O governo brasileiro e o Partido dos Trabalhadores divulgaram, recentemente, notas condenando o ataque de Israel contra Gaza.
Nestas e noutras, aparece o termo "desproporcional".
O uso deste termo é compreensível, dada a disparidade do poder de fogo e na distribuição de mortos e feridos.
Mas o uso do termo "desproporcional" pode passar a impressão de que a diferença fundamental entre Israel e Palestina é militar.
E não é.
A diferença fundamental é a seguinte: Israel ocupa a Palestina.
As tropas de Israel são tropas de ocupação.
Os palestinos têm todo o direito de lutar contra a ocupação.
Portanto, não se trata apenas de desproporcionalidade militar, mas do propósito das ações militares: de um lado, um exército de ocupação; de outro lado, a luta pela libertação nacional.
Anexo
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MENSAGEM DE CLAUDIO LOTTENBERG, PRESIDENTE DA CONIB
Devido à entrevista que concedi à jornalista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, tenho recebido críticas e elogios.
Gostaria, com humildade e um sentimento de prestação de contas à comunidade - à qual me dedico desde a juventude -, comentar as críticas.
Primeiramente, desejaria enfatizar que as recebo com espírito democrático. Habituei-me, ao longo de minha trajetória profissional e comunitária, a aprender com opiniões contrárias.
Em segundo lugar, gostaria de destacar que, em algumas das críticas, é mencionado um suposto pedido de desculpas. Não fiz isso. Lamentei a linguagem utilizada pelo porta-voz. Achei-as deselegantes, pois criticaram o Brasil, o país como um todo, ao chamá-lo de irrelevante.
O porta-voz, como é hábito na diplomacia, poderia dirigir críticas a um governo e a sua política externa, não a um país, encampando toda sua história e toda a sua população.
E, ao recorrer à ironia, equivocou-se. É difícil e incômodo admitir, mas não há como tapar o sol com a peneira.
Suas declarações geraram mal-estar em diversos setores da sociedade brasileira. Não foi apenas no plano do governo federal.
Como presidente da Conib, tenho a responsabilidade de zelar por nossa comunidade e pela intensificação dos laços entre Brasil e Israel.
Gostaria de enfatizar também que não me afastei um milímetro das posições assumidas pela Conib desde o início do conflito. Reiterei sempre que não aceito a tese da desproporcionalidade, sustento o direito de Israel se defender e mantenho a crítica às últimas atitudes do Itamaraty, como expressam as notas divulgadas pela Conib.
De qualquer maneira, despeço-me agradecendo as sugestões e as críticas.
E diria ainda que, neste momento de desafios históricos, precisamos manter nossa coesão, sem abrir mão do exercício de crítica. Precisamos encarar a responsabilidade nas tarefas absolutamente fundamentais de defender o Estado de Israel e combater o antissemitismo. Fazemos tudo isso em nome de nossos filhos, dos filhos de Israel e de todo o povo judeu.
Claudio Lottenberg
Presidente da Confederação Israelita do Brasil
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