Entrevista concedida ao jornalista Felipe Castanheira, do Jornal O Tempo / Belo Horizonte
Como você avalia a criação do Grupo Brasil?
Obrigado pela pergunta, ela permite esclarecer uma confusão. Há muitos anos, um grupo de militantes vem se reunindo para debater conjuntura. Este grupo é extremamente plural, tem militantes de diferentes partidos, sem-partido, de diferentes movimentos sociais, intelectuais acadêmicos, parlamentares, religiosos etc.
Quando, no final do ano passado, se começou a discutir a importância da criação de um Frente, as pessoas que faziam parte deste grupo decidiram convocar algumas reuniões, incluindo outras pessoas que até então não vinham participando das reuniões.
Portanto, o "Grupo Brasil" não foi criado agora.
Portanto, "Grupo Brasil" tampouco é o nome da Frente. A Frente não foi criada ainda, é uma intenção, que depende de um processo que ainda está em curso.
Não tem nome, não tem direção, não tem coordenação, ninguém fala por em nome dela portanto.
Vale dizer, ainda, que há outras iniciativas em curso, envolvendo outros setores que também querem construir uma Frente.
Você acredita que esta frente vai ser capaz de trazer o Governo Federal para uma agenda mais alinhada com as demandas dos movimentos sociais?
Os militantes que participaram das três reuniões realizadas consideram que a criação de uma Frente tem vários objetivos. A lista de objetivos (que não necessariamente é compartilhada por todos os participantes) inclui, por exemplo: a defesa da democracia, das liberdades democráticas, da legalidade; a defesa dos direitos da classe trabalhadora, dos direitos sociais, dos direitos humanos; a luta por outra política econômica, contra o ajuste fiscal; a luta em defesa da soberania nacional, da integração regional; a luta por reformas estruturais.
Você sabe qual é a agenda de organização deste grupo? Foi convidado a participar?
Eu participei de duas das três reuniões realizadas até agora (a primeira e a terceira). Não pude participar da segunda reunião por razões pessoais. A agenda prevê a realização de reuniões estaduais; prevê uma discussão sobre uma política econômica alternativa; prevê uma conferência nacional, provavelmente em setembro; e um ato nacional, em data também a ser definida.
Você avalia que outros partidos de esquerda vão aceitar compor esta frente? Quais?
A frente não é uma frente de partidos, não é uma coligação eleitoral. É uma frente mais ampla, que pretende incluir movimentos sociais, partidos, religiosos, intelectuais, setores progressistas, democráticos, populares, de esquerda.
O ex-presidente Lula apoia a organização deste movimento pelo Stédile?
Ele está informado acerca da iniciativa.
Quando foram estas reuniões anteriores? Você participou do encontro deste sábado? [Uma pessoa] que esteve na última reunião, disse que foi sim dado o nome de "Grupo Brasil" a esta movimentação, embora esteja sendo feita a avaliação de que o nome deva mudar. Por fim, gostaria de saber se na sua opinião o Lula apoia esta iniciativa, pois é consenso entre as pessoas com quem falei que ele está avaliando se participa ou não de um ato futuro.
As reuniões foram este ano, uma no dia 30 de janeiro; a outra não lembro (foi esta em que não pude ir); e a tarceira foi no dia 27 de junho.
Sim, participei da reunião de sábado.
Sobre o nome, explico: no final da reunião alguém perguntou "quando formos chamar a próxima reunião, que nome damos"? Aí apareceram algumas sugestões: chamamos de frente disto, frente daquilo, frente daquilo outro. Aí alguém ponderou que era melhor não dar nome ainda, que era preciso amadurecer mais em outros reuniões. Aì alguém sugeriu então quando formos chamar a próxima reunião façamos referência ao nome do Grupo Brasil (que, como te expliquei, era o nome de um grupo de reflexão que vem se reunindo há vários anos). Portanto, era um nome para consumo interno. Aí alguém falou com a imprensa, a imprensa perguntou "qual o nome" e a pessoa, ao invés de dar esta looonga explicação, preferiu facilitar e chamou de Grupo Brasil. Entendeu?
Eu não falei com o Lula a respeito, isto voce deve perguntar para o próprio Lula ou para o João Pedro Stédile, que talvez tenha falado pessoalmente com o Lula a respeito. Do meu ponto de vista, seria ótimo o Lula participar e não vejo motivo pelo qual ele não possa ou não deva participar.
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