1.A direção nacional
da Articulação de Esquerda reuniu-se, nos dias 12 e 13 de novembro, para fazer
uma avaliação do Processo de Eleições Diretas das direções do Partido dos
Trabalhadores.
2.Trata-se de uma avaliação
preliminar: os resultados finais acabam de ser divulgados, cabendo uma análise
detalhada no âmbito municipal, estadual e nacional; e também porque o PED não
acabou, uma vez que há segundo turno para a presidência do Partido em vários
estados e municípios
3.É o caso do Rio Grande do Sul, onde
estamos comprometidos com a vitória do presidente Ary Vanazzi. É o caso de
Pernambuco, onde estamos comprometidos com a vitória do presidente Bruno
Ribeiro. É o caso de Vitória-ES (Max Dias), Três Lagoas-MS (Antonio Carlos
Modesto) e São Gonçalo-RJ (Almir Barbio). É o caso, também, de Sergipe, onde a
direção estadual da AE decidirá nos próximos dias nossa posição frente ao
segundo turno disputado por dois candidatos da CNB.
4.Há, também, outros casos onde
candidatos nossos, candidatos apoiados por nós no primeiro turno, ou candidatos
com que disputamos enfrentam o segundo turno (é o caso de Palmas-TO).
5.A direção nacional da Articulação
de Esquerda coloca-se à disposição para ajudar as respectivas direções
estaduais e municipais, tanto na deliberação quanto na campanha propriamente
dita.
6. Nos locais onde o processo
eleitoral já encerrou, as direções municipais e estaduais devem convocar
reuniões de avaliação, produzir balanços por escrito e fazer circular estes
balanços na lista eletrônica nacional da AE.
7.Concluído o segundo turno, no dia
24 de novembro, e finalizada a totalização dos votos do primeiro turno, a
direção nacional da AE realizará nova reunião para fazer um balanço completo do
processo de eleições diretas das direções petistas, balanço que será publicado
na edição de dezembro do jornal Página 13.
8. Sem prejuízo do que será tratado
em nossa próxima reunião, a direção nacional realizou desde já um balanço
preliminar do primeiro turno do PED.
9.Do ponto de vista político, e
considerando fundamentalmente o resultado nacional, a conclusão principal é que
a maioria dos votantes não optou pelas chapas e candidaturas que defendiam
mudanças na estratégia, na tática e no padrão de funcionamento do PT.
10. Esta opção conservadora e continuísta
que predominou no PED poderá ter implicações graves sobre o futuro próximo e
mediato do PT e da luta política no Brasil. Isto porque a situação política
exige não apenas ousadia e renovação, mas principalmente outra orientação
política e outra conduta organizativa.
11. Não foi esta, entretanto, a opção
da maioria dos que votaram. Não apenas os filiados-eleitores, mas inclusive
parcela majoritária dos militantes do PT segue apostando, conscientemente ou
por simples inércia, na política de centro-esquerda. Apesar de parcelas
crescentes reconhecerem os limites desta política e o acúmulo de problemas, não
quiseram tirar as consequências disto na hora de votar nas chapas e
candidaturas.
12. Aliás, é preciso dizer que a
maioria dos que votaram no PED não quis levar em devida conta o recado que as
ruas nos deram em junho de 2013, em mobilizações que podem voltar a ocorrer,
dado que certas condições objetivas e subjetivas seguem presentes; não
considerou adequadamente o cenário de dificuldades econômicas e a mudança de
postura por parte do grande capital frente ao nosso governo; segue acreditando
que o cenário de 2014 está mais para vitória no primeiro turno, do que para um
segundo turno acirradíssimo; e não dimensiona corretamente o grau de desgaste do
PT junto à diversos setores da população, com destaque para a juventude,
inclusive a juventude trabalhadora. Onde há segundo turno na eleição da
presidência do Partido, estes temas continuam presentes no debate e lutaremos
pela vitória de candidaturas que tenham compreensão deste conjunto de desafios.
13. Não basta, contudo, criticar a
maioria, seu gosto pelo aparato em detrimento da política, a tendência à
pulverização despolitizada de chapas vinculadas ao grupo majoritário, a
incapacidade de evitar a “tragédia anunciada” que foi a organização do PED. É
preciso também reconhecer, de maneira autocrítica, as debilidades do conjunto
de tendências, chapas e candidaturas que propunham mudanças na política e no
comportamento do Partido.
14. Embora este tópico vá ser mais
desenvolvido no documento de balanço que apresentaremos após o segundo turno,
podemos antecipar o seguinte: desde 2005, a chamada esquerda do PT vem sofrendo
um processo de divisão e redução de sua influência, que somadas a dificuldades
políticas mais gerais, bem como ao processo de burocratização e degeneração da
vida interna partidária, criam enormes obstáculos para que a minoria de
esquerda possa voltar a ser maioria. Assim, uma de nossas tarefas é recompor a
esquerda petista, para que volte a existir a possibilidade de a minoria virar
maioria. Deste ponto de vista, nossa principal conquista no PED 2013, em âmbito
nacional, foi termos conseguido resistir e impedir o aniquilamento que se
anunciava quando houve a cotização artificial de dezenas, talvez centenas de
milhares de filiados.
15. Do ponto de vista organizativo, o
PED 2013 foi pior do que todos os anteriores. Podemos dizer que há um amplo
consenso sobre isto dentro do Partido. O problema é que esta avaliação comum
parte de posições muito distintas e até opostas. Por um lado estão os que, como
nós, defendemos que o processo de eleição das direções partidárias seja feito
através de encontros partidários. Por outro lado, estão os que defendem
“qualificar” o PED, por meio de adoção de regras que reduzam o peso dos
filiados-eleitores e ampliem o peso dos militantes, na linha do que foi
aprovado no IV Congresso do Partido e posteriormente flexibilizado ou até mesmo
revogado pelo Diretório Nacional. Finalmente, há os que querem flexibilizar ainda
mais as regras, secundarizando a participação ativa, a formação política, o
autofinanciamento, os debates, etc. reforçando assim a influência dos
filiados-eleitores em detrimento dos militantes.
16. Em termos objetivos, o número de
filiados que participou do PED 2013 foi inferior ao PED 2009. Em 2009 votaram
518.192 filiados e filiadas. Em 2013, votaram 425.604 petistas.
17. Dos mais de 1 milhão e 700 mil
filiados petistas, foram pagas as cotizações de 809 mil. Destes que cotizaram
(ou foram cotizados), 387.837 filiados não compareceram para votar, deixando
clara a alta dose de artificialidade e a influência do poder econômico presentes
no processo de filiação e cotização. A artificialidade foi tamanha que só
restou, a um dos responsáveis pela organização do PED, ter um surto de "amnésia" para tentar
explicar o grande número de cotizados ausentes: "O voto hoje é mais
criterioso, as pessoas precisam passar por atividade partidária, tem que
efetuar contribuição financeira. É um processo muito mais complexo. No PT, não
é só voto. As pessoas têm que participar efetivamente do processo", disse o
dirigente citado, numa coletiva à imprensa.
18. Somando os que votaram nulo
(10.343) ou branco (36.317), com os que estavam cotizados mas não compareceram
(387.837), temos 434.497 filiados, número maior do que os dos 421.507 que
votaram em alguma chapa. É preciso analisar cuidadosamente os motivos pelos
quais tantos filiados votaram em branco ou nulo para presidente e chapas
nacionais. Assim como é necessário compreender por quais motivos a “abstenção
de cotizados” variou, de cidade para cidade, de estado para estado.
19. A quebra na votação pode ser
ilustrada pelo resultado presidencial: em 2009 José Eduardo Dutra ganhou no
primeiro turno com 58% e 274 mil votos. Rui Falcão foi eleito, agora, com 69,5%
mas com 268 mil votos.
20. A maioria dos que votaram não
participou de nenhum debate, tampouco teve acesso ao jornal com as posições das
chapas e candidaturas nacionais. Setores do PT trabalharam para esvaziar e
esterilizar a discussão. Em alguns estados, como São Paulo, não ocorreu nenhum
debate nacional. Mesmo onde o debate ocorreu, sua profundidade foi inferior ao
necessário. A falta de debates contribuiu para a impressão, forte em muitos
setores do Partido, de que o PED não ajudou a qualificar nossas direções
partidárias.
21. Apesar do enorme esforço político
e material, o resultado final do PED nacional não provocou alterações
significativas na composição do Diretório e da Comissão Executiva Nacional do
PT. Exemplo disto: em 2013 as chapas que apoiam Rui Falcão receberam 69% dos
votos; em 2009, os mesmos setores obtiveram 70%.
22. Claro que para os setores
minoritários, um pequeno deslocamento pode ser a diferença entre estar ou não
na direção do PT. A Articulação de Esquerda passou por esta prova. Conseguimos
sair do PED 2013 com a mesma presença na direção nacional do PT que obtivemos
em 2009: 4 integrantes no DN e 1 na CEN. Ademais, tivemos resultados nas
eleições estaduais e municipais que expressam nosso enraizamento na classe
trabalhadora, nos movimentos sociais, na institucionalidade, no debate de idéias e no Partido. Nosso resultado global, obtido contra todo
tipo de pressão externa e debilidades internas, foi produto em parte da quebra
na votação geral, mas também de nossa ação, inclusive de uma correta decisão
política de priorizar, durante o PED, o debate político-programático. Assim, sem
prejuízo da necessária autocrítica de nossos erros e debilidades, saímos deste
PED com moral alta e sentimento de dever cumprido.
23. Para nos representar no próximo
Diretório Nacional, apresentamos como titulares os seguintes companheiros e
companheiras: Bruno Elias, secretário executivo do Conselho Nacional de
Juventude do Governo Federal; Jandyra Uehara, da executiva nacional da Central
Única dos Trabalhadores; Adriano Oliveira, secretário de formação política do
PT-RS; Rosana Ramos, da atual Comissão de Ética Nacional do PT.
24. Nossa chapa indica como
suplentes: Valter Pomar, dirigente nacional do PT; Iriny Lopes, deputada
federal PT-ES; Jonatas Moreth, da executiva nacional da juventude do PT; Ana
Affonso, deputada estadual PT-RS; Rubens Alves, dirigente nacional do PT; Ana
Lucia, deputada estadual PT-SE; Mucio Magalhaes, dirigente nacional do PT;
Adriele Manjabosco, diretora da UNE.
25. Para nos representar na Comissão
Executiva Nacional, a chapa “A Esperança é Vermelha” indica o companheiro Bruno
Elias, um jovem com experiência nos movimentos sociais, no governo e no
Partido. Alguém à altura da tarefa política e afinado com a necessidade de
renovação, que vem sendo vocalizada (mas não praticada) por diversos líderes
partidários.
26. Propomos que o companheiro Bruno
Elias assuma a Secretaria Nacional de Movimentos Populares. Estamos seguros de
que ele terá, a frente desta secretaria, o mesmo compromisso partidário
demonstrado em outras tarefas, compromisso também demonstrado por
representantes de nossa tendência, no período recente, a frente das tarefas de
formação politica e relações internacionais. As companheiras Jandyra Uehara e Rosana
Ramos estão encarregadas de todas as conversas e negociações relativas à
composição da nova CEN.
27. A direção nacional da AE concluiu
sua avaliação preliminar do PED, fazendo um reconhecimento e um agradecimento
aos filiados e filiadas petistas que confiaram em nós, à militância que fez
nossas campanhas, aos que foram candidatos e candidatas à direção e
presidência.
28. Seja onde o resultado foi
expressivo, seja onde foi modesto, fizemos uma campanha politicamente clara,
defendendo mudanças profundas na estratégia, na tática e no funcionamento do
PT. Nas redes sociais, nos destacamos por uma campanha ágil, criativa e bonita,
que ajudou a quebrar o silêncio da mídia acerca do PED. Disputamos o PED da
forma como sempre deveria ser, oferecendo nossas ideias e nossa disposição
militante. E seguimos na luta por um PT democrático-popular e socialista, com
muita esperança vermelha e sem medo de ser feliz.
A direção nacional da Articulação de
Esquerda
13 de novembro de 2013
Não vamos desanimar. A luta continua!
ResponderExcluirPrezado copanheiro Walter Pomar,
ResponderExcluirFaço parte do coletivo 20 de Novembro, na Bahia, em nome do qual envio esta mensagem.
Para o PED/2013 fizemos uma articulação com a AE local na composição e apoio à Chapa Nacional da AE. Ficamos extremamente frustrados com a condução dada após o resultado do pleito, porque após a nossa luta e transferência de votos, percebemos na composição da nominata de delegados nacionais que o único estado ausente foi a Bahia e o argumento do representante local da AE foi que vocês priorizaram apenas os membros da AE, o que consideramos um equívoco político. Gostaríamos que avaliasse a possibilidade de contemplar pelo menos dois membros daqui da Bahia e estamos indicando a Companheira Luzia Gramacho e o professor Hipólito Brito.
Agradecemos antecipadamente a sua intervenção para que o equívoco seja superado pois poderá levantar desconfiança em futuras articulações políticas.
Atenciosamente,
José Luiz R. dos Santos
Membro do Coletivo Vinte de Novembro – BA.