domingo, 16 de dezembro de 2012

Respostas ao Tiago Aguiar



Como você vê a contraposição entre o Consenso de Washington e o pacto da nova governança global e desenvolvimento lançado por Lula?


O Consenso de Washington está ideologicamente desmoralizado. Mas continua econômica e politicamente poderoso. As políticas de austeridade, de orientação neoliberal, continuam sendo hegemônicas na Europa, EUA e Japão. Tudo que atua no sentido de superar estas políticas é positivo. Mas, evidente, nem tudo que se propõe a superar o neoliberalismo, terá êxito, nem o fará em benefício dos trabalhadores. Uma parte da esquerda européia e brasileira, por exemplo, ataca o neoliberalismo, mas continua prisioneira de conceitos e práticas herdeiras do Consenso de Washington.

O senhor poderia tecer considerações sobre a visão mundial sobre o Lula como estadista, e a onda de ataques que ele recebe pela imprensa brasileira?


A imprensa brasileira é, majoritariamente, propriedade e porta-voz das classes dominantes. E a posição hegemônica das classes dominantes brasileiras, acerca do PT e de Lula, é "na falta de alternativa, suportar; aceitar jamais, e fazer tudo para que seja passageiro e não volte mais". Fora do país a visão é mais matizada. Mas não nos iludamos: Lula é elogiado como estadista quando interessa, mas quando não interessa o atacam, como ocorreu no caso das negociações entre Irã, Turquia e Brasil.

À luz da favelização do mundo e sua mundialização do Brasil, qual implicação traz à posição do Brasil no campo diplomático internacional?

N
osso governo deve trabalhar para que o Brasil lidere um bloco de países latino-americanos e caribenhos. Devemos trabalhar, também, para que a integração regional seja combinada com uma mudança profunda na ordem econômico social de nossos países. E se preparar para enfrentamentos cada vez mais duros com os que se pretendem donos do mundo.


Como o senhor observa a proposta de Lula de retomar as Caravanas da Cidadania.

Acho bom que o Lula viaje o país. Mas, pensando estrategicamente, o mais importante é que o PT e as demais organizações da classe trabalhadora se fortaleçam. Precisamos de mais petismo, mais cutismo, mais organização e consciência de classe. O lulismo é importante do ponto de vista tático, mas o petismo é decisivo estrategicamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário