sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Na batalha contra a Faria Lima, Edinho escolheu o lado errado


Se eu fosse assessor de imprensa do companheiro Edinho Silva, teria sugerido a ele que não desse entrevista para as páginas amarelas da Veja. Dá azar dar entrevista na imprensa mais amarela deste país.

Teria sugerido, também, que Edinho não caísse na armadilha de polarizar com a presidenta Gleisi Hoffmann. Afinal de contas, é obvio que Veja não dá ponto sem nó. 

Até a Velhinha de Taubaté conseguiria perceber que, ao abrir suas páginas para Edinho, o objetivo real da Veja é ajudar na campanha da Faria Lima contra o PT. 

Infelizmente, Edinho - o mesmo que em entrevista na UOL disse que o PT não deveria cair na armadilha da polarização contra o bolsonarismo - caiu na armadilha da polarização contra a presidenta de seu próprio Partido.

Registre-se que Edinho e Gleisi integram a mesma tendência dentro do PT, a chamada Construir um Novo Brasil, mais conhecida pela sigla CNB. Também faz parte da CNB o ministro Padilha, que recentemente também trocou chumbo retórico com a presidenta nacional do Partido.

A presidenta Gleisi, é bom que se diga, está coberta de razão ao enfrentar a Faria Lima. E tem o respaldo, para fazer isso, de duas resoluções recentes da direção partidária, uma da executiva e outra do diretório, esta última criticando o “austericídio”.

Isto posto, como não sou assessor de imprensa de Edinho, nem tampouco integrante da CNB, muito antes pelo contrário, registro meu total desacordo com várias das afirmações de Edinho na citada entrevista. 

Para ser correto, meu desacordo com parte do que foi publicado, mas que não necessariamente coincide com o que foi dito. Afinal de contas, a Veja é como o imperialismo, não dá para confirmar nem um tiquinho.

Vamos por partes.

Veja começa a entrevista perguntando porque o PT “foi tão mal nas últimas eleições”. 

Edinho diz que o discurso antissistema teria chegado nas “camadas mais populares” – que logo depois ele denomina de “classe média” – porque as pessoas “não conseguem mais encher o carrinho”, ou seja, porque as melhorias no PIB, no emprego e na renda “não tem se refletido em melhorias de vida” para fatia numerosa da população.

Isto é verdade? Em parte, sim: de fato, a realidade de boa parte do povo não é bem expressa pelos índices que o chapa-branquismo adora repetir. Além disso, a realidade percebida tampouco é a alardeada pelos puxa-sacos, termo que copio e colo de um dos vice-presidentes nacionais do Partido. 

Mas existe uma parte da explicação que é omitida nesta resposta, a saber, aquela que envolve os motivos que ajudaram a direita a ter mais votos e a eleger mais gente: as emendas parlamentares, o uso da máquina, a compra de votos, o financiamento ilegal, a manipulação da grande mídia e das redes sociais etc.  

Essas e outras armas são essenciais em qualquer explicação de por quais motivos as direitas tiveram mais votos e elegeram mais prefeituras em todas as eleições municipais, desde 1982. 

Os nossos erros, um dos quais Edinho tangencia, ajudam a entender por quais motivos, nesta eleição de 2024 – diferente de algumas outras – nossos resultados ficaram abaixo do esperado e do possível. Mas é indispensável apontar o dedo acusador para os motivos de fundo que explicam as vitórias eleitorais da direita.

Além disso, é espantoso como Edinho está naturalizando a "narrativa" (argh!) segundo a qual o PT seria não só parte do sistema mas, também, vítima preferencial do que ele chama de "discurso antissistema". 

Veja, talvez espantada com o unilateralismo da primeira resposta de Edinho, pergunta então se a questão “se restringe à economia”.

Edinho, ao invés de aproveitar a deixa para falar das questões acima mencionadas, insiste na tecla de que a culpa é do “movimento do eleitorado na direção de posições mais conservadoras. Tudo que é identificado como parte do sistema passou a ser rechaçado”. 

Apesar de errada – os motivos da vitória e da derrota são mais concretos e múltiplos – a tese de Edinho é interessante, porque permite ilustrar o dilema que vive uma parte da esquerda brasileira. 

Lá pela década de 1990, esta parte achou que o caminho da mudança passava por nossa integração ao “sistema”. E, agora, em 2024, uma parte daquela parte está apavorada, porque começa a perceber que setores crescentes da população estão aderindo a uma direita que, demagogicamente, fala contra o sistema e nos aponta, ao PT, como cabeça desse tal sistema.

A resposta para o dilema daquela parte da esquerda é relativamente simples, ao menos no plano das ideias: só uma esquerda verdadeiramente antissistêmica pode derrotar a direita supostamente antissistêmica. Mas para aceitar esta resposta, é preciso romper com os paradigmas adotados por muita gente, desde há muito tempo. E mesmo que seja aceita a resposta sintetizada anteriormente, levá-la à prática exige um imenso esforço, que incluirá um bom tempo de fisioterapia política.

De toda forma, a tese de Edinho não serve para explicar os resultados eleitorais. Se o que ele diz fosse uma verdade universal, como foi então que conseguimos vencer com Lula em 2022? E como foi que, mesmo em 2024, conseguimos vencer ou ter ótimos resultados em inúmeras cidades? Nestes casos, os nossos adversários seriam menos conservadores do que nós? Ou nós seríamos mais antissistêmicos do que eles?

Aliás, esta é a parte mais intrigante do raciocínio de Edinho: se for mesmo verdade que o eleitorado quer votar no antissistema, por qual motivo nós da esquerda não vestimos - com toda a legitimidade do mundo - esta camisa?? Por qual motivo deixar os conservadores fazerem demagogia e polarizarem esta parte da população?? Não seria esta uma forma muito mais efetiva - e pela esquerda - de "furar a bolha" deles??

Até mesmo a Veja parece se dar conta da inconsistência da explicação e pergunta porque, se o PT foi bem sucedido em 2022, ele não conseguiu ser bem-sucedido em 2024.

A resposta de Edinho é, na minha opinião, quase inacreditável: segundo ele, teriamos vencido em 2022 por causa da pandemia, que “fez o sentimento antissistema arrefecer”. 

Ou seja, segundo Edinho, não teria sido a frente ampla, não teria sido o Lula, não teria sido a militância, não teria sido o Xandão agindo contra o setor bolsonarista da PRF, não teria sido a consciência de classe dos setores mais pobres, periféricos, negros, jovens e mulheres da classe trabalhadora, especialmente aquela nordestina de residência e coração.

Segundo Edinho, não teria sido nada do que geralmente uns e outros citam como causas da vitória. Teria sido, segundo Edinho, a pandemia. 

Edinho chega a dizer que em 2022 a “polarização deu então uma breve suavizada”.

Isso é simplesmente falso. 

A polarização foi tão intensa durante a pandemia, que morreram mais de 600 mil pessoas, parte das quais devido à decisões ou à falta de decisões por parte do cavernícola, de seu governo e de quem o apoiou, inclusive entre os médicos. 

É verdade que havia gente na esquerda que era contra polarizar contra o cavernícola; mas a polarização ocorreu mesmo assim, principalmente da parte de Bolsonaro e da parte de muita gente que teve que lutar pela vida. 

E a polarização prosseguiu durante a campanha eleitoral. Aliás, por pouco nosso inimigo não saiu vitorioso. 

A Veja, talvez surpresa com o rumo da prosa, pergunta: “mas não foi o próprio PT que apostou na polarização contra bolsonaristas nos casos em que a disputa seguiu para o segundo turno?”

A resposta de Edinho é: “se apostou, errou”. Chega a ser bizarro ver este tipo de raciocínio ser publicado logo depois do atentado na Praça dos Três Poderes. Entretanto, é importante entender a lógica de Edinho. Segundo ele, “só conseguimos eleger o Lula [em 2022] quando furamos a bolha e conquistamos parte do eleitorado do Bolsonaro”. 

A pergunta que se deve fazer a Edinho e a quem pensa como ela é a seguinte: como conquistar parte do eleitorado do Bolsonaro? Concordando com as teses do cavernícola ou disputando contra elas

Podemos discutir como polarizar. Mas abrir mão da polarização é, também, abrir mão da disputa.  Abrir mão da disputa, especialmente num momento em que do outro lado tem uma direita que polariza, é nos condenar à derrota, é desistir de disputar a classe trabalhadora.

É nesse ponto da entrevista que Veja pergunta se “o PT deixou de falar à classe trabalhadora”. 

A resposta de Edinho começa afirmando uma obviedade – do tipo o mundo mudou desde 1980 – para terminar falando algo que o empresariado adora ouvir: há uma imensa parte dos trabalhadores que “não quer ser formalizada”. Ou seja: quem não tem direito, é porque não quer. Segundo Edinho, teria sido este grupo “ascendente” quem teria votado “contra nós nas periferias por não se sentir contemplado por aquilo que temos a oferecer”.

Basta olhar a movimentação contra o 6x1 para perceber que isso não é exatamente verdade. Tem uma parte importante da classe trabalhadora que está sendo brutalmente explorada, acima de qualquer patamar que se possa naturalizar ou atribuir ao masoquismo das próprias pessoas. Essas pessoas querem mais direitos. Como diria ele próprio, Edinho precisa “ter humildade para ouvir” o que estas pessoas estão “gritando”. Mas não. Ele prefere repetir uma cantilena que a própria direita adora repetir. Talvez por isso ele não se sinta em condições de polarizar.

Veja tenta puxar Edinho para o fundo do poço, perguntando se ele concorda com a teoria dos “pobres de direita”. Felizmente para ele e para todos nós, Edinho não cai naquilo que ele corretamente chama de “estigmatização”. Infelizmente, os motivos pelos quais ele não estigmatiza me lembram a frase de Haddad acerca da Faria Lima estar certa: “não adianta a gente criticar a teologia da prosperidade, porque ela fornece uma resposta concreta para essa classe média baixa”.

Para começo de conversa, é um erro chamar qualquer setor da classe trabalhadora de “classe média”. É um erro sociológico e um erro político. 

Além disso, a “teologia da prosperidade” não fornece resposta concreta para o conjunto da classe; se fornecesse, tantas pessoas não estariam insatisfeitas com sua vida, fato que o próprio Edinho reconhece no início da entrevista. 

O caminho para a vida “prosperamente acomodada”, não de alguns indivíduos, mas de dezenas de milhões de pessoas não passa pela teologia, mas pela economia política: precisamos que o governo faça mudanças estruturais. Mas para isso temos que enfrentar a Faria Lima e os amigos do agronegócio.

Como Veja obviamente não tem interesse neste tipo de questão, a próxima pergunta é sobre o... "identitarismo". 

Edinho concede que as lutas identitárias “devem continuar”, mas diz que elas “representam um avanço do direito individual”. 

Como nem a Veja, nem Edinho, explicam sobre o que exatamente estão falando, fica a dúvida. E, na dúvida, melhor esclarecer: não dá para tratar como “identitarismo”, nem como “direito individual”, temas que dizem respeito a milhões de pessoas; muito menos dá para fazer isso com os direitos de setores majoritários da nossa população, como é o caso das mulheres e da população negra.

O melhor momento da entrevista de Edinho é quando a Veja pergunta se “o PT deveria caminhar para o centro?”. Edinho responde que “o PT jamais vai fazer o giro para o centro”. Mas como o diabo mora nos detalhes, depois de expulsar o giro ao centro pela porta, ele deixa o dito cujo voltar pela janela, ao dizer que “o grande inimigo o século XXI é o fascismo, o nacionalismo de direita”; “mais do que nunca, devemos tecer no Brasil uma aliança no campo democrático”.

O problema é: quem faz parte deste “campo democrático”? Este “campo” vai aceitar as “nossas bandeiras”? Ou vamos, em nome do campo, virar social-liberais?

Dizendo em outras palavras: a extrema-direita é útil para a direita neoliberal. Quando é o caso, os neoliberais se aliam com os cavernícolas, para nos derrotar. E aplicam seu programa neoliberal. E quando é o caso, se aliam conosco para derrotar a extrema-direita. E, como preço que devemos pagar pela aliança deles conosco, querem continuar aplicando seu programa neoliberal.

Ou respondemos como lidar com isto, ou ficaremos no pior dos mundos: em nome de derrotar a extrema-direita, viraremos social-liberais, perderemos o apoio do povo e seremos derrotados, mais cedo ou mais tarde, pela extrema-direita que queríamos deter.

Edinho trata dessa questão da seguinte forma: “precisamos entrar em 2025 já com outra configuração”, “construir uma aliança que garanta governabilidade e dê condições à reeleição”. 

Portanto, Edinho defende ampliar a aliança feita em 2022. Logo, ao contrário do que ele diz, na prática ele defende o “giro ao centro”, nome fantasia de “aliança com outros setores da direita”. Tipo o União Brasil e o PSD, que segundo Edinho querem “instituições fortes, previsibilidade e a solidez da democracia”. 

Quanto ao resto dos elogios, não concordo com Edinho; mas "previsibilidade", com certeza, se é que me faço entender.

Sentindo a brecha, Veja enfia a faca e pergunta a opinião de Edinho sobre o “manifesto que o PT acaba de assinar criticando o ajuste fiscal defendido pelo ministro Fernando Haddad”. 

Sejamos justos, bem que Edinho tenta escapar da armadilha: “O presidente da República e o ministro da Fazenda são ambos do PT. Considero essencial que se faça esse debate dentro do governo, para não fragilizar os envolvidos publicamente”.

Veja insiste e fulaniza: “Gleisi Hoffmann errou ao permitir que o documento fosse assinado?”

Edinho não suporta a mínima pressão e deixa escapar: “difícil opinar. Mas o desejável é que a discussão tivesse sido esgotada internamente”. E a partir daí fala o que a Veja queria ouvir: Gleisi “não pode enfraquecer o ministro da Fazenda. Isso é tirar força do próprio governo”.

Vou repetir aqui um argumento da própria presidenta Gleisi, acerca do óbvio: se o Partido não toma posição pública contra o que a Faria Lima pretende, ajudaremos pelo silêncio a que prevaleça a pressão da Faria Lima. 

Agrego a este argumento o seguinte: porque a direção partidária precisa discutir antes "internamente" no governo e os governantes petistas não precisam, também, discutir internamente antes, no Partido??

Sei que o cachimbo entorta a boca, mas é inaceitável naturalizar esta situação que converte os-petistas-que-estão-no-Governo em uma instância superior ao conjunto do Partido. Um mínimo de reciprocidade e respeito mútuo ajudaria a evitar muitos erros.

Depois que conseguiu o que queria, a Veja faz perguntas genéricas e Edinho dá como resposta platitudes nada inocentes, do tipo “equilíbrio fiscal não deve ser uma bandeira da direita ou da esquerda”, acabar com a jornada 6x1 é uma "pauta legítima", mas o Brasil “talvez não tenha condições de implantá-la de hoje para amanhã”. 

Com uma esquerda que pensa deste jeito, fica mais fácil entender aquele passo-a-passo que aprendemos na escola: fim do tráfico... lei do ventre livre... lei dos sexagenários... abolição. Mas sem reforma agrária, nem direitos.

Afinal, a sofrida classe dominante, que se acha e Edinho também trata como se fosse "o Brasil", precisa de tempo para se adaptar. 

E, enquanto isso, os tadinhos vão recebendo muitos incentivos do Estado, motivo de fundo do "equilíbrio fiscal" que alguns tratam como se fora uma lei da natureza. Pois, vamos nos entender, o "equilíbrio" defendido pela Faria Lima é uma transferência permanente e crescente de recursos para os que já são endinheirados.

Noutras respostas, Edinho fala do projeto petista num tom de humildade compungida, sem em nenhum momento da entrevista citar a "palavra proibida": o socialismo. Fala de Dirceu e de outros, sem citar a criminosa Operação Lava Jato e outras do gênero. Fala de novas lideranças, enfiando no mesmo saco Boulos, João Campos e Tabata Amaral (sic).

No final da entrevista, reconheçamos, Edinho manda bem, quando fala sobre a candidatura de Lula em 2026 e, principalmente, quando diz que o sucessor de Lula será o Partido

De conjunto, a entrevista é ótima para compreender os motivos pelos quais se diz que Edinho é "cotado" e "preferido". Afinal, com estas ideias e estilo, Edinho é mesmo um ótimo candidato a ministro. Mas a entrevista também é ótima para entender os motivos pelos quais muita gente, eu inclusive, não estamos de acordo com ter Edinho na presidência do Partido. 

Entre outros motivos, porque a presidência do Partido não é um ministério do governo. Nem é fruto de uma decisão individual do presidente da República, mas sim uma decisão do conjunto do Partido, através do voto secreto de toda a base.


ps. depois de publicada a entrevista, Edinho disse que setores da imprensa "tentam gerar conflitos" entre ele e Gleisi. Sua explicação não explica nada. Na batalha contra a Faria Lima, Edinho escolheu o lado errado. O referido dito está aqui: https://x.com/edinhosilva/status/1857417834365657345?s=48&t=9bqLy41W04MI4rBcXdcOsw 







2 comentários:

  1. A afirmação feita por Lula e repetida por seus fiéis escudeiros, sobre os brasileiros quererem ser livres, não terem patrões e terem seu próprio negócio, não tem base material alguma, apenas repetem o que a mídia publica como pauta ideológica.

    Foi publicada pela Uol (26/08/24) a pesquisa da FGV:

    "Sete, em cada dez trabalhadores brasileiros autônomos, desejam um emprego com carteira assinada depois de sete anos da reforma trabalhista, que incentivou a informalidade do mercado de trabalho com a promessa de criar 6 milhões de empregos. É o que mostra pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

    O que aconteceu?
    Aprovada em julho de 2017, a reforma trabalhista alterou a CLT em mais de cem pontos. A reforma decidiu, por exemplo, que os acordos entre patrões e empregados prevalecem sobre a lei. Ela impôs obstáculos para o trabalhador processar empresas, permitiu que direitos como férias fossem parcelados e enfraqueceu os sindicatos ao acabar com a contribuição obrigatória — mudança retificada pelo STF.

    A promessa era frear o desemprego, que crescia desde a crise político-econômica de 2015. Na época, o então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que 6 milhões de empregos seriam gerados em dez anos. Seriam dois milhões já nos dois primeiros anos, segundo Ronaldo Nogueira, então ministro do Trabalho.

    Apesar da reforma, o desemprego se manteve alto. A taxa de desocupação, que estava em 6,6% em 2014, disparou após a crise de 2015, chegando a 12,9% em julho de 2017, quando a reforma foi aprovada. A taxa patinou no mesmo patamar nos anos seguintes até atingir o pico de 14,9% em março de 2021, agravada pela pandemia.

    O que fizemos foi flexibilizar o contrato de trabalho, porque na minha cabeça estava o seguinte: é melhor você arrumar trabalho flexível do que não ter emprego -Michel Temer, presidente na época da reforma, em fala de 2020

    70% dos autônomos querem CLT
    Sete anos depois da reforma, 67,7% dos autônomos sonham em trabalhar com carteira assinada. Pelos critérios do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, o Brasil tem 25,4 milhões de autônomos, enquanto a população total ocupada era de 100,2 milhões em março de 2024. A pesquisa do instituto consultou 5.321 pessoas e tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos.

    O desejo da CLT é maior entre os autônomos mais pobres: 75,6% dos informais com renda de até um salário mínimo (R$ 1.412) preferem um trabalho com carteira assinada. Entre aqueles com renda entre um e três mínimos, esse nível chega 70,8%, enquanto essa proporção cai para 54,6% dos informais com renda acima de três mínimos.

    Os trabalhadores autônomos ganham mal. Cerca de 44% deles recebem até um salário mínimo.

    A maioria dos informais é homem e negro. 38% dos informais têm entre 45 e 65 anos, 66% são homens e 54,5% se declaram pretos e pardos.

    A insegurança financeira é maior para esses trabalhadores. Enquanto apenas 45% deles conseguem prever sua renda para o próximo semestre, esse percentual chega a 67,5% entre funcionários com carteira assinada.

    A renda dos autônomos também varia muito. O salário de 19,8% deles pode oscilar mais de 20% de um mês para o outro, enquanto o mesmo acontece com apenas 4,7% entre aqueles com CLT.."

    Logo, Edinho não alcançou a referida humildade para ouvir o trabalhador, que aconselhou a esquerda a tê-la!

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