Nesta segunda-feira 4 de janeiro de 2021, a bancada do PT na Câmara dos Deputados deve se reunir para debater se apoiará desde já Baleia ou se lançará candidatura para disputar o primeiro turno da eleição da presidência da Câmara dos Deputados.
Havendo segundo
turno, já se sabe que a disputa será entre Baleia e Lira. E nesse caso, já se
sabe também que a esmagadora maioria da bancada petista vai de Baleia, para
derrotar Lira (e Bolsonaro).
Sendo assim,
que perderíamos lançando candidatura própria no primeiro turno?
Provavelmente
perderíamos espaços mais qualificados na Mesa. Digo “provavelmente” porque até
que se apure, nada é garantido.
Para quem defende
a importância “estratégica” destes espaços e acha que a eleição é interna
corporis, é óbvio que vale a pena votar em Baleia desde já, pois isto
aumentaria a chance de conquistarmos tais espaços.
Já para quem
sabe que o debate é também externa corporis e tem uma visão mais digamos
realista acerca do “poder” que emana dos cargos da Mesa, excetuada a Presidência,
os “espaços” não parecem argumento suficiente para abrir mão de termos candidatura
própria no primeiro turno.
Penso que é por
isso que alguns parlamentares têm utilizado como argumento para decidir nossa
tática em 2021, lembrar o que ocorreu em 1 de fevereiro de 2015.
Naquele dia Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) teve o apoio do PMDB, PP, PTB, DEM, PRB, SD, PSC, PHS, PTN,
PMN, PRP, PEN, PSDC e PRTB. Isso lhe garantia, em tese, 218 votos. Mas ele
recebeu 267 votos, ou seja, 49 votos a mais. Se tivesse tido 257, teria
ocorrido um segundo turno.
Naquele
mesmo dia, Arlindo Chinaglia (PT-SP) teve o apoio do PT, PR, PSD, PDT, PROS e
PC do B. Isso lhe garantia, em tese, 180 votos. Mas ele recebeu 136 votos. Ou
seja, 44 votos a menos.
E havia outras
duas candidaturas.
Júlio
Delgado (PSB-MG) tinha o apoio de PSB, PSDB, PPS e PV. Isso lhe garantia, em
tese, 106 votos. Mas ele recebeu 100 votos, ou seja, 6 votos a menos.
Chico
Alencar (PSOL) teve 8 votos. Como o próprio PSOL tinha 5 votos, Chico Alencar
recebeu 3 de outros partidos.
Deixo para os
experts na história da Câmara o pedido para que respondam as seguintes
perguntas:
1/se a
disputa tivesse ido para o segundo turno, o provável vencedor teria
sido Cunha ou Arlindo? Cunha ganharia em qualquer caso?
2/se o PT
tivesse apoiado um nome de outro partido, teria sido provável
naquelas circunstâncias derrotar Eduardo Cunha ou qualquer outro nome alinhado
com a oposição hard? Em caso positivo, quem seria e de que
partido?
3/havia ou
não havia, nas bancadas da esquerda e do próprio PT, quem para evitar uma derrota
para Cunha defendesse... apoiar Cunha?
Faço estas
perguntas, porque não considero trivial a comparação entre 2015 e 2020.
O congresso
de 2015 era majoritariamente oposicionista. O congresso de 2021 é
majoritariamente governista.
Em 2015 o
governo era de Dilma. Em 2021 o governo é de Bolsonaro.
Em 2015 o PT
era partido de governo. Em 2021 somos oposição.
Em 2015, a
alternativa era ou eleger um apoiador do governo, ou eleger um oposicionista que
podia ser mais ou menos hard.
Em 2021, a
alternativa é entre dois tipos de governismo: o neoliberal centrão-bolsonarista
e o neoliberal eventual-bolsonarista.
Segundo
Pimenta, a tática do PT (candidatura própria no primeiro turno) teria contribuído
em 2015 para um hard ganhar. Pode ser, mas penso que a conjuntura em
2015 era propícia a vitória de Cunha, qualquer que fosse a tática do PT.
Já em 2021, o
PT lançar uma candidatura própria no primeiro turno ajudaria Lira a ganhar?
No que diz respeito
a 2021, pelo menos até agora eu não consegui entender a lógica matemática, nem a lógica política do argumento,
pois se Lira (leia-se, o governo) tem desde já votos suficientes para vencer no
primeiro turno, pouco importa o que o PT faça ou deixe de fazer.
Aliás, se fosse mesmo líquida e certa a vitória de Lira no primeiro turno, isto valeria como um argumento a mais para “marcar posição” ao invés de afundar junto com o
Baleia.
Por tudo isto, espero que a bancada decida lançar candidatura própria, ao menos para demarcar nossas posições, mesmo que ao final prevaleça o voto em Baleia.
Que em 2015 deve ter votado em Cunha, assim como Lira e a maioria de golpistas que há nesta Câmara.
Muito bem, essa tática de meu Deus do céu, não procede. Agora deve ser para não apanhar demais mesmo com bancada considerada. Vamos de identidade com identidade dos Trabalhadores.
ResponderExcluirA política é mesmo a arte de realizar o que é possível ou é a arte de extrapolar os limites da divagação?
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