Editorial do Página 13 de outubro de 2025
Quem diria, se move!
É conhecida a história de Galileu Galilei: defensor da teoria
heliocêntrica, segundo a qual a Terra gira ao redor do Sol, foi levado a
julgamento pela Inquisição. Condenado, Galileu teria dito em latim a frase eppur
si muove. Ou seja: o tribunal pode me condenar, mas que se move, se move...
Assim foi com o Congresso Nacional nos últimos dias. No
Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a “PEC da Bandidagem” foi
enterrada. E, na Câmara dos Deputados, a isenção no Imposto de Renda foi
aprovada por unanimidade!
E tanto num caso quanto noutro, jogou importante papel a
mobilização popular, comprovando que, falem o que quiserem, é possível incidir
de fora para dentro e de baixo para cima na correlação de forças do parlamento.
O curioso é que vários dos que usavam o argumento da
correlação de forças para justificar todo tipo de concessão, agora se comportam
como se a “unanimidade” fosse real e não produto das circunstâncias.
Noutras palavras: obrigados a votar a favor da isenção, os
parlamentares de direita tentarão dar o troco na primeira oportunidade. E uma das
oportunidades está aí na frente: a contrarreforma administrativa. O jogo deles
será cortar na carne dos trabalhadores e dos serviços públicos, fazendo sobrar
mais recursos para os gastos que interessam às elites: as isenções, os
subsídios e a dívida pública.
Motivo pelo qual a mobilização não pode ser nuvem passageira,
tem que ser uma ferramenta permanente da esquerda. E o PT, a CUT e o MST
precisam não apenas participar, mas principalmente dirigir o processo. O que,
por sua vez, exige política com começo, meio e fim. Harmonia que faltou no
episódio da “PEC da Bandidagem”, em que setores do governo, da direção
partidária e da bancada na Câmara se comprometeram com posições inaceitáveis
e/ou passaram o pano em quem fez isso.
A mesma postura não pode se repetir na votação da anistia
para os golpistas. Como a anistia explícita é inviável, os adeptos da
“pacificação” querem fazer passar a chamada dosimetria, ou seja, mudanças que
levem a redução das penas. Os argumentos são vários, mas o objetivo é um só:
reduzir o tempo e o rigor da pena, na medida certa para levar o cavernícola a
dar seu apoio para uma candidatura com maiores chances de unificar as direitas
contra Lula. Nesse sentido, os integrantes da esquerda que aceitam a “dosimetria”
estão fazendo o jogo da direita que quer se unificar. Ou seja, estão ajudando a
pacificar o campo adversário!
E por falar em falsa pacificação, o governo Trump fez uma
proposta para a Palestina: a de transformar Gaza num condomínio sob gestão do
próprio presidente estadunidense e do ex-primeiro-ministro britânico Tony
Blair. Não sabemos o que o povo palestino decidirá a respeito desta proposta.
Mas do ponto de vista dos princípios, no caso do ponto de vista da soberania
nacional, esta proposta não pode ser aplaudida. Mas foi isso que fez o ministro
Mauro Vieira, supostamente falando em nome do governo brasileiro.
Na nossa opinião, só há uma maneira de resolver a situação da
Palestina: acabando com todo e qualquer tipo de dominação colonial exercida
pelo Estado terrorista de Israel. Qualquer proposta que mantenha o
colonialismo, significa a continuação do conflito. Quem realmente quer paz
precisa defender a soberania palestina.
Basta de genocídio!
Viva a flotilha da liberdade!
Viva a luta do povo palestino!
Viva a Palestina Livre!
Os editores
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