quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Sobre as declarações da presidenta Gleisi Hoffman

Que vivemos tempos confusos, todos sabemos. Mas ontem foi demais.

A revista Exame, vinculada ao Grupo Abril, disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma nova “Carta ao Povo Brasileiro”. E – citando uma dirigente do PT – diz que a Carta é para tentar conter novamente o nervosismo do mercado com sua candidatura.

O jornal Folha de S.Paulo, por sua vez, comentou as repercussões de uma declaração – igualmente atribuída a uma dirigente do PT -- segundo a qual "para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar".

O curioso é que ambas as frases – a primeira moderada, a segunda radical -- foram creditadas à mesma pessoa: a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffman.

A primeira declaração não teve muita repercussão. Embora existam diferenças profundas, no PT e na esquerda, acerca de qual deva ser nosso programa de governo, o fato é que Gleisi não disse a frase atribuída pela Exame. A esse respeito, ler:

http://www.valor.com.br/politica/5262013/gleisi-nova-%253Fcarta%253F-de-lula-sera-dirigida-ao-povo-nao-ao-mercado

Já a segunda declaração de Gleisi repercutiu muito. A rigor não se trata de novidade: fizeram o mesmo com Vagner Freitas, quando este falou em pegar em “armas” para defender o mandato da presidenta Dilma; e com Lula, quando este falou nos “exércitos” de Stédile.

Nada mais natural: como todos sabem, existe o monopólio da violência. As elites podem convocar as forças armadas a dar golpes, prender, torturar, assassinar e desaparecer, como ocorreu em 1964 e depois.

As elites também podem orientar as polícias a agir como forças de ocupação, especialmente contra o povo pobre e preto das periferias. E podem difundir um discurso de intolerância e aberto estímulo ao extermínio da esquerda.

Já os setores populares não podem nem mesmo levantar a voz. Nem mesmo quando as elites mudam a regra do jogo no meio do jogo, fazem um impeachment ilegal, dinamitam nossa limitada soberania, destroem nossos poucos direitos sociais, reduzem ainda mais as liberdades democráticas e preparam a condenação de Lula, que comete o “crime continuado” de ter apoio popular suficiente para voltar à presidência da República.

Sendo assim não admira que tanta gente — inclusive petistas — tenha achado necessário “lembrar” a senadora Gleisi disso tudo. Afinal, não se deve esquecer qual é nosso lugar na ordem das coisas: nada de reclamar, nada de protestar, nada de reagir, apanhar calado, morrer em silêncio e ser enterrado sem pompa nem circunstância. Não se pode nem mesmo dizer que, se querem pegar Lula, primeiro vão ter que passar sobre os nossos cadáveres.

Não pode nada disto, por uma razão muito simples: algum dia o povo pode achar que é uma boa ideia transformar uma “força de expressão” numa expressão de força.

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Abaixo alguns textos relacionados com esta polêmica

http://www3.redetv.uol.com.br/blog/reinaldo/pt-pode-decretar-prisao-domiciliar-de-gleisi-no-dia-24-ela-ficaria-vendo-o-teipe-do-jogo-bayern-de-munique-x-bayer-leverkusen/

http://mobile.valor.com.br/brasil/5251749/lula-e-um-mediador-esta-longe-de-ser-um-radical-diz-belluzzo

https://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2018/01/16/lula-trabalha-em-nova-carta-ao-povo-para-acalmar-mercado-gleisi.htm?cmpid=copiaecola&cmpid=copiaecola

 

CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO
17/01/2018 02h00

Pedro Ladeira/Folhapress

Dirigentes petistas buscaram minimizar nesta terça (16) declaração da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). Ela disse que, para que o ex-presidente Lula seja preso, "vai ter que matar gente".

"Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar", afirmou Gleisi, em entrevista ao site "Poder360", em alusão a eventual condenação de Lula pelo TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª região), no próximo dia 24, em Porto Alegre.

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O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, chamou a declaração de infeliz, afirmando que essa foi uma força de expressão.

Eduardo Knapp/Folhapress

Em julho de 2017, Lula foi condenado por Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão acusado de receber vantagens indevidas da OAS, como a reserva e reformas em um tríplex em Guarujá (SP). O caso está agora na segunda instância, e o petista recorre em liberdade


"Haverá uma comoção social. Vamos ficar chateados. Eu mesmo, se o Lula for preso, vou morrer do coração", reagiu Okamotto, que disse que não há orientação de endurecimento às vésperas do julgamento. "Não haverá uma revolução, infelizmente."

Ele acrescentou: "Vamos insistir na via institucional, o que não significa entrar com uma ação [na Justiça] e ir para casa de braços cruzados".

Para o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), a fala de Gleisi foi "força de expressão". "Não tem sentido literal. Não tem relevância."

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) opinou que Gleisi sofreu de "ansiedade cibernética", fruto de tentativa de se mostrar proativa na internet.

Após sua declaração causar polêmica, a senadora se justificou nas redes sociais: "Usei uma força de expressão para dizer o quanto Lula é amado pelo povo brasileiro. É o maior líder popular do país e está sendo vítima de injustiças e violência que atingem quem o admira. Como não se revoltar com uma condenação sem provas?".

Temerosos de acirramento de ânimos, petistas viram na declaração novo deslize de Gleisi. No sábado (13), ela divulgou que Lula havia sido homenageado pela torcida do clube alemão Bayern de Munique. Na faixa onde Gleisi leu "Forza Lula" estava, na verdade, "Forza Luca", em referência a um torcedor ferido.

A afirmação da senadora ocorre dias após o tesoureiro do PT, Emídio de Souza, reconhecer a militantes incertezas sobre o destino de Lula e estimular petistas a demonstrar força para constranger a Justiça. "Quanto mais força tiver o nosso movimento mais comedida a Justiça vai ser. Não sei se ela vai se amedrontar. Nós temos que demonstrar nossa força. Fazer nossa parte e depois a gente vê o que acontece."

O presidente do TRF4, Carlos Eduardo Thompson Flores, já manifestou preocupação com a segurança dos juízes da corte após ameaças.

Lula será julgado em segunda instância. Ele foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sergio Moro, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá (SP).

LULA BARRADO

O juiz João Pedro Gebran Neto, do TRF4, negou nesta terça pedido da defesa de Lula para que ele fosse ouvido pela corte. Os advogados argumentam que garantias fundamentais foram violadas na primeira instância e que Lula tem o direito de ser ouvido por órgão imparcial e isento.

Para Gebran, a repetição do interrogatório exigiria reconhecimento de eventual nulidade do primeiro, tomado por Moro. O juiz do TRF4 disse que não poderia tomar a decisão sozinho, deixando a questão para a 8ª Turma da corte.

3 comentários:

  1. Concordó que Gleisi esta correta. OS netos da dictadura tem que mostrar que ainda querem sangue brasileiro. Sao assassinos e torturadores que nunca pedirán perdao

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  2. Não precisa de carta para o mercado porque o mercado tá ligado que Lula é "responsável".

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  3. Apoio Gleisi em seu comentário. A esquerda vem sendo trucidada pela direita e temos que ficar caladinhos e caladinhas, quietinhos e quietinhas, perdendo todos os nossos direitos de trabalhadores trabalhadoras sem dar um pio!! Além de tudo isso, ainda, temos que deixar Lula ser engolido.por assassinos, bandidos que tomaram o poder de assalto sem ir pela via legal que é a da eleição, cada brasileiro é cada brasileira colocando seu voto nas urnas em seu candidato de sua escolha!! #DireitaNuncaMais #PSDBNuncaMais #VivasÀGleisi #LulaLá2018

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