quarta-feira, 12 de junho de 2019

Governador de GPS quebrado

Segundo a grande imprensa, nunca confiável, um governador do PT teria dito algo assim: “Tiramos o bode da sala. Agora, há condições de apoiarmos a reforma”.

Ou seja: estamos na véspera de uma greve geral contra a reforma da previdência. O governo está às voltas com o Morogate. E o que estariam fazendo alguns governadores da oposição?  

Se procede a tal frase, estariam tentando tirar o “bode da sala”, para assim poder “apoiar a reforma”. 

Ou seja: prefeririam construir um
acordo, do que lutar por uma derrota global da reforma do governo.

Suponho que os argumentos (de um governador que seja do PT) a favor desta “tática” sejam, entre outros:

-a reforma vai passar, então que passe sem as piores maldades; 

-alguma reforma é necessária; 

-a situação dos estados exige uma reforma.

Deixemos de lado o fato de que, reza a lenda, os governadores petistas participaram da “construção coletiva” de uma resolução do Diretório Nacional do PT, que diz outra coisa acerca da nossa tática frente à reforma.

Deixemos de lado, também, o “detalhe” de que, no ambiente recessivo estimulado por Guedes&Bolsonaro, ambiente que arrebenta com a arrecadação, toda e qualquer “economia” gerada por este tipo de “reforma” duraria muito pouco. 

E nos concentremos no problema essencial desta “tática”: quando a oposição ajuda o governo, quem geralmente sai ganhando é o governo. 

Se o governo recua, se passa este suposto “acordo”, quem vai votar nele? Quem vai assumir o ônus? 

Pois é bom lembrar que, se tirarem o “bode”, a sala continuará apertada: no caso, aumento das idades, das alíquotas, fim das especiais, fim das diferenças entre homens e mulheres, sem falar no gravíssimo aumento do tempo mínimo de contribuição etc.

E se o governo não recuar, a quem terá servido este discurso segundo o qual alguma reforma é necessária? E, especialmente, a quem terá servido fazer isso na véspera de uma greve? 

A quem interessa o discurso a favor de “alguma reforma”, mesmo feita por um governo que joga o país na recessão, que destrói empregos, estimula a informalidade, protege os sonegadores etc.?

A quem interessa acelerar, através de “acordos”, a tramitação da reforma? 

No fundo, no fundo, é uma questão de GPS quebrado: gente da oposição que se comporta como se nosso “lugar” fosse o de ajudar o governo. 

Outro “bom” exemplo disto é a proposta, feita por um deputado de oposição (mas não do PT): aproveitar que Moro está enfraquecido, para votar rápido o “pacote anti-crime”, claro que com emendas que (supostamente) reduziriam o dano!

Este tipo de atitude mostra que, apesar de tudo o que aconteceu nos últimos anos, o vírus da conciliação segue influente na esquerda brasileira. 

Acontece que diante de um governo como Bolsonaro, a conciliação é — para citar uma frase célebre— “pior do que um crime, é um erro”. Um erro de gravíssimas consequências.

Com a palavra, o Diretório Nacional do PT. Que fechou questão a respeito, em votação unânime contra a reforma da previdência.

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