quinta-feira, 19 de junho de 2025

“Vou votar no candidato do Lula”



Em 11 de dezembro de 2023 estive por acaso com o companheiro Lula, quando aproveitei para deixar com ele o primeiro volume da coleção História do Petismo

Na conversa que tivemos, presenciada pelo companheiro Marco Aurélio, Lula disse que estava pensando em apoiar uma determinada pessoa à presidência do Partido. 

Eu dei ao Lula minha opinião sobre o dito cujo. 

Disse, também, que achava melhor Lula não externar publicamente sua preferência. Pois se Lula fizesse isso, o referido cidadão ficaria na zona de conforto: não precisaria provar para a base que está preparado para dirigir o Partido. O grande argumento que a pessoa usaria não seria o que ele próprio fez, defende ou poderá fazer, mas sim que ele seria “o candidato de Lula”. 

Acrescentei o seguinte: se o cara viesse a vencer e fizesse um mandato ruim (como está acontecendo hoje no caso do Banco Central), ainda ia ter gente que colocaria a “culpa” no Lula.

Como sabemos, pelo menos até agora Lula não veio pessoalmente a público dizer “este é o meu candidato”. 

Mas inúmeras pessoas fizeram isso. E como não foram desmentidas, aconteceu o óbvio: o grande argumento a favor de Edinho Silva é que ele seria “o candidato de Lula”. 

Para uma parte de seus apoiadores, esse "pistolão" funciona como antídoto contra suas inúmeras fragilidades políticas

Aliás, ele chega a me lembrar o famoso “cavalo do comissário”; fica incomodado quando é questionado e se comporta, às vezes, como se estivesse fazendo o favor de comparecer aos debates.

Curiosamente, à boca pequena importantes apoiadores de Edinho fazem pesadas críticas ao seu próprio candidato, em alguns casos críticas extensivas ao Lula. 

Um importantíssimo quadro da CNB chegou a dizer que Lula “vai pagar caro” por essa escolha. Outro disse que Edinho seria “muito despreparado”. 

Haveria muita coisa a ser dita a respeito, mas prefiro deixar para o romance ficcional que vou escrever depois de ser cremado

Apenas registro que as duas pessoas citadas acima e outras tantas simplesmente omitem que foram eles, não Lula, quem inscreveu Edinho como candidato.

Aliás, este é um dos perigos a que estão sujeitas as grandes personalidades como Lula: quando tudo dá errado, os áulicos (coletivo chique para corte de puxa-sacos) raramente colocam a culpa em si mesmos; geralmente atribuem toda a responsabilidade do fracasso aos líderes. 

(Digressão de historiador: este comportamento talvez ajude a explicar por qual motivo foram exatamente os mais puxa-saco de Stalin aqueles que o execraram depois da morte; ao mesmo tempo que ajuda a explicar o fato da memória de Mao Zedong ter sido protegida pelos que eram seus adversários dentro do Partido Comunista da China.)

Voltando ao nosso Partido: dirigentes não podem terceirizar responsabilidades. Cada um de nós deve exercer seu livre arbítrio e assumir as responsabilidades por isso.

Eu, por exemplo, sempre fiz e seguirei fazendo a defesa pública de Lula. Fiz campanha para ele em 1982 e votei nele em todas as eleições em que concorreu entre 1986 e 2022. 

Mas, ao mesmo tempo, divergi e divirjo de Lula inúmeras vezes, em questões pequenas mas também em questões ideológicas, programáticas e estratégicas fundamentais.

Por exemplo em 1993, quando Lula apoiou o parlamentarismo e eu apoiei o presidencialismo. Outro exemplo: a confiança que Lula tinha em Palocci, pessoa que sempre considerei um perigo, inclusive por Antonio gostar muito de dinheiro e também por gostar demasiado de quem tem muito dinheiro. Mais um exemplo: a subestimação dos golpistas da Lava Jato, que levou Lula por exemplo a acreditar no conselho de advogado segundo o qual sairia logo de Curitiba graças a um habeas corpus.

Nesses três casos e em inúmeros outros, Lula estava errado. E em algumas situações foi muito importante que houvesse no Partido uma maioria de militantes disposta inclusive a derrotar o Lula-pessoa-física, em benefício do Lula-pessoa-jurídica. Como Lula mesmo disse, se o Brasil fosse parlamentarista, ele nunca seria presidente.

Há no PT, é claro, outras pessoas que preferem agir diferente. Como já foi dito, há candidatos à presidência do PT que fazem questão de exibir sua intimidade com Lula, que ademais é personagem frequente nos debates do PED nacional. 

Um dos que mais contribui nisso é exatamente o companheiro Edinho Silva, que tem destacado a necessidade de preparar o Partido para o pós-Lula.

(Quem quiser saber exatamente o que Edinho tem dito a respeito, deve conferir os vídeos disponíveis nas redes do PT.)

Na minha opinião, a abordagem de Edinho - além de outros problemas- é excessivamente eleitoral, versando sobre o prejuízo que nos trará a futura ausência de Lula como candidato à presidência, a partir de 2030. 

Da minha parte, acho muito mais importante discutir dois outros aspectos. Primeiro, o fato de Lula ser hoje um dos principais catalizadores de nossa relação com os setores mais pobres da classe trabalhadora. Segundo, o fato de que Lula é hoje uma espécie de árbitro em última instância das imensas divergências que existem em nosso Partido.

Para que o Partido possa ser efetivamente o sucessor coletivo de Lula, será preciso que o Partido exista, esteja enraizado nos territórios, tenha vida militante, seja realmente democrático nas suas relações internas.

Será preciso, também, que o Partido seja autônomo em relação aos mandatos executivos e legislativos que conquista, mas também autônomo em relação ao próprio Lula

Para contribuir nessa necessária autonomia, um bom ponto de partida é termos um presidente nacional que saiba muito bem a diferença entre ser ministro de Lula e ser o principal dirigente do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras.

Afinal, mais importante do que "votar no candidato do Lula", é votar num candidato que seja capaz de defender o PT, o governo e o Lula. Defender, inclusive, contra os erros que o próprio Lula comete.

 


Como diria Jucá: "com Motta, Galípolo, Tarcísio, com tudo"...

O Banco Central aumentou a taxa de juros para 15%. Detalhe: o Banco Central está sob comando de Galípolo, que foi indicado e recentemente nomeado por nosso governo.

O Congresso derrubou os vetos do presidente Lula. Detalhe: grande parte dos votos veio da base do governo. E na cabeça da derrubada esteve Hugo Motta, que foi eleito com o apoio do PT e de Lula.

Vários partidos que integram a base do governo mandaram avisar que em 2026 não vão apoiar Lula. Apesar disso, continuam ocupando seus ministérios e se beneficiando do bônus de ser governo. Já os inevitáveis ônus que todo governo tem, estes ficam 100% nas nas costas do PT e de Lula.

Enquanto isso um dos filhotes do cavernícola já avisou que apoiará o candidato que defender o indulto do cavernícola mor. As coisas caminham em direção de Tarcísio, um fascista com pinta de tecnocrata. 

E as pesquisas vão registrando nosso desgaste. Nada irreversível. Mas se mantivermos a política atual, seremos derrotados ou na melhor das hipóteses teremos uma vitória de Pirro em 2026. 

É preciso denunciar publicamente e mobilizar a população contra esta maioria de direita do Congresso Nacional, cujas decisões estão prejudicando diretamente a vida do povo, vide tarifas de energia. 

Basta de contemporização com Hugo Motta. Ele está articulado com Arthur Lyra e Eduardo Cunha. Eles querem sabotar, sufocar e matar nosso governo. Só a pressão popular pode nos salvar.

É preciso, também, denunciar publicamente e mobilizar a população contra o Banco Central. Nos dissociar de Galípolo, que não é amigo, é inimigo. 

Aliás, o que Galípolo, o bisneto está fazendo é mais uma prova de que o setor financeiro não tem limites. Eles não querem acordo, eles querem acabar com a nossa raça. E já que é assim, não faz sentido nosso Ministério da Fazenda continuar insistindo na política do “déficit zero”.

É preciso ampliar imediatamente as políticas sociais em favor do povo pobre. São os trabalhadores pobres, as mulheres, os negros e as negras, os moradores das periferias, o pessoal de coração nordestino que nos deu vitória em 2022 e que pode nos dar a vitória em 2026. Portanto, nada de cortes, nada de contingenciamentos, tudo em favor dos pobres!

Devemos manter nossa guarda alta. Os Estados Unidos de Trump já estão operando e farão de tudo para conquistar o governo brasileiro nas eleições de2026. Para eles não é aceitável que exista no Brasil um governo solidário com os palestinos, com os cubanos, iranianos e haitianos. Não é aceitável para os gringos que no Brasil exista um governo que diz, em alto e bom som, que não somos quintal de ninguém. 

Para enfrentar a ameaça do imperialismo, é preciso construir no mais curto espaço de tempo nossa soberania alimentar (reforma agrária), nossa soberania energética (Petrobrás e Eletrobrás sob controle estatal), nossa soberania produtiva (reindustrialização já), nossa soberania comunicacional (derrotar a ditadura das big techs e da Globo) e nossa soberania militar (demitir José Múcio e garantir Forças Armadas capazes de defender o Brasil).

Como já dissemos inúmeras vezes: vivemos tempos de catástrofe climática, extrema-direita, crise e guerras. São tempos difíceis. Mas no passado também houve tempos difíceis, por exemplo o nazismo e o fascismo, a ditadura militar. Naqueles tempos, foi possível vencer entre outros motivos porque dispusemos da linha política correta, apostamos na luta e na militância, não tivemos medo de polarizar e de vencer.

Por isso, um bom ponto de partida é, no próximo dia 6 de julho, eleger direções partidárias dispostas a mudar a linha do Partido e a linha do governo. 


quarta-feira, 18 de junho de 2025

Tempos de guerra… nuclear? (primeira parte)

Há um ditado segundo o qual em tempos de guerra, a primeira vítima é a verdade. Por este e por outros motivos, há muita controvérsia sobre o que está efetivamente acontecendo na guerra entre o Estado Terrorista de Israel e a República Islâmica do Irã.

Mas não precisa existir dúvida sobre o panorama completo: está em curso uma escalada que pode a qualquer momento desembocar num conflito nuclear.

Nosso país está preparado para estes tempos de guerra? A resposta é: não. Precisamos nos preparar? Sim, com a mais absoluta urgência. Isto significa concentrar energias para construir, no mais curto espaço de tempo, nossa soberania alimentar, nossa soberania energética, nossa soberania produtiva, nossa soberania comunicacional e nossa soberania militar.

Acima de tudo, precisamos que a população brasileira, especialmente as classes trabalhadoras, estejam informadas acerca do que realmente está ocorrendo. E o ponto de partida para compreender os acontecimentos começa nos Estados Unidos da América e passa por Israel.

Os Estados Unidos (EUA) sabem que estão perdendo a batalha produtiva, científica e tecnológica. Os EUA sabem, também, que ao menos dentro do jogo e das regras que em grande medida foram criadas por eles mesmos - é praticamente impossível reverter esta situação de declínio da hegemonia estadunidense.

Essa constatação leva os EUA a romper as regras do jogo, como está fazendo o governo Trump no terreno do comércio e nos acordos ambientais.

Mas apenas isso não é suficiente. O tempo corre contra os Estados Unidos. É por isso que ameaça de guerra, a preparação para a guerra e a guerra propriamente dita tornam-se um componente de importância cada vez maior na política dos Estados Unidos. 

Alguém pode dizer que não existe novidade nisso. Afinal, desde o nascimento até os dias atuais os Estados Unidos o um país banhado em sangue. Isto é verdade. Mas também é verdade que houve uma mudança nos termos da economia política desta equação.

No passado, o desempenho militar dos EUA era em grande medida determinado pela sua força econômica. Hoje, a sobrevivência econômica dos EUA depende em grande medida do seu desempenho militar.

Isto é assim, independente de quem esteja presidindo os Estados Unidospara muita gente simpático Obama ganhou o Prêmio Nobel da Paz, provavelmente devido ao número de pessoas que Barack mandou assassinar utilizando drones. E coitado de quem acreditou nos discursos em que Trump prometia acabar rapidamente com as guerras.

Em escala menor, mas vivendo dilemas semelhantes, estão Israel, França, a Alemanha, a Inglaterra o Japão. O Japão está se rearmando. As antigas potências coloniais europeias estão fazendo o mesmo. Aliás, no capitalismo em crise, a guerra continua sendo um ótimo negócioconstruir armas, destruir e reconstruir países é uma aparentemente inesgotável fonte de lucros

Aparentemente, porque existe uma fronteira que não deve ser cruzada. E acontece que Israel está  empurrando os integrantes do G7, a começar pelos Estados Unidos, para que cruzem esta fronteira. A saber: uma guerra generalizada & nuclear.

Há vários motivos para que Israel esteja agindo desta maneira. Um deles é o famoso senso de oportunidade, ou seja: se não for agora, pode não ser nunca mais.

Pode não ser nunca mais, porque a classe dominante de Israel sabe mais do que ninguém que sua sobrevivência depende do apoio financeiro, diplomático e militar dos Estados UnidosAcontece que os EUA, apesar de seguirem poderosos, estão declinando. Portanto, o Estado de Israel também corre contra o tempo. Com a diferença de que os EUA têm a vantagem de que podem sobreviver ao seu próprio declínio.

Esta constatação racional, combinada com a glorificação da violência e coo desprezo racista pelo restante da humanidade que caracterizam sionismo, fazem com que o Estado Terrorista de Israel esteja disposto a tudo, inclusive a um conflito nuclear, para derrotar o Irã, único Estado na região que faz oposição a Israel e que até agora não teve o mesmo destino do Iraque, Síria e Líbia.

Sobre as mentiras mais recentes de Israel contra o Irã, recomendamos a leitura do artigo de Jeffrey Sachs e Sybill Fares, publicado no dia 16 de junho e disponível no seguinte endereço: Opinion | Stop Netanyahu Before He Gets Us All Killed | Common Dreams

Para além das mentiras desmascaradas por Sachs e Fares, há também toda uma discussão sobre qual o papel dos EUA noperação de Israel.

Trump seria o adulto na sala, que mantém o cão raivoso preso numa corrente? Seria o irmão mais velho do bandido mais novo, que vai ter que intervir para ajudar Israel a completar o serviço sujoSerá que foi tudo combinado previamente? Será que Israel agiu sem combinar previamente com Trump? Ou seria tudo isto e mais um pouco, junto e misturado?

Não se trata de uma discussão fácil, até porque - a preços de ontem - o trumpismo anda dividido acerca do que fazer. Seja como for, qualquer que seja a resposta que se dê para as perguntas acima e para muitas outras, o fato é que os demais Estados e povos do mundo estão sendo colocados diante de dilemas existenciais. 

Vamos aceitar viver sob a chantagem de Estados terroristas? Ou vamos enfrentar a chantagem, apesar dos riscos?

Quando se olha para o curto prazo, há motivos legítimos para a dúvida sobre o que fazer. Basta ver o que está ocorrendo nos dias de hoje com os cubanos, haitianos, palestinos e iranianos, para ter certeza de que enfrentar não se trata de uma escolha fácil.

Mas quando se olha para o horizonte, nãdeveria existir dúvida algumaAfinal, a continuidade da hegemonia dos Estados Unidos e do capitalismo por ele impulsionado não resultará, em nenhuma hipótese, num mundo melhor

Muito antes pelo contrário: o que nos aguarda, caso não lutemos aqui e agora, é uma imensa distopia, onde vão se misturar catástrofe climática, guerras disseminadas, extrema direita, submissão das pessoas às máquinas etc. Ou lutamos, ou poderá não existir futuro para a humanidade.

Sobre o que fazer aqui e agora há várias respostas possíveis. Da nossa parte defendemos a ruptura das relações diplomáticas do Brasil com o Estado Terrorista de Israel. E também o apoio ao Irã em sua luta contra o imperialismo. Mas para sustentar estas e outras respostas, é preciso um estado de ânimo diferente do que tem prevalecido em alguns setores da esquerda brasileira. É preciso pressa, é preciso disposição de superar os problemas estruturais, é preciso disposição efetiva de derrotar os inimigos. Noutras palavras, é preciso de um partido para tempos de guerra, orientado pela vontade de construir um mundo diferente.

Quaquá e o "vagabundo"

Washington atacou de novo.

Me refiro a Washington Quaquá.

Aqui está o ataque de Quaquá, postado no grupo de zap do Diretório Nacional do PT.


Como se pode ver, a mensagem super matinal de Quaquá tem duas partes.

A primeira parte da mensagem de Quaquá é a reprodução de uma postagem que fiz na minha conta no Instagram.

A referida postagem contém uma fotografia e um texto.

A fotografia segue abaixo.


E o texto da minha postagem diz o seguinte: "O abraço da foto confirma muitas coisas. Uma delas é a seguinte: quem quiser derrotar o caciquismo, a filiação sem critérios, a promiscuidade com milicianos e bolsonaristas já sabe em quem NÃO votar".

A segunda parte da mensagem de Quaquá é um texto da lavra do maior poeta de Maricá, que diz assim:

 "Eu estava agora com grandes amigos bebendo e celebrando a vida, como faz o povo brasileiro, que rala, trabalha e, ao mesmo tempo, sabe viver. Vi essa postagem desse imbecil, vagabundo que destruiu prefeituras como Campinas e Santos, onde mandou e fez merda! Metido a esquerdista mas como todos eles é um vagabundo! Quero abrir seriamente depois do PED um debate sobre esse tipo de gente no PT. Vagabundos, caluniadores, mentirosos, é que só continuem pra isolar e derrotar a esquerda."

A prosa de Quaquá foi postada no grupo de zap do DN no dia 18 de junho, uma quarta-feira, as 3hh20 da manhã.

Um horário super adequado para estar “bebendo e celebrando a vida”, especialmente num dia de semana.

Mas, claro, Quaquá pode estar nas cercanias de algum vinhedo em Portugal. Portanto, se ele estivesse usando um rolex, não sei que horas marcariam.

Pena que Quaquá não compareceu, na terça-feira dia 17, no debate entre os candidatos à presidência nacional do PT.

Neste debate eu repeti e desenvolvi um pouco o que disse na postagem.

Curiosamente, ninguém, absolutamente ninguém, nem na plateia, nem na mesa, saiu em defesa de Washington. 

Pelo contrário, houve até um candidato que assumiu o compromisso de levar a voto, na executiva nacional do PT, os dois pedidos de comissão de ética contra Quaquá que seguem pendentes há anos.

Seguem pendentes porque o secretário-geral do PT adotou o "modo prevaricador", ao menos no que diz respeito a Quaquá. 

Talvez porque o secretário-geral apoie o mesmo Edinho apoiado por Quaquá. 

Ou talvez porque, apesar de às vezes silenciosos, Quaquá ser um cidadão que tem muitos amigos do peito, como sabem aliás os irmãos Brazão e também Eduardo Pazuello, recentemente homenageado em Maricá.

Na sua mensagem, Quaquá afirma que eu destruí prefeituras como Campinas e Santos. 

Confesso que não sei como eu poderia ter cometido este crime. 

Afinal, fui assessor do prefeito David Capistrano em Santos e secretário de Cultura, Esportes e Turismo da prefeita Izalene Tiene em Campinas. 

Nestas posições, não teria conseguido destruir nada, salvo é claro se eu tivesse a meu dispor a fortuna em royalties que Quaquá usa e abusa. Mas não era o caso.

Sobre eu ser "imbecil", fazer “merda", "caluniador e "mentiroso", confesso que fiquei com medo. 

Afinal, depois de proferir impropérios também pesados contra Edinho, Quaquá o abraçou e agora o apoia. 

Vai que Quaquá acorde um dia disposto a fazer o mesmo comigo, tremo só de pensar que terrível que será!

Para quem não lembra o que disse Quaquá de Edinho, está aqui uma pequena mostra:

"Esse rapaz de São Paulo não dá.  Mano Brown disse que o PT precisa voltar para as periferias. Não consigo ver o Edinho, com cabelo engomado e sapatinho engraxado, subindo a Mangueira comigo  ou visitando um assentamento do MST" (EXCLUSIVO. Quaquá revela que seu filho, Diego Zeidan, será o próximo presidente do PT fluminense - Agenda do Poder)

“Diferente de Edinho, não perdi a eleição na minha cidade.” (Disputa no PT: Quaquá busca Rui e sobe tom contra candidato de Lula | Metrópoles

"O presidente Lula, hoje, está cercado por puxa-sacos. Edinho seria mais um assecla no Planalto. E não é disso que Lula precisa. Outro ponto é que seria ruim ter um perdedor presidindo o partido” (...) “Seria um sinal muito ruim um cara [Edinho] derrotado numa cidade com 100 mil eleitores presidir o PT. Precisamos de alguém com o mínimo de altivez e tamanho para dialogar com o presidente Lula, hoje cercado por puxa-sacos”(...) “Edinho seria mais um assecla do Planalto, não é disso que Lula precisa. Precisamos dele reeleito e maior do que entrou. Precisamos de um partido forte, com opinião, reorganizar o PT e ter projeto de país. Um presidente fraco, do tamanho dos bajuladores que o cercam (...)" (Edinho Silva é "puxa-saco" e "perdedor", diz vice-presidente do PT)

Como se vê, algumas das agressões de Quaquá são como um rolex falso. Não valem quanto pesam. 

Nem por isso tais agressões não devam ser levadas a sério.

Por exemplo, Quaquá afirma assim: "Quero abrir seriamente depois do PED um debate sobre esse tipo de gente no PT". 

Como se vê, dentro do peito de Quaquá parece habitar um fóssil muito conhecido da esquerda.

De tudo o que disse Quaquá, só uma coisa me deixou intrigado, a saber: a acusação de que eu seria "metido a esquerdista".

Se ele tivesse me acusado de ser "esquerdista", vá lá. 

Se ele tivesse me acusado de ser "metido a esquerda", vá lá também.

Já a acusação de que eu seria "metido a esquerdista" não parece fazer sentido.

Mas aí eu lembrei do passado de Quaquá. 

Diferente de mim, que sempre fui um cara moderado, Quaquá já foi muito, mas muito esquerdista.

Desde então ele mudou muito de posição; já eu fiquei onde sempre estive. 

Mas, apesar de ter mudado de lado e também ter mudado de faixa de renda, no peito de Quaquá ainda bate um coração vermelho. 

Isto confunde muita gente. Mas não confunde todo mundo.

Talvez por isso ele se irrite tanto quando ouve alguém dizer a verdade sobre ele e suas atitudes.

Por fim: a palavra mais repetida na mensagem de  Quaquá é “vagabundo”. Certo tipo de policial adora usar este termo. Como sei que Quaquá vela por minha integridade física, não me assusto. Mas tem muita gente que se assusta. Motivo pelo qual espero que Reimont e Leonel vençam o PED no Rio de Janeiro.

ps. acabo de receber uma mensagem por escrito de uma figura histórica da tendência “Construindo um novo Brasil”, manifestando solidariedade e dizendo que em 2026 vai trabalhar para derrotar Quaquá. Ótimo saber disso. O que não é ótimo é saber que no PED 2025 Quaquá é um dos  cinco “donos” da chapa da CNB, na qual o prefeito de Maricá despejará os votos que amealhou no Rio de Janeiro.