Em debate
recente, dois importantes intelectuais de esquerda afirmaram que esta não é a
crise final do capitalismo. Não sei como eles chegaram a esta conclusão, mas nisto concordo com eles. Entretanto, tiro desta afirmação uma conclusão muito diferente.
Vale dizer que nem esta,
tampouco qualquer outra das crises do capitalismo, foi ou será a “final”, pelo simples
motivo de que o capitalismo é uma relação social, não apenas uma relação entre
os capitalistas e os assalariados, mas também uma relação entre o trabalho morto
e o trabalho vivo.
E esta
relação só poderá ser superada, em condições de imenso desenvolvimento das forças produtivas & abundância, quando os produtores das riquezas possam realmente decidir o
que produzir, quanto produzir, como produzir, quando produzir e como distribuir as riquezas.
Dito de outro jeito, o capitalismo
só será superado no curso daquilo que se convencionou chamar de transição
socialista. Por isto, aliás, quem tentou fazer uma transição socialista excluindo
por princípio toda e qualquer relação capitalista, não teve o êxito esperado na superação do capitalismo.
Mas qual a
decorrência que se pode extrair deste raciocínio?
Primeiro, que não devemos
esperar a “crise final”, porque ela não comparecerá nunca. O capitalismo não
morrerá de morte morrida. Morrerá de morte matada.
Segundo, que não podemos
esperar a “crise final” para lutar pelo socialismo, pois se fizermos isso, o capitalismo
viverá para sempre ou-- mais provável -- nos destruirá tentando. É só no curso de uma transição socialista que se pode
derrotar o capitalismo.
Aliás, se os
revolucionários vitoriosos do século XX tivessem esperado a “crise final”, é
provável que eles continuassem esperando até agora, pois foi só com a revolução
socialista que países como Rússia e China conseguiram eliminar os obstáculos (feudais,
coloniais, imperiais etc.) que travavam o desenvolvimento das forças produtivas, inclusive
das forças produtivas capitalistas.
Conclusão: a
discussão sobre a “crise final” não tem nada que ver com o assunto da luta pelo
socialismo. A não ser, é claro, como argumento démodé -- a "crise final" era argumento corrente na socialdemocracia do final do século XIX -- para tentar negar que só no curso de uma transição socialista conseguiremos superar de conjunto, de maneira sustentável e permanente, a dependência externa, a desigualdade social, a falta de liberdades democráticas e o desenvolvimento troncho que caracterizam o Brasil.
Quem são os dois importantes intelectuais de esquerda?
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