e fundamentalismo. 

Contra as elites que emulam a guerra de todos contra todos tão típica do capitalismo, especialmente em sua fase neoliberal, as esquerdas em geral e o Partido dos Trabalhadores estamos convocados a resistir, a lutar, a acumular forças para virar o jogo e retomar o caminho do desenvolvimento, da soberania, da liberdade e do bem estar social.

Tarefas que exigem uma firme defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, entre os quais se destaca a construção de uma “sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores”, uma sociedade que pode receber vários nomes, mas que nosso Partido dos Trabalhadores chama de socialismo.

Em um contexto de profunda crise sistêmica mundial, quando o neoliberalismo ultrareacionário veste a camisa do terraplanismo e do negacionismo anticientífico, patrocinando uma “guerra cultural” que visa demonizar os opositores, a defesa do socialismo se afirma mais do que nunca como a defesa da humanidade, da ciência e da vida em nossa Terra.

Neste sentido, não há como deixar de lembrar que no dia hoje, 18 de março de 2021, o Brasil caminha velozmente para atingir o macabro número de 300 mil pessoas, compatriotas nossos, mortos pelo Covid 19, a grande maioria dos quais poderia ter sobrevivido se o governo Bolsonaro não fosse o principal aliado do vírus.

Não há como deixar de recordar, também, das dificuldades e sofrimentos porque passam quase 40 milhões de brasileiros e brasileiras que gostariam de trabalhar, mas não encontram ou nem mesmo se animam mais a buscar um emprego, neste nosso país, cuja economia e sociedade estão sendo vítimas de uma política ultraliberal que vem sendo implementada desde 2016.

Frente a tanto sofrimento, tanta intolerância e tantas incertezas, nada mais adequado do que a luta. Não uma luta cega, mas uma luta orientada por propostas de reconstrução e transformação estrutural da sociedade brasileira e do mundo. Propostas que naturalmente exigem profundo e democrático debate.

Pensando assim, a Fundação Perseu Abramo, a Escola do PT e a Secretaria Nacional de Formação Política do PT convidam toda a sociedade brasileira, a começar pelos partidos e movimentos sociais, democráticos, populares e de esquerda, para estas 13 jornadas de debate sobre o socialismo no século 21.

A partir do dia 27 de março, de 15 em 15 dias, ao longo de seis meses, debateremos sobre o passado, o presente e o futuro do socialismo.

A programação detalhada das 13 jornadas está disponível na página eletrônica da FPA.

As pessoas convidadas para expor e comentar buscam expressar a diversidade do PT e da esquerda, inclusive diferentes tendências, partidos, intelectuais sem partido, brasileiros e estrangeiros. 

Todas as jornadas serão gravadas para posterior edição e divulgação. E as exposições também serão publicadas em formato de minilivros digitais. 

A coordenação geral das 13 JORNADAS DE DEBATE SOBRE O SOCIALISMO NO SÉCULO 21 é de Alberto Cantalice e Valter Pomar, ambos diretores da Fundação Perseu Abramo, sob a orientação de um Grupo de Trabalho composto pela direção da FPA, da Escola do PT e da SNFP do Partido dos Trabalhadores.

Esta primeira mesa, que abre nossa jornada, conta com a participação de três militantes de esquerda, três trabalhadores da educação, três professores.

O primeiro a falar será Yanis Varoufakis.

Varoufakis nasceu em 24 de marzo de 1961, foi ministro das Finanças da Grécia entre 27 de janeiro e 6 de julho de 2015. Atualmente é professor da Universidade de Texas em Austin e um dos protagonistas da chamada Internacional Progressista.

Por conta do fuso horário, a fala de Varoufakis foi gravada em formato de vídeo, em inglês; e será transmitida com a tradução simultânea feita pelo nosso colega Leandro Moura.

Em seguida falará o professor Fernando Haddad.

Haddad nasceu em 25 de janeiro de 1963, foi ministro da Educação e prefeito da cidade de São Paulo. Atualmente é presidente do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo e um dos protagonistas do Grupo de Puebla.

Para concluir a mesa, ouviremos Nilma Gomes.

Nilma Lino Gomes nasceu no dia 13 de março de 1964, é professora titular emérita da Universidade Federal de Minas Gerais, foi reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e ministra do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

Antes de passar a palavra para Varoufakis, Haddad e Nilma, três registros, até para que não digam que não falamos de flores e espinhos.

Primeiro registro: FORA GENOCIDA!

Segundo registro: há poucos dias, no 8 de março de 2021, o povo brasileiro recebeu de volta nossos direitos políticos. Direitos que nos foram tirados para que as eleições de 2018 pudessem ter o resultado que tiveram. Pois bem: seguimos vigilantes e não aceitaremos que nos tirem de novo estes direitos.

Terceiro e último registro: começamos este seminário no dia 18 de março de 2021 por sugestão do nosso companheiro Aloizio Mercadante, presidente da diretoria da Fundação Perseu Abramo, exatamente para marcar o aniversário de 150 anos da épica jornada da Comuna de Paris.

A Comuna de Paris durou pouco. Na semana de 22 a 28 de maio de 1871, a Semana Sangrenta, dezenas de milhares de comunardos foram mortos em combate, executados, presos e deportados.

Apesar de derrotada e afogada em sangue, a experiência da Comuna de Paris marcou e segue marcando um antes e um depois na história da luta pelo socialismo.

Numa tradução livre das palavras de Karl Marx:

Graças à Comuna de Paris, a luta da classe trabalhadora contra a classe dos capitalistas e contra o Estado que representa os interesses dos capitalistas entrou em uma nova fase. Seja qual for o desenlace imediato dessa vez, foi estabelecido um novo ponto de partida que tem importância para a história de todo mundo".

Viva a Comuna de Paris, e um grande viva a todos e a todas que nos últimos 150 anos deram o melhor de suas vidas por um mundo realmente livre de todas as formas de exploração, opressão e dominação. Um mundo socialista.

Com a palavra, o professor Yanis Varoufakis.

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