No dia 22 de maio, a CUT organizou uma boa Marcha em Brasília.
Em certo momento da Marcha, fez uso da palavra o vice-presidente do Proifes, entidade que disputa com o Andes a condição de representante dos docentes das universidades públicas federais.
O vice falou da greve dos docentes das federais.
Disse que o governo apresentou uma proposta.
Comentou que estão ocorrendo assembleias para deliberar sobre a proposta.
E concluiu informando que, semana que vem, o Proifes assinará a proposta…
… imediatamente deu-se conta do ato falho e emendou mais ou menos assim: “isso, é claro, se as assembleias aceitarem a proposta”.
O vice-presidente foi sincero: o Proifes quer assinar a proposta e está trabalhando ativamente por isso.
O que ele não comentou é que a imensa maioria dos docentes em greve não reconhece o Proifes como sua entidade nacional.
Não comentou, também, que várias associações docentes ligadas ao Proifes decidiram - na contramão de sua entidade nacional - entrar em greve.
Tampouco comentou que a maioria das assembleias realizadas até agora rejeitou a proposta do governo, que dá zero de reajuste em 2024, sendo que para os aposentados dá duplo zero.
Atendendo neste caso à orientação de “não remoer o passado”, não vou lembrar, aqui, como e para que foi criado o Proifes.
Apenas registro que a Marcha era o espaço mais que adequado para que um Sindicato - ao invés de avisar que já desistiu de lutar - defendesse as reivindicações da categoria que pretende representar.
Espero que a CUT faça gestões junto ao presidente Lula, para que altere a proposta apresentada. Afinal, zero é zero. E duplo zero para os aposentados é inclassificável.
Vale dizer que o PT já fez estas gestões. Entre outros motivos porque não faz sentido, politicamente falando, conceder reajuste para algumas categorias (como a PF e a PRF) e zerar o reajuste dos professores.
A não ser, é claro, que o objetivo seja dar um tiro no pé.
Valter, ao contrário do que você diz, é muito importante esclarecer as condições nas quais a entidade parasindical proifes foi ciada e permanecesse funcionando. Ela foi criada no gabinete de Tarso Genro, quando ministro da Educação, em setembro de 2004, para dividir a categoria e se contrapor ao ANDES-SN, entidade sindical histórica representante dos docentes das universidades federais, institutos federais e cefets. A eleição do ANDES-SN em maio de 2004 havia sido perdida pelo grupo político apoiado pela CUT. O ANDES-SN, além disso, havia se retirado em 2003 da CUT e era entidade fundadora da CONLUTAS-Sindical. O proifes nunca teve qualquer representatividade na categoria docente, pois majoritariamente pelo país afora os docentes se mantiveram fiéis aos Sindicato Nacional de lutas que construíram desde a ditadura. O proifes assessorou o governo nas greves de 2005 e 2012, gerando a situação que ora temos. Salários aviltados, carreira docente destruída, orçamentos das IFES e IFs que não chegam ao fim do ano. Hoje, um docente graduado, em regime de 40 horas, tem salário (cerca de R$3600) abaixo do piso nacional do magistério (cerca de R$4500). O governo não negocia. O que a Articulação de Esquerda em particular e a esquerda petista em geral podem fazer para auxiliar na saída desse impasse? Como a Articulação de Esquerda avalia a atuação do governo, da ministra Esther, do ministro Camilo e do negociador José Lopez Feijóo nessa greve? Ainda vale a famosa interjeição "Estou ministro, sou docente"?
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