Para quem acreditava que a prisão de Bolsonaro "virou a página do golpe", os acontecimentos dos últimos dias, especialmente o ocorrido nesta madrugada de 9 para 10 de dezembro, demonstram exatamente o contrário: está em curso uma operação que, com Trump, com Motta, com Alcolumbre, com cavernícolas, com Tarcísio, "com tudo", tem como objetivo derrotar a esquerda nas eleições presidenciais de 2026.
Ainda não são totalmente conhecidos os detalhes, mas tudo indica que a votação da "anistia-disfarçada-de-dosimetria" faz parte das negociações entre o Centrão e os cavernícolas. Mais uma vez Hugo Motta mostrou, aos que acreditavam que ele seria uma "novidade na política", seu total alinhamento com os métodos e com o conteúdo do que há de pior na política brasileira.
A operação para tirar Glauber Braga da mesa diretora da Câmara contrasta totalmente com a atitude adotada quando a extrema-direita ocupou o mesmo lugar, há pouco tempo. Chama a atenção o fato de Motta ter mandado cortar o sinal da TV Câmara, expulsar os jornalistas do recinto e autorizar agressão ampla, geral e irrestrita contra parlamentares que, legitimamente, trabalharam para proteger Glauber da violência.
Lembrando que o disparador da situação é a tentativa de cassar Glauber, não por chutar alguém, mas sim pelo que disse e fez contra o "imperador" Arthur Lira. Enquanto isso, Zambelli, Eduardo e Ramagem seguem usufruindo de direitos que ofendem o bom senso, para não dizer outra coisa. Entre muitas outras coisas, Eduardo é um assumido e contumaz traidor da pátria; já Ramagem fugiu para o exterior carregando consigo segredos de Estado.
Por falar em exterior, há evidências fortíssimas de que, enquanto rolava a agressão e a votação, perfis de petistas nas redes sociais tiveram seu alcance propositalmente diminuído. A esse respeito, ou fazemos algo radical, ou estas empresas estrangeiras que controlam as redes podem fraudar a eleição de 2026.
O ocorrido na Câmara, por grotesca ironia coincidindo com o dia internacional dos direitos humanos, está em total sintonia com a escalada de ameaças, agressões e processos contra parlamentares de esquerda (especialmente mulheres, jovens, negras e negros) em todo o país. Sem falar da recente decisão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que por maioria de votos - inclusive de uma parlamentar que precisa ser punida pelo partido ao qual pertence - revogou a prisão de Rodrigo Bacellar.
Mesmo que no tocante a "anistia-disfarçada-de-dosimetria" ainda que se possa fazer alguma redução de dano no Senado, o conjunto da obra é evidente: a maioria de direita do Congresso nacional, parte da qual segue ocupando generoso espaço no governo federal, deflagrou uma ofensiva para socorrer os golpistas e o golpismo. E isso faz parte de uma operação maior, cujo objetivo também é evidente: ganhar as eleições 2026, do jeito e da forma que for preciso.
As pesquisas seguem apontando Lula como favorito. Mas as mesmas pesquisas mostram que a avaliação do governo não chega a ser confortável e que o lado de lá, caso consiga se unificar no segundo turno, tem condições de disputar para valer.
Por tudo isso e mais um pouco, a hora é de guarda alta, mobilização permanente e polarização. O que inclui demitir os quinta-coluna que seguem no governo e enterrar bem fundo o "espírito de conciliação acima de tudo e acima de todos", que segue presente em algumas pessoas que, na noite de 9 de dezembro, acharam mais importante criticar a atitude de Glauber do que denunciar a gravidade inaudita da ofensiva golpista.
Por fim, mas não menos importante, viva as e os parlamentares petistas que defenderam, política e fisicamente, Glauber contra a brutalidade da polícia legislativa. O que já está em curso e o que ainda virá pela frente exigirá de nós unidade, política certa e coragem. Muita coragem.
Essa noite de Apocalipse da democracia brasileira vem mostrar o que nos espera na campanha. A extrema direita fascista vem para o tudo ou nada. Nossa geração à beira de uma ruptura democrática. Unidade, política certa e coragem. Você tem razão.
ResponderExcluir