sábado, 26 de julho de 2025

Quem redigiu esta nota?

Notas diplomáticas geralmente são o “ó”.

Mas às vezes se superam.

Este é o caso da “Nota à imprensa” 336, divulgada no dia 23 de julho pelo Itamaraty.

O título da nota é “Violações Sistemáticas de Direitos Humanos e Humanitário no Estado da Palestina”.

O título não diz quem pratica as “violações sistemáticas”.

Aliás, a nota inteira não usa uma única vez a palavra “Israel”!!

É um caso bizarro de genocídio praticado por criminoso implícito e não nomeado.

Confiram aqui: https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/violacoes-sistematicas-de-direitos-humanos-e-humanitario-no-estado-da-palestina

Transcrevo a nota ao final.

Mas a passagem mais impressionante da nota é a seguinte: “O Brasil considera que já não há espaço para ambiguidade moral nem omissão política”.

Ou seja: antes havia espaço!?!?

E agora “já não há”!

O autor desta nota merece um prêmio! 

Afinal, em uma nota cujo conteúdo é extremamente positivo, o redator conseguiu fazer um impressionante malabarismo. Que de nada adiantou: pois o Estado terrorista e sionista de Israel está babando de raiva contra o que a nota diz!

Confiram aqui: 

O governo brasileiro expressa profunda indignação diante dos recorrentes episódios de violência contra a população civil no Estado da Palestina, não se restringindo à Faixa de Gaza e estendendo-se à Cisjordânia.

A comunidade internacional segue testemunhando, de forma rotineira, graves violações de Direitos Humanos e Humanitário: ataques à infraestrutura civil, inclusive a sítios religiosos, como à paróquia católica em Gaza, e às instalações das Nações Unidas, como à Organização Mundial da Saúde; violência indiscriminada e vandalismo por colonos extremistas na Cisjordânia, como o incêndio às ruínas da antiga Igreja de São Jorge e ao cemitério bizantino em Taybeh; massacres de civis, a maior parte dos quais mulheres e crianças, que se tornaram cotidianos durante a entrega de ajuda humanitária em Gaza; e a utilização despudorada da fome como arma de guerra.

A esses horrores somam-se contínuas violações do Direito Internacional, como a anexação de territórios pela força e a expansão de assentamentos ilegais.

A comunidade internacional não pode permanecer inerte diante das atrocidades em curso.

O Brasil considera que já não há espaço para ambiguidade moral nem omissão política. A impunidade mina a legalidade internacional e compromete a credibilidade do sistema multilateral.

Finalmente, o governo brasileiro anuncia que está em fase final para submissão de intervenção formal no processo em curso na Corte Internacional de Justiça, movido pela África do Sul com base na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. A decisão fundamenta-se no dever dos Estados de cumprir com suas obrigações de Direito Internacional e Direito Internacional Humanitário frente à plausibilidade de que os direitos dos palestinos de proteção contra atos de genocídio estejam sendo irreversivelmente prejudicados, conforme conclusão da Corte Internacional de Justiça, em medidas cautelares anunciadas em 2024.

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