Recomendo a leitura do artigo publicado hoje (29 de julho) por Cláudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil, no jornal Folha de S. Paulo.
Título do artigo: "Antissionismo é antisemitismo".
Neste artigo, Lottenberg afirma que o único caminho para paz é reconhecer dois Estados para dois povos.
Ao menos em tese, portanto, Lottenberg reconhece que os palestinos têm os mesmos direitos que os israelenses. Portanto, os palestinos têm direito a ter seu Estado, sua soberania, seu território e uma vida em paz.
Mas se é assim, por quais motivos o governo de Israel vem solapando continuamente toda e qualquer possibilidade dos palestinos usufruírem daqueles direitos?
Certas justificativas são conhecidas: acusar os palestinos, ou parte deles, ou seus aliados, de "atirar a primeira pedra" e de "antissemitismo".
Estas acusações deixam alguns na defensiva, especialmente aqueles que esquecem (ou preferem não lembrar) que a Palestina está sob ocupação.
E que, portanto, errados ou certos nas táticas que adotam e nos discursos que fazem, todos os palestinos estão no seu legítimo direito de lutar contra tropas de ocupação.
Evidentemente, quem apoia o direito à autodeterminação dos palestinos não tem como negar o mesmo direito à autodeterminação dos israelenses. Isto obviamente vale para quem defende a solução dos dois Estados; e o mesmo princípio deve valer inclusive para quem defende a solução de um único Estado democrático.
O governo de Israel, sabendo disto, alega que seus ataques contra a Palestina são exercício do legítimo "direito de defesa". Portanto, bombardeiam Gaza em defesa da soberania nacional e do direito à autodeterminação contra... os que desejam destruir Israel e os judeus.
Este argumento poderia ser honesto, não existissem os assentamentos ilegais, não existisse o Muro, não existisse a ocupação.
Mas como a ocupação da Palestina por Israel existe, do ponto de vista do direito internacional a única "legítima defesa" é aquela exercida pelos palestinos. Pois a violência cometida pelo governo de Israel visa manter a ocupação.
A verdade é que o governo de Israel trabalha com base na seguinte premissa: a existência e a sobrevivência de Israel dependem da ocupação da Palestina. Portanto, dependem de impedir que haja dois Estados convivendo em igualdade de condições.
Sendo esta a premissa fundamental, não admira que sobre ela se erga uma "ideologia" nacionalista, racista e fundamentalista. A saber...o sionismo.
Gaza não recorda Guernica por mero acaso: o sionismo, nacionalista e racista, tem suas afinidades eletivas com o nazismo, por exemplo na medida que ambas "ideologias" conferem direitos mais-do-que-super-especiais a uma parte dos seres humanos, em detrimento de outros.
Neste sentido, é puro diversionismo a afirmação que Lottenberg faz em seu artigo: a de que até hoje os palestinos pagam por alianças que seus líderes teriam feito com a Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.
Especialmente vindo de um governo que tem recebido apoio do governo alemão para as barbaridades que comete em Gaza, este argumento não passa de cortina de fumaça... e ato falho, pois no fundo o sionismo moderno usa as atrocidades cometidas pelos nazistas como uma espécie de "licença para matar".
Uma espécie de retaliação a posteriori, evidentemente não contra os nazistas, seus descendentes e aliados, mas contra inimigos muito mais frágeis: uma valentia bem pós-moderna.
Se antissemitismo é igual a antissionismo, então a defesa de Israel exige a defesa do sionismo. Mais ou menos como equiparar a defesa da Alemanha com a defesa do nazismo. Totalitarismo ideológico e estupidez, que só reforçam a certeza de que os maiores inimigos da sobrevivência de Israel são os fanáticos que dirigem o governo de Israel.
Seja como for, não se trata de ignorância, mas de coerência: a aposta destes fanáticos é tudo ou nada numa guerra sem fim. Uma aposta perigosa para eles e para todo o mundo.
Título do artigo: "Antissionismo é antisemitismo".
Neste artigo, Lottenberg afirma que o único caminho para paz é reconhecer dois Estados para dois povos.
Ao menos em tese, portanto, Lottenberg reconhece que os palestinos têm os mesmos direitos que os israelenses. Portanto, os palestinos têm direito a ter seu Estado, sua soberania, seu território e uma vida em paz.
Mas se é assim, por quais motivos o governo de Israel vem solapando continuamente toda e qualquer possibilidade dos palestinos usufruírem daqueles direitos?
Certas justificativas são conhecidas: acusar os palestinos, ou parte deles, ou seus aliados, de "atirar a primeira pedra" e de "antissemitismo".
Estas acusações deixam alguns na defensiva, especialmente aqueles que esquecem (ou preferem não lembrar) que a Palestina está sob ocupação.
E que, portanto, errados ou certos nas táticas que adotam e nos discursos que fazem, todos os palestinos estão no seu legítimo direito de lutar contra tropas de ocupação.
Evidentemente, quem apoia o direito à autodeterminação dos palestinos não tem como negar o mesmo direito à autodeterminação dos israelenses. Isto obviamente vale para quem defende a solução dos dois Estados; e o mesmo princípio deve valer inclusive para quem defende a solução de um único Estado democrático.
O governo de Israel, sabendo disto, alega que seus ataques contra a Palestina são exercício do legítimo "direito de defesa". Portanto, bombardeiam Gaza em defesa da soberania nacional e do direito à autodeterminação contra... os que desejam destruir Israel e os judeus.
Este argumento poderia ser honesto, não existissem os assentamentos ilegais, não existisse o Muro, não existisse a ocupação.
Mas como a ocupação da Palestina por Israel existe, do ponto de vista do direito internacional a única "legítima defesa" é aquela exercida pelos palestinos. Pois a violência cometida pelo governo de Israel visa manter a ocupação.
A verdade é que o governo de Israel trabalha com base na seguinte premissa: a existência e a sobrevivência de Israel dependem da ocupação da Palestina. Portanto, dependem de impedir que haja dois Estados convivendo em igualdade de condições.
Sendo esta a premissa fundamental, não admira que sobre ela se erga uma "ideologia" nacionalista, racista e fundamentalista. A saber...o sionismo.
Gaza não recorda Guernica por mero acaso: o sionismo, nacionalista e racista, tem suas afinidades eletivas com o nazismo, por exemplo na medida que ambas "ideologias" conferem direitos mais-do-que-super-especiais a uma parte dos seres humanos, em detrimento de outros.
Neste sentido, é puro diversionismo a afirmação que Lottenberg faz em seu artigo: a de que até hoje os palestinos pagam por alianças que seus líderes teriam feito com a Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.
Especialmente vindo de um governo que tem recebido apoio do governo alemão para as barbaridades que comete em Gaza, este argumento não passa de cortina de fumaça... e ato falho, pois no fundo o sionismo moderno usa as atrocidades cometidas pelos nazistas como uma espécie de "licença para matar".
Uma espécie de retaliação a posteriori, evidentemente não contra os nazistas, seus descendentes e aliados, mas contra inimigos muito mais frágeis: uma valentia bem pós-moderna.
Se antissemitismo é igual a antissionismo, então a defesa de Israel exige a defesa do sionismo. Mais ou menos como equiparar a defesa da Alemanha com a defesa do nazismo. Totalitarismo ideológico e estupidez, que só reforçam a certeza de que os maiores inimigos da sobrevivência de Israel são os fanáticos que dirigem o governo de Israel.
Seja como for, não se trata de ignorância, mas de coerência: a aposta destes fanáticos é tudo ou nada numa guerra sem fim. Uma aposta perigosa para eles e para todo o mundo.
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