Recomendo
ler artigo assinado por Riobaldo Tartarana (sic) e disponível no
endereço abaixo:
http://www.marxismo.org.br/blog/2015/04/23/aonde-fica-valter-pomar-proposito-do-artigo-esquerda-marxista-e-o-pt
Riobaldo critica
um artigo de minha autoria, intitulado “A esquerda marxista e o PT”.
Meu artigo
está disponível no endereço:
Riobaldo acha
que meu artigo intitula-se “A Esquerda Marxista e o PT”.
Acha errado.
O título do
meu artigo grafa esquerda marxista, com minúsculas.
O motivo é
simples: há muita gente que se considera de esquerda e marxista, tanto no PT
quanto noutros partidos e sem partido, gente que defende posições profundamente
diferentes daquelas que a EM defende.
O nome que
adotamos diz o que pretendemos ser, mas não garante nada a respeito do que
somos e do que fazemos.
#
Riobaldo pergunta
“Aonde ‘fica’ Valter Pomar?”
A resposta é
óbvia: continuo militando no Partido dos
Trabalhadores.
O mesmo
Partido onde a EM estava até o dia 21 de abril de 2015.
Meus
argumentos para permanecer no PT continuam fundamentalmente os mesmos, desde
1995.
Eu não
mudei.
A EM mudou.
Assim, se há
alguma questão que merece ser esclarecida é por quais motivos a EM decidiu por
unanimidade sair do PT exatamente agora.
Riobaldo diz
que esta decisão acompanha “a trajetória que fizeram os trabalhadores e a
juventude”.
Que
trabalhadores? Que jovens?
Não devem
ser apenas os que militam na EM: afinal, os que permanecem petistas são em
número muito maior.
Portanto,
quando Riobaldo fala da “trajetória que fizeram os trabalhadores e a
juventude”, deve estar falando das pessoas que se desiludiram com o petismo.
Mas acompanhar
a trajetória dos desiludidos conduz aonde?
Hoje em dia
é relativamente fácil ser contra o PT, criticar o PT, sair do PT.
Os erros de
setores do PT e os ataques da direita ajudam muito quem deseja bater no PT.
Bater no PT anda
fácil.
Difícil é
construir uma alternativa ao PT.
A EM deveria
nos informar qual alternativa estão construindo ou pretendem construir.
Afinal: onde
“fica” a EM?
Talvez por não
saber quemcoso, oncoto e procovo, Riobaldo dedica a maior
parte do seu texto a... atacar o PT.
Normal: é a
sina de todo dissidente, é a rotina de todo racha, é a maldição de toda
separação.
O que não
deveria ser normal (mas infelizmente é) é ver pessoas que se dizem marxistas forçando
a mão para tentar provar suas teses.
Por exemplo:
Riobaldo diz que votamos “durante todos estes anos [...] a favor das alianças
com a burguesia e agora que esta política de alianças faz água e os
trabalhadores abandonam o PT, Valter quer que eles voltem ao partido, sem que a
direção mude a política”.
Convido Riobaldo
a ler uma nota publicada em 2013 no blog marxismo.org
A nota está
aqui e é auto-explicativa:
Convido Riobaldo
a ler, também, a resolução “Comemoração e luta”, aprovada pela direção nacional
da tendência petista Articulação de Esquerda no dia 27 de outubro de 2014.
Esta
Resolução pode ser lida aqui:
http://www.valterpomar.blogspot.com.br/2014/10/comemoracao-e-luta.html
Finalmente,
convido Riobaldo a ler as resoluções do Segundo Congresso da AE, disponíveis no
www.pagina13.org.br
Todos os
textos citados deixam claro que a AE defende, desde 1995, uma mudança global na
estratégia do Partido, inclusive das alianças com a burguesia.
Antes da EM
existir, já defendíamos uma mudança na política do Partido.
A questão é:
por qual motivo Riobaldo força a mão?
#
Riobaldo
afirma que “o PT é atacado, antes de tudo, pela sua direção que aplica uma
política de colaboração de classes já há muitos anos e que esta política provocou
o rompimento da base, dos trabalhadores e jovens, com o PT”.
Notem: “há
muitos anos” o PT aplica uma política de colaboração de classes. “Há muitos anos”
a EM existe e atua no PT. O que mudou para justificar uma ruptura com o PT
exatamente neste momento?
Sem dúvida o
PT está sofrendo os “efeitos colaterais” de uma estratégia adotada desde 1995 e
que, nos últimos anos, chegou num ponto de esgotamento.
Mas o que deve
fazer a esquerda petista diante disto?
Abandonar o
PT ou lutar por uma mudança na política do partido?
Até o dia 21
de abril de 2015, a EM participava da luta por mudar a política do Partido.
O que mudou?
Porque
desistiram?
Porque
abandonaram a disputa de rumos do PT no preciso momento em que cresce o
questionamento contra a estratégia adotada em 1995?
Não saíram
em 1991, não saíram em 2003, não saíram em 2005, mas saem exatamente agora, em
que a sobrevivência do Partido está
em risco.
#
Convido Riobaldo
a fazer uma comparação entre a postura da CUT em 2003 e a postura da CUT hoje.
Em 2003 a postura
que predominou na direção da CUT foi capitular frente à reforma da previdência.
Hoje, a
direção da CUT está nas ruas contra as MPs 664 e 665.
A “análise
concreta da situação concreta” indica que cresce a crítica e a
oposição dos sindicalistas petistas contra a estratégia adotada desde 1995.
Quem acompanha os debates realizados pelo PT em todo o Brasil sabe que não apenas os
sindicalistas, mas amplos setores do petismo estão criticando parcial ou
globalmente a estratégia adotada desde 1995.
Esta crítica
vai evoluir ao ponto do PT mudar de estratégia?
Não sei
responder. E reconheço as dificuldades disto acontecer. Mas não vejo sentido em
desistir, exatamente neste momento, da luta que estamos travando desde
1995.
Infelizmente,
ao invés de admitir que a realidade é complexa, Riobaldo prefere forçar
a mão.
Por exemplo,
afirma que a posição acerca do ajuste fiscal foi “votada” por “todos do
Diretório Nacional do PT”.
Desconheço
se alguém da EM participou ou assistiu a reunião do DN que aprovou tal posição.
Seja como
for, esclareço: entre outros a bancada da AE apresentou posição alternativa, que
foi derrotada no voto.
Mas o
importante não é o que teria ocorrido numa determinada reunião do DN ou o que
estaria escrito numa determinada resolução.
Afinal, desde
2003 o PT já aprovou muitas resoluções com teores muito maiores de “governismo”
e isto não foi motivo para a EM sair do PT.
O que nos
leva a perguntar novamente: o que mudou?
Por quais
motivos a EM decidiu por unanimidade sair do PT exatamente
agora?
Sabemos que
a quantidade converte-se em qualidade.
Mas foi agora
que isto ocorreu?
Foi só agora
que tornou-se inaceitável o que antes era suportável?
#
Riobaldo afirma
que “a ofensiva da direita só é possível porque o PT ao invés de enfrentar a
direita, compôs um governo com esta mesma direita e nomeou como articulador político
do governo um membro desta direita. Em outras palavras (...)a direita é parte
integrante e essencial do governo Dilma!”
Convenhamos:
desde 2003 a Articulação de Esquerda e outras tendências do partido criticam a
presença e o protagonismo de setores da direita na composição do governo
federal.
Nunca foi preciso
ser marxista nem de esquerda para perceber este fato.
Claro, há
uma diferença importante entre 2003 e 2015.
A principal
diferença é que em 2015 está em curso uma ofensiva da direita que pode liquidar
o PT.
Ou seja:
1) a EM permaneceu
no PT enquanto a conciliação de classes parecia render frutos para todas as
partes e, portanto, enquanto amplos setores do PT defendiam esta conciliação
como uma política acertada;
2) a EM
decide sair do PT exatamente quando amplos setores do PT estão percebendo que a
conciliação de classes constitui uma ameaça à sobrevivência do Partido.
Ou bem a EM
foi oportunista & equivocada ao permanecer no PT durante 2003 e 2015.
Ou bem a EM
está sendo oportunista & equivocada ao sair do PT neste momento.
#
Riobaldo acha
que “os marxistas apenas expressaram de forma consciente o que os trabalhadores
estão fazendo nos últimos anos: sair do PT! Para nos juntarmos à juventude e a
todos os operários que estão nas ruas contra as medidas contra os interesses
dos trabalhadores que o próprio PT está promovendo!”
Que os
integrantes da EM se considerem marxistas, faz parte.
Mas que a EM
acredite que é o último biscoito do pacote prova que não estudaram o que ocorreu
no movimento socialista durante o século 20.
O mais
curioso, entretanto, é se vangloriar de fazer com atraso o que a classe
já estaria “fazendo nos últimos anos”.
Com atraso
ou não, é fato que desde 2003 cresceu o número de trabalhadores que se
afastaram do PT, que não se identificam com o PT, que desconfiam do PT, que não
votam no PT.
Acontece que
desde 2003 o PT venceu todas as eleições presidenciais. O que mostra que,
apesar do crescimento da desconfiança, continuamos a receber um voto de confiança da maioria da
classe trabalhadora.
Por outro
lado, aqueles setores da classe trabalhadora que se afastaram do PT, que não se
identificam com o PT, que desconfiam do PT, que não votam no PT, não constituem
um bloco homogêneo: há uma minoria de esquerda e uma maioria que oscila entre a
indiferença e a direita.
Talvez por
não perceber estas e outras nuances, Riobaldo afirma que está nas ruas quem é “contra
as medidas contra os interesses dos trabalhadores que o próprio PT está
promovendo”.
De fato há
pessoas que estão nas ruas contra as medidas adotadas pelo governo federal, que
é encabeçado por uma presidenta petista.
Porém, parte
desta mobilização é convocada pela CUT e por movimentos sociais identificados
ou próximos ao PT.
Mas há outro
tipo de mobilização contra o governo que Riobaldo simplesmente exclui de seu
radar: a mobilização da direita.
Riobaldo
tampouco fala das “medidas contra os interesses dos trabalhadores” que a
direita vem promovendo.
Na análise
de conjuntura de Riobaldo, só há dois atores relevantes: pela direita o governo
do PT, pela esquerda a classe trabalhadora.
Não é
preciso assistir CSI para explicar por quais motivos Riobaldo olha para a frente e não enxerga
a direita política + o grande capital + o oligopólio da mídia.
Riobaldo
chega ao ponto de perguntar se estamos dispostos “a levar uma luta pela
Petrobras 100% estatal” ou se vamos “ficar desfraldando a bandeira de que a
direita está querendo privatizar a Petrobras quando é o governo da Presidente
Dilma que está fatiando e vendendo a Petrobras, fatiando e vendendo a Caixa
Econômica Federal (começando com a área de seguros), ampliando as
“concessões/privatizações”?
Sem dúvida o
governo Dilma fez “concessões” totalmente indevidas.
Mas como é
possível alguém que se considera de “esquerda” e “marxista” desconhecer e minimizar a
campanha da direita tucana (senadores Serra e Nunes, por exemplo) em favor da privatização
da Petrobrás?
#
Riobaldo diz
que “se na situação atual houvesse uma reação real no interior do partido que
se dispusesse a lutar contra a burguesia, esta reação poderia empolgar uma
parcela da classe operária e da juventude e mudar os rumos. Mas, qual
parlamentar pegou no microfone e declarou: “vou votar contra as Medidas
Provisórias da Dilma! Convido a classe trabalhadora a passar por cima deste
congresso e fazer o governo recuar”.
Este talvez
seja o parágrafo mais surpreendente de todo o texto de Riobaldo.
Ele não
considera relevante a postura da CUT.
Ele não
considera relevante a postura dos petistas que militam nos movimentos sociais.
Ele só considera
relevante saber a posição dos... parlamentares!!!
Claro que
será muito importante que parlamentares petistas votem contra as MPs 664 e 665.
Mas muito
mais importante é o comportamento da “nação petista”, das bases populares do
Partido.
Exceto, é
claro, para os adeptos do cretinismo parlamentar de esquerda,
que acreditam que a classe trabalhadora só passará “por cima do Congresso” e só
fará “o governo recuar” se for... convidada por um parlamentar.
Votar contra
as propostas do governo, por exemplo votar contra a MP 664 e contra a MP 665, não é igual a romper com o governo.
Quem
acredita nisto é o setor governista do PT.
Desde 2003,
houve vários episódios em que parlamentares petistas votaram contra as posições
do governo.
Em alguns
casos, os que fizeram isto pretendiam romper com o PT.
Em outros
casos, os que fizeram isto pretendiam defender o PT e salvar o governo da
direita.
No nosso
caso, queremos mudar o rumo do governo e
queremos proteger o PT.
Esta era a
posição da EM. Deixou de ser, por motivos que talvez pudessem ser verossímeis
em 2003, mas que soam falsete em 2015.
#
Por falar em
falsete: salvo engano, os militantes hoje vinculados a EM fizeram campanha para
Lula e para Dilma nas quatro últimas eleições presidenciais.
Mas em 2015
Riobaldo chegou à conclusão que nesses últimos doze anos a “vida ‘melhorou’ por
um breve período fruto da luta da classe trabalhadora e da situação econômica”.
E agora “que a situação econômica piora o governo do PT quer jogar a conta
sobre as costas dos trabalhadores”.
Ou seja:
segundo Riobaldo 2015 os governos Lula e o governo Dilma não cumpriram um papel
importante para melhorar a vida da classe trabalhadora. Muito antes pelo
contrário. O que teria cumprido um papel importante: a luta da classe e a
situação econômica. E o governo do PT, na hora mais necessária, estaria jogando
a conta sobre as costas dos trabalhadores.
Sem dúvida
devemos criticar e nos opor publicamente ao ajuste recessivo de 2015, assim como
devemos criticar o ajuste de 2011 e a reforma da previdência de 2003.
Entretanto,
se Riobaldo 2015 tem razão, se a ação dos governos Lula e Dilma foi globalmente negativa ou
passiva, então por quais motivos os militantes hoje vinculados a EM votaram em
Lula e Dilma nas eleições de 2002, 2006, 2010 e 2014?
#
Riobaldo diz
que “estamos saindo do PT para continuar o combate que sempre levamos: o
combate pelo socialismo, pelos direitos dos trabalhadores, dos camponeses e da
juventude”.
Não tenho
dúvidas de que há combatividade e vida inteligente fora do PT.
E ninguém
precisa de autorização para sair do PT e tentar outro caminho.
Mas estes argumentos
utilizados por Riobaldo só fariam sentido se viessem acompanhados de uma
autocrítica do tipo: “demoramos muito para enxergar os problemas que já
existiam desde pelo menos 2003 e que deveriam nos ter levado a sair do Partido já naquela época”.
Como
Riobaldo não faz nenhuma autocrítica, fica no ar a pergunta: por qual motivo
sair do PT exatamente agora?
Por tudo que foi dito até agora, concluo que uma explicação pode ser a capitulação.
Capitulação
frente à brutal ofensiva da direita.
Mas há outra explicação possível, baseada em duas afirmações que Riobaldo faz no final de seu texto:
1) promete continuar defendendo o PT contra a direita;
2) diz que “provavelmente” o que veremos no congresso do PT é “uma virada à
direita”.
Ora, se o Partido merece ser defendido contra a direita e se é possível ocorrer uma virada à esquerda no congresso do Partido, não seria melhor permanecer no PT?
Neste caso, a explicação para sair exatamente agora não seria capitulação, mas simplesmente cansaço.
A EM vinha tentando atravessar um rio a nado, cansou na metade do caminho e decidiu nadar de volta ao ponto de partida.
Marx, o Groucho, certamente diria que esta segunda explicação é a mais provável.
ps. no link a seguir está uma troca de mensagens a respeito do texto acima
ps. no link a seguir está uma troca de mensagens a respeito do texto acima
http://valterpomar.blogspot.com.br/2015/04/divertimento-dominical.html
ps. abaixo, o texto de Riobaldo Tartarana (sic)
Aonde “fica” Valter Pomar? (A propósito do artigo “A Esquerda Marxista e
o PT”)
23/04/2015 - 19:00
Riobaldo Tartarana
Valter Pomar escreveu em seu blog no
dia 16/04 (veja aqui) uma crítica à posição adotada pelo Comitê Central da Esquerda Marxista
de propor à sua Conferência a saída do PT, acompanhando a trajetória que
fizeram os trabalhadores e a juventude. A posição de saída do PT foi amplamente
discutida na Conferência e aprovada por unanimidade. Quais os motivos que
levaram a EM tomar esta posição?
Valter Pomar, que trabalha por categorias mais idealistas que
materialistas, vê em nossa posição um “senso de oportunidade” e declara que no
momento em que o PT é “atacado” pela direita, o dever de todos que tem
“consciência” de classe é defender o PT. O problema que Valter não vê é que o
PT é atacado, antes de tudo, pela sua direção que aplica uma política de
colaboração de classes já há muitos anos e que esta política provocou o
rompimento da base, dos trabalhadores e jovens, com o PT.
Valter não vê porque durante todos estes anos votou a favor das alianças
com a burguesia e agora que esta política de alianças faz água e os
trabalhadores abandonam o PT, Valter quer que eles voltem ao partido, sem que a
direção mude a política.
Valter participa da direção de um partido que tem a coragem de escrever
em sua última resolução o seguinte:
“O Partido dos Trabalhadores apoia o empenho da presidenta Dilma
Rousseff para enfrentar os problemas fiscais do Estado brasileiro, mas
considera vital que a política econômica esteja voltada para impedir que os efeitos
desse ajuste recaiam sobre as costas dos trabalhadores e tenham caráter
recessivo. O Diretório Nacional, nesse sentido, considera fundamental o mais
amplo diálogo do governo com a sociedade (sobretudo com os movimentos sociais e
centrais sindicais).
O DN também orienta nossas bancadas no
Congresso Nacional, que já vêm trabalhando nessa direção, a ajudar no
aprimoramento das medidas propostas pelo Ministério da Fazenda, a partir do
princípio de que o custo de retificação das contas públicas deve ser assumido
pelos mais ricos. A este respeito orientamos todas nossas bancadas nos estados
e municípios a serem porta-vozes desta política.” (veja aqui a íntegra
da resolução)
Esta proposta foi votada por todos do Diretório Nacional do PT! Nenhuma
emenda que diga o que todo trabalhador percebe, que o ajuste fiscal feito por
Dilma recai sobre as costas dos trabalhadores. Nenhuma palavra sobre o fato de
Dilma ter mentido e descumprido a sua própria propaganda política, nomeando um
banqueiro (Levy) para o Ministério da Fazenda e fazendo um ajuste (MP 664 e
665) que recai sobre as costas dos trabalhadores! Aliás, como o Ministro da
Fazenda pode propor algo que não tenha o suporte da presidente da República que
é do PT? Será que o Diretório não ouviu a presidente discursar que estas
medidas são somente o “início” do ajuste?
O que Valter quer esconder é que a ofensiva da direita só é possível
porque o PT ao invés de enfrentar a direita, compôs um governo com esta mesma
direita e nomeou como articulador político do governo um membro desta direita.
Em outras palavras, o que a resolução do Diretório Nacional do PT que Valter
defende esconde, é que a direita é parte integrante e essencial do governo
Dilma!
Valter Pomar, os marxistas apenas expressaram de forma consciente o que
os trabalhadores estão fazendo nos últimos anos: sair do PT! Para nos juntarmos
à juventude e a todos os operários que estão nas ruas contra as medidas contra
os interesses dos trabalhadores que o próprio PT está promovendo!
Sejamos francos: se na situação atual houvesse uma reação real no
interior do partido que se dispusesse a lutar contra a burguesia, esta reação
poderia empolgar uma parcela da classe operária e da juventude e mudar os
rumos. Mas, qual parlamentar pegou no microfone e declarou: “vou votar contra
as Medidas Provisórias da Dilma! Convido a classe trabalhadora a passar por
cima deste congresso e fazer o governo recuar”. Algum parlamentar do PT teve a
coragem de dizer isso? Você, Valter, a sua corrente, está disposta a romper com
este governo aonde o PMDB tem a articulação política e o Bradesco tem o
Ministério da Fazenda para ajudar a classe trabalhadora a passar por cima deste
congresso, deste governo e derrubar estas medidas provisórias? Ou vai ficar
igual ao DN do PT que conclama os trabalhadores a lutar contra o PL 4330 da
terceirização mas assiste, impotente, ao governo Dilma do PT negociar “acertos”
no PL que garantam uma melhor arrecadação?
Você está disposto a levar uma luta pela Petrobras 100% estatal ou vai
ficar desfraldando a bandeira de que a direita está querendo privatizar a
Petrobras quando é o governo da Presidente Dilma que está fatiando e vendendo a
Petrobras, fatiando e vendendo a Caixa Econômica Federal (começando com a área
de seguros), ampliando as “concessões/privatizações”?
No debate sobre o teu artigo você desafiou os oponentes: a vida sobre o
governo PT melhorou? Sim ou não? Respondemos: Lula fez a Reforma da Previdência
atacando direitos dos servidores públicos e agora Dilma estende isso aos demais
trabalhadores atacando pensões de viúvas. Lula vetou a decisão do congresso que
acabava com o fator previdenciário e Dilma agora quer diminuir o seguro
desemprego quando o desemprego aumenta. A vida “melhorou” por um breve período
fruto da luta da classe trabalhadora e da situação econômica e agora que a
situação econômica piora o governo do PT quer jogar a conta sobre as costas dos
trabalhadores. E, depois de tanto esperar, os trabalhadores abandonam o PT e só
você não quer ver.
Nós estamos saindo do PT para continuar o combate que sempre levamos: o
combate pelo socialismo, pelos direitos dos trabalhadores, dos camponeses e da
juventude. Nunca estivemos em nenhum cargo de Ministério ou de Estatal.
Defendemos o PT – sem defender a política do governo PT – contra a direita e,
aliás, vamos continuar defendendo. Sempre fomos contra o financiamento do
partido pela burguesia e também contra o financiamento estatal. Somos contra o
fundo partidário e acreditamos que o partido deveria devolver este dinheiro! Os
oportunistas e aliancistas do partido, que sempre pegaram e manejaram este
dinheiro, agora que a fonte secou, correram e transformaram o inevitável (fim
do dinheiro de empreiteiras e outros para o PT) em “decisão política”. Claro, sem
proibir que os “candidatos” individuais possam continuar recebendo recursos da
burguesia. E Dilma aprovou o aumento do fundo partidário em mais de 300%.
Valter, a Folha de São Paulo, que é de direita, lembrou que se o salario
mínimo tivesse o mesmo reajuste do fundo, ele hoje estaria em 77 mil reais! Os
partidos, Valter, estão sendo estatizados enquanto saúde, educação, Banco do
Brasil, Petrobras, Caixa Econômica, estradas, ferrovias, telefonia,
eletricidade, agua, foi ou está sendo privatizado.
Você diz que no congresso do PT poderá haver uma virada à esquerda.
Muito provavelmente o que veremos é uma virada à direita com a maioria do PT
aprovando a “refundação” do PT que jogará no lixo o Manifesto de Fundação. Esta
é a realidade que Lula já anunciou, completando a obra que vem fazendo nestes
13 anos de governo do PT.
Nós estamos saindo para continuar o combate pelo socialismo, por um
mundo onde essa podridão que exala por todos os poros do estado seja varrida. E
você, Valter? Continuará sustentando esta política que jogou os trabalhadores e
a juventude para fora do PT?
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