Embora haja ministros que minimizem, o fato é que a direita e a extrema-direita operam para impor uma grande derrota ao PT em 2024.
E, convenhamos, a situação não está fácil.
Entre muitos outros motivos, porque cometemos muitos erros, que agora cobram seu preço. São Paulo capital é um bom exemplo disso.
Haddad deveria ter sido candidato a prefeito em 2020. Se tivesse sido, provavelmente teria ido ao segundo turno e poderia ter vencido. Mas Haddad não quis, essencialmente porque - na minha opinião - achava que ia “botar o bloco na rua” em 2022.
Como um erro leva a outro, a desistência de Haddad foi seguida de várias opções erradas, com destaque para as feitas por parte importante do PT paulistano.
O resultado foi uma campanha em que nosso candidato a prefeito foi menos votado do que nossa bancada de vereadores; e parte do eleitorado petista votou em Boulos nas eleições municipais.
Em 2022 as candidaturas majoritárias do PT foram as mais votadas na cidade de São Paulo. Mesmo assim, em 2024, o PT decidiu ir de Boulos prefeito, já no primeiro turno.
Com Boulos existem chances de vitória? Sim, como indicam os resultados de 2022 e as pesquisas de intenção de voto. E, obviamente, uma vitória da esquerda em SP capital nos ajudaria muito nas duras disputas que virão no biênio 2025-2026.
Mas, embora a vitória seja possível, o quadro é muito difícil. E para aumentar nossas chances, está circulando a ideia de colocar Marta como vice de Boulos.
Eleitoralmente a ideia tem seu sentido. Basicamente porque, na periferia paulistana, a memória do governo Marta segue presente e positiva.
O que não faz sentido, na minha opinião, é Marta se filiar ao PT. O que ela fez em 2016, apoiando o golpe, foi uma violência inesquecível e imperdoável.
Imperdoável, entre outras por uma razão muito simples: quem cruza determinadas fronteiras, não cruza uma única vez.
Tê-la como aliada, na disputa pela prefeitura de São Paulo, pode fazer parte. Tê-la como “companheira” de Partido, não faz parte.
Uma coisa é o PT adotar uma política “ampla”. Podemos concordar ou discordar, mas em si mesmo isso não muda a natureza do Partido.
Outra coisa é o PT trazer, para dentro de si, certos aliados, suas políticas, seus programas e, principalmente, seus hábitos. Isso vai mudando, por dentro, a natureza do Partido.
É verdade que isso já está sendo feito, em grande número de estados e de cidades do país. Há até quem comemore a filiação, ao Partido, de pessoas com trajetória para lá de conservadora. E, reconheço, perto de algumas tranqueiras, agora filiadas ao PT, a refiliação de Marta parece ser até razoável.
O problema é que certas decisões, por sua visibilidade e simbolismo, têm um efeito desmoralizante, inclusive por borrarem a fronteira entre o que é aceitável e o que não é aceitável na disputa política.
Se Marta, depois do que fez em 2016, pode mesmo assim voltar a ser filiada ao PT; e filiada com o objetivo de disputar a vice-prefeitura da maior cidade do país, supostamente em nome do PT; e ainda ser recebida com pompa e circunstância; então estaremos cruzando uma perigosa fronteira.
Espero que a ideia não prospere.
Essa fronteira requer barricadas, pois a partir de coligações, políticas amplas e a abertura p aliados, minas covardes estão implantadas.
ResponderExcluirO partido da estrela vermelha se transformando no partido cinque stelle
ResponderExcluirEsquerdawashing no PT!?
ResponderExcluirNada muda o DNA do PT.
ResponderExcluirA entrada de Boulos e seu grupo no PT também não o tornaria mais progressista.
A ordem dos jesuítas foi uma vez expulsa da ICAR e hoje Bergoglio é o Papa.
Quem mudou de natureza?
Marta tampouco mudará seu DNA.
Mas um seguidor daquele grego diria que tudo flui e o rio não é o mesmo duas vezes, não apenas porque as águas não são as mesmas, mas porque quem entra no Rio também não é o mesmo.
Não esqueça que outro grego lembrava que tudo é uno.
O povo paulistano não olhou a placa do PSOL e viu em Boulos um petista.
A esquerda precisa formar um bloco institucional como os BRICS tentam na esfera maior do planeta.
E tomar cuidado pois blocos em si não garantem vitória alguma...
A esquerda, e nisso talvez concordemos, ainda tem tempo de trocar seus candidatos se necessário
Devemos levantar barricadas com urgência, a refiliaçāo de Martha ao PT para compor como vice n a chapa de Boulos é inaceitável. Até quando vamos engolir os sapos impostos dela Direção petista e de Lula sem regurvitá-los?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir“Imperdoável, entre outras por uma razão muito simples: quem cruza determinadas fronteiras, não cruza uma única vez.”
ResponderExcluirValter Pomar, papo sério, curto e grosso: depois da vice para o Picolé de Chuchu, que fronteiras ainda restariam?
Quem imaginaria que, em um ou dois meses, uma inimaginável heresia se tornaria um dogma de fé?
No mais, é aquilo e às toneladas: se Lula, o dono e senhor do PT, decidir pela volta de Marta à agremiação e colocá-la como vice na chapa de Boulos, assim será. Aos comunistas acomodados no PT e outros que por ventura torcerem o raiz, restará, como sempre, o sagrado jus esperneandi.
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Quem, à perfeição, resumiu como funciona a escolha de candidatos no PT foi o Paulo Kliass, em artigo publicado no Brasil 247.
No artigo, Kliass se referia à escolha do Picolé de Chuchu para companheiro de chapa de Lula, mas creio que se pode generalizar.
Eis:
“Tendo em vista a imensa assimetria de forças que se verifica entre o candidato e seu partido, ocorre que o ex-presidente acumula para si a capacidade de decisão sobre questões essenciais de sua campanha e mesmo da estratégia eleitoral. Esse foi o caso, por exemplo, da escolha de seu vice-presidente e da definição das orientações para a concretização das alianças políticas e eleitorais nos Estados da federação. O candidato conta com um grande grau de liberdade para tomar as decisões e, caso necessário, depois o Partido dos Trabalhadores (PT) monta um jogo de cena para referendar as opções, já implementadas por Lula, em suas próprias instâncias internas de decisão.”
(Jucemir Rodrigues da Silva)