Texto em debate na direção nacional
da tendência petista Articulação de Esquerda. Sujeito a alterações. Versão
definitiva será publicada na edição de janeiro-fevereiro do jornal Página 13. Agradecemos antecipadamente aos leitores que nos façam críticas e sugestões.
IV.Debate político na sociedade e ações imediatas de governo no sentido de reverter o quadro de desindustrialização e desnacionalização, construindo uma forte cadeia de empresas estatais e públicas nos setores econômicos estratégicos, para induzir o desenvolvimento a partir de uma perspectiva de desenvolvimento democrático e popular. Em termos práticos, isso demanda: 1) redução nas taxas de juros, para estimular investimentos produtivos; 2) taxas de câmbio administradas, que elevem a competividade dos manufaturados brasileiros no mercado internacional e não prejudiquem a importação de bens de capital para a indústria; 3) reforma tributária que taxe fortemente o capital entesourado, estimule o capital produtivo e desonere os rendimentos do trabalho; 4) aplicação firme das leis contra a formação de cartéis, oligopólios e monopólios; 5) criação de empresas estatais que induzam os setores privados, principalmente médios e pequenos, a adensar as cadeias produtivas nacionais e realizar um crescimento ampliado da produção industrial e agrícola; 6) melhorar as condições de vida da maior parte da sociedade, especialmente fortalecendo econômica, política e culturalmente a classe trabalhadora assalariada.
Para tempos de
confusão
1.A direção
nacional do Partido dos Trabalhadores, reunida nos meses de novembro e dezembro
de 2014, aprovou resoluções sobre as ações imediatas do campo
democrático-popular e do governo Dilma Rousseff, apontando no sentido de
consolidar a vitória e garantir um segundo mandato superior.
2.Mas a
composição e as primeiras medidas do governo Dilma Rousseff demonstraram que
ganhamos as eleições, mas não estamos projetando um segundo mandato superior.
3.Cabe ao
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, em sua próxima reunião dia 6
de fevereiro de 2015, debater aberta e claramente esta situação e deliberar
quais medidas devem ser adotadas pelo Partido.
4.Cabe ao
conjunto da militância petista, especialmente a quem está vinculado as
tendências – portanto, com a obrigação de fazer uma reflexão organizada sobre
os grandes temas do programa, da estratégia e da tática – contribuir para o
debate da direção partidária.
5.É o que
buscamos fazer no texto a seguir, que servirá de base à resolução que a tendência
petista Articulação de Esquerda submeterá ao debate na reunião do Diretório
Nacional do PT. Agradecemos
antecipadamente aos leitores que nos façam críticas e sugestões.
*
6.A vitória de
Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de 2014 foi a vitória daqueles que
defendem combinar desenvolvimento com democracia, bem estar social, soberania
nacional e integração regional.
7.Contudo, a
vitória de Dilma Rousseff foi acompanhada pela eleição de um Congresso nacional
mais conservador do que o da legislatura 2011-2014, bem como da eleição de
governadores vinculados à oposição de direita em estados importantes.
Derrotamos o retrocesso, mas nem em 2006, nem em 2010 o campo conservador
esteve tão perto de recuperar a Presidência.
8.Tomado de
conjunto, considerando em particular o quadro econômico nacional e
internacional, o cenário pós-eleitoral é bastante difícil. A este quadro
soma-se a chamada Operação Lava Jato, não apenas por seus efeitos políticos e
midiáticos, mas também por seu impacto sobre a Petrobrás, sobre outras empresas
e sobre o conjunto da economia.
9.Em síntese:
nas eleições presidenciais de 2014, impedimos o retrocesso que seria causado
por uma vitória da oposição de direita, mas não criamos as condições
institucionais necessárias para fazer um segundo mandato superior.
10.Os derrotados
na eleição presidencial perceberam isto desde o primeiro momento. Questionaram
formalmente o resultado, inclusive promovendo uma “recontagem” de votos.
Estimularam e participaram de manifestações nas quais setores de ultradireita
pediram por uma ditadura militar. Não escondem sua disposição de sabotar e até
mesmo interromper o mandato presidencial que ora se inicia. Mantém intensa
pressão política e midiática em favor da aplicação do programa derrotado nas urnas.
11.Frente a tudo
isto, a presidenta Dilma Rousseff tinha três opções fundamentais.
12.A primeira
opção seria aplicar
integral e imediatamente o programa vitorioso no segundo turno da campanha
presidencial.
13.Esta
hipótese, para ser exequível e exitosa, dependeria do governo, do PT e de seus
aliados na esquerda partidária e social superarem também integral e
imediatamente seus atuais déficits de organização, mobilização e consciência. O
que teria como pressuposto a adoção de outra estratégia, não apenas por parte
do Partido e aliados de esquerda, mas também por parte da própria presidenta.
14.A segunda
opção seria fazer mediações entre o programa vitorioso nas
eleições presidenciais, as debilidades do campo popular, o poderio demonstrado
pela oposição de direita, as taxas de infidelidade na chamada base de governo e
as circunstâncias difíceis deste início de mandato.
15.Nesta
hipótese, o governo iniciaria a aplicação do programa vitorioso nas eleições,
mas num ritmo que permitiria ao próprio governo, ao PT e aos seus aliados na
esquerda partidária e social superar seus atuais déficits de organização,
mobilização e consciência. Portanto, as mediações visariam ganhar tempo, tempo
necessário para criar as condições para transitar da atual estratégia (baseada
em melhorar a vida do povo
através de políticas públicas) para outra estratégia (baseada em melhorar a vida do povo através
da combinação entre políticas públicas e reformas estruturais).
16.A terceira opção
seria fazer concessões
programáticas aos que
perderam a eleição.
17.Quando
falamos de concessões
programáticas, não nos referimos principalmente à composição do
ministério. Afinal, dada a política de alianças e o resultado eleitoral, o
ministério do segundo mandato Dilma necessariamente teria que incluir
personagens incompatíveis com um programa democrático-popular, com reformas
estruturais, com transformações mais profundas.
18.Quando
falamos de concessões programáticas, tampouco nos referimos a aspectos do programa. Pelos mesmos motivos
citados no ponto, é óbvio que o conjunto das ações do segundo mandato Dilma
necessariamente teria que incluir ações do interesse de aliados de direita e de
setores do grande capital.
19.Quando nos
referimos a concessões programáticas, nos referimos a adoção de uma política econômica de ajuste
fiscal através de medidas recessivas. Falamos, portanto, de um tipo de
concessão que contamina todo o governo, todas as
políticas públicas, o conjunto da economia, da sociedade e da política
brasileira.
20.Embora em
nenhum momento isto tenha sido dito desta forma, os fatos nos indicam que a
presidenta Dilma Rousseff escolheu esta terceira opção.
21.O ajuste
fiscal implementado pelos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa vai provocar
recessão. A lógica de cortar “despesas” trabalhistas (MPs 664 e 665) e aumentar
juros beneficia o setor financeiro e seus sócios, em detrimento do restante da
sociedade.
22.Um país que
crescia pouco ou não crescia, necessitava de outro tipo de “ajuste fiscal”. O
Brasil necessitava e segue necessitando de um “ajuste fiscal” que transfira
recursos da especulação para a produção, da minoria rica para a maioria
trabalhadora. Só desta forma será possível combinar a recomposição da indústria
-- sem a qual não há crescimento nem desenvolvimento -- com a ampliação do bem
estar social.
23.A opção pelo
ajuste fiscal através de medidas recessivas não é novidade no Brasil. Agora,
como nos 1980 e 1990, seus defensores argumentam que reduzindo os ganhos dos
trabalhadores, espera-se que os capitalistas se vejam estimulados a investir,
com isso a economia volta a crescer e no final "todos ganham", ainda
que alguns ganhem mais do que os outros.
24.Todos sabemos
quais foram os efeitos deste "modelo" nos anos 1980 e 1990, no
Brasil. E todos estamos vendo sua aplicação produzir um desastre político e
social em parte da Europa.
25.Evidente que
Nelson Barbosa e Joaquim Levy são obrigados, ao implementar este
"modelo", a levar em considerações certos limites impostos pela
presidenta, que assumiu compromissos públicos no processo eleitoral, não apenas
com seus eleitores, mas com a tão citada Nação brasileira.
26.Mas os seguidos aumentos da taxa de juros; o veto ao reajuste
da tabela do IR; as alterações previstas nas MP 664 e 665; a decisão de não
vetar o artigo 143 da Medida Provisória 656/2014, que permite investimentos
estrangeiros nos serviços de saúde; e a abertura do capital da Caixa Econômica
Federal revelam que os limites impostos pela presidenta tendem a ser
atropelados pela lógica global das medidas.
27.A opção por
uma política econômica de ajuste fiscal através de medidas recessivas está tornando
a situação mais perigosa do que já era: a) uma conjuntura por si já
extremamente complexa; b) os efeitos das medidas recessivas citadas; c) uma
oposição que continua belicosa, estimulada por d) uma mídia que interpreta as
medidas do governo como prova de que tinham razão no debate eleitoral; e)
demandas políticas e sociais pendentes, especialmente de políticas urbanas e
agrárias; f) importantes movimentos sociais – com destaque para a CUT e outras
centrais sindicais—convocando mobilizações contra as medidas do governo; g)
dúvidas, confusão e conflitos em segmentos crescentes da base eleitoral, social
e militante que elegeu a presidenta Dilma.
28.Todos sabiamos que o segundo mandato Dilma Rousseff seria um governo em disputa, como foram os
dois mandatos de Lula e o primeiro mandato de Dilma. Portanto, estava óbvio que
seria necessária forte mobilização, tanto para apoiar o governo contra a
direita e o grande capital, quanto para enfrentar determinadas políticas
resultantes de um governo de coalizão. O que nos obrigaria a reforçar o PT e a
construir uma frente orgânica com os aliados da esquerda partidária e social,
em defesa das reformas estruturais.
29.Mas a opção
por uma política econômica
de ajuste fiscal através de medidas recessivas ameaça mudar perigosamente os
termos da equação. Pois uma coisa é mobilizar contra aspectos da política do governo, ao mesmo tempo
que se concorda com o fundamental; e outra coisa profundamente diferente é
mobilizar contra aspectos fundamentais da política do governo, contra
concessões programáticas centrais que o governo faz ao grande capital e à
direita.
30.Noutras
palavras: a opção feita pela presidenta Dilma Roussef, a favor de uma política
econômica de ajuste fiscal através de medidas recessivas coloca o Partido dos
Trabalhadores e o conjunto da esquerda que nos ajudou a vencer as eleições de
2014 frente a uma encruzilhada
perigosa e, em nossa opinião, totalmente desnecessária.
31.As pesquisas
de opinião pública divulgadas após as eleições de outubro de 2014 não refletem
nada do que dissemos até agora. Pelo contrário, os números indicam um
crescimento no apoio à presidenta e ao governo. Contudo, a experiência de 2013
e 2014 nos ensinou a não confundir a foto com o filme.
32.As pesquisas
sobre a opinião da base eleitoral, social e militante –se existissem –
demonstrariam certamente que a
totalidade dos petistas segue apoiando o governo. Dentre estes
apoiadores, é apenas uma minoria que tira as conclusões indicadas neste texto.
Há certamente aqueles que acreditam sinceramente que o “ajuste” perseguido por
Levy e Barbosa é necessário, virtuoso e pode contribuir para avanços
posteriores rumo à “revolução democrática”. Assim como sempre há quem aplauda
qualquer aliança e qualquer ação do governo. Contudo, a justa reação da Central
Única dos Trabalhadores contra a abertura do capital da Caixa Econômica Federal
e contra as MP 664 e 665 demonstra que na militância é crescente a preocupação
com algumas opções feitas pelo governo.
33.A preocupação
é reforçada pela matemática
da política. Ocorre que não atuamos na correlação de forças de 2002,
2006 ou 2010. Estamos nos marcos da correlação de forças de 2014, o que
significa dizer que relativamente pequenas defecções em nossa base podem nos
levar a uma derrota global.
34.Evidente que
os atos iniciais de um governo não obrigatoriamente determinam seu desfecho.
Neste sentido, é bom lembrar que tanto o primeiro governo Lula (2003-2006)
quanto o primeiro governo Dilma (2011-2014) começaram fazendo concessões
similares à oposição de direita, ao neoliberalismo.
35.Tanto em 2003
quanto em 2011, aquelas concessões foram produto de uma opção estratégica feita
pela maioria do PT, a saber, a de melhorar
a vida do povo através de políticas públicas.
36.Nos anos 1980
e em parte dos anos 1990, a opção do PT era melhorar
a vida do povo através da combinação entre políticas públicas e transformações
estruturais. Esta
opção estratégia supunha travar grandes conflitos e realizar rupturas, em que
só teríamos êxito se soubéssemos combinar atuação partidária, grandes batalhas
culturais, luta social e ação institucional.
37.A partir de
meados dos anos 1990, o PT majoritariamente inclinou-se para outra estratégia,
a de melhorar a vida do povo através de políticas públicas. Acreditava-se que
este caminho seria menos conflituoso e dispensaria rupturas, pois afinal de
contas não estaria em questão fazer transformações estruturais. Pelo mesmo
motivo, nossa ação coletiva foi concentrando-se nas instituições, deixando de
lado grande parte da antiga ênfase acerca do papel estratégico da vida
partidária, da luta social e da batalha cultural.
38.A história
dos últimos 12 anos, entretanto, revela que enquanto a esquerda moderava sua
estratégia, os setores hegemônicos da direita e do grande capital radicalizaram
sua oposição. Para tais setores, trata-se de impedir
que o povo melhore de vida por ação do Estado. E, por isso, quando
nosso governo introduz políticas públicas vigentes em países da Europa, aqueles
setores da direita e do grande capital reagem como se estivéssemos promovendo
uma revolução socialista.
39.Para os
setores hegemônicos da direita e do grande capital, pouco importa o que
façamos, importa quem
somos, o que expressamos como projeto de sociedade. Por isto, trabalham
para destruir o PT e o conjunto da esquerda. Neste contexto, a opção feita pelo
governo, ao insistir numa
estratégia que a realidade vem superando, não comete apenas um erro:
sugere um suicídio.
40.Implementar,
mesmo que parcialmente, o programa dos derrotados na eleição contribui para
confundir e desorganizar as forças que venceram as eleições presidenciais de
2014, facilita as operações de sabotagem implementadas pela oposição de direita
e também por setores da base do governo, não ajuda a bloquear eventuais
tentativas de interromper nosso mandato, além de criar um ambiente favorável
aos que desejam nos derrotar nas eleições de 2016 e 2018. O principal, contudo, é que aplicar o programa dos derrotados vai produzir uma piora nas condições de vida do povo brasileiro, piora que será imputada ao Partido dos Trabalhadores, colocando em questão o principal argumento que temos utilizado em defesa do PT contra os ataques violentos da mídia, da direita e do grande capital.
41.Assim, tanto para continuar melhorando a vida do povo, quanto para garantir a
sobrevivência do PT como partido da classe trabalhadora e da esquerda brasileira como representante do campo popular, precisamos convencer a maioria do Partido e a presidenta acerca da necessidade de mudar o rumo do governo.
42.Não se trata
de atribuir ao governo estrito senso a solução, através da substituição de ministros e
alterando políticas, embora isto também deva ser feito. A possibilidade do governo girar para a esquerda depende em grande medida da mobilização política e social. Tarefa na qual o PT, partidos, sindicatos e movimentos sociais
aliados, bem como a intelectualidade democrática, têm muito a dizer e fazer. Mas cabe ao governo, também, asumir protagonismo. A
seguir, enumeramos as quatro tarefas mais urgentes:
I.Dar
organicidade ao grande movimento político-social que venceu o segundo turno das
eleições presidenciais. Partidos e setores de partidos, movimentos sociais,
trabalhadores da cultura e intelectualidade democrática devem ser convidados a
compor uma grande frente onde possam debater e articular ações comuns, seja em
defesa da democracia, seja em defesa das reformas democrático-populares.
II. Iniciar a
construção de um jornal diário de massas e de uma agência de notícias,
articulados a mídias digitais (inclusive rádio e TV web), com ação permanente
nas redes sociais (retomando o MudaMais), que sirvam de retaguarda e de instrumento do campo
democrático-popular na batalha de ideias. Integrar esta ação de comunicação
política com o amplo movimento cultural que está em curso neste país e que foi
tão importante no segundo turno. E pressionar o governo para que acelere as ações de democratização da mídia, redirecionamento das verbas publicitárias, fortalecimento da Empresa Brasileira de Comunicações, apoio à campanha pela Lei da Mídia Democrática e propostas ao legislativo no sentido da regulação econômica;
III.Fortalecer a
campanha pela reforma política e pela mídia democrática, contribuindo para que
o governo possa tomar medidas avançadas nestas áreas e para sustentar a batalha
que travaremos a respeito no Congresso Nacional;
IV.Debate político na sociedade e ações imediatas de governo no sentido de reverter o quadro de desindustrialização e desnacionalização, construindo uma forte cadeia de empresas estatais e públicas nos setores econômicos estratégicos, para induzir o desenvolvimento a partir de uma perspectiva de desenvolvimento democrático e popular. Em termos práticos, isso demanda: 1) redução nas taxas de juros, para estimular investimentos produtivos; 2) taxas de câmbio administradas, que elevem a competividade dos manufaturados brasileiros no mercado internacional e não prejudiquem a importação de bens de capital para a indústria; 3) reforma tributária que taxe fortemente o capital entesourado, estimule o capital produtivo e desonere os rendimentos do trabalho; 4) aplicação firme das leis contra a formação de cartéis, oligopólios e monopólios; 5) criação de empresas estatais que induzam os setores privados, principalmente médios e pequenos, a adensar as cadeias produtivas nacionais e realizar um crescimento ampliado da produção industrial e agrícola; 6) melhorar as condições de vida da maior parte da sociedade, especialmente fortalecendo econômica, política e culturalmente a classe trabalhadora assalariada.
43.Ao mesmo
tempo, cabe ao PT reafirmar seu compromisso com a seguinte plataforma:
A.reforma
política, através de uma Constituinte exclusiva seguida de uma consulta oficial
à população, para que esta referende ou não as decisões da Constituinte.
Destacamos a luta pelo fim do financiamento empresarial, essencial para
combater a corrupção na sociedade, no Estado e nos partidos políticos;
B.democracia na
comunicação, com a Lei da Mídia Democrática e a implantação das principais
resoluções da Conferência Nacional de Comunicação de 2009;
C.democracia
representativa, democracia direta e democracia participativa, para que a
mobilização e luta social influencie a ação dos governos, das bancadas e dos
partidos políticos. O governo precisa dar continuidade à participação social na
definição e acompanhamento das políticas públicas e tomar as medidas para
reverter a derrubada da Política Nacional de Participação Social, objeto de
decreto presidencial cancelado pela maioria conservadora da Câmara dos
Deputados no dia 28/10/ 2014;
D.a agenda
reivindicada pela CUT, onde se destacam o fim do fator previdenciário e a
implantação da jornada de 40 horas sem redução de salários, assim como as
medidas indicadas por seis centrais sindicais em nota divulgada dia 13/1/2015;
E.as reformas
estruturais, com destaque para a Lei da Mídia Democrática, a reforma política,
as reformas agrária e urbana, a universalização das políticas de saúde e
educação, a defesa dos direitos humanos e a desmilitarização das Polícias
Militares;
F.salto na
oferta e na qualidade dos serviços públicos oferecidos ao povo brasileiro, em
especial na educação pública, com reformas pedagógicas e curriculares no ensino ensino fundamental, médio e superior; no transporte público; na segurança pública e no
SUS, sobre o qual reafirmamos nosso compromisso com a universalização do
atendimento e o repasse efetivo e integral de 10% das receitas correntes brutas
da União para a saúde pública;
G. ampliação da
importância e dos recursos destinados às áreas da comunicação, da educação, da
cultura e do esporte, pois as grandes mudanças políticas, econômicas e sociais
precisam criar raízes no tecido mais profundo da sociedade brasileira;
H. proteção dos
direitos humanos, defender os direitos e a vida das mulheres, criminalizar a
homofobia, enfrentar o racismo e os que buscam criminalizar os movimentos
sociais. Afirmamos o compromisso com a revisão da Lei da Anistia de 1979 e com
a punição dos torturadores. Assim como com a reforma das polícias e a urgente
desmilitarização das PMs, cuja ineficiência no combate ao crime só é superada
pela violência genocida contra a juventude negra e pobre das periferias e
favelas;
I.total
soberania sobre as riquezas nacionais, entre as quais o Pré-Sal, e controle
democrático sobre as instituições que administram a economia brasileira, entre
as quais o Banco Central, a quem compete entre outras missões combater a
especulação financeira que está por detrás das candidaturas da oposição de
direita.
J.política de
desenvolvimento de novo tipo, ambientalmente orientada; estímulo a tecnologias amistosas com a natureza; generalização da agroecologia; redução do impacto dos processos produtivos; superação do consumismo; novo padrão de integração entre o urbano e o rural; controle público e não mercantil das fontes da vida, com destaque para a água.
K.desenvolvimento democrático-popular, que articule as reformas estruturais (com destaque para as reformas urbana e agrária) com a luta pelo socialismo.
K.desenvolvimento democrático-popular, que articule as reformas estruturais (com destaque para as reformas urbana e agrária) com a luta pelo socialismo.
44.É a luta por
medidas políticas e diretrizes programáticas desta natureza, amplas,
envolventes, de natureza mais social que institucional, que farão a diferença
nos próximos quatro anos. E que garantirão nossa vitória em 2018.
45.Não achamos
que será fácil mudar de estratégia.
46.Uma coisa é
falar que nossa tarefa principal em 2015 e adiante será completar o que não foi
feito em 2014, criando as condições para um segundo mandato superior.
47.Outra coisa é
construir as condições para isto, apoiando o governo contra a oposição de
direita, revertendo as concessões que o governo faz à direita e ao grande
capital, mobilizando os setores populares em defesa de reformas estruturais,
criando as condições para outro tipo de governabilidade.
48.Não será fácil
e, num certo sentido, é
mais difícil ter êxito hoje do que se tivéssemos adotado outra estratégia desde
2003 ou antes. Por isto, não concordamos em nada com aqueles que
promovem uma competição entre Dilma e Lula. Nosso caminho não depende da
genialidade deste ou daquele líder, depende das opções estratégicas e do
comportamento prático de milhões de trabalhadores e trabalhadoras que têm como
referência política o Partido dos Trabalhadores.
49.O que houve
no segundo turno das eleições presidenciais de 2014 demonstrou que a quase
totalidade da esquerda e do campo democrático-popular tem consciência de que a
derrota do PT seria a derrota do conjunto da esquerda; e que nossa vitória
seria a vitória do conjunto das forças democráticas e progressistas. Na prática,
setores da esquerda que romperam com o PT foram levados a aceitar a correção de
nossas afirmações quanto ao papel histórico do PT. O voto de esquerda teve
papel decisivo no resultado do segundo turno. Mas isto só terá continuidade e
consequência se dermos continuidade à linha de politização, polarização e
mobilização que marcou a reta final das eleições de 2014; se adotarmos outra
tática frente à militância social em geral e frente à militância de outros
partidos de esquerda;se adotarmos uma nova estratégia e um novo padrão de
funcionamento, o que inclui um imenso esforço de democratização interna, de
comunicação, de formação político-ideológica, bem como um combate permanente à
corrução. E que mantenha e aprofunde os vínculos do Partido com as massas
trabalhadoras. Pois em tempos de confusão como os que vivemos, sobreviverá e
avançará quem tiver o apoio da maioria da classe trabalhadora.
50.É com este
espírito que estamos participando, desde já, das ações em defesa da reforma
política e da democratização da mídia; das lutas pelo julgamento e prisão para
os criminosos da ditadura militar; das mobilizações sindicais por emprego e
direito, da juventude por transporte público e gratuito; das reuniões em que se
busca dar organicidade à atuação da esquerda política e social, por exemplo a
frente nacional de esquerda; dos debates preparatórios do Quinto Congresso do
PT, assim como dos congressos da CUT, da UNE, da Ubes e da Juventude petista.
51.Achamos que
nossas preocupações coincidem com as de grande parte da militância que foi às
ruas garantir a vitória no segundo turno de 2014. E é partir delas que, no 2º
Congresso da Articulação de Esquerda, discutiremos como –neste contexto
mundial, regional e nacional tremendamente difícil e desafiador—seguiremos lutando
em defesa das reformas democrático-populares e do socialismo.
Texto em debate na direção nacional
da tendência petista Articulação de Esquerda. Sujeito a alterações.
Muito bom texto. Observo apenas que devemos abandonar as "velhas formas de mídias". Devemos nos concentrar na WEB, isto é, na Internet e suas poderosas ferramentas de comunicação!...
ResponderExcluirBom texto. Só acho que faltou o seguinte: Não podemos deixar de analisar o impacto que a especulação imobiliária está fazendo, dando a sensação de que o povo trabalhador está 'mais pobre' com Dilma. E temos que ter medidas para combater a mesma. Nada se falou à respeito.
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