terça-feira, 29 de abril de 2025

A culpa é da correlação?

No dia 29 de abril, depois de participar da Marcha da Classe Trabalhadora, gravei uma entrevista para o Brasil 247. O entrevistador foi o Mario Vitor Santos e a entrevista deve ir ao ar no sábado, dia 3 de maio.

O motivo da entrevista foi a disputa pela presidência nacional do PT. Em outras entrevistas sobre o tema, as perguntas envolviam de tudo um pouco, mas com grande peso para questões supostamente organizativas. Já na entrevista para Mario Vitor Santos, a conversa girou em torno da "correlação de forças".

Nada mais adequado, entre outros motivos porque as divergências existentes dentro do PT, inclusive as organizativas, derivam em grande medida de diferentes análises sobre a realidade, principalmente sobre a luta de classes no Brasil em 2025 e sobre o que fazer diante dela.

Em certo momento, o entrevistador qualificou minha posição como voluntarista. Ou seja, se entendi direito, Mario Vítor sugeriu que eu estaria propondo ações e objetivos que seriam - dada a correlação de forças - inalcançáveis.

Pode ser? Pode, sempre pode ser. Felizmente ou infelizmente, quem enfrenta o "sistema", quem combate o status quo sempre pode incorrer no risco de ser comandado e enganado pelos seus desejos e vontades.

Suponhamos, para facilitar o raciocínio, que este fosse o caso das posições que estou defendendo. Mesmo assim caberia perguntar e responder o seguinte: se a correlação de forças não nos favorece, o que devemos fazer para alterar esta correlação de forças e buscar com que ela esteja a nosso favor? E ainda: o que está sendo feito neste sentido estaria dando certo?

Quando faço estas perguntas nos debates entre petistas, é comum receber como resposta uma lista de realizações do nosso governo. Aconteceu algo parecido na entrevista com Mario Vitor Santos. É como se criticar nossa linha política fosse fazer tabula rasa acerca de todas nossas ações.

Que nossas realizações existem, não tenho dúvida. Aliás, seria ridículo achar que nosso governo possa ser equiparado ao do cavernícola. A questão é outra, a saber: estas realizações foram ou serão suficientes para alterar a tal correlação de forças?

O que nos dizem a respeito os resultados das eleições de 2024? O que nos dizem as pesquisas? O que dizem nossos vizinhos, nossos amigos, nossos colegas de trabalho, as pessoas com quem convivemos?

Até onde eu consigo perceber, a vox populi indica, na melhor das hipóteses, que a correlação de forças não melhorou como precisamos que melhore, em relação a outubro de 2022. Se é verdade que o bolsonarismo estrito senso passa por dificuldades, a direita como um todo segue poderosa e o neoliberalismo continua triunfante.

Apesar disso, se a eleição presidencial fosse hoje, tenho certeza de que Lula seria reeleito. Aliás, a depender de quem serão os candidatos da oposição, Lula poderia inclusive ser eleito com um percentual superior ao que obtivemos em 2022. 

Mas há um "detalhe" que não pode ser omitido: se fosse hoje, a reeleição de Lula não seria acompanhada das condições necessárias para que possamos fazer um segundo mandato superior ao primeiro. E já vimos, no passado recente, o que pode acontecer quando um segundo mandato é similar ou até pior do que o primeiro. 

Portanto, reeleger Lula é indispensável; mas é prudente também criar as condições para que sua reeleição se dê numa correlação de forças melhor do que a atual. Não apenas por conta do próximo mandato, mas também por conta do futuro do PT e do Brasil.

Um setor do PT parece acreditar que o caminho para vencer em melhores condições estaria em "ampliar as alianças", em "ir ao centro". Confesso que não atino como ampliar ainda mais a aliança que "sustenta" o atual governo. Digo "sustenta" entre aspas porque, como todo mundo sabe, a base do governo não é propriamente coerente.

Mas o fato é que um setor do PT acha que o caminho é ampliar a aliança. E que a base programática desta ampliação estaria na contraposição entre "democracia" versus "fascismo". Derrotar o neofascismo seria nossa estrela guia e para isso seria necessário "ir ao centro".

Mesmo que acreditássemos nos compromissos democráticos da direita gourmet, ainda assim esta lógica desconsidera um "detalhe" essencial: ao menos aqui no Brasil, a extrema-direita e a direita gourmet coincidem na defesa de um certo modelo de desenvolvimento. Quem tem dúvida a respeito deveria observar, por exemplo, a conduta do Supremo Tribunal Federal quando está em discussão a pauta econômica e social.

Ao menos da forma como foi feito até agora, as amplas alianças têm implicado em conciliar com este modelo de desenvolvimento que expressa os interesses do agronegócio, das mineradoras e do capital financeiro. 

Esta conciliação, além de tornar muito mais difícil a chamada "reconstrução", na prática vem bloqueando as transformações estruturais. Além disso, a conciliação contribui para o que faz a extrema-direita, a saber, tentar colocar o PT na condição de parte do "sistema". Aliás, crescem dentro do Partido os que desejam nos converter num partido “progressista”, de centro-esquerda.

Setores do PT não concordam, ao menos em parte, com a descrição feita nos parágrafos anteriores. Argumentam, por exemplo, que nosso governo já estaria fazendo grandes transformações, portanto as alianças com a direita neoliberal não seriam obstáculo para as mudanças. Por outro lado dizem que algumas das transformações pretendidas pelos críticos das amplas alianças seriam na verdade uma "revolução", portanto algo incompatível com a correlação de forças.

Sem entrar no mérito destes argumentos, ambos e outros similares desembocam na seguinte conclusão: embora possamos corrigir aqui e ali, por exemplo na comunicação e no volume das chamadas entregas, nosso rumo geral estaria correto. Ou seja: a conclusão é que poderíamos triunfar mesmo nos marcos da atual correlação de forças. Por um passe de mágica, o problema deixaria de ser a correlação de forças e passaria a ser o voluntarismo dos que tentam superá-la.

E a “prova” supostamente definitiva do voluntarismo estaria na baixa mobilização do povo. As massas não estão na rua pressionando por mudanças, logo se o partido e o governo não fazem mais seria por falta de apoio. A culpa, para variar, seria do povo. 

Que a mobilização está muito fraca, ninguém duvida: o 29 de abril confirmou. Mas isto não teria alguma relação com a atitude do governo e do PT? Na minha opinião, tem. Existe espaço para o governo ser mais ousado, tanto nas ações quanto no discurso. E existe espaço, também, para que o Partido seja mais militante e mais presente na luta cotidiana do povo. As duas coisas teriam um efeito imenso sobre o estado de ânimo de uma parte importante do povo.

Mas o que tem prevalecido é a lei do mínimo esforço, associada a máxima de que é melhor um péssimo acordo do que uma boa disputa de desfecho incerto. E, quando questionados, basta colocar a culpa na correlação de forças.

Ou seja: um partido que governa o Brasil, que venceu 5 das últimas 9 eleições presidenciais, que possui dezenas de milhões de simpatizantes, deve esperar passivamente que o povo passe a se mobilizar por mudanças mais profundas. 
Como deveria ser óbvio, esta atitude passiva, reboquista, tende a produzir um combo de efeitos negativos: o desânimo de uma parte de nossa militância, a decepção de uma parte de nossas bases, o estímulo à mobilização contra nós e o risco da oposição de direita ser a beneficiária da situação.

O esquerdismo e o voluntarismo não são uma opção, mas o bom mocismo, a domesticação, o direitismo e o falso republicanismo tampouco estão nos conduzindo a um bom destino.

Foi sobre estas questões que girou boa parte da entrevista que irá ao ar no sábado dia 3 de maio no Brasil 247.


Que medo eles têm de nós!


Primeiro tentaram impedir nossa inscrição.


Depois entraram 2 vezes na justiça.

Perderam.

Agora entraram novamente na justiça, com
uma alegação inacreditável: “risco de dano irreparável”.

Só dá para interpretar essa alegação de um jeito: a atual diretoria do Andes sabe que a chapa 4, se conseguir participar, vai ganhar as eleições.

Não sei o que a justiça vai decidir

Mas, qualquer que seja a decisão, o “dano irreparável” já está dado: a atual diretoria do Andes, contando com a cumplicidade das chapas 2 e 3 - supostamente de oposição - confirmou o que é: um bando de pelegos, que tem medo das bases.

Viva o Andes! Viva a chapa 4!

Humberto Costa: direitos e deveres

O companheiro Humberto Costa tem o direito de apoiar quem ele quiser.

Mas o presidente Humberto Costa tem a obrigação de trabalhar pela democracia no PED.

Neste sentido, sigo aguardando a resposta à mensagem abaixo, enviada no dia 15 de abril e até agora não respondida.

“Prezado Humberto Costa

cc Diretório Nacional do PT

Como é de vosso conhecimento, já solicitei privada e publicamente dois escolarecimentos ao PT e também ao companheiro Edinho. Um referente ao suposto uso de jatinho e outro referente a anúncios que estariam sendo pagos pelo DM de Araraquara.

Encaminho agora um relatório detalhado de tais anúncios. O relatório não foi feito por mim, mas por um militante. Escrevi ao companheiro Edinho, para que ele esclareça se o fato procede, assim como os valores.

Seja como for, insisto que o Partido deve tomar providências para normatizar a questão. Especialmente se os valores citados forem verdadeiros (156 mil reais), estamos diante de uma situação que não pode ser tratado como vem sendo: com o silêncio.

No aguardo, atenciosamente

Valter Pomar”

sábado, 26 de abril de 2025

Pela "união, reconstrução e transformação" do Partido dos Trabalhadores

No dia 27 de abril fizemos uma reunião da direção nacional da AE para tratar do PED 2025. Além de questões organizativas, a reunião aprovou a seguinte resolução (sem revisão).

Pela "união, reconstrução e transformação" do Partido dos Trabalhadores

A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda, reunida no dia 27 de abril para debater o PED 2025, aprovou a seguinte resolução.

1/A evolução da situação mundial, continental e nacional segue colocando o Brasil diante de imensas ameaças e desafios. Parte vêm de fora, especialmente das ameaças que o governo dos EUA faz contra todo mundo que não aceita ser “quintal” do imperialismo. Parte dos desafios e ameaças vem de dentro, da extrema-direita, do neoliberalismo, do modelo baseado na primário-exportação e na especulação financeira.  

2/As ameaças e desafios vividos pelo Brasil podem ser enfrentados e superados, por quem esteja disposto a compreender que a crise mundial também abre imensas possibilidades. Materializar estas possibilidades depende do que façamos no governo federal, nos governos estaduais e municipais, nos mandatos parlamentares, nos movimentos sociais, nos sindicatos, nas organizações dos trabalhadores, das mulheres, dos indígenas, dos quilombolas, dos negros e negras, dos lgbt, de todos e de todas que são explorados e oprimidos. Para isso existe o Partido dos Trabalhadores. 

3/Mas para que o PT contribua na solução dos nossos desafios imediatos e históricos, nosso Partido precisa de “união, reconstrução e transformação”. Tanto no PT nacional, quanto no PT de cada estado e cidade de nosso país.

4/A maioria dos petistas percebe esta necessidade de “união, reconstrução e transformação”. Aliás, até mesmo Edinho Silva, o “candidato da situação”, tem feito nas últimas semanas um “discurso de oposição”, chegando ao cúmulo de criticar as filiações em massa que sua tendência sempre fez. Seria cômico, se não fosse trágico, ver um dos candidatos do grupo que se pretende maioria criticar o atual estado de coisas do Partido, como se não tivesse nada que ver com os problemas. Mas fazer "autocrítica pelos outros" está muito longe de ser o principal problema da candidatura Edinho Silva.

5/Os problemas organizativos do Partido são imensos. Mas sua origem é essencialmente política. Uma estratégia que abre mão do socialismo, abre mão de lutar pelo poder e absolutiza a ocupação de espaços institucionais é incompatível com a existência de um partido militante, com instâncias que funcionem, com presença organizada nos territórios, com atuação coletiva junto aos movimentos, com presença cotidiana junto ao povo. 

6/Por isso, o ponto de partida para superar nossos problemas organizativos é uma mudança na linha política do Partido. As posições políticas defendidas pelo “candidato da situação”, por exemplo sobre a polarização, sobre as alianças, sobre a política econômica e sobre o socialismo, vão no sentido oposto. Em nome de combater o fascismo, o que Edinho Silva propõe é converter o PT num partido de centro-esquerda. O resultado disto será agravar os problemas organizativos do Partido.

7/Talvez devido à péssima repercussão de suas opiniões políticas, nas últimas semanas Edinho Silva tem falado cada vez menos de política estrito senso e falado cada vez mais de organização. Mas fazer isso não resolve o problema já citado: não existe solução administrativa para problemas que são políticos. Sem falar no cinismo de criticar certos problemas organizativos, como se fossem obra do Espírito Santo. A tesouraria do Partido, por exemplo, é hegemonizada por um mesmo grupo desde 1995. O problema não é esta ou aquela pessoa, este ou aquele tesoureiro, o problema é da concepção que submete a formulação política ao controle da máquina.

8/A esse respeito da tesouraria e de outros temas ocorreu e segue ocorrendo uma disputa pública entre os integrantes da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB). Esta polêmica, desagradável e lamentável sob vários aspectos, teve pelo menos um aspecto positivo: demonstrou para quem tinha dúvida que a CNB não pode continuar mantendo o poder que tem hoje, poder que em parte deriva do controle da tesouraria desde 1995. Também por isso, é fundamental que o PED contribua para construir não apenas outra linha política, mas também outra maioria para dirigir o Partido. A militância da CNB é e  continuará sendo fundamental para o presente e futuro do Partido, mas o hegemonismo deste grupo cumpre um papel cada vez mais negativo.

9/Não é essa a opinião de vários setores da chamada esquerda do Partido que nas últimas semanas vem declarando seu apoio a Edinho Silva. É o caso da Resistência Socialista (RS), da Esquerda Popular Socialista (EPS), de setores dos Novos Rumos (NR) e do Socialismo em Construção (SoCo). Embora cada um destes grupos tenha seus motivos particulares, parece existir um traço comum: a disposição de estar junto do candidato supostamente apoiado por Lula. Compreendemos esta disposição, reforçada pelo fato do PED estar ocorrendo um ano antes da eleição de 2026. Compreendemos mas discordamos. Discordamos porque nossas chances de vitória em 2026 aumentarão muito se o Partido e o governo mudarem de linha política. Ademais, se não mudarmos de linha, nossa vitória em 2026 pode se dar em condições tais que não permitam um quarto mandato superior ao terceiro. O mais importante, entretanto, é que o Partido não pode virar correia de transmissão do governo. Em todos os momentos em que isto aconteceu, o resultado foi sempre o mesmo: a derrota.  Neste sentido, a política adotada neste PED confirma que alguns setores da chamada esquerda petista decidiram cruzar a linha vermelha; afinal, a prática é o critério da verdade: determinadas posições são contraditórias com a esquerda.

10/Com o objetivo de contribuir no debate dos problemas políticos e na formulação de propostas que permitam ao nosso Partido estar à altura dos desafios destes tempos de crises e de guerras, a tendência petista Articulação de Esquerda vem apresentando em todo o país chapas e candidaturas para disputar o PED 2025. Não temos a pretensão de conhecer todos os problemas e suas soluções; mas estamos seguros de que nossa participação no debate contribui positivamente para que o Partido construa coletivamente a estratégia mais adequada.

11/Nesse mesmo espírito, não apenas lançamos chapas e candidaturas da AE, como também estimulamos que o mesmo fosse feito por todas as tendências da chamada esquerda petista. E, onde existia base política para isso, participamos de iniciativas comuns, sempre tendo como norte contribuir no debate político, ampliar a representação da esquerda nas direções partidárias e eleger presidentes que não sejam da citada CNB. 

12/Ao mesmo tempo, trabalhamos para democratizar o processo eleitoral. Isso não é fácil de fazer, em primeiro lugar porque o sistema eleitoral partidário possui inúmeros defeitos de fabricação. Entre esses “defeitos”, o principal é não apenas permitir, mas inclusive estimular que as pessoas votem sem ter participado de nenhum debate, sem conhecer o conjunto das propostas em jogo. Além disso, há um estímulo para filiações em massa, não para fortalecer o  Partido, mas sim para ocupar espaços nas direções, fato que foi reconhecido publicamente pelo já citado “candidato da situação”. Ademais, há fraudes de todo o tipo no processo, inclusive a fabricação de resultados falsos.

13/Até o momento, o Diretório Nacional do PT, a secretaria nacional de organização e a Câmara de Recursos pouco ou nada fizeram no sentido de enfrentar esses problemas. Um exemplo disso é o fato da Câmara de Recursos ter rejeitado por um estrondoso 7 a 1 o recurso que apresentamos, em favor do recadastramento previsto pelo estatuto nos casos de filiação em volume excessivo. A votação já citada, 7 a 1, demonstrou que há uma enorme diferença entre o que falam e o que fazem determinados setores do Partido, quando se trata de combater as fraudes. Nesse mesmo sentido, registramos e repudiamos a resistência que setores do Partido vem adotando contra as urnas eletrônicas. O voto em papel facilita a fraude.

14/Outro obstáculo contra a democratização do PED é o abuso de poder. Até o momento, o Diretório Nacional do PT não tomou nenhuma providência em relação ao uso de um avião particular – não sabemos se propriedade pessoal de um milionário pessoa física ou propriedade de uma pessoa jurídica. Tampouco o DN tomou qualquer medida para investigar o fato comprovado de que o Diretório Municipal de Araraquara tem pago o impulsionamento da propaganda de Edinho Silva. Importante dizer que os valores são vultosos (salvo engano, mais de 150 mil reais) e se desconhece de onde eles vieram, antes de terem sido depositados na conta do DM para que este pudesse pagar o impulsionamento. É evidente, ademais, que a candidatura de Edinho Silva tem um estrutura profissional de comunicação, além de contar com um eficiente lobby junto à mídia comercial e um evidente empenho de pessoas que estão a frente de cargos em diferentes níveis de governo.

15/Repete-se no caso das infrações cometidas por Edinho Silva o mesmo modus operandi adotado por um setor do DN frente às atitudes de Washington Quaquá: mesmo diante de evidentes problemas, nada é feito. O que vai nos empurrando para um PED sem lei. Frente a isto, vários setores do Partido que são críticos à CNB preferem a cumplicidade, o silêncio ou resmungam pelos cantos. 

16/Sendo este o contexto, confirma-se o acerto de lançarmos nossa chapa “em tempos de guerra a esperança é vermelha” e a candidatura de Valter Pomar à presidência nacional do PT, assim como candidaturas presidenciais em vários estados (por exemplo no RS, MS, TO, SP e SE) e também em vários municípios. Em nossa opinião, há temas, debates e posicionamentos sobre os quais nosso posicionamento é singular e diferenciado. Dito de outra maneira, pelo menos até agora só nós estamos dispostos a enfatizar certas questões e por o dedo em determinadas feridas.

17/Diferente de alguns setores da chamada esquerda petista, não temos a expectativa de buscar o apoio de um setor da CNB contra outro setor da CNB. Nós da Articulação de Esquerda defendemos a necessidade de demarcar com as duas candidaturas oriundas da CNB, seja aquela de viés social-liberal, que defende ampliar as alianças com a direita gourmet; seja aquela de viés populista de direita, que defende alianças e aproximações com setores da extrema-direita. Por razões óbvias, os que apoiam Romênio Pereira e Rui Falcão tem dificuldade em fazer esta dupla demarcação, demarcação que nossa chapa "em tempos de guerra a esperança é vermelha" e a candidatura de Valter Pomar à presidência nacional seguirão fazendo. Queremos conquistar o apoio e receber o voto dos filiados que por enquanto têm referência na CNB, mas queremos conquistar este voto através do debate político acerca da necessidade de outra estratégia para o Partido.

18/Para além da disputa presidencial e num certo sentido mais importante, existe a disputa pela composição do novo Diretório Nacional do PT. É uma disputa muito difícil, inclusive devido ao já citado abuso de poder econômico e às filiações industriais realizadas em muitos estados e cidades. A disputa será ainda mais dura, se acontecer da CNB se apresentar dividida em âmbito nacional: nesse caso, é provável que cresça expressivamente o número de votantes, o que pode vir a ocorrer às custas da representação da esquerda partidária.

19/Se a esquerda quiser manter e inclusive ampliar nossa presença no Diretório Nacional e na Executiva Nacional, é muito importante lançar chapas e candidaturas em todos os níveis, inclusive nacional. Em particular nós da Articulação de Esquerda, que seguimos sendo uma corrente de opinião, cuja votação não depende dos aparatos, mas sim da influência conquistada no debate, nós não temos alternativa senão a de lançar o maior número possível de candidaturas e chapas. Afinal, quem não se apresenta, desaparece. 

20/Há um antídoto contra a participação em massa de filiados industriais: a participação em massa da Nação Petista. Há dezenas de milhares de filiados ao PT que seguem petistas mas deixaram de participar dos PEDs, entre outros motivos por desencanto com os rumos seguidos ultimamente por setores do Partido. É preciso convencer essas pessoas a virem participar do processo e votar nas posições de esquerda. Esse convencimento exige muito debate político, debate que deve ser o mais público e o mais massivo que pudermos. 

21/Conclamamos nossa militância a se engajar no PED: a eleição supostamente “interna” do PT incidirá sobre o futuro do governo e do Brasil. Os capitalistas sabem disso: o jornal O Estado de São Paulo, a Globo, a embaixada dos Estados Unidos, o capital financeiro e Ciro Nogueira têm suas preferências dentro do PT. A base do PT tem que ser chamada à participar, à votar nas candidaturas da esquerda, particularmente nas candidaturas e chapas da “em tempos de guerra, a esperança é vermelha”.

Viva o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras!


Roteiro da fala no lançamento em Campo Grande



No dia 26 de abril estive no lançamento das candidaturas de Elaine Becker à presidenta do PT de Campo Grande (MS) e de Humberto Amaducci à presidente do PT do Mato Grosso do Sul.
 
Preparei minha fala no avião (atenção Edinho: avião da Latam) mas ao chegar deixei no carro o computador com o roteiro dentro. Ainda bem, porque o roteiro pressuponha o dobro do tempo que efetivamente tive.

Seja como for, segue abaixo o que não foi planejado. O que foi efetivamente dito, acho eu, está disponível em alguma nuvem.

BD.
No dia 23 de abril, quarta, eu estava em São Mateus, uma cidade no norte do ES.
Pensei em falar algo sobre a Olga Benário.
Mas não falei. 
Depois fui para Vitória, Porto Alegre e hoje estou aqui na rua Filinto Muller.
Este horror de nome serve para lembrar que o fascismo não é um raio em céu azul.
O Brasil surgiu como colônia, portanto numa situação de dependência.
Dependência é exploração em dose dupla, porque supõe “dar lucro” para os dominantes daqui e para os de fora.
Naquele contexto, o recurso ao trabalho escravo foi uma consequência lógica, derivada dos objetivos da classe dominante.
A desigualdade brutal, por sua vez, exigia a mais dura repressão, violência cotidiana.
Uma violência física e a violência mental.
Durante muito tempo a esquerda brasileira reputava que a dependência, a exploração, a falta de liberdades, eram de responsabilidade do imperialismo, do latifúndio, dos políticos reacionários.
A culpa não era do capitalismo, mas da ausência dele, como disse uma vez o Prestes.
O mundo e o Brasil mudaram muito, mas tem gente que continua pensando a mesma coisa.
E por pensar assim, fica dando nó em pingo dágua: buscando aliados na classe dominante, como o objetivo de encontrar soluções capitalistas para os problemas criados pelo capitalismo.
Queremos resolver estes problemas.
E defendemos a necessidade de alianças.
Mas a verdade é que só a classe trabalhadora é capaz de superar a dependência e a desigualdade.
Só a classe trabalhadora tem interesse real nas liberdades democráticas.
Portanto, só a classe trabalhadora é realmente interessada no desenvolvimento.
E as alianças têm que levar isto em consideração.
Quando surgiu, o PT foi uma novidade por vários motivos.
Um dos motivos é que se diferenciou do que então pensavam os Partidos Comunistas acerca do capitalismo e do socialismo no Brasil.
Hoje, curiosamente, os setores mais críticos ao comunismo dentro do PT são exatamente os que mais copiam a estratégia dos antigos partidos comunistas.
Nossa batalha dentro do PT é árdua, entre outros motivos porque a classe dominante tem interesse num PT domesticado.
Veja o caso do Edinho.
Avião, 156 mil de impulsionamento, Jovem Pan, Globo News, até o Estadão declarou apoio,
Nâo porque gostem do PT.
Mas porque querem um PT fraco, submisso.
Nossa batalha dentro do PT é árdua, também, porque as regras do jogo não nos favorecem.
As regras permitem que votem pessoas que não participaram de nenhum debate,
Permitem, também, que vote quem se filiou apenas para votar.
340 mil novos filiados.
Infelizmente, na Câmara de Recursos não passou o recadastramento que propusemos. A DS, o Movimento PT, a Resistência Socialista, votaram contra o recadastramento que nós propusemos.
Aliás, é incrível: até o Edinho esteja atacando as filiações sem critério; mas na hora de fazer algo a respeito, sempre a promessa vir-a-fazer-alguma-coisa-depois.
E esse é o terceiro motivo pelo qual nossa batalha é árdua. 
Uma parte da esquerda vai cansando, vai se adaptando, vai mudando de lado.
Aliás, é bom lembrar que tanto Edinho quanto Quaquá estiveram, no passado, muito à esquerda de onde estão hoje.
Mas deixemos de lado estes dois personagens, falemos da Nação Petista.
Muitos integrantes da Nação Petista desistiram de “dar murro em ponta de faca”, foram se afastando da militância.
Vou explicar por quais motivos não passa pela minha cabeça fazer algo assim, mesmo que as vezes dê um cansaço e um desânimo muito grande.
Primeiro motivo é que eu se eu parasse de militar e me dedicasse única e exclusivamente a trabalhar e viver, eu teria uma vida muito tranquila. Mas isto implicaria em não olhar para trás nem olhar para os lados. Não olhar para trás, ou seja, não olhar para quem permitiu que eu chegasse até aqui. E não olhar para os lados, não olhar para como vive a maioria da população brasileira, por causa do capitalismo.
Segundo motivo é porque eu adoro ficção científica, sou apaixonado pela ideia de que algum dia a humanidade estará povoando os planetas do Sistema Solar e além. Mas para isso é preciso que exista humanidade. E o futuro da humanidade está ameaçado. E o nome da maior ameaça é capitalismo.
Em terceiro lugar porque acredito que podemos vencer. E se vencermos, além de podermos começar a resolver os nossos problemas, o Brasil poderá dar uma contribuição imensa para resolver os problemas que o mundo atravessa hoje.
Mas para vencermos é preciso falar de capitalismo, de socialismo, de luta de classes, de poder para a classe trabalhador, de reformas etc. E é preciso que dezenas de milhões de pessoas falem disso. E, principalmentente, é preciso que atuem na prática movidos por esta perspectiva.
É preciso um partido como o PT, do lado certo da história. Por isso nosso “plano” é trabalhar pela “reconstrução e transformação” do Partido.
Na política, precisamos voltar não apenas a falar mas também a lutar de verdade por mudanças estruturais como a reforma agrária e a urbana, pela democratização da comunicação social, pela revogação das contrarreformas trabalhista e previdenciária, por um Banco Central a serviço do povo e não a serviço da especulação, pela industrialização do Brasil, pela soberania alimentar, energética, produtiva, ambiental, científico tecnológica. 
O PT precisa voltar a falar e a lutar pelo socialismo, precisa voltar a ser um partido militante, com atuação nos anos pares mas também nos anos ímpares, presente de forma organizada nas lutas cotidianas do povo brasileiro, atuante no debate ideológico acerca do futuro do Brasil e do mundo, defensor das grandes bandeiras do povo brasileiro, da classe trabalhadora urbana e rural, dos pequenos proprietários, dos negros e negras, dos quilombolas, dos indígenas, das mulheres, dos lgbt, da esquerda, do socialismo. 
Nada disso vai acontecer da noite para o dia. O PT vai precisar de uma fisioterapia política e organizativa, para lembrar como praticar certas ideias. Mas certamente a eleição de um presidente e de um diretório nacional de esquerda serão um passo importante nesse sentido.
Um dos maiores desafios do PT é recuperar o apoio organizado e consciente da maioria da classe trabalhadora brasileira. Veja o que aconteceu nas eleições 2022: se somarmos os votos dados ao cavernícola, com os votos nem-nem, vamos constatar que a maioria da classe trabalhadora não votou no PT. Pior ainda: o número de trabalhadores filiados a sindicatos é muito menor do que o número de trabalhadores que votam em nós. Ao mesmo tempo e de outro lado, a direita vem ocupando territórios, ganhando corações e mentes. É preciso mudar isto: a maioria da classe trabalhadora precisa ser ganha para as posições da esquerda, precisa se organizar, precisa se mobilizar em defesa de seus interesses, precisa se libertar das ideias e da influência da direita gourmet e da extrema-direita.
Outro desafio é compreender o tamanho da mudança que está em curso no mundo. Desde a crise de 2008 até hoje, vivemos uma crise sistêmica: ambiental, econômica, social, política, militar, ideológica. A depender da resposta que nós dermos à esta crise, o Brasil terá na melhor das hipóteses um grande passado pela frente. Mas se dermos a resposta certa, podemos mudar o lugar do Brasil no mundo e mudar profundamente a sociedade brasileira. A janela está aberta, mas o tempo corre contra nós. Se o PT fizer a escolha certa, aumentarão muito as chances de termos um futuro feliz para a maioria do povo brasileiro: soberania, desenvolvimento, bem-estar, democracia. E socialismo.
No PT existem divergências desde 1980. E vão continuar a existindo: partido sem divergências é partido morto. 
Mas na minha opinião é preciso encerrar um longo ciclo, que começou em 1995. É hora de abrir um novo ciclo, em que a CNB enquanto tendência deixe de ser hegemônica como é hoje. Mas para isso é preciso começar derrotando, no processo de eleição direta das direções (PED) de 6 de julho as posições expressas pelos dois pré-candidatos vinculados a esta tendência. 
Ou seja, precisamos derrotar tanto as posições social-liberais, que acham possível conciliar com o neoliberalismo; quanto precisamos derrotar o social-populismo, que acha possível conciliar com o neofascismo. É preciso também que o próximo tesoureiro do PT não seja da CNB. Isto fará bem para eles mesmos, que se habituaram com este lugar, o que criou deformações muito sérias. Nestes tempos de crise, de guerra e de ameaças neofascistas em que vivemos, é hora da chamada “esquerda petista” assumir a hegemonia. 
A imensa maioria da base do PT está junto da população. Os militantes estão nas periferias, estão entre os trabalhadores, nas empresas, nas escolas, nos bairros, nos espaços de lazer. O problema não é o PT, o problema não é a base do PT, o problema está nas direções do Partido, que não coordenam o trabalho de base. Sou da direção do PT há bastante tempo e posso contar nos dedos as vezes em que dedicamos alguma reunião para debater temas como organização de base e luta social. Isso tem que mudar. O PT deve continuar disputando eleições, precisamos ter mais mandatos de prefeitos e governadores, precisamos de mais vereadores, deputados e senadores. Precisamos vencer em 2026, em 2030 e depois. Mas nada disso será possível, se não recuperarmos presença organizada nos territórios, se não voltarmos a ser um partido presente no cotidiano da classe trabalhadora. 
Outro passo importante nesse sentido é fazer o governo Lula superar seus problemas.
O governo Lula é ele e suas circunstâncias. A principal destas circunstâncias é o cerco imposto por um Congresso majoritariamente de direita, que expressa os pontos de vista do agronegócio, do capital financeiro e do imperialismo. Para acabar com este cerco é necessário, entre muitas outras coisas, eleger um Congresso de esquerda. Mas para isso seria necessário fazer uma reforma política-eleitoral, o que este Congresso nunca vai aprovar. Por conta disto, uma parte do governo e uma parte da esquerda acham que a única alternativa é fazer péssimos acordos, ceder, transigir, capitular. O resultado disto são os Liras da vida, as emendas impositivas, a ameaça de uma anistia para os golpistas et caterva.
Para romper este círculo vicioso é necessário mais disputa política e muita mobilização social, pressão de baixo para cima e de fora para dentro das chamadas instituições. O governo precisa ousar mais, enfrentar mais, disputar mais. Em geral é melhor uma boa disputa do que um péssimo acordo. E o Partido precisa apostar tudo na organização e mobilização da sociedade, ajudando a criar as condições para derrotar este Congresso de direita e, também, criando condições melhores para o funcionamento geral do governo.
Além disso, o Partido precisa incidir mais nas políticas do governo como um todo. Tem ministros que nunca deviam ter entrado, como o da Defesa. E a política econômica precisa se libertar do arcabouço em que nos metemos.
 


Entrevista à CNN: a opinião dos cinco candidatos



A CNN publicou um texto sobre o PED.

O texto está aqui: Quem são os cinco candidatos à presidência do PT e o que defendem cada um

Seguem abaixo as perguntas (em negrito) feitas pela jornalista Alice Groth e as respostas que dei.

1/Quais os seus planos à frente da presidência do PT?

O plano número 1 é acabar com o presidencialismo no PT. 

Brincadeiras à parte, o fato é que convivem dentro do PT duas tradições concorrentes acerca do papel de quem assume a presidência do Partido. Há os defensores do modelo vigente nos partidos tradicionais, segundo o qual eleger um presidente do PT equivale a eleger um presidente da República. Neste modelo, o presidente deveria ter poderes superiores aos do conjunto da direção do Partido. É por isso, aliás, que um dos pré-candidatos à presidência acha que ele poderá escolher o tesoureiro do Partido, como pode no passado, quando foi prefeito, escolher o secretário de finanças.

De outro lado, existimos nós que somos defensores da tradição de esquerda, segundo a qual a direção do Partido deve ter funcionamento coletivo, cabendo ao presidente ser porta-voz e coordenador deste coletivo.

Isto posto, nosso “plano” é trabalhar pela “reconstrução e transformação” do Partido.

Na política, precisamos voltar não apenas a falar mas também a lutar de verdade por mudanças estruturais como a reforma agrária e a urbana, pela democratização da comunicação social, pela revogação das contrarreformas trabalhista e previdenciária, por um Banco Central a serviço do povo e não a serviço da especulação, pela industrialização do Brasil, pela soberania alimentar, energética, produtiva, ambiental, científico tecnológica. 

O PT precisa voltar a falar e a lutar pelo socialismo, precisa voltar a ser um partido militante, com atuação nos anos pares mas também nos anos ímpares, presente de forma organizada nas lutas cotidianas do povo brasileiro, atuante no debate ideológico acerca do futuro do Brasil e do mundo, defensor das grandes bandeiras do povo brasileiro, da classe trabalhadora urbana e rural, dos pequenos proprietários, dos negros e negras, dos quilombolas, dos indígenas, das mulheres, dos lgbt, da esquerda, do socialismo. 

Nada disso vai acontecer da noite para o dia. O PT vai precisar de uma fisioterapia política e organizativa, para lembrar como praticar certas ideias. Mas certamente a eleição de um presidente e de um diretório nacional de esquerda serão um passo importante nesse sentido.

2- Se o senhor for presidente, como pode ajudar o governo do presidente Lula?

O governo Lula é ele e suas circunstâncias. A principal destas circunstâncias é o cerco imposto por um Congresso majoritariamente de direita, que expressa os pontos de vista do agronegócio, do capital financeiro e do imperialismo. Para acabar com este cerco é necessário, entre muitas outras coisas, eleger um Congresso de esquerda. Mas para isso seria necessário fazer uma reforma política-eleitoral, o que este Congresso nunca vai aprovar. Por conta disto, uma parte do governo e uma parte da esquerda acham que a única alternativa é fazer péssimos acordos, ceder, transigir,capitular. O resultado disto são os Liras da vida, as emendas impositivas, a ameaça de uma anistia para os golpistas et caterva.

Para romper este círculo vicioso é necessário mais disputa política e muita mobilização social, pressão de baixo para cima e de fora para dentro das chamadas instituições. O governo precisa ousar mais, enfrentar mais, disputar mais. Em geral é melhor uma boa disputa do que um péssimo acordo. E o Partido precisa apostar tudo na organização e mobilização da sociedade, ajudando a criar as condições para derrotar este Congresso de direita e, também, criando condições melhores para o funcionamento geral do governo.

Além disso, o Partido precisa incidir mais nas políticas do governo como um todo. Tem ministros que nunca deviam ter entrado, como o da Defesa. E a política econômica precisa se libertar do arcabouço em que nos metemos. Se eu for eleito presidente, significa que o Partido escolheu fazer um giro à esquerda, escolheu fazer isso que falei antes. Agora, quem está satisfeito como as coisas como estão, quem acha que não corremos grandes riscos em 2026, obviamente tem outras opções em quem votar.

3- Quais os maiores desafios do partido hoje?

Eu vou citar dois desafios. O primeiro é recuperar o apoio organizado e consciente da maioria da classe trabalhadora brasileira. 

Veja o que aconteceu nas eleições 2022: se somarmos os votos dados ao cavernícola, com os votos nem-nem, vamos constatar que a maioria da classe trabalhadora não votou no PT. Pior ainda: o número de trabalhadores filiados a sindicatos é muito menor do que o número de trabalhadores que votam em nós. AO mesmo tempo e de outro lado, a direita vem ocupando territórios, ganhando corações e mentes. É preciso mudar isto: a maioria da classe trabalhadora precisa ser ganha para as posições da esquerda, precisa se organizar, precisa se mobilizar em defesa de seus interesses, precisa se libertar das ideias e da influência da direita gourmet e da extrema-direita.

O segundo desafio é compreender o tamanho da mudança que está em curso no mundo. Desde a crise de 2008 até hoje, vivemos uma crise sistêmica: ambiental, econômica, social, política, militar, ideológica. A depender da resposta que nós dermos à esta crise, o Brasil terá na melhor das hipóteses um grande passado pela frente. Mas se dermos a resposta certa, podemos mudar o lugar do Brasil no mundo e mudar profundamente a sociedade brasileira. A janela está aberta, mas o tempo corre contra nós. Se o PT fizer a escolha certa, aumentarão muito as chances de termos um futuro feliz para a maioria do povo brasileiro: soberania, desenvolvimento, bem-estar, democracia. E socialismo.

4- Qual a sua opinião sobre o racha interno dentro do partido?

Não existe um racha no Partido. No PT existem divergências desde 1980. E vão continuar a existindo: partido sem divergências é partido morto. Agora, é verdade que existe um “racha” na tendência denominada “Construindo um novo Brasil”. A briga é tão grande que um amigo, membro desta tendência, diz que o nome mudou para “construindo uma nova briga”. Feita a provocação, deixa eu dizer o seguinte: as pessoas que integram esta tendência são e vão continuar sendo muito importantes para o PT, absolutamente insubstituíveis. Mas na minha opinião é preciso encerrar um longo ciclo, que começou em 1995. É hora de abrir um novo ciclo, em que a CNB enquanto tendência deixe de ser hegemônica como é hoje. Mas para isso é preciso começar derrotando, no processo de eleição direta das direções (PED) de 6 de julho as posições expressas pelos dois pré-candidatos vinculados a esta tendência. Ou seja, precisamos derrotar tanto as posições social-liberais, que acham possível conciliar com o neoliberalismo; quanto precisamos derrotar o social-populismo, que acha possível conciliar com o neofascismo. É preciso também que o próximo tesoureiro do PT não seja da CNB. Isto fará bem para eles mesmos, que se habituaram com este lugar, o que criou deformações muito sérias. Nestes tempos de crise, de guerra e de ameaças neofascistas em que vivemos, é hora da chamada “esquerda petista” assumir a hegemonia. E, se depender de mim, hegemonia na política, mas sem controlar a tesouraria. É preciso recolocar a política no comando, não o dinheiro.

5- Se o senhor vencer as eleições, o PT reforçará a presença junto à população, especialmente nas periferias e entre os trabalhadores, como tem cobrado o presidente Lula?

Então, aqui tem que explicar o seguinte: a imensa maioria da base do PT está junto da população. Os militantes estão nas periferias, estão entre os trabalhadores, nas empresas, nas escolas, nos bairros, nos espaços de lazer. O problema não é o PT, o problema não é a base do PT, o problema está nas direções do Partido, que não coordenam o trabalho de base. Sou da direção do PT há bastante tempo e posso contar nos dedos as vezes em que dedicamos alguma reunião para debater temas como organização de base e luta social. Isso tem que mudar. O PT deve continuar disputando eleições, precisamos ter mais mandatos de prefeitos e governadores, precisamos de mais vereadores, deputados e senadores. Precisamos vencer em 2026, em 2030 e depois. Mas nada disso será possível, se não recuperarmos presença organizada nos territórios, se não voltarmos a ser um partido presente no cotidiano da classe trabalhadora. Aliás, se for por esse motivo, melhor então o Lula votar em nós. Não se arrependerá.


sexta-feira, 25 de abril de 2025

“Finalmente Edinho se explicou”

O título deste texto será utilizado sem aspas quando Edinho explicar:

-por qual motivo o Diretório do PT de Araraquara está pagando o impulsionamento de campanha de Edinho?

-se é verdade que o Diretório já teria gasto mais de 156 mil reais neste impulsionamento?

-seja qual for o valor efetivamente gasto, de onde veio o dinheiro? Foi do mesmo filiado que é dono do “aviãozinho” que Edinho admitiu ter usado para fazer campanha? 

Tendo em vista a ênfase que Edinho supostamente concede às boas práticas na tesouraria do Partido, ele certamente vai explicar tudo isso.

Espero que ele o faça ao Partido, não na Jovem Pan, Globo News, Estadão ou veículos similares que tão generosos têm sido para com o autodeclarado amigo do Ciro Nogueira.




segunda-feira, 21 de abril de 2025

Que viva Francisco!


 Há pessoas que são gigantes, Quixotes que permanecerão sempre jovens na memória dos que lutam por uma vida melhor para a humanidade! E que viva Francisco: duvido que se encontre um Papa mais simpático!

domingo, 20 de abril de 2025

A perigosa nova trazida pelo pastor Oliver Goiano

No dia 20 de abril a UOL publicou uma entrevista com o pastor Oliver Costa Goiano, apresentado como coordenador do Núcleo Nacional dos Evangélicos do PT.

Quem quiser pode conferir aqui: PT depende da igreja evangélica, diz pastor Oliver Costa Goiano

A entrevista é bem interessante e o pastor defende algumas posições com as quais estou de acordo.

Mas, ao mesmo tempo, é uma entrevista deveras assustadora, ao menos para mim que defendo que o PT continue sendo laico e que continue lutando por um Estado também laico.

Evidentemente, não tenho certeza se o que foi publicado foi efetivamente dito. Feita essa ressalva, comento a seguir a entrevista, tomando como fio da meada a ordem em que as afirmações aparecem na publicação e me concentrando nas divergências.

Começo concordando com o pastor no seguinte: também acho um “erro quando a esquerda zomba dos cultos evangélicos”. As crenças religiosas devem ser respeitadas. Mas por isso mesmo acho um equívoco defender que “Lula precisa ter fotos com os pastores com a mão na cabeça dele”. Na minha opinião, este tipo de postura facilmente se transforma em manipulação política, uma forma de desrespeito.

Além disso, “tirar foto com pastor, fazer vídeo com pastor”, “levar o presidente Lula a igrejas e aos cultos” não funcionou no passado, por qual motivo funcionaria agora? 

Me parece que a ideia que está por detrás deste tipo de proposta é a clássica “se não pode vencê-los, una-se a eles”. O problema deste caminho é, ao meu ver, duplo: primeiro, nós deixarmos de ser o que ainda somos, ou seja, um partido laico; segundo, os evangélicos preferirem o original do que a cópia. 

O pastor Oliver afirma que “oramos a Deus para que o novo presidente do PT, seja lá qual for, dê protagonismo ao núcleo evangélico do PT”. Mas provando que além de orar é preciso também vigiar, Oliver diz que "o PT não precisa ir mais para a esquerda”. Como se vê, como todo bom pastor, Oliver tem lado.  

Lado e uma interpretação bem weberiana acerca da ética de certos protestantes. Segundo o pastor, “a Universal tem deputados muito importantes para nós. O bispo Edir Macedo precisa muito da ajuda do presidente com os negócios dele na África. O governo Lula fez relações sul-sul muito importantes. A Universal não deve aderir de novo ao bolsonarismo”.

Segundo entendi, o pastor propõe seduzir Edir Macedo através dos negócios. Sem entrar em outras considerações, fazer isso seria repetir o erro que adotamos em relação as Forças Armadas durante o período 2003-2016: achar que atendendo suas demandas econômicas, ganharíamos seu apoio político. 

Aliás, se a memória não me trai, acho que cometemos o mesmo erro em relação ao Edir Macedo. O resultado foi: eles se fortaleceram, nós não.

A parte mais problemática da entrevista, na minha opinião, é quando o pastor fala que “o futuro de qualquer sociedade depende do grupo mais organizado. Não existe no Brasil uma instituição mais poderosa do que a igreja evangélica. Ela se tornou esse fenômeno cultural ao chegar a todas as classes sociais. O futuro do PT também depende das igrejas evangélicas”.

O crescimento da influência evangélica é um fato. Que são um grupo organizado é outro fato. Não sei se são a "instituição mais poderosa" e "organizada" do país. Mas é verdade que alguns pastores e os donos de certas igrejas querem decidir o futuro do Brasil. A pergunta é: vamos aceitar isso? Vamos concordar, vamos tolerar que o futuro do Brasil "dependa" de uma igreja? 

Este raciocínio do pastor – que, repito, pode ter sido em alguma medida alterado pela edição jornalística - é não apenas contraditório, mas também antagônico com a concepção que o PT sempre defendeu, acerca da laicidade do Estado. Não é possível um Estado laico, nem um partido laico, ali onde o futuro depende de uma igreja, de uma religião, seja ela qual for.

Paradoxalmente, o mesmo pastor que fala isso, também defende que “o PT precisa voltar às suas origens lembrando que o nosso debate é econômico". Mas o pastor fala que nosso debate "é econômico" apenas quando está tentando demarcar com o que ele chama de pauta identitária. 

Evidentemente, não faz o menor sentido defender o respeito e a importância das religiões – ponto em que estou totalmente de acordo com o pastor – e ao mesmo tempo dizer que “nosso debate é econômico”.

Mas para além disso, não é verdade que o debate do PT ou de qualquer partido socialista deva ser “econômico”, ao menos no sentido vulgar desta palavra. Nosso debate é sistêmico, é global, é integral,  nada do que é humano nos é estranho, incluindo estas interessantes invenções da humanidade: as religiões e os deuses.

O próprio pastor demonstra que nosso debate não é “econômico” quando ele próprio dá as suas opiniões – enquanto “pastor petista” – acerca das “crianças trans”, quando diz que o “aborto é um assassinato”, quando se posiciona “contra a legalização das drogas”, quando defende a fusão entre a ação da polícia e dos pastores.

Nada disso é "econômico".

Cada um destes temas citados pelo pastor merece um debate decente, o que não foi possível nem na entrevista, muito menos nesse comentário que estou fazendo. Apenas registro que nesse quesito a postura do pastor não se diferencia da postura da direita que hegemoniza as igrejas evangélicas. Não se diferencia no mérito e, principalmente, não se diferencia na embocadura: no fundo eles, pastor inclusive, querem um Estado meio evangélico

A novidade que o pastor nos traz é que ele também quer um partido meio evangélico.

Espero que as orações do pastor não sejam atendidas por quem vai votar no PED. E espero que as lideranças laicas do PT se pronunciem a respeito. Pois o silêncio oportunista de quem não concorda com um absurdo é as vezes muito mais grave do que o absurdo em si.

Voto em celular seria pior que um crime

No dia 19 de abril a Folha publicou uma notinha segundo a qual "o PT avalia o uso de um aplicativo de celular para fazer a votação do PED".

Reproduzo ao final a íntegra da tal notinha.

A afirmação não tem fonte. Mas já ouvi esta ideia ser defendida por um dos entusiastas da campanha do Edinho.

Sendo assim, antecipo aqui a minha posição: mudar o sistema de votação na véspera do pleito é pior que um crime, é um erro.

Não vou aqui elencar o número de problemas que podem advir de um sistema de votação feito por aplicativo, desde hackeamento até fraude em massa. Tampouco vou lembrar dos riscos de adoção de uma novidade de última hora (quem lembra da Operação Tabajara, acontecida no PED de 2001??).

Me limito a dizer: não se pode mudar as regras no meio do jogo. ]

Noutro PED, com preparação adequada, com regras votadas com antecedência, podemos discutir alternativas. Mas agora, no afogadilho, nem pensar. Melhor mesmo é garantir as urnas eletrônicas, medida útil para reduzir a fraude.

As diretrizes iniciais do PED estão aqui: PED 2025: Diretório Nacional do PT aprova Resolução de Calendário e Diretrizes | Partido dos Trabalhadores

E as regras estão aqui: REGULAMENTO PED 2025

Aliás, por falar em regras, quero lembrar que o item "a" do artigo 15 do regulamento diz o seguinte: "Será instaurado processo disciplinar contra filiados e filiadas envolvidos em casos de abuso de poder político, econômico ou ingerência indevida de governos ou mandatos de outras siglas em qualquer etapa do PED".

O impulsionamento de propaganda de uma candidatura (a de Edinho Silva), com dezenas de milhares de reais pagos pelo PT, é claramente um caso de abuso de poder econômico.

Registro que, segundo a Meta, pode chegar a mais de 150 mil reais.

Como é óbvio, não se trata propriamente de dinheiro do Partido. Assim como avião particular usado por Edinho para deslocamento entre agendas não é propriamente empréstimo de um filiado. 

Espero que o companheiro Humberto Costa, nosso presidente nacional, faça ver aos irresponsáveis que por este caminho não vamos chegar a bom porto.


Segue a notinha citada:

PT pede urnas eletrônicas ao TSE e analisa voto por celular em eleição do partido | Política Livre

O PT solicitou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o empréstimo de urnas eletrônicas para a realização da eleição interna para escolher o presidente do partido, em julho.

O presidente interino da legenda, senador Humberto Costa (PE), e a tesoureira, Gleide Andrade, se reuniram no final de março com a presidente da corte, ministra Cármen Lúcia. O tribunal ainda não deu resposta sobre a solicitação.

O partido avalia também outros métodos de votação. Um dele é o modelo seguido pela seção paulista da OAB no ano passado, em que a eleição foi feita por um aplicativo próprio de celular.

A expectativa é de que entre 200 mil e 300 mil petistas participem da eleição, em cerca de 3.000 municípios.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Edinho certamente não disse isso

A Folha de S. Paulo publicou hoje uma declaração atribuída ao Edinho Silva.

Segundo tal declaração, Edinho seguirá as regras depois que formalizar sua candidatura.

Não acredito que Edinho tenha dito tal coisa.

Edinho já foi prefeito, já foi parlamentar, já foi ministro, já foi tesoureiro de campanha presidencial.

Quem já foi tudo isto sabe muito bem que abuso de poder econômico não rima com um partido de trabalhadores.

Ademais, não dá para exigir transparência da tesouraria do Partido e não ter transparência em sua própria campanha.

Por exemplo: quem está pagando a propaganda de Edinho nas redes sociais?

Segundo a empresa Meta, seria o Diretório Municipal do PT de Araraquara.

É isso mesmo? Ser for, de onde veio o dinheiro? De onde vieram as dezenas de milhares de reais gastos até agora?

De militantes? Ou doação de algum amigo rico, como aquele que emprestou o avião onde Edinho se deslocou numa agenda de campanha?

O PT passou poucas e boas, no passado recente, por conta de atitudes e práticas desse tipo.

Por tudo isso, acho que a Folha atribuiu ou entendeu errado as declarações de Edinho.




Ou então Edinho se enganou, assim como parece ter se enganado ao dizer que o avião privado no qual ele se deslocou teria sido emprestado por um filiado ao PT de Tocantins.

Segundo a imprensa, o filiado-que-tem-um-avião-mas-que-não-é-jatinho seria filiado no PT do Mato Grosso, não de Tocantins. A saber: Carlos Augustin, da Petrovina Sementes, que dizem ser uma das maiores produtoras de sementes de soja do Brasil. 

Mais detalhes aqui: https://petrovinasementes.com.br/presidente-e-fundador-da-petrovina-sementes-e-destaque-no-canal-rural/

Isto, é claro, se isto for verdade. Mas pode não ser. Vai saber.

terça-feira, 15 de abril de 2025

Revelação de Edinho Silva na Jovem Pan




CQD, devemos ouvir a Jovem Pan.

Em geral para acompanhar o discurso de um setor da direita.

Nesse caso, para ter uma resposta do Edinho acerca do jatinho.

A pergunta foi feita no dia 8 de abril e pode ser lida aqui:

https://valterpomar.blogspot.com/2025/04/edinho-foi-de-jatinho-se-foi-quem-pagou.html?m=0

A resposta foi dada no dia 14 de abril e pode ser lida aqui:

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2025/04/candidato-a-presidente-do-pt-diz-que-produtor-rural-emprestou-aviao-para-viagem.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa

Para quem não é assinante, copio e colo abaixo o texto da Folha.

Segundo este texto, Edinho explico que não seria um jato, mas um avião. 

(Na fotografia posta no início desta postagem tem um jato, no caso um modelo Dassault Falcon 7X.)

Edinho disse ser um avião de um "filiado ao PT" que seria "produtor rural de Palmas". Edinho não quis revelar o nome do filiado, mas disse que "os militantes do PT do Mato Grosso sabem quem ele é". 

(Curioso: o cara é de Palmas Tocantins, mas quem o conhece são "os militantes" do PT do Mato Grosso. Trechos estão no vídeo abaixo.)




Edinho disse também que "não tem nada que se justifique para tentar fazer disso um debate público".

Discordo de Edinho. Se alguns candidatos viajam de jatinho e outros de ônibus, há uma séria desigualdade. Se o jatinho foi emprestado por um filiado-que-é-produtor-rural-e-cujo-nome-não-pode-ser-revelado, há um sério problema. E se é necessário explicar isso para quem já foi tesoureiro de campanha presidencial, então temos um enorme problema.

Reitero que o Diretório Nacional do PT tem que normatizar a questão. E Edinho poderia depositar, na conta do Partido, para ser redistribuído aos demais candidatos, o dinheiro que ele economizou graças ao filiado produtor rural de Palmas.

Segue o texto da Folha, copiado e colado:

Candidato a presidente do PT diz que produtor rural emprestou avião para viagem

Candidato da principal corrente do PT à presidência do partido, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva confirmou ter usado um avião particular, cedido por um apoiador, para um deslocamento na campanha interna.

Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, nesta segunda-feira (14), ele disse que um produtor rural filiado ao PT emprestou seu avião para que ele se deslocasse de Palmas (TO) para Cuiabá (MT) em 5 de abril, por falta de voos de carreira. Disse que a aeronave não é um jato, no entanto.

"De Palmas a Cuiabá de fato tem um filiado do PT, que é um produtor rural de Palmas, ele não tem um jato, longe disso. Ele mandou um avião me buscar, porque senão eu não faria Palmas a Cuiabá", declarou.

Edinho não quis revelar quem é o apoiador. "Os militantes do PT do Mato Grosso sabem quem ele é".

O tema vem gerando polêmica no partido desde que Valter Pomar, que também é candidato a presidente do PT, levantou questionamentos sobre a estrutura de campanha de Edinho e o possível uso de jatos para deslocamentos.

O ex-prefeito afirma que em geral vem usando voos de carreira para as viagens, custeados por apoiadores. "Eu tenho usado avião de carreira e pago passagem com apoio de filiados", declarou.

Segundo ele, é legítimo e necessário que os candidatos viajem pelo país. "Estamos num período de pré-campanha. Você tem que conversar com os filiados do PT, com a militância. Não tem nada que se justifique para tentar fazer disso um debate público", afirmou.

Edinho é candidato da tendência Construindo um Novo Brasil e é o favorito para a eleição interna, com voto direto dos filiados, marcada para julho.

Na semana passada, o PT aprovou a concessão de dez passagens aéreas para candidatos a presidente do partido durante a campanha interna. Mas não há regra sobre outros gastos eleitorais.


Pergunta ao companheiro Edinho

Companheiro Edinho

Peço tua atenção para o relatório que segue abaixo.

Não é de minha autoria, mas de um militante petista que pesquisou a respeito.

Segundo tal relatório, baseado nos dados da Meta, o Diretório Municipal do PT de Araraquara teria patrocinado o total de R$ 156.370,00 em anúncios para as páginas de sua pré-candidatura a presidente nacional do PT.

Tal afirmação procede? O valor é esse mesmo?

Não faço a pergunta ao PT de Araraquara, por razões óbvias: os anúncios patrocinados são seus e você, que preza tanto pela transparência na tesouraria partidária, certamente é quem melhor saberá responder a pergunta.

Aproveito para reiterar a pergunta que fiz, anteriormente, sobre o tema jatinho: você utilizou um jatinho para fazer deslocamentos em sua campanha? Em caso positivo, quem pagou?

Faço estas perguntas para, entre outras coisas, saber que providências devo tomar para garantir um mínimo de isonomia material no PED.

No aguardo de sua resposta, atenciosamente, saudações petistas

Valter Pomar

ps. envio abaixo prints do referido relatório, mas caso queira o arquivo é só solicitar que envio




















segunda-feira, 14 de abril de 2025

Equador: notas dissonantes



Recomendo ler as três notas abaixo, todas assinadas por petistas. Uma nota é firme. Outra não diz nada com nada. E a terceira é no mínimo curiosa, tendo em vista a posição anterior sobre a Venezuela. 

A companheira Monica Valente, secretaria executiva do Foro de São Paulo, divulgou a seguinte nota sobre a eleição do Equador:

La Secretaría Ejecutiva del Foro de São Paulo expresa su total apoyo a la compañera Luisa González y a los partidos y movimientos que la apoyaron.

Los indicios de fraude en el proceso electoral, especialmente durante el escrutinio, son muy fuertes y consistentes.

No solamente eso, como también el menosprecio con la Constitución por parte del presidente candidato, que debería haber licenciado de sus funciones, pasando por el decreto de estado de excepción en las provincias en las que Luisa González había ganado en la primera vuelta, la reasignación de 18 recintos electorales, la violencia simbólica de la militarización ostensiva y evidente en todo el país durante todo el proceso.

Apoyamos la demanda para abrir las urnas y recontar los votos, y que se investiguen todas las inconsistencias presentadas, garantizando el respeto a la voluntad del pueblo ecuatoriano y la soberanía popular.

Asimismo, saludamos a la querida Luisa González por su liderazgo firme y su compromiso inquebrantable con el pueblo.

Monica Valente, Secretaria Ejecutiva do Foro de São Paulo

São Paulo, 14 de abril de 2025.


A executiva nacional do Partido dos Trabalhadores, por sua vez, soltou a seguinte nota:

Saudamos o povo equatoriano pela importante participação no processo eleitoral realizado neste domingo (13), demonstrando resiliência em meio aos desafios enfrentados pelo país. No entanto, é essencial que todo processo eleitoral seja conduzido com máxima transparência e clareza, pilares indispensáveis de qualquer democracia legítima.

Manifestamos preocupação diante de fortes indícios que levantam questionamentos sobre a condução das eleições. A transparência e a confiança no processo eleitoral são princípios que não podem ser negligenciados, pois a democracia só se fortalece com processos claros e imparciais, que reflitam fielmente a vontade do povo.

Respeitamos o direito de qualquer candidato ou força política de apresentar suas observações e questionamentos sobre o processo eleitoral, dentro dos marcos legais e institucionais. Reiteramos que a soberania popular deve ser o guia maior em decisões que impactem o futuro do Equador.

Neste momento desafiador, manifestamos nossa solidariedade ao povo equatoriano e renovamos nosso compromisso com a luta por justiça social e pela integração dos povos da América Latina. Reafirmamos nosso compromisso com a democracia como valor fundamental para garantir a soberania popular e construir sociedades mais justas e igualitárias.

Executiva Nacional do PT, 14 de Abril de 2025.

E o governo Lula soltou a seguinte nota:

Saúdo o povo equatoriano e o presidente reeleito, Daniel Noboa, pelas eleições de domingo, 13 de abril. O Brasil seguirá trabalhando com o Equador em defesa do multilateralismo, pela integração sul-americana e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República




Olá companheiro Rui Falcão


 

Olá companheiro Rui Falcão

Agradeço pelo convite para o lançamento de tua candidatura. 

Minha intenção original era estar presente, mas decidi priorizar a plenária sindical nacional da tendência petista Articulação de Esquerda, que acontece no mesmo dia e hora do lançamento. 

Como você sabe, desde 2015 estou participando do movimento docente e não tenho como me ausentar desta reunião sindical da AE, em que além dos temas gerais - campanha pela redução da jornada e fim da escala 6x1, tributação dos ricos e Marcha à Brasília, Primeiro de Maio e a Plenária Nacional da CUT em outubro – também debateremos as eleições do Andes Sindicato Nacional, que estou acompanhando diretamente em apoio à chapa 4 “Oposição para renovar o Andes”.

Isto posto, quero reafirmar a importância de sua candidatura à presidência nacional do PT, seja pela contribuição que você dará ao processo, seja pelo fato de que “marchando separados e golpeando juntos” nossas três candidaturas combinadas – a sua, a minha e a de Romênio Pereira – receberão votos de diferentes setores da militância, contribuirão para o crescimento de nossas respectivas chapas e criarão as condições para que ocorra segundo turno na disputa presencial.

Ao longo da marcha, criaremos as condições para uma aliança de segundo turno em torno daquele de nós três que “chegar lá”. Da minha parte seguirei trabalhando para derrotar de conjunto a política implementada pelas diferentes frações da tendência “CNB”, representadas a preços de hoje por Edinho Silva e Washington Quaquá.

Destaco, finalmente, a necessidade de exigirmos conjuntamente que haja lisura no processo eleitoral. Recentemente a CEN e o DN homologaram uma mudança nas regras do PED. Embora tenhamos posições diferentes a respeito, a mudança confirmou a existência de dificuldades que podem restringir a participação legítima das bases partidárias, aumentando o peso daqueles que forem levados a votar por outras razões e meios.

A esse respeito, embora também tenhamos posições diferentes a respeito, a Câmara de Recursos do Diretório Nacional do PT reconheceu implicitamente que há irregularidades dentre as 340 mil novas filiações realizadas até fevereiro de 2025, mas determinou que uma “atualização cadastral” deva ser feita apenas no dia do PED, o que obviamente não vai alterar os resultados.  

Ademais, a candidatura de Edinho Silva não respondeu aos questionamentos que fiz sobre o suposto uso de jatinho e sobre o Diretório Municipal do PT de Araraquara ter pago o impulsionamento de propaganda da candidatura de Edinho. 

Estes e outros problemas precisam ser denunciados e sanados, para que possamos dedicar nossas atenções ao debate sobre o programa, a estratégia, a tática e o funcionamento do Partido, a ação dos nossos governos e bancadas, as lutas sociais e as eleições 2026.

Sobre isso você conhece nossas posições e me limito a reforçar que é preciso voltar a falar de socialismo e, principalmente, voltar a lutar pelo socialismo.

Sem anistia para golpista, boa luta para todos nós!

São Paulo, 14 de abril de 2025

Valter Pomar, candidato à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras