Qual sua avaliação sobre a ida do ex-presidente Lula ao governo como ministro da Casa Civil? O que Dilma sinaliza com essa alteração?
A oposição quer o impeachment da presidenta Dilma e quer impedir que Lula dispute as eleições de 2018. Para derrotar a oposição, precisamos de mobilização social e mudança na conduta do governo. A presença de Lula precisa contribuir neste sentido, especialmente na modificação da política econômica. Por exemplo, arquivando a reforma da previdência, o "ajuste fiscal de longo prazo", os juros altos e a privatização de ativos estratégicos.
Há indícios também que umas das primeiras medidas de Lula seria uma volta de Henrique Meirelles ao Banco Central. O que isso representaria?
Os méritos dos oitos anos de governo Lula ocorreram geralmente apesar e geralmente contra Meirelles. Do que precisamos, agora, é implementar o programa econômico aprovado pelo Diretório Nacional do PT, no dia 26 de fevereiro.
A presidente Dilma já afirmou que não renuncia e um pedido de impeachment, outro desejo da oposição, teria que passar por um processo no TSE ou pelo rito na Câmara, ambos processos longos. Como fica a governabilidade neste próximo período? E qual será o papel de Lula nestas articulações?
Tudo que aconteceu desde 2003 já provou que a governabilidade não pode depender apenas, nem principalmente, de apoio parlamentar e institucional. Precisamos de apoio popular e a mobilização social, que dependem em boa medida das medidas práticas que o governo adota para melhorar a vida das pessoas.
Por outro lado, a oposição de direita são várias: tem a que está nas ruas, tem a que está na mídia, tem a que está em Curitiba, tem a que está no Congresso, tem a que atua por dentro do governo. Para lidar com tudo isto, será preciso, como disse antes, mudar a conduta geral do governo e fazer muita mobilização social.
Mas não haverá soluções mágicas, até porque um setor da direita já foi longe demais e não vai ser fácil fazê-los recuar nos seus propósitos, nem nos seus métodos. Aliás, o que aconteceu nos dias 4 e 13 de março demonstra que há um setor da direita que está com pressa e gana, muita pressa e muita gana. Derrotar esta gente vai exigir mais do que capacidade de articulação.
Sobre a manifestação pró-impechment do dia 13 de março, embora os protestos tenham crescido, o jornal Folha de S. Paulo publicou um perfil socioeconômico da manifestação que indica que havia o mesmo extrato social que estava na Avenida Paulista no ano passado. Ao mesmo tempo, há um descontentamento generalizado com o Governo e sua política econômica, como a reforma da previdência e o ajuste fiscal, mas essa parcela da população não aderiu aos atos. Por quê e o que isso significa?
De fato, a manifestação de 13 de março foi uma espécie de grito dos incluídos. Mas isto não quer dizer que as periferias estejam contentes. Pelo contrário, há vários sinais de que a maioria da classe trabalhadora está descontente. E tem motivos para isto, entre os quais destaco o crescente desemprego. Também há vários sinais de que o discurso dos coxinhas penetrou nos setores populares. Nosso desafio é reverter isto, através de luta política e ideológica, de mobilização social e de mudanças práticas na conduta do governo.
Na sua visão, como os setores de esquerda podem se posicionar neste contexto político?
De imediato, jogando todas suas energias na manifestação de 18 de março. Precisamos não apenas de muita gente presente; precisamos também de muita combatividade. A oposição de direita precisa saber que eles não terão um minuto de paz, caso insistam em pisotear as liberdades democráticas, caso sigam adiante no golpismo.
Para além do dia 18 de março, é preciso trabalhar duro não apenas para deter, mas também para derrotar a oposição de direita. Por exemplo no parlamento, onde está em curso uma pauta extremamente regressiva. Por exemplo, também, nas eleições de 2018, quando precisamos conquistar um quinto mandato, em condições que nos permitam fazer reformas estruturais.
Claro, tudo isto dependerá de recuperar o apoio da classe trabalhadora e dos setores populares. No fundo, trata-se de fazer uma reorientação do programa, da estratégia e do modus operandi das esquerdas, especialmente do Partido dos Trabalhadores.
Quantas e quais das medidas do "Programa Nacional de Emergência", lançado mês passado pelo diretório nacional do PT, têm mais chances de serem levadas adiante pela presidente Dilma?
Todas. Há medidas para apoiar os setores mais golpeados pela crise. Há medidas que visam fazer os ricos pagarem impostos, para o Estado ter recursos para fazer as políticas sociais e de desenvolvimento. Há medidas que visam retomar o crescimento e o desenvolvimento, por exemplo usando parte das nossas reservas externas. Tudo pode ser levado adiante, desde já. Enfrentaremos, é claro, grande oposição. Mas sempre é melhor sofrer oposição por fazer a coisa certa.
A oposição quer o impeachment da presidenta Dilma e quer impedir que Lula dispute as eleições de 2018. Para derrotar a oposição, precisamos de mobilização social e mudança na conduta do governo. A presença de Lula precisa contribuir neste sentido, especialmente na modificação da política econômica. Por exemplo, arquivando a reforma da previdência, o "ajuste fiscal de longo prazo", os juros altos e a privatização de ativos estratégicos.
Há indícios também que umas das primeiras medidas de Lula seria uma volta de Henrique Meirelles ao Banco Central. O que isso representaria?
Os méritos dos oitos anos de governo Lula ocorreram geralmente apesar e geralmente contra Meirelles. Do que precisamos, agora, é implementar o programa econômico aprovado pelo Diretório Nacional do PT, no dia 26 de fevereiro.
A presidente Dilma já afirmou que não renuncia e um pedido de impeachment, outro desejo da oposição, teria que passar por um processo no TSE ou pelo rito na Câmara, ambos processos longos. Como fica a governabilidade neste próximo período? E qual será o papel de Lula nestas articulações?
Tudo que aconteceu desde 2003 já provou que a governabilidade não pode depender apenas, nem principalmente, de apoio parlamentar e institucional. Precisamos de apoio popular e a mobilização social, que dependem em boa medida das medidas práticas que o governo adota para melhorar a vida das pessoas.
Por outro lado, a oposição de direita são várias: tem a que está nas ruas, tem a que está na mídia, tem a que está em Curitiba, tem a que está no Congresso, tem a que atua por dentro do governo. Para lidar com tudo isto, será preciso, como disse antes, mudar a conduta geral do governo e fazer muita mobilização social.
Mas não haverá soluções mágicas, até porque um setor da direita já foi longe demais e não vai ser fácil fazê-los recuar nos seus propósitos, nem nos seus métodos. Aliás, o que aconteceu nos dias 4 e 13 de março demonstra que há um setor da direita que está com pressa e gana, muita pressa e muita gana. Derrotar esta gente vai exigir mais do que capacidade de articulação.
Sobre a manifestação pró-impechment do dia 13 de março, embora os protestos tenham crescido, o jornal Folha de S. Paulo publicou um perfil socioeconômico da manifestação que indica que havia o mesmo extrato social que estava na Avenida Paulista no ano passado. Ao mesmo tempo, há um descontentamento generalizado com o Governo e sua política econômica, como a reforma da previdência e o ajuste fiscal, mas essa parcela da população não aderiu aos atos. Por quê e o que isso significa?
De fato, a manifestação de 13 de março foi uma espécie de grito dos incluídos. Mas isto não quer dizer que as periferias estejam contentes. Pelo contrário, há vários sinais de que a maioria da classe trabalhadora está descontente. E tem motivos para isto, entre os quais destaco o crescente desemprego. Também há vários sinais de que o discurso dos coxinhas penetrou nos setores populares. Nosso desafio é reverter isto, através de luta política e ideológica, de mobilização social e de mudanças práticas na conduta do governo.
Na sua visão, como os setores de esquerda podem se posicionar neste contexto político?
De imediato, jogando todas suas energias na manifestação de 18 de março. Precisamos não apenas de muita gente presente; precisamos também de muita combatividade. A oposição de direita precisa saber que eles não terão um minuto de paz, caso insistam em pisotear as liberdades democráticas, caso sigam adiante no golpismo.
Para além do dia 18 de março, é preciso trabalhar duro não apenas para deter, mas também para derrotar a oposição de direita. Por exemplo no parlamento, onde está em curso uma pauta extremamente regressiva. Por exemplo, também, nas eleições de 2018, quando precisamos conquistar um quinto mandato, em condições que nos permitam fazer reformas estruturais.
Claro, tudo isto dependerá de recuperar o apoio da classe trabalhadora e dos setores populares. No fundo, trata-se de fazer uma reorientação do programa, da estratégia e do modus operandi das esquerdas, especialmente do Partido dos Trabalhadores.
Quantas e quais das medidas do "Programa Nacional de Emergência", lançado mês passado pelo diretório nacional do PT, têm mais chances de serem levadas adiante pela presidente Dilma?
Todas. Há medidas para apoiar os setores mais golpeados pela crise. Há medidas que visam fazer os ricos pagarem impostos, para o Estado ter recursos para fazer as políticas sociais e de desenvolvimento. Há medidas que visam retomar o crescimento e o desenvolvimento, por exemplo usando parte das nossas reservas externas. Tudo pode ser levado adiante, desde já. Enfrentaremos, é claro, grande oposição. Mas sempre é melhor sofrer oposição por fazer a coisa certa.
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