Um dos pontos de pauta é a aprovação do regulamento do processo de eleição direta das direções partidárias, também conhecido como PED.
De 1980 a 2000, o Partido elegia suas direções pelo sistema 100% congressual.
O PED foi realizado pela primeira vez em 2001.
Depois disso o PED ocorreu inúmeras vezes, sendo acompanhado de muitos dos defeitos e de quase nenhuma das qualidades dos processos eleitorais tradicionais.
Em 2015, num congresso partidário ocorrido em Salvador, chegou a ser votado se iríamos manter ou acabar com o PED.
Depois, o Partido aprovou que faria um plebiscito a respeito.
Até hoje este PED sobre o PED não aconteceu.
Em 2017 e 2019, se testou um PED de novo tipo, misturando características do PED original e do sistema congressual.
Há quem ache que foi um avanço.
Há quem ache que foi uma soma de problemas e defeitos.
Basta dizer que os recursos contra (supostas) fraudes ocorridas em 2019 não foram apreciadas, vítimas de uma variante da tática "Brindeiro", que acabou convertendo os recursos em extemporâneos.
Em 2023, assim como ocorreu em 2003, o mandato das direções partidárias foi prorrogado e o PED foi adiado.
Agora o Diretório Nacional do PT vai decidir quando e como será o PED.
Há propostas de vários tipos.
Já ouvi, por exemplo, as seguintes propostas:
1/manter o PED ao estilo clássico, ou seja, voto direto na base elege as direções em todos os níveis e elege, também, delegações que se reunirão em congressos, exclusivamente para debater política;
2/manter o PED ao estilo 2017 e 2019, ou seja, voto direto na base elege delegações que vão se reunir em congresso para debater política e eleger direções;
3/permitir o voto através de aplicativo eletrônico, na expectativa de que votem os 2 milhões de filiados (nos últimos processos, o comparecimento foi de 25% disto ou até menos);
4/alterar o método de inscrição de chapas, começando pelas chapas municipais e terminando com a inscrição da chapa nacional;
5/aprovar no dia 7 de dezembro uma parte do regulamento e aprovar, em janeiro de 2025, outra parte do regulamento;
6/antecipar os prazos, para (supostamente) permitir que o debate político não seja atropelado pela dinâmica eleitoral;
7/etc.
Alguns dos autores das propostas acima citadas admitem que são motivados, não pela "política pura" ("qual seria o melhor método para eleger as direções partidárias"), mas sim pelo pragmatismo: qual método permitiria, em tese, obter mais votos para esta ou aquela posição.
Ou ainda: qual método permitiria ganhar tempo, tendo em vista que a tendência XYZ está vivendo uma crise imensa e não tem consenso a respeito de como eleger direções.
(Explico que a informação sobre as profundas divergências acima citadas foi dada, publicamente, oficialmente, incrivelmente, pelo presidente do PT do estado de São Paulo, no meio de sua fala durante a reunião do referido Diretório ocorrida no dia 30 de novembro de 2024.)
Seja qual for a decisão que venha a ser tomada a respeito, no dia 7 de dezembro, confirma-se mais uma vez que vivemos, no PT, um momento de "instabilidade institucional".
No passado recente, o Diretório Nacional do PT cancelou uma decisão congressual, sem que houvesse base estatutária para tal. Foi o caso do número máximo de mandatos consecutivos.
Espero que não ocorra o mesmo quanto ao regulamento do PED. Pois o pior que pode acontecer, a esta altura do campeonato, é o debate regimental ocupar o lugar que deveria ser ocupado pelo debate político.
Debate político que precisa incluir o fato de nosso Partido estar sendo empurrado, como de certo forma ocorreu em 2015, a apoiar uma política econômica que atinge nossa base social e eleitoral.
Trocando em miúdos: O que tinha de legitimidade em sua origem - democracia e participação direta dos filiados - , o PT transformou no que é hoje qualquer partido: "donos de mandatos" ao estilo "coronéis do partido" aparelhando os diretórios com seus canos eleitorais que têm a incumbência não de discutir políticas, mas obedecer o que seus "padrinhos" decidiram nas cúpulas votando tudo conforme foi determinado.
ResponderExcluirO filiado passou a ser só útil para:
- o cumprimento de exigências burocráticas
- massa de manobra eleitoral
- reprodutor de chavões políticos dos ELEITOS .
Em outras palavras, se o PT tinha em sua carta de intenções nos anos 70 a proposta de transformar a política do país com a organização e a conscientização da classe trabalhadora, hoje se transformou em uma dinâmica burguesa idêntica ao da República cheia de vícios e dobos que se sentem mais poderosos que os representados pelo voto.
As decisões partidárias não emergem das bases de filiados, mas são impostas a ela e assim o PT não está mais sendo um PARTIDO DE TRABALHADORES, mas um PARTIDO DE ELEITOS
Por um PED democrático e representativo! Núcleo de Base de Mulheres Negras PT- Brasil: Presente!
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