quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Maringoni ou quando o excesso de vela põe fogo na igreja

Quem é petista ou acompanha os debates do PT sabe das críticas que tenho ao governo Dilma Rousseff.

Por isto, me sinto totalmente a vontade para defender a presidenta, seu governo e meu partido, da crítica feita por Gilberto Maringoni, dirigente nacional do PSOL, num post em sua página do Facebook.

A crítica de Maringoni pode ser encontrada aqui: 

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=964098683800414&id=100006008748448

Maringoni propõe “entender as razões” do discurso de Bolsonaro.

E quais seriam as tais “razões”?

Segundo Maringoni, o “apelo a temas caros à esquerda só pega porque estarem fortemente ligados ao desastre que representou o segundo mandato de Dilma Rousseff”.

Não é genial?

As “razões” do discurso da extrema-direita estariam no “apelo” popular que certos “temas” ganharam com Dilma e o ajuste fiscal de 2015.

Maringoni não se pergunta em nenhum momento por quais motivos foi a extrema-direita — e não uma direita “normal”, por exemplo tucana — que se aproveitou do desgaste causado ao PT.

Nem se pergunta por quais motivos o discurso de extrema-direita vinha crescendo antes de 2015. Não só no Brasil, é bom lembrar.

Entre estes motivos, o papel dos meios de comunicação.

Com isso, o que poderia ser uma crítica séria a uma política errada, converte-se indiretamente numa benevolente justificativa para o discurso da extrema-direita.

Mas não para aí.

Maringoni assume como verdadeiro que “socialismo hoje, no imaginário popular, não é uma doutrina que pregue a igualdade. É um conjunto de ideias e práticas que desemprega, mente, ataca direitos etc. etc”. 

Ou seja: Maringoni excluiu do tal “imaginário popular” todo mundo que não comprou a narrativa da extrema-direita.

É como se o Brasil pudesse ser explicado a partir do que pensa parte dos 57 milhões que votaram em Bolsonaro.

Maringoni diz ser “essencial saber porque atacar o socialismo e outras bandeiras progressistas passou a render votos e pontos para a direita, coisa que não acontecia anos antes.”

Em que país vive Maringoni?

Pois no Brasil não deve ser.

O anticomunismo (e as demais formas do pensamento de extrema-direita) não começou em 2015.

E o uso deste tipo de expediente nas campanhas eleitorais também não começou em 2018.

Basta lembrar das campanhas de Serra, de Aécio e de Collor-nossa-bandeira-não-será-vermelha.

Aliás, também não começou em 2015 esta prática de gente de esquerda fazer coro com a direita.

Aonde Maringoni vai parar, eu não sei.

Considerando as peripécias de seu partido de origem, o MR8, temo pelo que virá por aí....

Um comentário:

  1. Maringoni desconsidera as ações externas(internacionais) do inimigo, assim como desconsidera os efeitos da existência dos governos do PT para acúmulo de forças da Esquerda mundial. A construção de um porto em Cuba foi fundamental para as atuais condições de resistência diante das ações imperialistas. Tais desconsiderações, deixam nítidos os limites da perspectiva eleitoral-bairrista do psolista.

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