Texto escrito para o jornal Movimento, editado pelas secretarias sindical, movimentos populares e setoriais do PT.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas aprovou a criação do Estado de Israel e do Estado da Palestina, dividindo entre os dois um território ocupado majoritariamente pelo que hoje chamamos exatamente de palestinos.
Desde então e até hoje, o Estado de Israel fortificou e ampliou seu território. Já o Estado da Palestina nunca se estabeleceu e vê seu território virtual ocupado militarmente por Israel e reduzido por colônias e muros.
Nos anos 1990, na correlação de forças criada a partir da dissolução da URSS e também a partir da Intifada (levante popular contra a ocupação), a Organização pela Libertação da Palestina aceitou firmar os controversos Acordos de Oslo, que resultaram na instalação da Autoridade Palestina, uma espécie de semi-Estado sediado em Ramalah, cidade próxima a Jerusalém.
Segundo os acordos, o Estado de Israel era reconhecido pela parte Palestina. Em contrapartida, Israel assumia uma série de compromissos que resultariam, mesmo que tarde, na instalação do Estado Palestino.
Mas Israel não cumpriu sua parte, lançando mão de diversos pretextos, inclusive a existência de forças palestinas como o Hamas, que não reconheciam Israel e que disputavam com a OLP e com a Autoridade Palestina.
O fato é que hoje, mais de 50 anos depois da criação dos dois Estados, só há um Estado: Israel. E Israel opera de tal maneira, ocupando territórios,criando muros, fazendo check-points militares, prendendo milhares de ativistas, degradando a parte palestina de Jerusalém, que nunca haverá o Estado palestino, mas sim um único Estado dentro do qual haverá uma população com direitos e outra população sem direitos.
Um modelo que já existiu na história: a África do Sul do apartheid.
O que acontece na Palestina nos interessa, não apenas por motivos de solidariedade humana ou histórica. Ocorre que a região é um dos epicentros geopolíticos do mundo, seja por sua localização, seja pelo petróleo.
Israel é uma espécie de porta-aviões terrestre dos Estados Unidos, sob direção de um governo de direita e controlando armas nucleares. Se não encontrarmos uma solução pacífica que permita a coexistência, em igualdade de condições, entre os dois Estados (Israel e Palestina), estaremos sempre sujeitos a uma explosão que pode converter-se em um choque militar de consequências imprevisíveis para a humanidade.
O grande obstáculo para a solução pacífica chama-se Estados Unidos. Sob Obama, nada mudou: o governo dos EUA segue dando apoio as posições inaceitáveis de Israel, entre as quais não reconhecer o Estado Palestino. Trata-se de uma potência que não quer ceder os anéis. Algum dia acabará perdendo os dedos.
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