O Ano é Novo, mas certas coisas não.
É o caso dos Tuítes Completos de Alberto Cantalice.
Por exemplo este aqui: Alberto Cantalice no X: "A desumanidade é um traço que une os ditadores: Netanyahu repete Hitler, Mussolini, Stalin. 'Vi como meu bebê começou a congelar, sua pele ficou azul', diz mãe de recém-nascido que morreu de frio em Gaza https://t.co/6uiSaBxrDZ" / X
A esse respeito, um comentário.
Entendo os motivos que levam muita gente a enfiar alhos e bugalhos na cesta dos "ditadores & tiranos".
Mas uma coisa é a aparência, outra é a essência.
A essência remete para o papel jogado por cada "ditador" nos conflitos realmente existentes, o contexto histórico, inclusive a natureza da sociedade em que atuaram ou atuam. E, para além das diferenças entre as "pessoas jurídicas", há as diferenças entre as "pessoas físicas".
Quem viveu ou estudou a Segunda Guerra, por exemplo, percebe muito bem a diferença entre Hitler, Mussolini e Stálin.
Por mais que constatemos analogias, por mais que possamos ter ódio e nojo em relação ao comportamento pessoal deste ou daquele personagem, é impossível desconsiderar a história e o papel desempenhado por cada indivíduo na história.
Por exemplo: Vargas e Médici. Ambos foram ditadores. Ambas ditaduras foram cruéis. A esquerda lutou contra ambas. Mas existem diferenças que nenhum historiador ou militante político pode desconsiderar.
Nazismo, fascismo, sionismo e socialismo soviético são distintos, em alguns casos profundamente.
Cantalice, que foi do Partido Comunista Brasileiro e estudou na União Soviética certamente sabe disto.
Mas o tipo de marxismo que ele aprendeu o faz confundir "democracia" com "liberalismo". Antes, isso o levava a desenganos sobre a democracia. Hoje, o leva a aderir ao liberalismo.
Neste sentido, a analogia que Cantalice faz entre Hitler, Mussolini. Bibi e Stálin alimenta um tipo de confusão política e histórica muito ao gosto de quem deseja dividir o mundo entre "democracias e totalitarismos".
Mas há pelo menos um aspecto correto que decorre da comparação feita por Cantalice. A morte de Hitler não acabou com o nazismo, a morte de Mussolini não acabou com o fascismo, a morte de Stálin não acabou com o tipo de socialismo soviético que ele simbolizava.
Raciocínio análogo vale para Bibi. Sua morte, deposição ou prisão não vão acabar com o sionismo.
Infelizmente para quem defende o Estado de Israel, acreditando que o problema é o governo Bibi, a derrota do sionismo exigirá cortar fundo, bem fundo, muito mais fundo.
Não sei se Cantalice está de acordo com essa conclusão. Mas isso é um problema dele, não meu.
Afinal, como diria a maga protetora “telepatizada” por Cervantes, el que imprime necedades dalas a censo perpetuo.
Ps. certa feita, ao ouvir eu dizer algo parecido ao que escrevi acima, um cidadão que me conhece desde que eu nasci vaticinou que na época de Stalin eu não sobreviveria um mês. Entre outros motivos, porque tenho repulsa a qualquer tipo de culto à personalidade. Muito antes pelo contrário, tenho até medo de pensar do que seria capaz certo tuiteiro, que nos tempos que correm, de "amplas liberdades democráticas", é capaz de cultuar (leia-se: puxar o saco) até mesmo a falta de personalidade.
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