O texto reproduzido ao final, de Luís Nassif, é ótima expressão de um certo jeito de pensar muito comum em certas áreas do pensamento progressista brasileiro.
Um jeito de pensar que enumera profecias, para conclui entretanto que tudo se trata de um "romance", escrito "em cima dos personagens atuais. Há muita água e lama a rolar até 2018. Tentar adivinhar é um desafio que nenhuma ficção ousará enfrentar".
Ou seja: se não for assim, tudo bem, vai ser diferente.
Que este jeito de raciocinar seja levado a sério -- por alguns -- resulta da mesma sociedade capaz de gerar aquilo que vimos e ouvimos nas manifestações da direita.
Claro, nem tudo que Nassif diz é errado, mas o conjunto é. Porque, como ele mesmo diz, este conjunto baseia-se em "personagens". Em seu roteiro, não há classes, não há grandes processos sociais e econômicos, não há as viras e voltas da cena internacional.
É isto que o faz "concluir" que a passeata de 16 de agosto marca o "fim de um ciclo político no país: o da intolerância".
Raciocínio típico de quem não tira as devidas implicações políticas das chacinas, do violência endêmica, do agravamento das condições de vida e trabalho.
Não tenho dúvida de que 16 de agosto parece encerrar um micro-ciclo político.
Como disse o tucano Luis Carlos Mendonça de Barros, há três grupos na oposição de direita: "um grupo defende dar o mínimo de governabilidade para a presidente continuar o ajuste por mais um ano e meio. Outro acha que a estabilização da governabilidade deve ir um pouco mais longe, chegando às eleições de 2018. E um terceiro avalia que já existem motivos para interromper o governo e gerar, ninguém sabe direito como, uma nova governabilidade".
O 16 de agosto mostra que o primeiro e o segundo grupos estão neste momento predominando.
Mas mesmo para estes que defendem um acordo com o governo, a "governabilidade fica na dependência de não aparecer algum crime envolvendo a presidente".
Falando noutros termos: chantagem movida a delação premiada.
Mas o que decorre daí?
Se o ajuste prosseguir por mais um ano e meio, isto vai agravar e muito as condições sociais no país, com consequências que vão ser enfrentadas com a "intolerância" que vemos ser praticada pelas polícias militares, como vimos por exemplo no Paraná e São Paulo (a PM de Minas Gerais, como explicou o governador Pimentel, respeita o "protocolo").
Dito de outra forma: se o governo Dilma aceitar um pacto de governabilidade com a direita, reduzindo a pressão explicitamente golpista. a esquerda política e social se sentirá mais confortável para acentuar a luta por outra política econômica. Tipo de "detalhe" que o texto de Nassif não considera.
Por outro lado, será mesmo verdade o que ele diz, que o "bipartidarismo (...) se esgotou"?
Aliás, será mesmo que existiu?
Pois de cara parece estranho falar em bipartidarismo, num país em que um terceiro partido joga papel fundamental.
Agora, se por bipartidarismo queremos nos referir apenas às disputas presidenciais, algo me diz que Nassif está meio apressado.
Pois cá entre nós, Aécio estar com dificuldades agora não retira do PSDB as chances de ter um candidato no segundo turno de 2018. Onde o próprio Nassif insinua que Lula pode estar, também.
Na verdade, o texto inteiro de Nassif é uma especulação, quando não uma torcida.
Diz ele: "o PT tornou-se uma militância sem partido, atrás de uma nova utopia".
Diz também: "haverá enorme dificuldade em se criar uma nova utopia, em superar os paradoxos e as hipocrisias reveladas pela Lava Jato - pelo que ela mostrou, pelo que vazou e pelo que até agora escondeu".
Incrível, não?
Vira e volta, estes porta-vozes da "classe-média-que-se-acha-esclarecida" não conseguem escapar deste viés de interpretação.
Realmente, a classe dominante brasileira é genial: sabe desviar a atenção. Não corrompe apenas pessoas e partidos, corrompe também pensamentos. Ou, melhor dizendo, a corrupção organiza seu pensamento.
Um exemplo disto é a abusrda conta de chegar que Nassif faz, aproximando FHC e Lula.
Segundo Nassif, "FHC tornou-se o queridinho dos mercados; Lula, o campeão do Terceiro Mundo. Ambos transformaram essa influência em negócios lucrativos legais, tornando-se milionários".
E não se pense que Nassif está indignado. Para ele, isto apenas mostaria "o jogo político em um país de economia de mercado, o paradoxo do representante dos pobres e desassistidos comportando-se como um empreendedor capitalista". Notem um detalhe essencial: neste ponto do texto e do raciocínio de Nassif, FHC já desapareceu do raciocínio, agora só ficou Lula na mira.
Cada qual julgue o indivíduo Lula como quiser e puder. Mas o que impressiona é o seguinte: mesmo reconhecendo que isto, "perto do feito político de tirar 50 milhões de brasileiros da linha da miséria, é picuinha", ao mesmo tempo que omite quão poucos FHC tornou bilionários e a quantos ajudou a empurrar para a miséria, o conjunto da interpretação apresentada por Nassif reforça uma narrativa que, vamos falar claro, não tem nada de inocente.
Ou alguém acha que a direita, esta mesma que aceita Dilma desde que seja para aplicar o ajuste, pretende deixar Lula livre, leve e solto?
Sobre esta "hipótese" Nassif não diz uma linha. Claro, para ele acabaram os tempos da intolerância (afinal, um boneco de Lula vestido como presidiário é apenas carnaval, não tem nada de intolerância, certo???).
Nassif acredita no lulismo pós-PT. Para ele, "o PT - e Lula - terão o enorme desafio de se reinventar, mais facilmente Lula, mais dificilmente o PT".
E aí fica claro o sonho de consumo do escriba. No fundo, ele quer uma frente ampla, social-democrata, sem os socialistas, sem a esquerda petista. Esses, ele quer em partidos menores, ou seja, sem influência de massa.
Nassif tem todo o direito de querer isto. A questão é saber se a conta fecha, ou seja, se é possível uma esquerda de massas no Brasil que não seja, ao mesmo tempo, ampla e radical.
A passeata de 16 de agosto é o fim de um ciclo político
Hoje encerra-se oficialmente um ciclo político no país: o da intolerância. Multidões ainda sairão às ruas como renas amestradas. Baterão panelas atrás do impeachment e cabeças atrás de ideias. E não terão nem uma, nem outra.
Gradativamente a grande besta será recolhida de volta à jaula pela ação combinada de lideranças políticas efetivas de ambos os lados, grupos econômicos e grupos de mídia.
Em parte, devido à conclusão de que o petismo foi definitivamente derrotado. Se acabou ou não, o futuro dirá. Mas, neste momento, jogar mais lenha na fogueira seria passar o bastão para os piromaníacos e não se ter mais o controle da turba. O atentado contra o Instituto Lula é a prova definitiva da marcha da insensatez.
O comentário é de Luis Nassif, jornalista, publicado por GGN, 16-08-2015.
Em parte, devido ao fato de que o PSDB se derrotou, morreu enforcado nas tripas do PT.
Nesta data magna de 16 de agosto de 2015, o bipartidarismo que, desde a Constituição de 1988, dominou a vida pública do país, definitivamente se esgotou.
O PT tornou-se uma militância sem partido, atrás de uma nova utopia. O PSDB, o estuário de uma turba vociferante e anacrônica, deixando órfã a classe média esclarecida que um dia nele acreditou.
A dificuldade com a nova utopia
O que virá daqui para frente é uma incógnita.
Haverá enorme dificuldade em se criar uma nova utopia, em superar os paradoxos e as hipocrisias reveladas pelaLava Jato - pelo que ela mostrou, pelo que vazou e pelo que até agora escondeu.
A primeira hipocrisia é da suposta diferenciação entre os políticos.
São iguais, embora com agendas distintas.
FHC e Lula construíram uma imagem em cima de um projeto de país amparados, de lado a lado, por forças sociais ou econômicas expressivas. Essa imagem, os relacionamentos construídos no exercício do poder, no entanto, passaram a ser tratados como ativos individuais. FHC tornou-se o queridinho dos mercados; Lula, o campeão do Terceiro Mundo. Ambos transformaram essa influência em negócios lucrativos legais, tornando-se milionários.
Não se está aqui condenando-os ou pressupondo qualquer ilegalidade. Portaram-se como ex-presidentes dos EUA, ex-primeiros ministros do Reino Unido e da França. Está-se apenas mostrando o jogo político em um país de economia de mercado, o paradoxo do representante dos pobres e desassistidos comportando-se como um empreendedor capitalista; e as publicações que mais enaltecem o mercado condenando-os, como se fossem defensoras do que elas chamam de pobrismo.
Perto do feito político de tirar 50 milhões de brasileiros da linha da miséria, é picuinha.
Mas qual o pedaço de Lula que mais encantou presidentes norte-americanos, de George Bush Jr. a Barack Obama? O mito do sujeito que saiu da extrema pobreza e venceu, a mítica do herói norte-americano, em contraposição à elite decadente europeia.
Lula é a encarnação do sonho norte-americano, como um Abraham Lincoln, não a utopia bolivariana, como José Mujica. Por motivos opostos, Bush Jr não escondia a antipatia por FHC, visto como o intelectual pedante que nunca teve que lutar pela sobrevivência pessoal ou política.
O balanço do estrago
No final da tarde, quando a passeata terminar e a besta, as panelas e o ódio forem recolhidos, começará o duro reencontro do país consigo mesmo.
Jornais e TVs deixarão de recriar o clima de fim de mundo. Ontem, aliás, após ajudar a desmontar setores com centenas de milhares de empregos, o Jornal Nacional resolveu recriar a esperança, em cima do micro-exemplo de uma micro-empreendedora que criou um negócio com um funcionário e agora já tem três.
É o milagre da hipocrisia de massa.
Com o ódio refluindo, a Lava Jato ainda terá tempo de provar se é um poder autônomo ou um poder autorizado pela mídia. A prova do pudim será José Serra.
A esquerda terá que se reinventar. Os que ainda alimentam a utopia de que a economia de mercado não é irreversível se abrigarão em partidos menores. O PT - e Lula - terão o enorme desafio de se reinventar, mais facilmente Lula, mais dificilmente o PT.
Em 2018 é mais provável ter-se um Lulismo - na forma de frente ampla - substituindo o PT, cuja expressão final é a cara insípida, inodora e sem emoção de seu presidente Rui Falcão. Os movimentos sociais, que amam e continuarão amando Lula, encontrarão abrigo nessa frente ampla, social-democrata. Os que ainda acreditam na utopia socialista, irão para partidos menores.
No outro extremo, o ódio da direita será a última herança de Aécio Neves. Aécio é tão tolo e despreparado que ainda não entendeu que o que acreditava ser a tomada da Bastilha era apenas a última passeata da Ilha Fiscal. Terminará recluso em algum castelo encantado de Linchenstein, cercado por um convescote de sábios, dentre os quais se destacarão Ronaldo Caiado, Aloyzio Nunes, Carlos Sampaio, e no qual as ideias serão proibidas de entrar (coloqueiNunes de sacanagem: ele, como um pitbull esperto, está tão louco para pular do barco que até conseguiu conter a fala raivosa).
Daqui até 2018 Dilma Rousseff terá tempo para governar.
Obviamente, esse romance foi escrito em cima dos personagens atuais. Há muita água e lama a rolar até 2018. Tentar adivinhar é um desafio que nenhuma ficção ousará enfrentar.
Hoje encerra-se oficialmente um ciclo político no país: o da intolerância. Multidões ainda sairão às ruas como renas amestradas. Baterão panelas atrás do impeachment e cabeças atrás de ideias. E não terão nem uma, nem outra.
Gradativamente a grande besta será recolhida de volta à jaula pela ação combinada de lideranças políticas efetivas de ambos os lados, grupos econômicos e grupos de mídia.
Em parte, devido à conclusão de que o petismo foi definitivamente derrotado. Se acabou ou não, o futuro dirá. Mas, neste momento, jogar mais lenha na fogueira seria passar o bastão para os piromaníacos e não se ter mais o controle da turba. O atentado contra o Instituto Lula é a prova definitiva da marcha da insensatez.
O comentário é de Luis Nassif, jornalista, publicado por GGN, 16-08-2015.
Em parte, devido ao fato de que o PSDB se derrotou, morreu enforcado nas tripas do PT.
Nesta data magna de 16 de agosto de 2015, o bipartidarismo que, desde a Constituição de 1988, dominou a vida pública do país, definitivamente se esgotou.
Nesta data magna de 16 de agosto de 2015, o bipartidarismo que, desde a Constituição de 1988, dominou a vida pública do país, definitivamente se esgotou.
O PT tornou-se uma militância sem partido, atrás de uma nova utopia. O PSDB, o estuário de uma turba vociferante e anacrônica, deixando órfã a classe média esclarecida que um dia nele acreditou.
A dificuldade com a nova utopia
O que virá daqui para frente é uma incógnita.
Haverá enorme dificuldade em se criar uma nova utopia, em superar os paradoxos e as hipocrisias reveladas pelaLava Jato - pelo que ela mostrou, pelo que vazou e pelo que até agora escondeu.
A primeira hipocrisia é da suposta diferenciação entre os políticos.
São iguais, embora com agendas distintas.
FHC e Lula construíram uma imagem em cima de um projeto de país amparados, de lado a lado, por forças sociais ou econômicas expressivas. Essa imagem, os relacionamentos construídos no exercício do poder, no entanto, passaram a ser tratados como ativos individuais. FHC tornou-se o queridinho dos mercados; Lula, o campeão do Terceiro Mundo. Ambos transformaram essa influência em negócios lucrativos legais, tornando-se milionários.
Não se está aqui condenando-os ou pressupondo qualquer ilegalidade. Portaram-se como ex-presidentes dos EUA, ex-primeiros ministros do Reino Unido e da França. Está-se apenas mostrando o jogo político em um país de economia de mercado, o paradoxo do representante dos pobres e desassistidos comportando-se como um empreendedor capitalista; e as publicações que mais enaltecem o mercado condenando-os, como se fossem defensoras do que elas chamam de pobrismo.
Perto do feito político de tirar 50 milhões de brasileiros da linha da miséria, é picuinha.
Mas qual o pedaço de Lula que mais encantou presidentes norte-americanos, de George Bush Jr. a Barack Obama? O mito do sujeito que saiu da extrema pobreza e venceu, a mítica do herói norte-americano, em contraposição à elite decadente europeia.
Lula é a encarnação do sonho norte-americano, como um Abraham Lincoln, não a utopia bolivariana, como José Mujica. Por motivos opostos, Bush Jr não escondia a antipatia por FHC, visto como o intelectual pedante que nunca teve que lutar pela sobrevivência pessoal ou política.
O balanço do estrago
No final da tarde, quando a passeata terminar e a besta, as panelas e o ódio forem recolhidos, começará o duro reencontro do país consigo mesmo.
Jornais e TVs deixarão de recriar o clima de fim de mundo. Ontem, aliás, após ajudar a desmontar setores com centenas de milhares de empregos, o Jornal Nacional resolveu recriar a esperança, em cima do micro-exemplo de uma micro-empreendedora que criou um negócio com um funcionário e agora já tem três.
É o milagre da hipocrisia de massa.
Com o ódio refluindo, a Lava Jato ainda terá tempo de provar se é um poder autônomo ou um poder autorizado pela mídia. A prova do pudim será José Serra.
A esquerda terá que se reinventar. Os que ainda alimentam a utopia de que a economia de mercado não é irreversível se abrigarão em partidos menores. O PT - e Lula - terão o enorme desafio de se reinventar, mais facilmente Lula, mais dificilmente o PT.
Em 2018 é mais provável ter-se um Lulismo - na forma de frente ampla - substituindo o PT, cuja expressão final é a cara insípida, inodora e sem emoção de seu presidente Rui Falcão. Os movimentos sociais, que amam e continuarão amando Lula, encontrarão abrigo nessa frente ampla, social-democrata. Os que ainda acreditam na utopia socialista, irão para partidos menores.
No outro extremo, o ódio da direita será a última herança de Aécio Neves. Aécio é tão tolo e despreparado que ainda não entendeu que o que acreditava ser a tomada da Bastilha era apenas a última passeata da Ilha Fiscal. Terminará recluso em algum castelo encantado de Linchenstein, cercado por um convescote de sábios, dentre os quais se destacarão Ronaldo Caiado, Aloyzio Nunes, Carlos Sampaio, e no qual as ideias serão proibidas de entrar (coloqueiNunes de sacanagem: ele, como um pitbull esperto, está tão louco para pular do barco que até conseguiu conter a fala raivosa).
Daqui até 2018 Dilma Rousseff terá tempo para governar.
Obviamente, esse romance foi escrito em cima dos personagens atuais. Há muita água e lama a rolar até 2018. Tentar adivinhar é um desafio que nenhuma ficção ousará enfrentar.
Lúcio Júnior Espírito Santo Se os participantes do dia 16 fazem discurso de ódio, eles têm razão: o PT, focando na classe média, propagou um radicalismo pequeno-burguês e focou na moralização; a classe média acreditou. Agora, quando se mostraram corruptos, não fazem autocrítica. Fingem-se de inocentes e saem acusando o outro setor empresarial com o mesmo moralismo anterior! Não expulsam os corruptos do próprio partido (afinal, seria preciso fazer uma verdadeira razzia. Não ficaria quase ninguém), a mídia, o judiciário, a ultra-esquerda...todos são culpados, menos o PT e seus novos aliados: Collor, Sarney, Kátia Abreu, Renan, etc.
ResponderExcluirO PT não pode dizer que não faz discurso de ódio, pois existe o discurso tolo de Marilena Chauí contra a classe média. Embora ela seja uma boa especialista em Spinoza, como analista social é detestável e justifica o nome de "marxilena Xuxaí" que lhe foi pespegado pelo poeta Bruno Tolentino. A partir de um pressuposição de que ela estaria em uma posição a favor da classe trabalhadora apenas por apoiar o partido dos trabalhadores, Marilena, que durante muito tempo escreveu na Folha e só parou de escrever porque suas críticas vazaram para a Folha através de um aluno, passa a acusar a classe média de inúmeras coisas, ignorando que: 1) o PT era originalmente formado por pequena burguesia radicalizada e a aristocracia da classe trabalhadora; 2) ela quer dizer que classe média =PSDB. 3) Lula já disse que seu sonho era ser classe média, Dilma disse querer um país de classe média. Eles já quiseram impiximã de Sarney, FHC, Collor e Itamar, em todo escândalo de corrupção, sempre visando dividendos eleitorais. Lula já falou no impiximã como "solução dos problemas nacionais", veja que demagogo ignorante! Lula e Dilma apenas colhem o que o PT plantou.
http://revistacidadesol.blogspot.com.br/2015/08/felipe-vasconcelos-comendo-na-lata-de.html
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