(texto sem revisão)
Vale a pena estudar a pesquisa Genial Quaest de maio.
Abaixo, alguns tópicos extraídos da pesquisa.
A coleta foi feita de 2 a 6 de maio. Portanto, já capta (parcialmente) os efeitos políticos da situação no Rio Grande do Sul.
Foram entrevistadas 2045 pessoas com 16 anos ou mais.
A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
A pesquisa de maio faz parte de uma série composta, ao todo, por 8 pesquisas divulgadas em fevereiro de 2023, abril de 2023, junho de 2023, agosto de 2023, outubro de 2023, dezembro de 2023, fevereiro de 2024 e maio de 2024.
A primeira pergunta - "aprova ou desaprova o trabalho do presidente Lula?" - tem a seguinte resposta: metade (50%) aprova.
A fotografia indica que o país segue polarizado.
O filme indica que estamos perdendo esta polarização. Afinal, em fevereiro de 2023, a resposta foi: 56% aprova, 28% desaprova, 16% não sabe ou não respondeu. Hoje, a resposta é: 50% aprova, 47% desaprova, 3% não sabe ou não respondeu.
Detalhe: embora a queda do aprova tenha sido relativamente pequena (56-50), o crescimento do desaprova foi muito grande (28-47). E o que explica isso é o deslocamento dos que antes não sabiam ou não quiseram responder. Ou seja: o "muro" está diminuindo (polarização) e a maior parte dos que descem do muro descem do lado de lá (estamos perdendo a polarização).
A pesquisa detalha esta movimentação por segmentos (regiões, sexo, idade, ensino, renda, religião, etnia, tipo de voto em 2024). Considerando 23 segmentos, entre a última pesquisa (fevereiro de 2024) e a atual (maio de 2024), a situação ficou idêntica em 5 segmentos; mudou para pior, mas dentro da margem de erro, em 5 segmentos; mudou para pior, ultrapassando a margem de erro, em 5 segmentos; mudou para melhor, mas dentro da margem de erro, em 4 segmentos; mudou para melhor, ultrapassando a margem de erro, em 4 segmentos.
Por conta desses resultados um pouco para cá, um pouco para lá, tem gente que interpreta a pesquisa de maneira positiva. Quem faz isso vive no mundo de Poliana. Depois de quase um ano e meio de governo, com tudo o que se fez, o fato de Lula ser avaliado positivamente, hoje, por menos gente do que no início do governo e ser desaprovado por mais gente, hoje, do que no início do governo, é sinal de que estamos "aquém", como reconheceu o próprio presidente.
A pesquisa diferencia a aprovação de Lula da avaliação do governo Lula.
Se consideramos a avaliação positiva do governo, ela está sempre abaixo da avaliação do presidente. Por exemplo: em agosto de 2023, 60% aprovavam Lula e 42% tinham avaliação positiva acerca do governo Lula.
Mas se somarmos os que fazem avaliação positiva com os que fazem avaliação regular, aí a situação muda: a avaliação do governo está sempre acima da avaliação do presidente. Outro exemplo: em agosto de 2023, 71% avaliavam o governo como positivo ou regular, enquanto 60% avaliavam positivamente o presidente.
Uma curiosidade estatística: desde abril de 2023 até maio de 2024, a diferença entre a avaliação (positiva + regular) do governo e a avaliação do presidente oscilou entre 11 e 14 pontos percentuais. Diria que este é mais ou menos o tamanho do eleitorado da "frente ampla": avaliam o governo como regular, mas não positivam o presidente. Obviamente, isto é uma extrapolação, impossível de provar com base nos dados da pesquisa.
Uma terceira pergunta da pesquisa é se o Brasil está indo na direção certa ou na direção errada. Em junho de 2023, 46% dizia que o Brasil estava indo na direção certa, contra 41% que dizia que o Brasil estava indo na direção errada.
Em maio de 2024, 49% diz que estamos indo na direção errada, contra 41% que diz que o Brasil estaria na direção certa. Quando se observa entre segmentos, existe uma maioria positiva apenas nos seguintes: 60 anos ou mais, ensino fundamental, até 2 salários mínimos, católicos, negros. E a maior vantagem (a favor do estamos no caminho certo) está entre os que recebem até 2 salários-mínimos: 53% contra 35%.
Ou seja: é aí, nos pobres, que reside nosso núcleo duro. Fato óbvio, desconsiderado por alguns laureados que transitam na Fazenda.
Outra pergunta da pesquisa: você acredita que Lula é bem intencionado?
Esta pergunta é particularmente importante. E o resultado é: 51% acham que Lula é bem intencionado, contra 42% que acham que ele não é bem intencionado. Uma das interpretações possíveis para esta resposta é que, não importa o que Lula faça ou deixe de fazer, 42% vão julgar negativamente.
Um detalhe importante: quando se considera o segmento "região Sul", a avaliação das "intenções" de Lula oscilou assim: em dezembro de 2023, 46% o achavam bem-intencionado, número que mudou para 44% em maio de 2024. Portanto, piorou, mas dentro da margem de erro. Em dezembro de 2023, 49% o achavam mal intencionado, número que caiu para 47% em maio de 2024. Portanto, melhorou, mas dentro da margem de erro. Já os que não sabem ou não quiseram opinar foram de 6%, em dezembro do ano passado, para 9% agora.
Estes dados mostram como a aparente petrificação dos resultados tem relação direta com a disputa política. Na região Sul, que engloba os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o tema da tragédia tem um forte impacto. E, depois de dias de ação positiva do governo federal e da participação pessoal de Lula, os resultados oscilam, para cima e para baixo, dentro da margem de erro. E o que cresce é o número dos que não sabem ou não querem avaliar.
O que explica isso, provavelmente, é o contraste entre a ação correta de Lula versus a propaganda brutal da extrema-direita sobre uma população que, majoritariamente, votou na direita em 2024. Conclusão: ou aumentamos a disputa política, ou não haverá ação administrativa correta que dê conta.
Outra pergunta trata das promessas feitas na campanha: Lula tem conseguido cumprir?
Neste caso, o resultado confirma a opinião de Lula: 63% responde que o presidente não tem conseguido cumprir as promessas de campanha, contra 32% que dizem que Lula tem conseguido. Notem que a avaliação positiva de Lula é de 50% e que 61% consideram que o governo Lula é positivo ou regular. Logo, estes 63% que dizem que Lula não tem conseguido cumprir as promessas de campanha inclui parte dos eleitores e apoiadores de Lula.
Importante destacar que a opinião segundo a qual Lula não tem conseguido cumprir as promessas de campanha chega a 74% na região Sudeste.
Uma outra pergunta da pesquisa é: Lula trabalha para atender as necessidades de todos ou apenas as necessidades de quem votou em Lula?
A resposta é muito curioso: 52% acham que Lula trabalha para atender as necessidades de todos. O que permite a seguinte interpretação: somos nós, que votamos em Lula, que achamos isso. De pouco adianta o governo se apresentar como de "união" e de "todos", pois o lado de lá não acredita nisso ou, pelo menos, prefere não se posicionar a respeito.
Todas essas respostas citadas anteriormente estão relacionadas a um fato simples: 41% dos entrevistados pela pesquisa recebem mais notícias negativas do que notícias positivas acerca do governo Lula.
Detalhe: quando se perguntam quais as notícias positivas, há uma dispersão em inúmeros itens. Já quando se pergunta quais as notícias positivas, há uma concentração em alguns itens: não faz nada, é corrupto, postura negativa, inflação, economia, juros. Os dados são reveladores de que há (pelo menos) um problema na política de comunicação da esquerda e de que há (pelo menos) um acerto na política de comunicação da direita.
Sobre o futuro, a pesquisa pergunta qual a expectativa acerca da economia do Brasil e faz perguntas específicas sobre desemprego e poder de compra.
Sobre a situação do desemprego, 43% têm uma avaliação negativa. Sobre o poder de compra, 67% também tem uma avaliação negativa. E essa avaliação negativa acerca do poder de compra deu um salto em dezembro de 2023 (foi de 33% para 47%) e deu outro salto em fevereiro (indo de 47% para 65%).
Apesar disso, há uma maioria relativa (48%) que tem a expectativa de que a economia vai melhorar nos próximos doze meses. Mas 30% acham que vai piorar e 19% acha que vai ficar igual.
Os principais problemas do país, segundo os entrevistados da Genial Quaest, são: a economia (23%), a saúde (19%), a violência (17%) e as "questões sociais" (14%). Corrupção vem em quinto lugar, com 9%. E educação em sexto lugar, com 8%.
Finalmente, a pesquisa indica que 97% dos entrevistados se informam sobre política, sendo 38% principalmente através da TV, 32% principalmente através das redes sociais e 10% principalmente através de sites, blogs e portais.
Evidentemente, na faixa dos 16 aos 34 anos, a fonte principal é redes (45%). Já na faixa de 35 a 59 anos, a fonte principal é a TV (41%). E na turma com mais de 60 anos, a fonte principal também é a TV, com 61%.
A civilização gaúcha perecendo.
ResponderExcluirO neoliberal tucano não fez o básico da infraestrutura.
Precisa ter imediata intervenção federal com afastamento do governador.