Hoje aconteceu mais uma sessão solene no Senado brasileiro.
Esta sessão foi realizada por proposta do senador Sérgio Moro.
Sim, aquele Moro.
Grande parte dos discursos feitos na tal sessão foi de parlamentares da oposição, inclusive um que atende pelo apelido Bolsonaro.
Mas também falaram convidados.
Uns e outros fizeram críticas explícitas ou implícitas contra o governo brasileiro, bem como contra quem apoia a causa e a luta do povo palestino.
Entretanto, o grande destaque da sessão solene foi, ao menos na minha opinião, a fala do senador Jaques Wagner (PT-BA).
A intervenção de Wagner pode ser assistida aqui:
A Wagner coube a difícil tarefa de defender o governo Lula num ambiente para lá de hostil.
Parte do discurso de Wagner foi o esperado: solidariedade às vítimas e condenação ao "ato abominável" do Hamas.
Outra parte do discurso foi a tentativa de "salvar a cara" do Estado de Israel, diferenciando-o do governo do carniceiro Bibi.
Tarefa difícil, quando se lembra que o terrorismo de Estado foi uma arma constante de todos os governos de Israel, desde o início até hoje.
Uma terceira parte do discurso de Wagner foi a defesa do processo de paz, defesa que incluiu lembrar do ex-primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, assassinado "ironicamente por um extremista de direita, um judeu que não tolerava a ideia da paz pregada por Rabin".
Uma quarta parte do discurso foi a defesa do governo Lula, defesa que foi recebida de forma tão hostil pelos presentes à sessão solene que Wagner chegou a reclamar do "fanatismo" de quem não aceita ouvir posições diferentes.
Mas foi na esteira dessa crítica ao fanatismo que Wagner assacou que "o Hamas deve ser exterminado, mas o governo de Israel, não. Hoje é um, amanhã será outro”.
O grande problema deste tipo de abordagem, na minha opinião, é desconhecer um fato: Israel ocupa ilegalmente território que, segundo a ONU, é território palestino. E como não podia deixar de ser, Israel mantém esta ocupação lançando mão de terrorismo de Estado.
Enquanto houver ocupação e terrorismo de Estado, haverá luta e resistência, de todos os tipos, cores e sabores.
Assim sendo, quem quer mesmo "exterminar" o Hamas deveria começar lembrando a necessidade de "exterminar" a ocupação e o terrorismo praticado pelo Estado de Israel.
"Hoje é um, amanhã será outro" quem lutará contra a ocupação. Mas enquanto houver ocupação, não haverá paz.
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