(primeira versão da proposta que a Articulação de
Esquerda apresentará para debate no Encontro Nacional do PT dias 2 e 3 de maio de 2014)
1.A eleição
presidencial de 2014 está no centro das preocupações e movimentações de todas
as classes sociais e frações de classe, de todos os movimentos sociais e
populares, de todos os meios de comunicação, governantes, parlamentares e
partidos políticos. Como vem ocorrendo desde 1989, a eleição presidencial
cristaliza o estado da arte da luta de classes no Brasil.
2.O Partido dos
Trabalhadores tem como objetivo vencer a eleição presidencial de 2014. Ou seja:
eleger a presidenta Dilma Rousseff para um segundo mandato presidencial. E
queremos vencer criando as condições para um segundo mandato superior ao atual,
ampliando a base de apoio do governo no Congresso, nos governos de estado e nos
movimentos sociais.
3.Um segundo
mandato Dilma superior ao atual é o desejo não apenas do PT, mas da maioria do
povo brasileiro. Pesquisas recentes confirmam que a Presidenta Dilma é a
preferida da maioria do eleitorado, parte importante do qual deseja mudanças no
segundo mandato. Ou seja: parte importante do eleitorado e do povo brasileiro
deseja que o segundo mandato Dilma “continue mudando” o Brasil.
4.O que significa,
programaticamente, um segundo mandato superior ao primeiro? O que significa
“continuar mudando” o Brasil? Responder a estas perguntas exige perceber que no
Brasil e na América Latina, continua posta a tarefa de superar a herança
maldita proveniente da crise da ditadura, do desenvolvimentismo conservador e
da devastação neoliberal.
5.Esta herança
possui três dimensões principais: o domínio imperial norte-americano, a
ditadura do capital financeiro e monopolista sobre a economia, e a lógica do
Estado mínimo. Superar estas três dimensões da herança maldita é uma tarefa
simultaneamente nacional e regional, motivo pelo qual defendemos o
aprofundamento da soberania nacional, a aceleração e radicalização da
integração latino-americana e caribenha, com uma política externa que confronte
os interesses dos Estados Unidos e seus aliados.
6.As quase três
décadas perdidas (metade dos anos 1970, anos 1980 e 1990) produziram uma
tragédia que começou a ser debelada, nas duas gestões do presidente Lula e na
primeira gestão da presidenta Dilma. Mas para continuar democratizando o país,
ampliando o bem-estar social e trilhando um caminho democrático-popular de
desenvolvimento, será necessário combinar ampliação da democratização política,
políticas públicas universlizantes de bem estar-social, com desenvolvimento
ancorado em reformas estruturais.
7.Para atingir
estes objetivos programáticos, para dar continuidade ao processo de mudanças
iniciado em 2003, para tornar possível um segundo mandato Dilma superior ao
atual, precisamos não apenas de uma campanha eleitoral, não apenas de
coligações eleitorais, mas de uma grande mobilização apoiada nos movimentos
sociais, na juventude, nas mulheres, nos idosos, nos trabalhadores da cidade e
do campo, nos intelectuais e artistas, nos setores médios e pequenos
proprietários comprometidos com o desenvolvimento nacional, bem como setores partidários
comprometidos com o projeto democrático-popular.
8.Este apoio
político-social é a condição necessária tanto para vencer a eleição presidencial,
quanto para fazer um segundo mandato superior ao atual. É fundamental, também, para
reeleger nossos governos estaduais e garantir outras vitórias na sucessão dos
atuais, assim como para ampliar nossas bancadas parlamentares e as de nossos
aliados.
9.Compete ao
Diretório Nacional dirigir politicamente a campanha eleitoral nacional e
articular a ela as campanhas estaduais, imprimindo ao conjunto as diretrizes do
Programa de Governo aprovadas neste Encontro, bem como a tática e alianças
definidas na primeira etapa do 5o. Congresso e no atual Encontro. À
Direção Nacional, através da CEN, cabe decidir, em última instância, as
questões das alianças necessárias à condução vitoriosa da campanha nacional.
10.A disputa
eleitoral de 2014 é e seguirá marcada por um pesado ataque ao nosso projeto, ao
governo e ao PT da parte dos conservadores, de setores da elite e da mídia
monopolizada, que funciona como verdadeiro partido de oposição. Nossos principais
adversários representam um projeto oposto ao nosso, inclusive a candidatura
bicéfala que se esforça em apresentar-se como suposta terceira via. Guardadas
diferenças secundárias e temporais, ambas candidaturas expressam os interesses
dos partidos e forças sociais que desejam uma política externa subalterna aos
Estados Unidos, uma política econômica descomprometida com o bem-estar social,
uma política sem movimentos sociais e radicalização democrática.
11.A eleição
presidencial de 2014, em que hoje aparecemos como favoritos nas pesquisas, será
das mais duras desde a redemocratização do País – devido à complexidade da
conjuntura, ao perfil dos adversários e aos reflexos da crise mundial. Por isso
mesmo, o enfrentamento exige uma tática política capaz de promover um elevado
grau de unidade interna e mobilização, associados à formação e capacitação da
militância, para que sejamos capazes de responder à altura aos ataques da
oposição, mantendo uma postura ofensiva e não defensiva.
12.A
continuidade – e, sobretudo, o avanço – do nosso projeto está vinculada à nossa
capacidade de fortalecer um bloco democrático e popular, amparado nos movimento
sociais, na intelectualidade e em todos os setores comprometidos com o processo
de transformações econômicas, políticas, sociais e culturais implementadas
pelos governos Lula e Dilma. É a existência deste bloco democrático e popular
que tornará possível agregar outras forças políticas e sociais de centro, numa ampla
frente que apoie a eleição e o governo da presidenta Dilma.
13.As
manifestações de junho e o amplo processo de discussões que o PT vem promovendo
demonstram que há um sentimento de urgência por mudanças mais profundas e
rápidas. O fato é que, após mais de uma década de melhorias socais relevantes,
a população reivindica reformas, todas contidas em nosso programa, como é o
caso exemplar da reforma política, a democratização da comunicação, a reforma
agrária e a reforma urbana.
14.Inegável que
as condições de vida das pessoas melhoraram sensivelmente na renda, no emprego,
no acesso à educação e em diferentes políticas públicas, mas essa melhora fica
esmaecida pela mobilidade urbana cada vez mais difícil, pelas restrições
orçamentárias que afetam a eficiência dos sistemas de saúde e educação
públicas, pela violência, pela insegurança e pela corrupção no mundo político e
no judiciário.
15.Ao apoio à
continuidade do nosso projeto pela maioria da população soma-se um manifesto
desejo de mudança. Por isto reafirmamos que não basta reeleger Dilma. É preciso
criar condições para fazer um segundo mandato com novas conquistas, novos
direitos, novos avanços e reformas estruturais, com prioridade para a reforma
política com participação popular, a democratização da mídia e a melhoria dos
serviços públicos, criando assim as condições para passos mais ousados em
direção as reformas estruturais.
16.Nessa linha,
o primeiro desafio político da campanha é articular a defesa das grandes
conquistas obtidas pelo povo brasileiro durante os governos Lula e Dilma com a
proposta de um novo ciclo de desenvolvimento e reformas estruturais, que amplie
e aprofunde os avanços anteriores. Não basta defender o legado, por maior que
ele seja. Também é necessário responder às novas demandas da sociedade, que só
serão atendidas realizando as velhas demandas por reformas estruturais.
17.Evidentemente,
quem busca a reeleição não pode apenas apresentar novos programas e falar sobre
o futuro. Precisa, igualmente, mostrar o que já fez. Assim, a campanha deverá
apontar os desafios que pretendemos vencer no futuro e, simultaneamente,
resgatar a bem-sucedida solução dos grandes problemas do passado. No essencial,
nosso discurso deve unir os dois momentos: “quem foi capaz de acabar com o
desemprego vai melhorar a qualidade de vida”.
18.Na medida do
possível, devemos buscar a construção de palanques estaduais unitários,
respeitando sempre as particularidades de cada Estado. Onde isso se revelar
politicamente inviável, devemos firmar acordos de procedimento antes e durante
a campanha, que possibilitem a existência de dois ou mais palanques para a
candidatura presidencial.
19.As eleições
de 2014 são também um momento decisivo para travar o debate de idéias e
conquistar hegemonia em torno do nosso projeto de sociedade. Nesse sentido, a
proposta de um plebiscito para convocar uma Constituinte Exclusiva pela Reforma
Política, proposta pela presidenta Dilma ao Congresso e encampada pelo PT,
movimentos sociais, centrais sindicais, partidos políticos, organizações da
sociedade, deve envolver a participação da militância e de nossas candidaturas.
A luta pela reforma política deve estar no centro de nossa tática eleitoral e
dos programas de governo nacional e estaduais.
20.Por fim,
relembramos à militância a necessidade de preservar o defender o PT. Os setores
conservadores e o conjunto da classe dominante encaram o PT como um pesadelo,
porque está destruindo um desejo acalentado por eles durante séculos: o sonho
de uma “democracia” sem povo. E ao construir uma democracia realmente popular,
o PT tornará possível materializar o objetivo de tantos que morreram na luta
contra a ditadura militar: o socialismo.
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