sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Entrevista a Eduardo Davis, da Agência EFE



- Um primeiro ponto se refere a um comentario que você fez numa entrevista com Opera Mundi, sobre o um certo "esgotamento" do modelo de distribuição de renda e promoção social adoptado pelos paises progressistas da America Latina. 
Se bem é verdade que o modelo funcionou, é também verdade que nos protestos no Brasil ou na Argentina participam forças de esquerda, ou que existem dissidência serias dentro do bolivarianismo venezolano.
Nesse panorama, e na sua opinião, qual seria o próximo passo, qual o rumo que devem tomar os governos progressistas para evitar o desgaste que (quase sempre) provoca a democracia representativa. Foi conversado isso nas primeiras reuniões do Foro?
 
Primeiro, o esgotamento é relativo, em triplo sentido. Por um lado, esgotou-se no sentido de que deu o mais certo que podia dar. Por outro lado, esgotou-se no sentido de que gerou forças sociais que desejam mais do que tiveram até agora. E, por fim, esgotou-se no sentido de que as classes dominantes tem cada vez menos tolerância frente ao prosseguimento desta experiência de distribuição de renda.
As dissidências da esquerda política e social dizem respeito aos que desejam mais do que tiveram até agora. Já os movimentos antidemocráticos estão relacionados a reação das classes dominantes.
A solução para estes problemas passa, na nossa opinião, por aprofundar o processo de mudanças, não apenas na economia, mas também na política. Ou seja: mais democracia econömica, mais democracia social, mais democracia política.
 

- Você coincide com quem pensa que, em parte, por causa de esse "esgotamento" é que recupera terreno, pelo menos em termos eleitorais, a direita na Venezuela, no Paraguai e outros paises da America Latina?
 
A direita recupera terreno em parte por conta de nossas debilidades e erros, em parte por conta dos imensos apoios que possui. O esgotamento relativo de nossa estratégia vincula-se a isto, como já expus. Mas o crescimento da direita não inclui apenas nem principalmente métodos democráticos; passa pela combinação de formas de luta na mídia, nas ruas, nas eleições, nos golpes, na sabotagem, na ingerëncia externa. 


- E a ultima por enquanto. Nesse panorama, a crise global esta começando a chegar a America Latina, seja pelo freio da economia chinesa ou pela queda dos preços das materias primas. Na maioria dos paises governados pela esquerda o centroesquerda as mudanças foram mais sociais que económicas e dentro do modelo capitalista, ainda na Venezuela. 
Diante da ameaça da crise e num panorama de baixo crescimento, os governos progressistas não estão frente a necessidade de avançar mais á esquerda?
 
A saída é pela esquerda, no sentido de reduzir a influëncia economica, social e política do grande capital, especialmente do grande capital transnacional e financeiro, bem como das potências imperialistas. E, por outro lado, aumentar a presença do investimento público, do Estado, das pequenas e médias empresas, das cooperativas; e aumentar a força política das classes trabalhadoras e dos setores médios progressistas. 

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