domingo, 28 de julho de 2024

Atualizando um assunto desagradável

"Sei que todos nós temos coisas mais urgentes para fazer". 

Esta é a frase que abre o último parágrafo da carta que encaminhei, no dia 20 de julho de 2024, ao secretário-geral nacional do Partido, o companheiro Henrique Fontana, uma carta contendo dois tópicos: primeiro, minha análise de uma série de mensagens postadas, no grupo de zap do Diretório Nacional do Partido, pelo vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá; segundo, minha cobrança de que o secretário-geral cumpra sua obrigação estatutária, a saber, encaminhar para votação na CEN a admissibilidade (ou não) de dois pedidos de comissão de ética existentes contra o vice-presidente.

Um desses pedidos de comissão de ética é de autoria do companheiro Olavo Carneiro, que nele "deu entrada" em novembro de 2021. O outro pedido de comissão de ética é de autoria de diversas tendências petistas (Articulação de Esquerda, Avante PT, Democracia Socialista, Diálogo e Ação Petista, Esquerda Popular Socialista, Militância Socialista) e "deu entrada" em fevereiro de 2023.

Ambos pedidos seguem engavetados.

No dia 22 de julho de 2024, o companheiro Henrique Fontana me escreveu uma mensagem, via zap, dizendo que me ligaria nos próximos dias. 

Efetivamente, no dia 26 de julho, sexta-feira, conversamos por telefone. Não vem ao caso relatar aqui o teor da conversa, sempre muito agradável, como sempre é o relacionamento com o companheiro Henrique Fontana. Mas é necessário prestar contas do desfecho: pelo menos até agora (28 de julho), os dois pedidos de comissão de ética não foram submetidos à apreciação da executiva nacional. E, ao menos por enquanto, não está previsto que sejam submetidos.

Caso fossem analisados pela CEN, haveria duas possibilidades: seu arquivamento ou seu encaminhamento à comissão de ética. No primeiro caso, só restaria recorrer ao Diretório Nacional; no segundo caso, o processo seguiria seu curso, com a reserva prevista em nosso estatuto e código de ética.

A solução de não submeter o pedido à análise da CEN permite e ao mesmo tempo obriga os defensores da comissão de ética a seguir fazendo pressão pública. 

Afinal, está em curso um flagrante desrespeito ao estatuto do Partido. Ademais, fica a impressão - que sempre pode ser falsa - de que as atitudes do vice-presidente são consideradas coisa menor; ou de que são consideradas coisa maior, mas por isso mesmo não seria conveniente (seja lá por que motivos for) tratá-las no plano das instâncias, ao menos neste momento.

Na minha opinião não são coisa menor. Também na minha opinião, não há como considerar conveniente - exatamente num momento político em que nossas resoluções partidárias apontam o cavernícola como inimigo principal - deixar proliferar atitudes que passam o pano em bolsonaristas e em bolsonarices. Também penso ser regra geral que problemas não tratados não diminuem, pelo contrário crescem de tamanho.

Pouco me importa a motivação das atitudes que deram origem aos pedidos de comissão de ética. Será a “naturalização” da vulgaridade e truculência? Será o mero oportunismo eleitoral, de quem deseja conquistar os votos do eleitorado bolsonarista? Ou será decorrência de uma linha política muito pessoal, acerca de como (supostamente) conquistar o apoio de setores da classe trabalhadora que estão distantes do petismo? 

Qualquer que seja a origem e os motivos, deixar fazer e deixar passar as atitude citadas em minha carta e nos dois pedidos de comissão de ética é, na minha opinião, desmoralizante para as pessoas que o fazem e também desmoralizante para o conjunto do Partido. 

As pessoas que o fazem são maiores de idade e respondem pelas suas atitudes. Mas pelo Partido respondemos todos nós e, portanto, seguirei exigindo - publicamente - o que já fiz na minha carta de 20 de julho, carta que encerra da seguinte maneira: "Sei que todos nós temos coisas mais urgentes para fazer. Foi algo parecido que pensei quando, noutras gestões deste Diretório Nacional, me pediram para lidar com dois casos espinhosos, um no Rio de Janeiro e outro no Mato Grosso do Sul. Eu cumpri minha tarefa. Espero que você, prezado secretário-geral Henrique Fontana, também cumpra a sua, mesmo que todos sempre tenhamos coisas mais importantes que fazer".
 




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