quinta-feira, 3 de julho de 2025

Segue entrevista concedida ao Blog Debate na Mesa.

Segue abaixo a entrevista concedida ao Blog Debate na Mesa

Por: Matheus Kennedy 

Disponível no seguinte endereço: https://debate-na-mesa.webnode.page/

Candidato à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Valter Pomar comenta, nesta entrevista, sobre as dificuldades do governo Lula 3 com o Congresso e as perspectivas eleitorais de Lula e do PT em 2026. Confira a entrevista. 

1. O governo Lula 3 foi eleito em 2022 com uma frente ampla e heterogênea de partidos. Entretanto, tem enfrentado inúmeras dificuldades e derrotas, como na questão do IOF, mais recentemente, inclusive com a maioria de votos advinda de partidos considerados da base. Como você entende a relação do governo com o Congresso nesta segunda metade do governo?

Lula foi eleito em 2022 por uma razão fundamental: o apoio dos trabalhadores pobres, periféricos, especialmente mulheres, negros e negras, moradores do nordeste. A contribuição de outros setores teve menor importância. Depois da eleição, o governo incorporou setores da direita que não apoiaram Lula, nem no primeiro, nem no segundo turno. Todos estes setores de direita tem um ponto em comum: são neoliberais. Portanto, suas políticas prejudicam o povo e favorecem os ricos. Agora, no episódio do IOF, isso ficou escancarado. Também ficou escancarado que estes setores da direita estão em campanha aberta para travar o governo em 2025 e derrotar o PT e Lula em 2026.

Sendo assim, a relação do governo com estes setores – que são majoritários no atual Congresso – deve ser a de denúncia e enfrentamento. Inclusive demitindo os ministros vinculados a eles. Importante dizer: isto não é uma opção do governo. Isto foi uma opção deles. O governo tem que reagir a algo que eles fizeram e eles escolheram.

2. Frente a essa situação de dificuldades com o Congresso, o governo tem adotado o discurso da justiça tributária, sendo acusado de incitar os pobres contra os ricos. Esse discurso, apesar de válido, não pode contribuir para o fortalecimento da polarização?

Dizem que a prática é mais importante que o discurso. A prática da direita qual é? A de favorecer os ricos. Portanto, embora não fale em polarizar, o Congresso estimula a polarização social. Qual deve ser a nossa reação? Derrotar o Congresso, para garantir recursos que permitam implementar políticas públicas que, ao fim e ao cabo, vão reduzir a polarização social. Mas para derrotar o congresso, é preciso explicar para o povo o que está ocorrendo e é preciso, também, mobilizar o povo. Essa explicação e essa mobilização são a chamada polarização política. Mas nesse caso trata-se de uma reação contra a polarização social que a direita e os ricos promovem, mas sem falar que estão promovendo. Portanto, a polarização já existe e ela é de responsabilidade das elites: por isso, aliás, o Brasil é o país mais desigual do mundo. A atitude do governo e do PT é reativa. Não estamos criando a polarização. Estamos evitando que a polarização seja feita num só sentido, deles contra nós. Portanto, nesse sentido, é necessário e positivo contribuir para o fortalecimento da polarização.

3. Apesar das dificuldades no governo e da queda nos níveis de aprovação, Lula deve se candidatar à reeleição em 2026. O que você defende para que o petista conquiste seu quarto mandato?

Defendo que neste ano de 2025 se retome o programa apresentado em 2022, a saber: reconstrução e transformação. A palavra "transformação" estava no título do programa que Lula inscreveu no Tribunal Superior Eleitoral. Mas depois desapareceu. Hoje, é preciso retomar aquela ideia e tirar consequências práticas. A principal consequência prática é: ampliar todas as políticas voltadas a defender os pobres, os trabalhadores, as mulheres, os negros e negras, a juventude, as regiões menos favorecidas do país. Destaco os temas da reforma agrária, da redução da jornada de trabalho, do fim da escala 6x1, da tributação dos ricos, da ampliação do valor das aposentadorias e de um salário que permita viver uma vida digna.

4- Você é um dos candidatos à presidência nacional do PT. Como você enxerga a postura do partido e a perspectiva de um futuro no pós-Lula?

Não estou preocupado com o pós-Lula, estou preocupado em eleger novamente Lula presidente em 2026. Sobre o futuro distante, tudo dependerá do Partido continuar sendo dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Se continuarmos conectados com nossa classe, implantados no território, controlados pela base militante, teremos um grande futuro pela frente.

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