Existe quem relativize as opiniões de Quaquá & Cia. Ltda. acerca da chacina cometida pelo governo Castro, alegando que não podemos deixar a extrema-direita "manipular" o tema da segurança pública.
A preocupação é justa. Mas o remédio proposto mata. Explico.
É óbvio que a chacina não aconteceu, agora, por acaso. Em parte é desdobramento de uma política estrutural de insegurança pública, em parte é guerra de facções (onde parte do governo & as milícias, na prática, apoiam uma facção contra outra). Mas em parte é luta política estrito senso, uma tentativa da extrema-direita de recuperar a iniciativa política, através da "guerra ao tráfico".
Sendo assim as coisas, há várias atitudes possíveis.
Uma consiste em explicar para a população o que está acontecendo, demonstrar que violência não gera segurança, que o governo do Rio está penetrado pelo crime, que a turma do cavernícola quer recuperar espaço. E implementar, através do governo federal, dos governos estaduais e das prefeituras que governamos, uma política de segurança diferente.
Outra atitude é negar que tenha havido chacina, omitir a cumplicidade de setores do governo do Rio com o crime, passar o pano na manobra política da extrema-direita e adotar a tese de que o combate ao crime deve mesmo ser feito através da "guerra".
Os defensores desta segunda atitude são de dois tipos: os convictos e os oportunistas. Os convictos acreditam no que dizem. Os oportunistas fazem demagogia eleitoral. Uns e outros não percebem o seguinte: ao admitir publica e enfaticamente (com um prazer quase sexual, como fica claro no gestual de Quaquá ao falar de "porrada" e similares) que as teses da direita estariam total ou parcialmente corretas, ao reforçar a tese fascista de que seria a “guerra" que produziria a "segurança pública", estes setores da esquerda estão acumulando forças... a favor da extrema direita.
A jogada de Castro é criminosa, mas faz sentido do ponto de vista da extrema-direita.
A de Quaquá é pior que um crime, é um erro. Pois crimes as vezes "dão certo", ao menos para os criminosos. Já os erros não terminam bem, ao menos para o nosso Partido. Verdade que, ao menos para algumas pessoas, estes “erros” geram lucros e dividendos. Mas quem vive de lucros e dividendos mudou de lado, mesmo que haja gente boa que ainda não perceba isso.
Obrigada, Valter, por trazer essa questão que poderia parecer "colateral", mas é cobra sendo criada na sala do PT. Não vi em outro espaço tanta coragem e clareza como nessa denúncia. "O que fazer com o Quaquá?"deveria ser uma das maiores preocupações do partido agora.
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