quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Minuta para discussão


A contradição central, na região, se dá entre os favoráveis a uma integração subordinada versus os favoráveis a uma integração autônoma.

As forças pró-integração autônoma iniciaram uma ofensiva a partir das eleições de Chavez (1998) e Lula (2002).

Esta ofensiva foi interrompida nos últimos anos, em decorrência de cinco fatores distintos, mas confluentes:

1.a crise internacional;
2.a contraofensiva dos Estados Unidos e aliados;
3.a atuação da oposição interna;
4.as debilidades e contradições(sociais, políticas, ideológicas) das forças pró-integração e, em decorrência, do próprio processo de integração.
5.o conflito entre as necessidades internas (das forças pró-integração autônoma) e os custos internos da integração.

Quinze anos depois do início da ofensiva, hoje vivemos uma situação de equilíbrio relativo entre “subordinados” e “autônomos”.

Na América Central, México e Caribe, se mantém a hegemonia política e econômica da integração subordinada. A presença de Cuba, Ortega e Funes, entre outros, não deve nos confundir quanto a isto.

Na América do Sul há uma hegemonia política das forças pró-integração autônoma, mas com sinais preocupantes. Destes sinais preocupantes, os mais importantes estão no eixo Brasil-Argentina-Venezuela.

No caso do Brasil: não há integração sem um papel mais ativo do Brasil, no plano político e econômico. Mas nossa atuação prática está muito aquém do necessário.

No caso da Argentina: o agravamento da situação econômica e a crescente mobilização da oposição ampliam as pressões sobre o kirchnerismo.

No caso da Venezuela, a sucessão de Chavez terá consequências que ainda não estão claras.

O equilíbrio relativo entre “integração subordinada” e “integração autônoma” não vai durar para sempre. Ademais, a situação de equilíbrio tende a favorecer, no médio prazo, os favoráveis à integração subordinada.

2013 será absolutamente decisivo: será o ano de controlar os problemas econômicos da Argentina, acomodar politicamente a situação na Venezuela, relançar o crescimento acelerado no Brasil.

Para o Brasil, 2013 é o ano em que devemos atuar com muita intensidade no plano internacional. Até porque em 2014 precisaremos nos concentrar nas eleições nacionais. Se não agirmos agora, dois anos (2013-2014) terão um efeito por demais daninho ao processo de integração regional.

Sugestões:
1- “plano Marshall” para a região, capitaneado pelo tripé Brasil-Argentina-Venezuela.

2- neutralizar a operação Arco do Pacífico, através de três movimentos:  ajudar a que tenha êxito o processo de negociação FARC-Santos; recuperar o governo peruano para o projeto de integração regional;  trabalhar pela vitória da esquerda nas eleições chilenas, com base num programa de maior colaboração do Chile com Unasul e Mercosul;

3- ampliar a solidariedade brasileira com Venezuela, Bolívia e Equador;

4-colaborar para a unidade da esquerda paraguaia;

No caso do México, América Central e Caribe, acompanhar os movimentos iniciais do novo governo mexicano, acompanhar de perto o processo salvadorenho, estabelecer vínculos mais profundos com as novas gerações dirigentes na Nicarágua e em Cuba.

Por fim: embora a contradição principal seja “integração autônoma” versus “integração subordinada”, a dinâmica regional é atravessada por outras variáveis, em especial a contradição entre “neoliberalismo conservador” versus “desenvolvimento com bem estar social”.

Na maior parte dos países da região, só vai haver desenvolvimento com bem estar social (seja na forma mitigada, seja na forma de transição socialista), se houver integração autônoma. E, por outro lado, só haverá apoio social para a integração, se ela aparecer aos olhos da maioria do povo como um instrumento para o desenvolvimento com bem estar social.

Neste sentido, embora o projeto de integração seja entre Estados e povos, e não entre governos ideoogicamente afins, é muito importante que nós reforcemos, destaquemos nosso projeto ideológico simultaneamente generoso e radical.

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