domingo, 5 de outubro de 2025

Quem diria, se move!

 


Editorial do Página 13 de outubro de 2025

Quem diria, se move!

É conhecida a história de Galileu Galilei: defensor da teoria heliocêntrica, segundo a qual a Terra gira ao redor do Sol, foi levado a julgamento pela Inquisição. Condenado, Galileu teria dito em latim a frase eppur si muove. Ou seja: o tribunal pode me condenar, mas que se move, se move...

Assim foi com o Congresso Nacional nos últimos dias. No Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a “PEC da Bandidagem” foi enterrada. E, na Câmara dos Deputados, a isenção no Imposto de Renda foi aprovada por unanimidade!

E tanto num caso quanto noutro, jogou importante papel a mobilização popular, comprovando que, falem o que quiserem, é possível incidir de fora para dentro e de baixo para cima na correlação de forças do parlamento.

O curioso é que vários dos que usavam o argumento da correlação de forças para justificar todo tipo de concessão, agora se comportam como se a “unanimidade” fosse real e não produto das circunstâncias.

Noutras palavras: obrigados a votar a favor da isenção, os parlamentares de direita tentarão dar o troco na primeira oportunidade. E uma das oportunidades está aí na frente: a contrarreforma administrativa. O jogo deles será cortar na carne dos trabalhadores e dos serviços públicos, fazendo sobrar mais recursos para os gastos que interessam às elites: as isenções, os subsídios e a dívida pública.

Motivo pelo qual a mobilização não pode ser nuvem passageira, tem que ser uma ferramenta permanente da esquerda. E o PT, a CUT e o MST precisam não apenas participar, mas principalmente dirigir o processo. O que, por sua vez, exige política com começo, meio e fim. Harmonia que faltou no episódio da “PEC da Bandidagem”, em que setores do governo, da direção partidária e da bancada na Câmara se comprometeram com posições inaceitáveis e/ou passaram o pano em quem fez isso.

A mesma postura não pode se repetir na votação da anistia para os golpistas. Como a anistia explícita é inviável, os adeptos da “pacificação” querem fazer passar a chamada dosimetria, ou seja, mudanças que levem a redução das penas. Os argumentos são vários, mas o objetivo é um só: reduzir o tempo e o rigor da pena, na medida certa para levar o cavernícola a dar seu apoio para uma candidatura com maiores chances de unificar as direitas contra Lula. Nesse sentido, os integrantes da esquerda que aceitam a “dosimetria” estão fazendo o jogo da direita que quer se unificar. Ou seja, estão ajudando a pacificar o campo adversário!

E por falar em falsa pacificação, o governo Trump fez uma proposta para a Palestina: a de transformar Gaza num condomínio sob gestão do próprio presidente estadunidense e do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Não sabemos o que o povo palestino decidirá a respeito desta proposta. Mas do ponto de vista dos princípios, no caso do ponto de vista da soberania nacional, esta proposta não pode ser aplaudida. Mas foi isso que fez o ministro Mauro Vieira, supostamente falando em nome do governo brasileiro.

Na nossa opinião, só há uma maneira de resolver a situação da Palestina: acabando com todo e qualquer tipo de dominação colonial exercida pelo Estado terrorista de Israel. Qualquer proposta que mantenha o colonialismo, significa a continuação do conflito. Quem realmente quer paz precisa defender a soberania palestina.

Basta de genocídio!

Viva a flotilha da liberdade!

Viva a luta do povo palestino!

Viva a Palestina Livre!

Os editores

 

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