No comentário que fiz ao texto do Safatle (http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/08/comentario-sobre-texto-de-safatle.html), apontei que "a grande burguesia, ao longo de parte dos últimos doze anos, ganhou numa ponta (acréscimo do consumo, investimentos e subsídios estatais vinculados) mais do que perdia noutra (crescimento dos salários e do emprego formal, reduzindo uma das fontes do lucro)".
Mas que agora, "a maior parte da grande burguesia está decidida a tirar o PT da presidência da República, para com isso diminuir o "custo Brasil" via aumento do desemprego e redução de salários. Isto está vinculado a motivos nacionais e também internacionais".
A "virada" na posição da burguesia tem relação com a redução no crescimento.
Quando há crescimento, todos podem se beneficiar, ainda que alguns se beneficiem mais do que os outros.
Mas quando cresce, mas cresce pouco, a distribuição dos benefícios entre as diversas camadas do empresariado é mais fortemente afetada pela tendência à concentração (o pouco que cresce, corresponde a lucros que se concentram mais do que o normal, motivo pelo qual a pequena burguesia é mais prejudicada que a média, que é mais prejudicada que a grande, que é mais prejudicada que os oligopólios transnacionais, que ganham menos que o capital financeiro).
Sendo assim as coisas, então o topo da pirâmide capitalista deveria estar satisfeito. Mas como sabemos, é o mais insatisfeito. Motivo? Além de sua "natureza animal", digamos assim, é preciso considerar que eles buscam resultados no terreno internacional e neste terreno a pressão está terrível, devido a crise internacional e aos rearranjos decorrentes.
Logo, ainda que por razões relativamente distintas, o conjunto das frações que compõem a classe capitalista no Brasil quer uma mudança nos principais fundamentos da atual política econômica. A saber: querem ampliar o desemprego e reduzir os salários. Este é o ponto de acordo entre todos eles, ainda que possam brigar em torno de outros assuntos.
O "irônico" (entre aspas, pois está mais para trágico) é que os chamados setores médios (assalariados melhor aquinhoados, pequenos proprietários em geral) também estão querendo mudança neste terreno.
Não precisaria ser assim, mas é assim, principalmente porque, dada a natureza da política que aplicamos desde 2003, melhoramos a vida dos de baixo sem tocar na vida dos de cima, o que obviamente afeta a vida dos (e principalmente a percepção que têm da vida) chamados setores médios.
E o trágico (aí sem aspas) é que as camadas populares, os trabalhadores e trabalhadoras, também estão "moderadamente insatisfeitos", pois já estão sentindo os efeitos da reação dos capitalistas: "greve de investimentos" e "estímulo à inflação". O que reduz a capacidade de consumo e tende a "zerar" (do ponto de vista político) o efeito das políticas distributivas.
Qual seria (e continua sendo) a solução com maior impacto positivo para neutralizar esta equação perversa?
Do ponto de vista dos chamados setores médios, ampliar o alcance e melhorar a qualidade dos serviços públicos, por exemplo de saúde e educação, permitindo aos setores médios reduzir o que gastam para adquirir estes serviços no mercado; alterando sua percepção acerca do Estado; disputando sua visão de "felicidade através do mercado"; e integrando-os com a classe trabalhadora.
E do ponto de vista do grande capital, a solução está no trato dos oligopólios. que por seu tamanho conseguem impor preços de cartel à toda economia brasileira. O único jeito de fazer isto é recorrendo àquilo que Dilma disse, no debate entre candidatos na TV Bandeirantes, que deveria ser feito com o oligopólio da mídia. A saber: "regular". E regular inclui, entre outras coisas, não ter monopólio, quebrar os oligopólios.
No caso do setor financeiro, por exemplo, banco grande tem que ser nacional e público. Bancos médios e pequenos podem ser privados.
Infelizmente, nosso governo é pouco prático nestas questões. E nosso Partido é pouco enfático, digamos assim. Mas como sempre, a burguesia não nos falta e está vindo para cima. Quem não quiser ser atropelado terá que reagir.
Mas que agora, "a maior parte da grande burguesia está decidida a tirar o PT da presidência da República, para com isso diminuir o "custo Brasil" via aumento do desemprego e redução de salários. Isto está vinculado a motivos nacionais e também internacionais".
A "virada" na posição da burguesia tem relação com a redução no crescimento.
Quando há crescimento, todos podem se beneficiar, ainda que alguns se beneficiem mais do que os outros.
Mas quando cresce, mas cresce pouco, a distribuição dos benefícios entre as diversas camadas do empresariado é mais fortemente afetada pela tendência à concentração (o pouco que cresce, corresponde a lucros que se concentram mais do que o normal, motivo pelo qual a pequena burguesia é mais prejudicada que a média, que é mais prejudicada que a grande, que é mais prejudicada que os oligopólios transnacionais, que ganham menos que o capital financeiro).
Sendo assim as coisas, então o topo da pirâmide capitalista deveria estar satisfeito. Mas como sabemos, é o mais insatisfeito. Motivo? Além de sua "natureza animal", digamos assim, é preciso considerar que eles buscam resultados no terreno internacional e neste terreno a pressão está terrível, devido a crise internacional e aos rearranjos decorrentes.
Logo, ainda que por razões relativamente distintas, o conjunto das frações que compõem a classe capitalista no Brasil quer uma mudança nos principais fundamentos da atual política econômica. A saber: querem ampliar o desemprego e reduzir os salários. Este é o ponto de acordo entre todos eles, ainda que possam brigar em torno de outros assuntos.
O "irônico" (entre aspas, pois está mais para trágico) é que os chamados setores médios (assalariados melhor aquinhoados, pequenos proprietários em geral) também estão querendo mudança neste terreno.
Não precisaria ser assim, mas é assim, principalmente porque, dada a natureza da política que aplicamos desde 2003, melhoramos a vida dos de baixo sem tocar na vida dos de cima, o que obviamente afeta a vida dos (e principalmente a percepção que têm da vida) chamados setores médios.
E o trágico (aí sem aspas) é que as camadas populares, os trabalhadores e trabalhadoras, também estão "moderadamente insatisfeitos", pois já estão sentindo os efeitos da reação dos capitalistas: "greve de investimentos" e "estímulo à inflação". O que reduz a capacidade de consumo e tende a "zerar" (do ponto de vista político) o efeito das políticas distributivas.
Qual seria (e continua sendo) a solução com maior impacto positivo para neutralizar esta equação perversa?
Do ponto de vista dos chamados setores médios, ampliar o alcance e melhorar a qualidade dos serviços públicos, por exemplo de saúde e educação, permitindo aos setores médios reduzir o que gastam para adquirir estes serviços no mercado; alterando sua percepção acerca do Estado; disputando sua visão de "felicidade através do mercado"; e integrando-os com a classe trabalhadora.
E do ponto de vista do grande capital, a solução está no trato dos oligopólios. que por seu tamanho conseguem impor preços de cartel à toda economia brasileira. O único jeito de fazer isto é recorrendo àquilo que Dilma disse, no debate entre candidatos na TV Bandeirantes, que deveria ser feito com o oligopólio da mídia. A saber: "regular". E regular inclui, entre outras coisas, não ter monopólio, quebrar os oligopólios.
No caso do setor financeiro, por exemplo, banco grande tem que ser nacional e público. Bancos médios e pequenos podem ser privados.
Infelizmente, nosso governo é pouco prático nestas questões. E nosso Partido é pouco enfático, digamos assim. Mas como sempre, a burguesia não nos falta e está vindo para cima. Quem não quiser ser atropelado terá que reagir.
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