sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Editorial do jornal Página 13 de agosto

Reagir já!!!

Esta edição de Página 13 de agosto foi concluída entre a segunda prisão de José Dirceu e o abraço que a militância deu ao Instituto Lula, vítima de atentado terrorista. Neste mesmo dia, a FIESP e a FIERJ divulgaram nota de apoio ao – falemos claramente—oferecimento golpista feito pelo vice Michel Temer.

Os dois últimos fatos são abordados, direta ou indiretamente, nos textos desta edição. Quanto ao primeiro fato, os leitores conhecem a opinião que temos sobre os graves erros cometidos pelo nosso Partido dos Trabalhadores, na linha estratégica geral, na relação com o oligopólio da comunicação, nas alianças com setores da direita e do capital.

Os leitores também conhecem nossa opinião acerca dos efeitos do financiamento empresarial, tanto na política em geral, quanto no PT em particular. 


Assim como deve recordar-se que, já em 2005, defendemos comissão de ética e punição para os envolvidos em atos de corrupção. 


Além disso, é pública e notória nossa crítica ao retardo e à timidez com que setores do Partido fazem autocrítica e mudam sua atitude frente a estes erros.

Retardo e timidez que facilitaram a manipulação, a hipocrisia e a ilegalidade que caracterizam a atitude frente à corrupção por parte da oposição de direita, do oligopólio da mídia e dos setores conservadores do judiciário. 

Falamos bastante a respeito deste assunto, nas edições que circularam durante e logo após a Ação Penal 470. E a tendência petista Articulação de Esquerda dedicou ao tema uma das resoluções de seu recente congresso: "o PT e a luta contra a corrupção".


Isto posto, agora achamos suficiente repetir o que diz a resolução que no momento do fechamento desta edição estava sendo debatida pela direção nacional da AE, acerca da segunda prisão de Dirceu:


"1.O juiz Moro mandou prender José Dirceu com base em acusações que teriam sido feitas no âmbito de delações premiadas, no curso da chamada Operação Lava Jato;


2.José Dirceu já estava submetido a severas restrições, devido a sua condição de condenado na AP 470. Suas atividades políticas e profissionais já foram submetidas a total esquadrinhamento. E poderia ser convocado a depor a qualquer momento. Portanto, sua prisão não tem nenhuma relação com as necessidades da investigação realizada no âmbito da Operação Lava Jato;


3.A decisão do juiz Moro, de mandar prender José Dirceu, está relacionada a motivações políticas. Não por acaso ela ocorre na véspera de um programa de televisão do PT, pouco antes da mobilização das forças da direita convocada publicamente pelo PSDB e quando o ainda solto Eduardo Cunha retoma suas atividades desestabilizadoras;


4.O sentido político da prisão de José Dirceu, entretanto, transcende a agenda político-midiática deste mês de agosto. O objetivo principal é outro: trata-se de um passo a mais no sentido de tentar criminalizar o ex-presidente Lula;


5.Não por acaso a prisão coincide com declarações amplamente divulgadas do ex-presidente FHC, cujo objetivo é claro: exigir a capitulação do PT e atacar o ex-presidente Lula;


6. Ao mesmo tempo, a grande mídia deixa de lado ou empurra para baixo do tapete os escândalos que a envolvem (Swissleaks-HSBC) e o teor das delações premiadas que incriminam fortemente Aécio Neves, Aloysio Nunes, FHC e outras lideranças do PSDB. O que deixa ainda mais à vontade o juiz Moro para agir seletivamente ao decidir quem será indiciado ou preso;


7.Por tudo isto, reiteramos nossa opinião, já manifesta em documentos divulgados nos dias 18 de julho ("No olho do furacão") e 1 de agosto ("É preciso reagir, já!!!"): a direção nacional do Partido dos Trabalhadores e o governo encabeçado pela presidenta Dilma precisam sair da postura de espectadores e convocar uma mobilização em defesa das liberdades democráticas. Mobilização que só terá capacidade de convocatória junto aos setores populares se for acompanhada de uma mudança imediata e total na política econômica;


8.Os graves erros cometidos pelo PT (na estratégia, na relação com o oligopólio da comunicação, com setores da direita e do capital, ao aceitar receber financiamento empresarial, bem como no retardo e na timidez com que setores do Partido fazem autocrítica e mudam sua atitude frente a estes erros) facilitam a ofensiva conservadora. Mas neste momento, prosseguir com tal incoerência, passividade e vacilação não seria apenas um grave erro: constituiriam criminoso suicídio;


9.A Operação Lava Jato não é mais uma investigação judicial. É uma operação política, cujo alvo principal é o PT. Esperamos que a direção nacional do PT se manifeste a respeito destes temas e, principalmente, que convoque uma jornada nacional de mobilização. Antes que seja tarde".

Este bordão tem sido recorrente em várias edições de Página 13antes que seja tarde. Os textos contidos nesta edição de agosto de 2015, cada qual a seu jeito, reforçam isto: desde a análise acerca da pauta parlamentar após o recesso, a entrevista com João Pedro Stédile acerca da "frente Brasil", o posicionamento de vários candidatos à direção da Juventude Petista, a situação dos funcionários públicos federais e dos professores do Rio de Janeiro, a opinião acerca dos editais lançados pelo ministério da Cultura e um balanço do governo de Mossoró... ao analisarmos cada um destes assuntos, fica evidente o que é indicado pelas resoluções da AE transcritas nesta edição: é preciso reagir, já!!!


Os editores

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